quarta-feira, abril 26, 2006

tres pensamentos do dia.

- estava comendo um sanduíche carregado de molho e, ao morder, uma pequena ilha de maionese caiu sobre a minha camisa. bom, e como eu estava usando uma daquelas camisas com o pequeno jacaré de boca aberta na altura do bolso, deixei a maionese lá por alguns minutos. afinal, a pourra do jacaré está de boca aberta alí desde 1960 e tal e ninguém dá de comer pro bicho.

- comi num restaurante italiano em que o garçom era indiano, a garçonete, alemã e o cardápio em francês.


- pedi para uma garçonete indicar uma cerveja. não necessariamente a mais cara. ela trouxe a mais barata, mas num copo de 700ml.

o campeonato de dardos.

taylor vs. donalvesen. um duelo de gigantes. um duelo de barrigudos. barrigudos, não. parrudos. liguei a tv aleatoriamente num canal alemão. e, por sorte minha, estava começando o campeonato alemão de dardos. lançamento de dardos. estádio cheio. público em alvoroço. jarras de cerveja esparramadas sobre as mesas. mas o que importava estava lá no palco. lá no centro. taylor e donalvesen. lado a lado, ombro a ombro. taylor era o mais barrigudo dos dois. com uma tatugem no braço "power". donalvesen era mais alto, mas igualmente dono de uma protuberancia abaixo da linha do pescoço. dos dois, donalvesen suava mais. suava bicas. donalvesen sabia de alguma coisa, provavelmente não era a primeira vez que enfrentava "power" taylor. melhor de "15". quem ganhasse 8 partidas primeiro levava o caneco. detalhe: a camisa (de gola e mangas curtas) dos dois são decoradas como as dos pilotos de fórmula 1. cervejas, marcas de cigarro, de lojas de apostas e até mesmo de cartão de crédito. mas de volta a partida. taylor ganhou as duas primeiras. a torcida foi a loucura. donalvesen virou o jogo, com três performances perfeitas. taylor empatou. donalvesen. taylor. taylor. donalvesen. donalvesen. donalvesen. taylor. taylor. sete vitórias para cada lado. agora os dois suavam. poças. baldes. e, diferente da torcida, ambos aparentemente não podiam saciar a sede com cerveja. um torcedor alemão levanta e manda "power" taylor tomar no cu. foi em alemão, mas pela reação dele, acho que foi isso mesmo. quase sai porrada. as torcidas organizadas correm para o centro. chove cerveja. seguranças entram em cena e apartam a briga. taylor está mais calmo. donalvesen não. está tenso. uma partida separa um dos dois da glória. da fortuna, das mulheres e da cerveja. começa a partida. donalvesen sai na frente, dispara. acerta na mosca. e na perna da mosca. e no pelo da perna da mosca. "power" taylor respira fundo. beija a tatuagem do braço. taylor tem um tique nervoso no olho esquerdo que se agrava com a tensão. o olho parece que vai pular. pá, pá, pá, pá, pá. taylor ganha. donalvesen chora. a torcida invade o palco. taylor entorna cerveja no corpo e dá entrevistas. fala dos patrocinadores, agradece deus, a mãe e beija o trofeu. beija a tatuagem mais uma vez. ronaldinho gaúcho pode estar em evidência agora. pode ser o mais bem pago do mundo. mas phil "power" taylor vem ai. ah, meu amigo, power taylor vem ai. impressionante. uma lenda viva. consigo imaginar no futuro, eu, sentado com meu filho na varanda de casa e tendo uma conversa de pai para filho: "filhão... uma vez eu liguei a tv na alemanha e tive a sorte de ver phil "power" taylor..."

terça-feira, abril 25, 2006

tres pensamentos do dia.

- no teclado alemão, as letras "z" e "y" trocaram de lugar. se voce digitar sem prestar atenção, zebra, vira yebra. e new york, new zork. e por aí vai, até voce olha para a pourra do monitor e entender que caráio está acontecendo.

- adoçante aqui em hamburgo vem em mini cápsulas tipo alka seltzer que diluem fazendo bolhinhas no café. ainda não pedi alka-seltzer, mas deve ser em gotinhas.

- pedi para a garçonete indicar uma cerveja, ela trouxe a mais cara. fela da pulta.

bratwurst.

desde moleque que eu me lembro das barraquinhas de salsichão nas festas juninas. duplos sentidos e conotações sexuais à parte, salsichão é bem bão. bom pra caráio. mergulhado na farinha, afogado no catchup, com aquela casquinha queimada. bom, e aconteceu que essa semana fui parar em hamburgo, na alemanha. anos depois do primeiro salsichão da festa junina, caí quase que por acidente numa ferinha dessas de rua. chuva fina. pessoal encasacado. e, a grande maioria dos locais brigando por um espaço numa barraquinha de salsichão. ou bratwurst como o alemão que estava ao meu lado gritava para o tiozinho que pilotava a grelha. o tiozinho com as bochechas vermelhas equilibrava um cigarro na boca, assim como os guitarristas das bandas de rock dos anos 70 faziam, e com maestria girava as salsichas na grelha. salsichas não, salsichões. e, conotações sexuais à parte, o negócio era grande. pedi uma. ou melhor, tentei pedir uma. acabei usando o dendo indicado da mão direita que apontava freneticamente para uma das salsichas sobre a grelha enquanto o da mão esquerda apontava para o sinal da parede que dizia "bratwurst". um alemão que estava ao meu lado já olhou enciumado para a grelha como quem diz: aquela salsicha ali é minha, pourra. mas tinha para todo mundo. ou quase. porque assim como eu tenho memórias dos salsichões das festas juninas, os alemães parecem ter similar relação afetuosa com os salsichões das feiras livres. ou seja, ou o tiozinho da grelha tinha o maior estoque do mundo de salsichões ou aquela pourra iria acabar nos próximos dez minutos. e eu, bem, eu não ia fiacar ali esperando ver a bosta que ia dar. multidões gritando, conotoções sexuais à parte, por um salsichão. e lá fui pelo meio da multidão com meu trofeu em mãos. um mini pote de mostarda na outra. comi rápido, porque eu sabia, que a qualquer minuto algum olho gordo iria lançar o meu salsichão no chão. bratwurst. festa junina numa pracinha em hamburgo. conotações sexuais à parte, salsichão bom pra caráio.

sexta-feira, abril 21, 2006

três pensamentos do dia.

- quem pula mais alto, o sapo ou o canguru? e, se uma princesa beijar um canguru, ele também vira um príncipe?

- descobri que o meu travesseiro é feito com penas de ganso. e, do jeito que ele é alto e recheado, devem ter depenado uns cinquenta gansos para deixar ele tão confortável. e agora, sempre que eu deito a cabeça nele, fico fazendo as contas, tentando adivinhar e perco o sono. vou ter que trocar de travesseiro.

- dia desses fui tirar sangue para um exame e a mulher enfiou uma agulha das grandes no meu braço. eu apertei o olho esquerdo e mordi o lábio inferior. ela perguntou: "doeu?" e eu respondi: "posso enfiar uma agulha desse tamanho no seu braço?"

quinta-feira, abril 20, 2006

o que se passa pela cabeça de uma mulher que coloca a maquiagem no trânsito?

todo mundo tem pressa. eu tenho pressa. você tem pressa. o sujeito ao seu lado tem pressa. é difícil encontrar quem não tem um tanto de pressa de sobra. bom, hoje, a caminho do trabalho, me deparo com uma cena insólita. eu já tinha visto uma mulher dar uma retocada de leve num batom. uma reforçada no lápis que contorna os olhos. mas nunca vi uma mulher fazer a maquiagem completa no trânsito. até hoje. entre a minha casa e o trabalho, são duas retas grandes com uma curva e um túnel entre elas. e uma sequência de uns 10 sinais, que invariavelmente estão vermelhos. e foi, entre esses 10 sinais que eu vi essa mulher hoje fazendo malabarismos com seu estojo de maquiagem. e quando eu digo estojo de maquiagem, não estou falando de um estojinho portátil daqueles que comportam duas ou três peças básicas. não, era quase uma valise. grande, que praticamente contava como um passageiro. no primeiro sinal, o batom. não, não, no primeiro sinal, o contorno dos lábios. o sinal abril. segundo sinal vermelho e lá vem o batom. terceiro sinal, lápis de olho. de olhos, no plural. o quarto sinal estava verde. quinto sinal: aquele pó para as bochechas, sabe? aplicou com jeito. como se estivesse de frente para o espelho de casa. sexto sinal amarelo e ela acelerou. com uma mão no volante e outra equilibrando o mini-espelhinho e um outro pozinho, daqueles mais avermelhados que passam a impressão de saudável. sétimo sinal verde. oitavo vermelho e a mulher me puxa uma escova da bolsa e começa a escovar os cabelos como se fizesse parte de um daqueles comerciais de shampoo. sabe aqueles em que a mulher sai do banheiro enrolada na toalha e penteia a cabeleira em câmera lenta? então. meu amigo, a mulher tem uns 20 anjos da guarda. porque por alguns segundos tive a impressão e a quase certeza que ela dirigia com os joelhos. afinal, as duas mãos estavam ocupadas cuidando do cabelo. uma com a escova e a outra desembaraçando os fios. ou algo do gênero. o nono sinal estava verde e no décimo a mulher quase bate num carro que estava parado. pediu desculpas ainda com a escova na mão. e eu, bem, eu peguei a esquerda e segui pelo túnel. a caminho do trabalho. mas quase, quase buzinei para a muié. queria perguntar para ela porque ela não acorda meia hora mais cedo? porque caráio ela corre esse risco de vida todos os dias? será a emoção? será a adrenalina? será como pular de uma ponte com um mini pára-quedas na mão? bom, só me resta uma alternativa. amanhã vou tentar algo parecido. é, vou fazer a barba no carro. a caminho do trabalho. creme de barbear numa mão, gillete na outra. sei lá, vai que é du caráio...

terça-feira, abril 18, 2006

três pensamentos do dia.

- meu celular tem o sinal perfeito dentro de elevadores e estacionamentos. mas de vez enquando falha dentro da minha casa e do meu trabalho. não fódi.

- comprei lá pra casa uma daquelas impressoras com 26 funções. ela é scanner, impressora é claro, fax e mais uma caráiada de coisas. mas, dia desses pedi pra ela fazer um cafezinho para mim e a fêla da pulta não fez. vou pedir o dinheiro de volta.
(de thiago carvalho & silvio medeiros)


- dia desses meu despertador amanheceu tocando lionel richie. lembra dele: "all night long... all night... all night long..." achei que era 1987. juro, levantei da cama e pensei em me vestir para ir ao colégio. que pena, em alguns segundos descobri que já era 2006.

iogurte e strogonoff.

e é por isso que eu acho que o iogurte é irmão gêmeo do strogonoff. calma. acho que eu me empolguei-- e acabei colocando a conclusão logo na primeira linha. na verdade não passa de uma tática barata. é. quem sabe revelando o final do textinho assim de cara, você não fica tentado a ler até o final e descobrir porque caráio o iogurte é irmão gêmeo do strogonoff. ou não. bom, mais de uma vez já me falaram que o strogonoff nada mais é-- do que os pedaços de carne que sobraram da última refeição. e é por isso, e só por isso, que usam aquele molho grosso e alaranjado. assim você não consegue identificar a textura e a qualidade dos pedacinhos de carne. e mais de uma vez me falaram que por esses motivos eu deveria sempre evitar pedir strogonoff em restaurantes. mas e o iogurte? bem, se você prestar atenção no iogurte. colocar e tirar a colher, colocar e tirar, colocar e tirar, você vai notar que os pedacinhos de frutas não são do mesmo tamanho. são diferentes. caráio. não dá pra saber a origem dos pedacinhos das frutas. que pourra de frutinhas são aquelas. se a minha vida dependesse de dar nomes as frutas perdidas no strogonoff, eu tava fudido. tenho quase certeza que o iogurte nasceu como o strogonoff. é. sobraram frutas. pedacinhos de frutas. e-- ao invés de jogar as frutinhas fora, no lixo, tiveram uma idéia: "e se a gente misturar com creme e leite e bastante açucar. de uma maneira que as pessoas não conseguissem saber que caráio tem ali dentro?" um é salgado, o strogonoff com seu creme de leite e os pedacinhos de carne suspeitos. o outro, bem, o outro é quase doce, com frutinhas e doses cavalares de adoçante para você acreditar que está comendo alguma coisa saudável enquanto sacia sua vontade primata por um doce. e é por isso que eu acho que o iogurte é irmão gêmeo do strogonoff. nasceram do mesmo jeito. na mesmíssima maternidade. qualquer exame de dna provaria a minha teoria. faça você mesmo o teste. peça os dois no restaurante. strogonoff e iogurte. nessa ordem. você vai ver. irmãos gêmeos-- separados no nascimento. talvez com um pai diferente. mas a mãe com certeza é a mesa. um, foi para o lado esquerdo do cardápio. e o outro foi parar no lado direito, naquele cantinho sem vergonha, reservado para as sobremesas. mas isso, você já sabia. desde a primeira linha.

segunda-feira, abril 17, 2006

três pensamentos do dia.

- o acento circunflexo é uma espécie de boné que as vogais usam quando querem se disfarçar das consoantes.

- camisas pretas emagrecem. 18 gramas.

- o cabelo branco não envelhece você. sua carteira de identidade com aquela foto sua de 12 anos atrás, sim.

o triângulo das bermudas.

você já pediu para sua mulher guardar sua carteira na bolsa dela? e as chaves? aquele papelzinho sem vergonha da entrada do estacionamento do shopping? e o trident azul? vou assumir que, se você é um homem lendo isso, respondeu "sim" para todas as perguntas anteriores. e, se você é mulher, já teve sua bolsa "alugada" em todas essas situações. bolsa de mulher cabe tudo. mas cabe mesmo. e quando eu digo bolsa de mulher, incluo aí aquelas mini-bolsas que as mulheres usam para casamentos, formaturas e entregas do oscar. sabe? aquelas do tamanho de um tubo de creme de barbear? então, bolsa de mulher cabe tudo. fui a um casamento com a minha mulher, e ela consegiu colocar dois celulares, duas carteiras e as chaves de casa, ou melhor, o chaveiro de casa numa micro bolsinha daquelas. sem suar. sem reclamar. falando em festas de casamento: você já notou que quanto maior o evento, menor a bolsa. trabalho? bolsa grande. almoço com as amigas? bolsa média. formatura da sobrinha? bolsa média-pequena. casamento? bolsa micro. entrega do prêmio nobel? bolsa quase invisível. mas voltando ao assunto do início desse textinho. sempre pego uma carona na bolsa da minha mulher, assim como vejo que meio mundo faz a mesma coisa. e foi, observando isso que eu cheguei a conclusão que a bolsa das mulheres não têm fundo. é, têm um fundo falso. assim como palco e cartola de mágico, a bolsa da mulher tem um fundo falso. isso é um fato. não adianta você observar o exterior da bolsa e tentar estabelecer, calcular o espaço interno. com bolsa de mulher não funciona assim. faça o teste hoje ao chegar em casa. ou, alcance a bolsa de uma colega de trabalho que você tem um tantinho a mais de intimidade e mergulhe o braço lá dentro. mas vai fundo. vai por mim: a bolsa pode ter lá seus 15 centímetros de altura, mas você vai enterrar o braço até o ombro. dependendo do tamanho da bolsa, cuidado, você pode ir junto. e eu não quero e não vou me responsabilizar por isso. sempre suspeitei disso. tive certeza nesse sábado. tinha deixado meu celular na bolsa da minha mulher. e, quando fui atrás dela, não consegui encontrar a fêla da pulta. soquei a mão lá dentro. explorei todos os lados e nada. até que minha mulher gritou lá de dentro do quarto: "amor, você já procurou atrás da caixa de bombons?" e eu, ali, segurando aquela bolsa pequena, respondi: "mas... caráio, eu estou procurando na sua bolsa?" e ela, como se notasse que acabara de revelar para mim, um homem, a verdade sobre o fundo falso das bolsas das mulheres, respondeu: "eu sei, eu sei..."

quinta-feira, abril 13, 2006

dois pensamentos do dia.

- se cenouras tivessem algum teor alcóolico, os coelhos seriam um bando de bebâdos.

- na páscoa todos deveriam, por lei, ter que usar calças de moletom, ao consumir os ovos de chocolate.

o imperador dos tridents.

o trident azul é o rei dos tridents. o imperador. o todo poderoso. o bam-bam-bam. o rei da cocada preta. o...bem, você entendeu. nenhum outro trident proporciona semelhante sensação de refrescância. o trident azul para quem não sabe, é sabor hortelã. concentrado. que não acaba com dez minutos de mastigadas não. trident azul, dura. já mastiguei o mesmo durante um filme inteiro no cinema. não era 'jfk', mas tinha lá suas duas horas. trident azul é para mim, a 'segunda coisa' na minha lista de coisas que eu levaria para uma ilha deserta. ele tem o tamanho perfeito. se vc é carregado de surpresa para uma reunião-- dá pra estacionar ele no cantinho da boca-- despercebido. fico puto quando me pedem um e cospem minutos depois. dá vontade de "mandar-tomar-no-cú". porra. trident azul deve ser apreciado. mastigado de bocafechada para não deixar escapar o sabor. e o melhor de tudo: trident azul não faz bola. e bola distrai você do sabor. chicle de bola na minha opinião foi inventado por marcas de goma de mascar que não se garantiam tanto com o próprio sabor. e além disso tudo--trident azul é popular. custa 1 real (as vezes menos). é isso. trident azul é um verdadeiro imperador. daqueles que passam a vida inteira na boca do povo. literalmente. com trocadilho e tudo. o fodalhaço dos fodalhaço dos chicré.

quarta-feira, abril 12, 2006

três pensamentos do dia.

- biscoito "são luiz bono" agarra nos dentes para você não esquecer o sabor e continuar comendo até explodir.

- vou comprar dois ovos de páscoa e fazer um ovo mexido na frigideira pro café da manhã da páscoa.

- bigode é uma espécie de quintal gramado do nariz.

o neon e a aposentadoria.

concordo que luzes de neon não são muito bonitas. estéticamente o neon é um tanto feio. corcordo. mas tem uma coisa do neon que é muito bacana. lugar que tem neon na fachada, é muito mais fácil achar. é um fato. quantas vezes você se encontrou com o estômago perfurado de fome, longe de tudo e foi salvo por um luminoso do mcdonald's? você não precisa ficar perguntando no posto de gasolina onde fica tal lugar. não precisa procurar no mapa. com o neon, você não se perde. basta seguir a luz. não tem erro. neon geralmente tem cores gritantes. vermelhão. amarelão. verdão. cores que terminam em "ão". eu, que tenho um problema sério com endereços, direções e mapas adoro uma fachada gigante de queimar as retinas. tô sempre perdido na casa do caralho com uma mão na trava da porta e outra catando os números do celular atrás de ajuda. nada existe nada melhor, mais seguro que quando alguém me diz: "erick, pode ficar calmo, o bar é fácil de achar, tem um puta sinal de neon em cima, com luzes piscantes!" é um alívio. setas de neon. neon que pisca. que alterna entre o vermelhão e o amarelão. neon, é uma espécie de bússola que me guia. uma luz no fim do túnel. e não apenas no sentido figurativo. é uma caceta de luz no fim do túnel que me resgata quando eu mais preciso. e é por isso, e só por isso que apesar de ser carioca e ter saudades do rio, quando eu me aposentar, não vou morar no rio, não. não vou atrás da ilha deserta, nem das palmeiras que balançam em câmera lenta com o vento que acaricia os cabelos da amada. não vou seguir o por-do-sol, nem a lua cheia. vou sacrificar todos os clichês pelo neon. vou procurar um algum lugar com mais neon que são paulo. com mais mini-lampadinhas piscantes por metro quadrado. é. se um dia sobrar um din-din para uma aposentadoria bacana, eu não vou morar de frente pra praia não. vou fazer um lobby lá em casa pra gente se mudar para las vegas. é, las vegas, mesmo. depois de véio, a última coisa que eu quero -- é não saber o caminho de volta pra casa. a última coisa que eu quero é ficar dando voltas com uma cara de pastel de banana passada com a esperança de esbarrar no caminho de volta. já consigo imaginar as pessoas lá de casa argumentando: "mas erick! porra, caráio! las vegas fica no meio do deserto!? não fódi! las vegas é uma bosta!" mas tudo bem. zuzo bem. eu já tenho a resposta na ponta da língua. eu vou simplesmente dizer: "amor, eu sei. eu sei...mas tem neon lá. tem neon."

terça-feira, abril 11, 2006

três pensamentos do dia.

- minha mãe só me chama no diminutivo: "meu filhinho", "equinho"...

- meu pai só me chama no aumentativo: "fala filhão"...

- batom é como aquela tinta preta que você coloca na alfândega para tirar suas digitais. batom tira as digitais da boca. assim como digital, não existe marca de batom igual.

não confio em pessoas que abotoam o último botão da camisa.

você já viu essas pessoas? coloca uma camisa social e abotoa todos os dezesseis botões. um a um, até chegar lá em cima no pescoço? então, não confio num sujeito que tem a manha de andar sufocado para cima e para baxo. com aquele tecido grosso roçando no pescoço. apertando a barba para um lado e para o outro. sufocando os poros do sujeito com as últimas forças. não confio em pessoas que abotoam o último botão da camisa social pelo simples motivo que ninguém está 100% confortável com uma camisa 100% abotoada. e cá entre nós, não dá para confiar num cara que, por opção, resolve passar o dia com as vias de entrada e saída de oxigênio quase-fechadas. se eu fosse dono de uma loja de camisas sociais, mataria o último botão de todas as camisas sociais. mataria os dois últimos, para ser sincero. poderia até dar o braço a torcer e colocar dois botões falsos daqueles que as vezes aparecem nos ternos, sabe? botões com os buracos costurados? é, minha loja seria conhecida pela camisa banguela. caráio, taí um nome bacana: "a camisa banguela". acho que faria bastante sucesso. fico imaginando os quase-executivos fazendo fila na porta da loja clamando por uma camisa banguela. e aqueles caras que até hoje tentam resistir o "establishment". que lutam contra o sistema. todos comprariam uma camisa na minha loja. eu ficaria milionário. não, eu ficaria bilionário. eu desconfio de pessoas que abotoam o último botão da camisa social porque ele tem que ser mucho lôco. tem que ter problemas sérios para andar para cima e para baixo com uma circulação de oxigênio deficitário. só perdôo o masoquista. o masoquista pode. faz parte do jeitão dele. do estilo de vida dele. já um carinha comum. um carinha pai de família, que freqüenta a faculdade. um carinha que tem amigos. esse, não. esse não pode e não deve abotoar o último botão da camisa social. desconfie dele. mantenha um pé sempre atrás. esse cara não bate bem. não, esse cara tem outra prioridade na vida. ele não dá valor nem ao ar que respira. pensando bem, se você conhece um cara desses, ajude ele. abra o último botão da camisa dele como quem desarma uma bomba, uma granada. como quem tira uma aranha caranguejeira do pescoço de um cara querido.

segunda-feira, abril 10, 2006

três pensamentos do dia.

- é impossível jogar fora um iô-iô. (mitch hedberg)

- comprei uma caneta de 100 dólares. cansei de perder canetas e não dar a mínima.

- aqueles folhetos com lançamentos imobiliários que entregam nos sinais de trânsito são como o "spam" do email. neste caso, a caixa do email, é o banco de trás do seu carro.

o hambúrguer congelado.

não sei cozinhar. não morro de fome. mas não sei cozinhar. sou um "macaco gordo", ou seja, quebro um galho. se precisar fazer um macarrão, faço, improviso, nunca fiz dois pratos de macarão iguais. sei gerenciar uma torrada numa torradeira, e, de cada dez ovos que eu frito, oito saem da frigideira sem quebrar a gema. o que nos leva ao assunto desse textinho, o hambúrguer congelado. o hambúrguer congelado é à prova de "não cozinheiros". é impossível errar um hambúrguer. é ligar a frigideira, nem precisa de óleo. e deixar o fêla da pulta gritar lá. três minutão de um lado, três minutão do outro. o bicho já vem temperado. já vem no tamanho certo e combina com tudo. deixaram arroz pronto na geladeira? hambúrguer nele. ah, não deixaram arroz pronto? duas fatias de pão e soca o hambúrguer no meio. bom, não tem pão, não tem arroz? meu amigo, a solução é simples: faça uma piscina de ketchup, com pitadas generosas de mostarda e uma colher cheia de maionese-- e você tem um banquete. o segredo está na qualidade do hambúrguer. invista no hambúrguer. se você está entre um sadia, um perdigão e um bassi, vá pelo bassi. é mais caro? é. vale a pena? vale. vamos lembrar que a idéia toda é a lei do menor esforço, a idéia é ter você com a pança cheia, socada de comida sem se preocupar em ser um chef, ou um cozinheiro reconhecido pela associação dos restauranters e chefs da cidade em que você reside. e o hambúrguer congelado é a resposta. o hambúrguer congelado é o caminho mais curto para enganar suas papilas gustativas. com um certo respeito para com o seu sistema digestivo. por isso, vale lembrar que a mortadela e a salsicha não devem ser usadas da mesma maneira desenfreada do hambúrguer. o hambúrguer de qualidade é feito com carne das boas (isso é claro, se você ainda estiver de acordo em escolher a carne mais cara). apenas uma sugestão. se você é dos meus, que não sabe a diferença entre rúcula e agrião, arroz branco e arroz parabolizado, o hambúrguer congelado é a saída. é a salvação. vai por mim. compre a sua meia dúzia hoje. coloque num cantinho bacana do freezer e depois é partir para o abraço.

quinta-feira, abril 06, 2006

quatro pensamentos do dia.

- se você entendesse código morse, um homem fazendo sapateado enlouqueceria você.
(mitch hedberg)

- toda bola de tênis sofre de calvície.

- todas as pessoas que eu conheço cabem num chip do meu celular.

- minha vó e os irmãos dela têm nomes que começam com "z". minha mãe e os irmãos dela têm nomes que começam com "a". não sei porque eu e meus irmão não temos nomes que começam com "b".

decotes.

não pega bem para um homem sair com uma camisa com a gola em "v" e dois palmos de peitoral expostos. não se trata de questionar a opção sexual de ninguém. é uma questão de estética. o fato é que um decote fica melhor numa mulher do que num marmanjo. mulher é diferente. mulher usa decote. pode usar. é esperado, apreciado e vigiado. o decote de uma mulher possui uma força magnética. e digo infernal porque é realmente difícil de controlar a espiada. na grande maioria das vezes um homem olha para um decote não pelo simples prazer de desvendar o que tem no meio daquele tecido cuidadosamente rasgado. homem olha para o decote porque ele está lá. o decote tem em todos os países e línguas. o francês sofre com o decote. o americano, o brasileiro e o escandinavo sofrem com o decote. pelo simples motivo dele estar lá. pode notar num bar qualquer. preste atenção numa mesa que tenha um casal aparentemente apaixonado. espere passar uma mulher com decote. você vai como o cara, sem querer, ira seguir o decote com os olhos. suas pupilas quicarão com o mesmo compasso do decote. para lá e para cá. zigue e zague. e, a mulher do cara, dependendo do clima, vai perdoar. pois ela sabe, mas sabe do fundo do coração que ele não fez por mal. teve seus olhos teleguiados por uma força da natureza. até o decote dela, da mulher/namorada, um dia atraiu os olhos do marido/namorado. e continuou atraindo durante um bom tempo, o que levou os dois a estarem ali sentados naquela situação. existem vários tipos de decotes. os mais discretos, pequenos, que as vezes passam imperceptíveis. os médios, os grandes e os falsos recatados, que são os piores. os falsos recatados, ah, os falsos recatados. esses são aqueles decotes que fazem parte de um vestido ou uma roupa mais séria, recatada. exemplo: um vestido de noiva que cobre o corpo quase que inteiro mais que tem um decote que deixa o "cofrinho" para fora. ou seja, a muié cubriu tudo, tudo, mas deixou pra fora dois centímetros de cofrinho para atrair olhares pecaminosos. decote pra lá, decote pra cá. o grande, apesar do tamanho, da grandeza, é o pior, porque mostra muito, revela demais. alguns decotes são tão grandes que deixam de ser decotes. outra coisa desses decotões, é que se um cara for pego no flagra olhando um desses, tá fudido. não tem jeito. não tem desculpa. decote é uma espécie de pegadinha universal.

quarta-feira, abril 05, 2006

as subaca moiada.



é complicado descobrir a validade do desodorante. é. porque quem está usando o desodorante é você. ou seja--você não consegue sentir o cheiro do seu próprio desodorante. (é claro que se for daqueles futuns atômico você sente. mas é quase impossível.) já fui mais paranóico com isso. mas descobri uma maneira de nunca mais me preocupar: coloco o equivalente de 12 dias de desodorante todos os dias antes de sair de casa. é uma melequeira só. umas 4 camadas. mas me deixa em paz no decorrer do dia. e falando em desodorantes, me lembrei de uma história curiosa: dia desses acordei atrasado. e fiz tudo correndo: banho, barba, os dentes, a lente e a roupa em 10 minutos. nessa ordem. e assim que eu cheguei na firma--corri para uma reunião. só que tinha um problema: naquela correria eu não me lembrava se tinha passado ou não o desodorante. e como eu não podia checar minhas axilas durante a reunião, fui ficando tenso. e comecei a pensar: "caráio...será que eu estou exalando um cheiro de bode velho?" o que me levou a transpirar. não foi muito. mas como tava frio, ficou estranho. a reunião acabou e eu corri para farmácia aqui da esquina. comprei um. comprei dois tubos. e na hora de passar--descobri o que já suspeitava, eu já tinha passado desodorante em casa. desde então arrumei uma maneira de evitar problemas como esse. alterei a rotina entre o toque do alarme e a saída para o trabalho. é. agora eu coloco o desodorante depois das lentes de contato. e não antes. assim eu vejo claramente o que eu estou fazendo. funciona. não esqueço se coloquei ou não a porra do desodorante. lentes de contato antes do desodorante. essa é a fórmula. e as subacas deixaram de ficar moiadas.

terça-feira, abril 04, 2006

dois pensamentos do dia.

• waffle é uma panqueca com armadilhas de mel.

• se você não fingir que vai molhar uma planta de plástico, ela morre. (mitch hedberg)

a maior bufa de todos os tempos.

tinha um moleque lá no condomínio que eu morava que ganhou um apelido maldoso. daqueles apelidos bem sacanas. daqueles apelidos que não morrem com o tempo. apelidos tão fortes que não perdem sequer uma sílaba com o passar dos anos. o moleque era (e é) gente finíssima. boa gente, divertido e grande zagueiro central. mas ele teve o grande azar de um dia-- soltar uma bufa ruim. é. ele soltou uma bufa mortal, um peido de fazer os olhos lacrimejarem. Um conjunto de gases letais. e ele foi ainda mais azarado de estar perto de alguns "amigos" que sentiram o estrago da bufa. os mesmos amigos que lhe deram o glorioso apelido de "cubata". (o cheiro era insuportável de acordo com as testemunhas presentes no momento histórico.) causou tonteira, vertigem e enjôo. uma bufa tão violenta que teve gente que jura ter visto um filme da vida em fast-forward em questão de segundos. um estrondo ensurdecedor seguido de uma luz forte. definitivamente a maior bufa de todos os tempos. o apelido "cubata" vem de cubatão, que naquela época, meados dos anos 80, era considerada a cidade mais poluída do mundo. e--depois que ele soltou aquela bufa--passou a ser conhecido como "cubata". uma homenagem. Um jeito carinhoso de chamar um colega. era "cubata isso... cubata aquilo." e o tempo passou. a molecada cresceu, mas o apelido ficou. a fama da bufa também. Fico imaginando em quarenta anos, eu velhinho sentado na sombra apontando para o local do peido histórico: "quando eu era pequeno, eu vi um menino bufar ali na quadra de futebol, ao lado do gol do lado de lá... uma bufa que entrou para a história do condomínio..." e, para piorar ainda as coisas para ele, a cidade de cubatão deixou de ser a cidade mais poluída do mundo. deixou de ser sinônimo de poluição. e isso trouxe conseqüências terríveis. afinal, ninguém sabia porque caráio chamavam o sujeito de "cubata". ou seja: ainda hoje, quando uma menina escuta alguém chamando ele de "cubata", ela logo pergunta: "cubata? porque te chamam assim. qual é a origem desse apelido?" e ele, bem, ele tem que explicar a história inteira. começando pela bufa. a bufa do cubata.

segunda-feira, abril 03, 2006

três pensamentos do dia.

• você só dá o devido valor ao ar-condicionado central do lugar que trabalha no dia que o fêla da pulta não está funcionando.

• escada rolante nunca quebra. apenas vira uma escada normal. (mitch hedberg)

• passar embaixo de uma escada não dá azar. passar embaixo de um leão, sim.

a bateria do celular e o presuntão.

a bateria do celular e o presuntão. estava eu, numa sala aqui no trabalho trabalhando quando, de repente a bateria do meu celular acabou, morreu, deu adeus. bateria do celular tem dessas coisas, morre. acaba quando você menos espera. quando você mais precisa. e é aí que entra a história do presunto. o presuntão do título deste textinho. é que uma vez a bateria do seu celular morre, você também some do mapa. ou pelo menos é assim que as pessoas tratam você. depois de umas duas horas com o celular sem bateria, cheguei na minha mesa e encontrei uns seis recados do tipo: "erick, está tudo bem?", "alô, alô, alô, é o seu pai, tá tudo bem, liga pra mim...", "algum problema, meu filho....?", "erick? erick? erick?!!" e por aí vai. dois dias depois encontrei um amigo no shopping e a primeira coisa que ele perguntou foi: "erick, tá zuzo bem?" e eu com uma cara de bosta: "mas, mas como assim?" e ele: "te liguei, e nada, caixa postal... achei que tinha acontecido alguma coisa..." e eu: "pourra, a bateria do celular acabou... e só." e ele: "ah, achei que fosse algo mais sério..." minha própria mulher, quando finalmente me encontrou no telefone fixo mais tarde, o telefone da minha mesa, estava cafuza: "nunca mais me assuste assim!" e eu: "foi a bateria, a bateria do celular... a bateria acabou..." e ela riu. uma risada nervosa, mas riu. meu amigo, a dependência que as pessoas têm com o celular hoje em dia é tão grande que não tem mais jeito. o seu celular está desligado, sem bateria, fodeu, você não existe. bateu as botas, o par de botinas. boa sorte explicando para as pessoas mais próximas depois que na verdade, realmente, tudo está ok com você. você está vivo, disponível, respirando com algumas batidas cardíacas. até porque, só para avisar os outros que você está vivo, demora pra cacete, afinal, sem bateria, você também não consegue encontrar o telefone, o número das pessoas. e sem número é impossível ligar para dar um sinal de vida. ou seja: quando a bateria do celular acabar, você vira um presuntão. daqueles com data vencida e dois dedos de capa de gordura.