segunda-feira, março 28, 2005

ahhhh! as caminhadas.

não entendo esse papo sobre caminhadas. olha-- não estou falando daquelas caminhadas em que as pessoas se exercitam. esse tipo de caminhada eu acho sensacional. faz bem pra saúde. não. estou falando das caminhadas de meditação. aquelas sem destino. de jeans, casaquinho e as mãos no bolso. aquela em que as pessoas saem falando: "ai, vou caminhar pra pensar na vida, resolver as coisas, colocar os pingos nos 'is', colocar tudo em ordem. em perspectiva!?" como assim? sério. sem querer parecer ser um cara chato, mas desde quando você precisa caminhar pra decidir essas coisas? é o que você mais vê em filmes e novelas: pessoas caminhando na praia e no campo, com um sweater nos ombros e um chinelo na mão. acho caminhada uma bosta. puta negócio sei lá. andar em câmera lenta, pensando na vida. apontando para passarinhos e resolvendo equações de segundo grau na cabeça. contando
borboletas. respirando o ar puro da montanha que já nem existe mais. eu sei-- tem muita gente que gosta de dar essas caminhadas. mas eu acho coisa de mané. que não resolve porra nenhuma. sério, quer pensar na vida? decidir se vale a pena investir todas as suas economias no apartamento dos seus sonhos? pedir a mão da sua namorada em casamento? caráio-- abre uma cerveja tinindo de gelada, deite no sofá e coloque o futebol bem baixinho na tv. não precisa ser o flamengo. qualquer um. e aí-- quando a bola sair pela linha de fundo-- bem, aí você pensa. pensa mesmo. na vida e em qualquer coisa. sem dramas. caminhada é o caráio. caminhada com passarinhos cantando ao fundo é coisa de fêla da puta que não tem o que fazer. ahhhh! as caminhadas.

o massacre.

comi coração e ovo ontem no jantar. porções iguais. dois ovos dos grandes. uns doze corações pequenos--pequenos mas suculentos. coloquei os ovos por cima e dei uma misturada boa. adicionei bastante sal e sentei o garfo no prato. com jeito--pra não espalhar a gema. gema só tem graça quando é misturada com alguma coisa. gema sozinha no prato não dá. voltando ao prato. depois de umas oito garfadas generosas--raspei o prato. (outra coisa sobre ovo. ovo tem que ser comido quente. ovo frio não dá. frio--só besuntado de maionese.) pra terminar escoei uns 300 ml de coca light pela garganta.

não muito longe dali, num galinheiro, centenas de galinhas se reuniam ao redor de uma tv de 12". todas elas atentas--sem soltar uma pena--assistindo o plantão de notícias--na tv presa no girovisão no teto do galinheiro. "massacre de galinhas em são paulo. mortes com requintes de crueldade e rituais satânicos. sujeito mastiga os corações de várias galinhas banhado nas gemas dos próprios ovos. governo promete reforços."

terça-feira, março 22, 2005

o enigma do guarda-chuva.

não existe nada mais estranho do que um drink com aquele pequeno guarda-chuva. estranho, cafona, sei lá, sempre achei estranho desde pequeno. aquele guarda-chuva colorido enfiado dentro de um copo sempre me deixou um tanto intrigado. se você tentar racionalizar esse troço não faz sentido. mas não deixa de ser engraçado. a primeira coisa que me veio a cabeça--era que o guarda-chuva servia para fazer sombra no gelo do drink. manter ele gelado. ou, se o drink não tiver gelo-- simplesmente manter ele afastado do sol. idéia essa-- que foi descartada quando eu notei que copos de cerveja não vinham com o guarda-chuva. e caráio-- de todos os drinks, se tem um que não pode se dar o luxo de esquentar um grauzinho é a cerveja. depois, eu cheguei a conclusão que o guarda-chuva existia para proteger o copo da saliva dos outros. você sabe, com o bar lotado de gente. pessoas se estapeando e gritando para falar com o bartender-- existe sempre a chance de pousar uma gotícula de saliva dentro do seu drink. mas não, acho que num bar, essa é a última preocupação de uma pessoa. até porque a grande maioria das pessoas frequenta os bares com o objetivo de trocar saliva com outras pessoas. por alguns segundos também pensei que ele servia para não molhar o bigode na hora de cada gole. hmmmmm, também não era isso. e foi assim, eliminando as alternativas--que eu cheguei a uma conclusão: o guarda-chuva do drink tem sim uma função muito importante. é. te fuder. arrancar mais um din-din do seu bolso. o guarda-chuva tem o poder de transformar um simples coquetel de frutas num "summertime fruit cocktail". um simples suco de laranja com vodca, num "sunshine happy people". é mais ou menos como a cereja enfiada no palitinho e a rodela de laranja agarrada na borda do copo. dia desses perguntei para um garçom se o drink sem o guarda-chuva tinha desconto. mas ele achou que eu estava brincando. uma pena, custou quase o preço do prato.

nomes.

george foreman foi um grande boxeador. um dos maiores. tanto em talento como em peso. mas, desde que se aposentou, o george virou garoto propaganda de uma churrasqueira. e por isso, corre o mundo dando entrevistas e promevendo o produto. e foi numa dessas entrevistas que ele contou uma coisa muito curiosa e engraçada sobre a vida dele. é. ele contou a razão que fez ele escolher para seus três filhos-- o mesmo nome. o nome dele. além do george foreman pai, são mais três george foremans em casa. george foreman junior. george foreman II e george foreman III. ele explicou que a razão por trás disso, é muito simples: ele tem medo de envelhecer e esquecer o nome dos filhos. é. o cara imaginou que depois de levar tanta porrada na cabeça. por tantos anos, ele corria o risco de ficar um velho gagá e acabar esquecendo o verdadeiro nome das "crianças". em outras palavras: george foreman é mais fácil lembrar. e foi pensando nisso. nessa entrevista. nessa teoria do george-- que eu tive uma idéia. não, eu não vou colocar o nome do meu filho de "george foreman". quando a minha primeira filha nascer, eu vou registrar ela como "cerveja". o segundo filho, eu vou chamar de "jornal". e o terceiro, de "chinelo". no início todo mundo vai estranhar. as crianças do prédio vão zombar. mas daqui a uns 60 anos-- quando eu tiver bem, bem velhinho na cadeira de balanço da sala de casa-- tudo vai fazer sentido. sempre que eu chamar meus filhos. gritar o nome deles-- eles não vão saber
ao certo se eu estou chamando eles-- ou se estou pedindo alguma coisa. por via das dúvidas-- vão fazer os dois. os respectivos filhos vão aparecer sempre trazendo alguma coisa pro véio. quando não for uma latinha de cerveja gelada, vai ser o jornal do dia. e quando não for o jornal, vai ser um par de chinelos. um véio gagá cheio de mordomias. cheio de manias. e com 3 filhos com nomes bem curiosos.

sexta-feira, março 04, 2005

a fumacinha e o cartel.

poucas coisas proporcionam tanto prazer quanto a fumacinha do café. aquela que sobe desgovernada em forma de espiral quando você serve um copo com café fervendo. basta uma fungada firme na fumacinha para ativar as áreas mais dormentes do seu cérebro. café sem fumacinha é como coca sem bolha. batata sem sal. controle sem pilha. carro sem rádio. café sem fumacinha é foda. é coisa de filha da puta. a fumacinha dura entre 40 segundos e 2 minutos. dependendo do tamanho do café e da temperatura externa. fumacinha de café vicia. dá um barato. o que me fez chegar a uma conclusão. o porque das "vós" serem tão populares com os netos. é porque elas, as vós, formam o cartel responsável pela produção e distribuição das melhores fumacinhas que existem.

flashback.

comprei um relógio casio. igualzinho a um que ganhei dos meus pais uns 15 anos atrás. descobri que eles continuam fabricando todos os clássicos. ele é quadrado e tem pulseira de borracha. números grandões digitais--dá pra enxergar de longe. a prova d'água. a prova de roubo. combina com tudo. ninguém nota. pura nostalgia. é uma máquina do tempo que eu carrego no pulso. literalmente. quando as pessoas perguntam às horas, por exemplo, eu respondo: "onze horas de 30 de maio de 1988."