sexta-feira, abril 18, 2008

a teoria do steak tartare. ou, "mas, meu amigo, está cru! você enlouqueceu?"

puta prato engraçado. não sei se você já comeu. e não digo isso com o nariz empinado como quem pergunta se você conhece. mas digo isso, pois não é todo mundo que encara um prato com carne, filé cru. não é mal passado. cru. resumindo assim meio sem muitos detalhes para não falar besteira. o bife tartar ou steak tartare é um pedaço de carne cortado em pequenos pedaços. bem pequenos. muito pequenos. passa longe do fogo. ai, colocam uma gema de ovo em cima. molho inglês, alguma erva zambers, mostarda, alcaparras e mais uns dois ingredientes, acho que um ketchup cheio das nove horas e uma colher ou um garfo. não para comer. para você misturar a bagaça toda na sua frente. ai meu amigo, depois de completar o mix, você come. eu gosto. tem gente que odeia. não é como comer sashimi, por exemplo. é bem diferente. é mais pesado o negócio. e enquanto eo comia um ontem, desenvolvi uma teoria. ou uma idéia. ou pelo menos um assunto para falar aqui. a teoria do steak tartare. é simples: é o melhor prato que existe para um restaurante. não dá trabalho. apenas cortar a carne e juntar os ingredientes. mas quem faz mesmo o trampo é quem vai comer. mas o que eu acho mais fudido nesse prato, é que você não pode reclamar. meu amigo, foi você que misturou a bagaça. foi você que fez. o único foco do restaurante é a qualidade da carne. depois de ter certeza que a carne é das melhores, o resto é com você: "te vira meu irmão, mistura, se serve e come." ah, tem um outro detalhe importante. o nome. o nome é meio fresco. meio francesinho. meio, "olha como eu sou sofisticado." então, os caras podem cobrar um grana boa pelo tal prato. e você paga. eu paguei, pelo menos. é a teoria do steak tartare. com a correria do nosso dia a dia, e clientes cada vez mais exigentes, é o prato perfeito. toda a responsa fica com o cliente. o restaurante tem o mínimo trabalho. e tem um nome fresco para cobrar um din din bacana. aproveitando o textinho do smint&gum lá de baixo, fiquei imaginando como inventaram esse prato. o chef na cozinha: "caráio! cadê aquele prato de carne quase moída que estava aqui? eu ia colocar no forno!! cadê!!!" e um garçom novo, meio com vergonha: "putz chef, a mesa 7 estava reclamando da demora, e eu estava tenso, nem notei que estava cru!" fodeu, os dois pensaram. e o chef e o garçom passaram o resto da noite espreitando pela janelinha da cozinha, observando a mesa 7. a mesa 7 não reclamou. talvez por vergonha também, afinal aquele era um restaurante fino. o chef inventou um nome, e todos viveram felizes para sempre.

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