quinta-feira, dezembro 28, 2006

o blógui

esse blógui vai entrar de férias junto com o sujeito que escreve ele até janeiro.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

pessoas que você não tem assim tanta certeza se vão virar para a direita ou para a esquerda.

sabe quando você sai pela rua meio assim com pressa e, encontra no seu caminho uma outra pessoa, igualmente com pressa? bom, e é aí que fodi. para não colidir com a pessoa, você tem que escolher um lado. desvio para a direita? desvio para a esquerda? e, enquanto você pensa isso, o sujeito que vem na sua direção está pensando a mesma coisa: "desvio para a direita? desvio para a esquerda?" as chances de colisão são grandes. enormes. eu sempre me fodo. bato de frente, trinco uma lasca do dente. pessoas que você não tem assim tanta certeza se vão virar para a direita ou para esquerda são uma ameaça ao bem-estar da nação. eu não sei porque, mas por algum motivo eu sempre ameaço ir para a direita, o fêla da pulta também, aí eu faço um desvio brusco para a esquerda, e o cara, bom, o cara também. as vezes existe a chance de mais uma desviada. uma só. mas essa terceira chance é rara. muito rara. a colisão é certa e dolorida. hoje, por exemplo a caminho do elevador, estava lá eu com uma certa pressa. um olho no chão, outro na minha reta atento para essas quase colisões. de longe vi um tiozinho marchando na minha direção. o filho da pulta me olhou no olho como que diz, "não vou desviar nem a caráio." também mantive a mesma direção. ele não titubeou. em cima da hora, desviei para a direita e o cagão também. esquerda. direita. esquerda. colisão. pessoas que você não tem assim tanta certeza se vão virar para a direita ou para a esquerda. fique esperto. tome cuidado. uma hora, um desses pode aparecer no seu caminho.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

estacionamento. (1)

se você acredita nessas coisas de céu e inferno e quiser ter uma idéia do que te espera se você não se comportar e for uma mau menino, pegue o seu carro e vá ao shopping. qualquer um. qualquer dia da semana. entre hoje e o domingo dia 24. é impressionante. o inferno está localizado entre o andar das violetas e o das margaridas. é, só de putaria, estacionamentos de shopping têm esses nomes alegres para identificar os andares da garagem. mas o que acontece lá é o contrário. não tem nada de margarida ou violeta. você fica puto, bem puto. demora em média uns 37 minutos para achar uma vaga. e, quando acha, tem que disputar ela com um sujeito que aparenta estar armado. bom, aí você conseguiu a vaga, então acabou o inferno? pourra nenhuma. você se fodeu. meu amigo, olhe ao redor, você parou longe, bem longe de tudo. o elevador é na casa do cacete, a escada rolante então. você já entra no shopping puto. se tiver acompanhado da mulher ou dos filhos, as chances de brigar com eles são grandes. bem grandes. e, se você não brigar, não vai trocar uma só palavra na tarde de compras de natal. pode notar, em época de natal, todo mundo está puto no shopping. maridos chutando o chão. crianças chorando, mulheres tensas. tudo culpa do estacionamento. não sei se existem essas estatísticas, mas o índice de divórcio durante o natal deve aumentar consideravelmente. fico imaginando o juiz recebendo a papelada. "motivo do divórcio: estacionamento de shopping durante o natal." o juiz não vem nem titubear. vai lembrar da última vez que ele arriscou fazer compras num shopping nessa época e vai passar a caneta concedendo a pourra do divóricio. casais deveriam pedir indenizações para os shoppings. os shoppings deveriam ter um fundo reservado especialmente para banca a terapia das pessoas que se fodem procurando uma vaga. é foda meu amigo. evite, a todo custo. a não ser é claro, que você é curioso e quer porque quer saber como é o tal do inferno. aí você vai lá.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

cavalos

cavalos (1)

dois cavalos conversam antes do páreo começar no jockey. eles estão lado a lado.
- e aí, tudo bem?
- mais ou menos.
- o que aconteceu?
- dor... tô com uma dor nas costas...
- é o jockey que está aí em cima de você.
- caramba, como eu sou burro. é verdade, eu tinha esquecido.


cavalos (2)

dois cavalos conversam antes do páreo começar no jockey. eles estão lado a lado.
- você deixa eu ganhar essa?
- beleza.


cavalos (3)

um cavalo mais velho fala com o filho, um potrinho.
- meu filho, o que você quer ser quando crescer?
- reprodutor.


cavalos (4)

duas éguas conversam:
- ai a-mi-ga
- fala sua égua lin-da!
- você tem que ver as ferraduras que o fazendeiro colocou em mim.
- ma-ra-vi-lho-sas.


cavalos (5)

cavalo mais velho conversa com um potrinho:
- meu filho, ou você se comporta, ou quando morrer, você vai para um lugar lá cheio de jockeys e cowboys com botas com esporas.


cavalo (6)

um casal de cavalos sai para namorar.

- (cavalo garçom) e o que a senhora égua vai querer de entrada?
- hmmm, alfafa.
- (garçom) e você, senhor cavalo?
- alfafa.
- (graçom) e de prato principal?
- acho que a gente vai...deixa eu ver... acho que a gente vai experimentar essa alfafa.
- (garçom) excelente pedida.
minutos depois. o garçom volta.
- e de sobremesa, para a madame?
- é, vou querer um pouco de alfafa. mas só um pouquinho.
- (garçom) e o senhor?
- acho que eu vou acompanhar ela, alfafa.

terça-feira, dezembro 12, 2006

a miss e o adolescente de mão peluda.

dia desses vi na tv o miss universo. ganhou a da república dominicana. quase bonita. cheia de dentes. a brasileira ficou entre as dez. o que eu achei estranho foram os jurados que os caras escolheram pra votar. um casal bem esquisitinho de uma novela mexicana. uma modelo daquelas que se te falassem que é modelo, você não saberia dizer que era. uma ex-miss que se tocasse o interfone e o porteiro perguntasse se a fêla podia subir, você mandaria ele a merda. um maquiador com um jeitão suspeitíssimo. e um apresentador de programa de auditório colombiano. caráio. não dá pra sair resultado justo daí. como é que esses caras são capazes de escolher uma gostosa. uma mulher cujo rosto ira adornar as fantasias da molecada. não fódi. na minha sincera opinião, o jurí tinha que ser outro. tinha que ter pelo menos cinco adolescentes. espinhentos e com os hormônios em ebulição. um deles com a mão peluda. três véios safados, aqueles bem sacanas de banco de praça. e uns dois pedreiros de obra. vestidos a carater. com a cara suja de cal e com aquele assobio de arrancar sangue dos tímpanos das secretárias que passam na frente das obras. gente que ganha a vida observando, babando e secando a mulherada. no dia que eles fizerem um concurso com jurados assim, a miss universo não precisará usar coroa pra ser reconhecida na rua. vai ter que estar em forma pra correr com aquela coroa socada debaixo do braço. aí sim meu amigo, essa miss vai ser gostosa.


segunda-feira, dezembro 11, 2006

saquê, o traiçoeiro.

gin tem cheiro de porre. vodka tem fama de cabeça na calçada. uísque tem jeitão de quem vai acordar com dois dedos de olheiras e os olhos com aquele emaranhado de veias. cerveja, por natureza, gera repetição, repetição, repetição, o que indiretamente, só pela quantidade de garrafas alinhadas na mesa, pode-se prever um porre. ou uma leve dor de cabeça. cachaça, bem, cachaça é feito da mesma matéria-prima que movimenta os carros flex fuel. agora, o saquê, o saquê é traiçoeiro. aparentemente inofensivo. pra começar, o bicho é feito de arroz. é associado com sushi, peixe cru. saquê vem naquelas garrafas gorduchas e é servido em copos quadrados decorados com sal. e alí, no meio daquele ritual, você se engana, acha que o bicho é inofensivo. toma um, toma dois, toma três. toma quatro. mais uma garrafa, por favor. e quando você vê, sua língua está enrolada, num nó quase cego. você jura que está ok. mas não está. vai ceder gentilmente as chaves do carro para a sua mulher e procurar falar menos ou quase nada. o saquê é traiçoeiro. ainda mais traiçoeiro é o saquê combinado com frutas. ah, quando você combina o saquê com frutas o efeito é potencializado. você acaba bebendo mais. três, quatro, "tem certeza que eu bebi sete?" e aí, chega a conta e você acha que deixou cair uma lente de contato no chão. ou, em muitos casos, chega em casa, e, pilhado, coloca um dvd (desses de seriados) para assistir. quatro horas depois, com a tv chiando e as lentes de contato grudando, você levanta no susto do sofá e pensa: "caráio, saquê é traiçoeiro."

sexta-feira, dezembro 08, 2006

cachorro (3)

um cachorro desce o elevador com a dona.
a porta se abre e entra uma cadela. os dois conversam:

- e aí, tudo bem?
- tudo.
- você sabe onde essa porta vai dar quando abrir? é, eu sou nova no prédio.
- bom, quando essa porta abrir, é só você sair pelo portão do prédio, que é o banheiro.
- obrigada.
- de nada.
- lady, muito prazer.
- rex, igualmente.
- bom, cocô.
- procê também.

desconfie de manobristas de bigode e costeletas.

manobristas de bigode e costeletas são perigosos por um motivo muito simples: assistiram muitos filmes de ação. assinam telecine action. são fãs de steve mcqueen. manobristas de bigode e costeletas não assobiam enquanto pilotam o seu possante. não, esses são munidos de uma paixão pela velocidade. cheiro de pneu queimado na rua e velocidade. pode notar, nesses filmes de ação, tem sempre um sujeito chamado "buck" ou "toby jones" com costeletas a lá wolverine. com aquelas luvas de couro com os dedos cortados e uma lata de budweiser rolando no chão do carro. esses manobristas não estão alí, batendo continência no restaurante da moda para ganhar 10 mangos por carro. ah, meu amigo, eles estão alí para colocar a mão nos carros do ano, doze válvulas, tiptronic, 2.4, gasolina podium de alta octanagem. é uma teoria. baseada em uma única observação, dia desses deixei meu carro na mão de um fera com bigode e costeletas que escorriam até a base do pescoço. e olha que o meu carro deve acelerar de 0 a 100 em quase um minuto. mas não importa. foi eu voltar para buscar o celular que tinha esquecido no carro para flagrar o cara cantando os pneus do meu carro no asfalto. e, enquanto o pneu fabricava fumaça na rua, olhei para o outro manobrista que estava na porta e comentei: "telecine action. bigode e costeletas." ele olhou para mim e, balançando a cabeça disse: "bigode e costeletas." brincadeira, essa parte da história é mentira. mas que o fêla da pulta tinha bigode e costeletas, tinha. é apenas uma teoria. mas não custa ficar esperto.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

pessoas que você não tem certeza se conhece e por isso não tem certeza qual é o nome. ou "ôpa, zuzo bem?"

"ôpa, zuzo bem?" quantas vezes você já não saiu em busca de uma bebida num casamento e esbarrou num cara que você não tem certeza de onde você conhece, ou até mesmo se conhece o fêla. aí fica aquele negócio, levanta as duas sobrancelhas ou manda um "ôpa." mas um ôpa contido, sem putaria, sem aperto de mão, sem "quanto tempo!?". afinal, você não tem a menor idéia do nome do cara. então, naquele momento, o nome dele vira "ôpa". foda-se o nome que os pais dele escolheram pra ele. a partir daquele momento, o nome dele é "ôpa". você encontra muitos "ôpas" no shopping, prédio de firma, fila de cinema. os "ôpas" estão por toda parte. dia desses sentei numa mesa de um restaurante ao lado de uma mesa em que estava um "ôpa". passei o jantar inteiro tentando lembrar o nome do fêla, e nada-- então chamei o sujeito de "ôpa". reunião de trabalho é um lugar cheio de "ôpas". com tantas reuniões, você com certeza já foi apresentado para o cara ou para a mulher que está do outro lado da mesa. mas fica ali, meio envergonhado de perguntar o nome novamente. então, na cara dura, estende a mão e fala: "ôpa." conheço muitos "ôpas". não consigo decorar o nome de ninguém. dia desses entrei no mesmo dentista que frequento desde mil novencentos e tal e esqueci o nome do fera. "quanto tempo, erick!" e eu, com a boca aberta, "ôpa." o "ôpa" é recomendado para momentos breves. quando você passa por alguém. quando você esbarra. quando uma pessoa está saindo do elevador e você entrando. mas deve ser evitado por exemplo quando você se senta ao lado de uma pessoa que você acha que pode conhecer na ponte aérea. é esquisito repetir o "ôpa" durante uma hora e tal. te vira colega, arrume um jeito de descobrir o nome do cara ou da mulher. o "ôpa" tem mil utilidades. é simpático, breve e ao mesmo tempo dá uma mão para o fêla que você não tem tanta certeza se conhece ou não. é, porque o fêla, também pode olhar para o seus córnios e falar "ôpa."

quarta-feira, dezembro 06, 2006

como quebrar o gelo em elevadores (2)

- apertar a cobertura e perguntar: “você sabe se eles têm manobrista para helicopteros aqui nesse prédio?”

- perguntar para qualquer morador que tenha cachorro: “e aí, já pegou bosta dele no chão hoje?”

- deitar a cabeça para trás e perguntar: “o meu nariz está sujo?”

- cantar baixinho “singing in the rain” e ao sair do elevador no seu andar, dar alguns passos de sapateado.

- ou cantarolar baixinho “singing in the rain” e perguntar para quem está no elevador se ele ou ela viu o seu guarda-chuva por aí.

- fazer embaixadinha com uma bola imaginária.

- jogar iô-iô imaginário.

- recitar "e agora josé" de drummond enquanto o elevador sobe. e "no meio do caminho tinha uma pedra" enquanto o elevador desce.

- fazer uma bola grande de chiclete e estourar propositalmente na cara. e subir o resto dos andares assim.

- comentar: "você está prendendo uma bufa? porque eu estou."

terça-feira, dezembro 05, 2006

os "pegadô" de bic.

eu já perdi umas setecentas e noventa canetas bic. por baixo. você já perdeu um número similar. a pessoa que está ao seu lado, também. e por aí vai. o mundo inteiro já perdeu uma caráiada de canetas bics. e, foi perdendo mais uma, um dia desses que eu comecei a pensar como é que se perde tantas bics. para onde elas vão. e o mais importante, como é que elas somem. cheguei a conclusão que existe uma galera, funcionários pagos pela bic para sumirem com as suas bics. uma caráiada de franceses meio marcel marceau, aquele mímico francês, cuja única função na vida é roubar a bic que está sobre a sua mesa. você deixou uma bic dando mole ao lado do bloquinho de papel enquanto foi ao banheiro? lá vem o francês com a mão boba para roubar a fêla da sua mesa. quer ver outra área de atuação dos pegadô de bic? faculdade. você está no meio de uma aula de física, e, quando dá uma piscada, olha para a carteira a sua frente e nada de bic. taí uma das táticas de maior sucesso dos franceses pegadô de bic. esse bando de fêla se matricula em escolas e faculdades, eles prestam atenção nas aulas para não serem notados, mas só estão lá para pegar a sua bic. aeroporto, você está lá preenchendo aqueles formulários e olha para uma turista alemã com uma irmã gemêa ainda mais gostosa. um francês passa e pega a sua bic. as gemêas são um velho truque deles. famosos também sofrem. fim de jogo de futebol. o artilheiro sai do vestiário e é cercado de fãs pedindo autógrafos. pode notar, tem sempre uma peituda ou um torcedor da torcida adversária no meio para causar alvoroço. mais uma vez, ambos são contratados pela bic. para foder com a organização e sumirem com a bic. e assim as vendas continuam, crescem e batem recordes. não existe outra explicação. os pegadô de bic. enquanto escrevia este paragrafozinho, um francês filho da puta pegô a última bic da minha mesa. brincadeira, mas eu estava sem um final decente para ele.

dois peixes num aquário redondo.


o primeiro peixe circula pelo aquário no sentido horário.
o segundo peixe, que é uma mulher, circula no sentido anti-horário.
- eu não te conheço em algum lugar?
- eu não te conheço em algum lugar?
três segundos depois.
- eu não te conheço em algum lugar?
- eu não te conheço em algum lugar?

sexta-feira, dezembro 01, 2006

cuidado com a tiazinha do seu prédio que usa bobs no cabelo.

não sei como é o seu prédio. o meu é cheio de tiazinhas. metade rabugenta, metade quase-simpática. o elevador é pequeno. tem uma plaquinha que diz que cabem 6, mas cabem apenas 4. e com uma certa dificuldade, um esquema meio nariz na nuca da vizinha. o que nos leva ao título desse parágrafo, desse textin: cuidado com a tiazinha do seu prédio que usa bobs no cabelo. quando eu entro na caráia do elevador, tenho o costume de fingir que não tem nenhuma tiazinha lá. finjo que a fêla é invisível. é uma antipatia preventiva. evitar abrir as porteiras do "bom dia, boa tarde, como é que vai a senhora sua mulher, e o tempo, e olha que ainda nem é verão, você viu o trânsito?, é um poodle toy, tem três anos, o nome dele é lindinho, adivinha porque?, que horas são?, já!, comprei na feira, quer um pouquinho?" é meu amigo, se você arrisca o primeiro "bom dia!" com uma tiazinha de bobs no cabelo, uma coisa é certa, para o resto dos seus dias ali, naquele prédio, você se sentirá na obrigação de comentar sobre o tempo, a feira, o trânsito e o vizinho maconheiro do 602. e é fácil entender porque. uma tiazinha que sai de casa com bobs no cabelo é tudo, menos tímida. mas principalmente, uma tiazinha que sai com bobs no cabelo mora sozinha. está sedenta para falar com alguém. e como é que eu sei que ela mora sozinha? bom, se ela dividisse o apartamento com alguém, esse alguém, nem fodeindo, deixaria ela sair com bobs no cabelo. simples assim. nada contra a tiazinha. mas é um perigo. uma ameaça. a tiazinha com bobs no cabelo é uma represa prestes a se romper. e o "bom dia!" que você dá, é a marreta que vai colocar a represa abaixo. é por isso, e só por isso que eu, no máximo, mas no máximo, levanto as sobrancelhas. as duas, juntas, num leve slow-motion. como quem diz: "não fódi tiazinha com bobs no cabelo, a gente mora no mesmo prédio, mas não precisamos ser melhores amigos, belê."