quinta-feira, novembro 29, 2007

a pequena teoria da sangria.



sangria usa vinho. vinho realtivamente barato. gelo. frutas. açucar e uma dose de um licor zambers, contreau, por exemplo. ah, e ainda colocam uns dois dedos de sprite. a teoria da sangria diz que a sangria foi um esquema que inventaram para cobrar, por um vinho bem mais ou menos, o preço de um vinho caro. simples assim. joga tudo numa jarra de vidro sem rótulo. com uma lasca de laranja agarrada na borda e uma caráiada de pedras de gelo. não tem como resistir. é praticamente impossível.

O cotovelo do Felipe. -- uma pequena peça de teatro.





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O cotovelo do Felipe.


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Maria. Ana. Patrícia. Flávia.

Maria é a mais velha apesar de se vestir como a mais nova das quatro.

Ana usa decotes, óculos e costuma falar alto.

Patrícia já foi casada duas vezes e hoje namora um homem casado. Mas ainda não contou
para ninguém.


Flávia é a mais nova. Bonita. Já tentou ballet. Acha que sofre de ninfomania mas é coisa da cabeça dela.


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Um café. Terça-feira, quase noite, quase chuvosa.

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Ana:
- Alguém ligou para a Flávia?
Maria:
- Liguei. Deixei recado na caixa postal. Ela ligou de volta depois. Acho que vai se atrasar um pouco.
Patrícia:
- Ela nunca atende o celular.
Ana:
- Bina.
Maria:
- Bina?
Ana:
- É, a invenção. O identificador de chamadas. O bina, B que Indentifica o Número de A. B, I, N, A. Sabia que foi um brasileiro que inventou o BINA. Mas nunca recebeu um centavo pela invenção? Coitado. Uma invenção daquelas que deixaria qualquer americano rico e como nome de Avenida. Avenida Bina. E o mais irônico é que ele deve sofrer.
Patrícia:
- Porque?
Ana:
- Imagina, sempre que ele liga para cobrar os direitos, algum tipo de reconhecimento. As pessoas não atendem, elas olham no visor do telefone e identificam ele. Tudo porque ele inventou...
Patrícia:
- O bina.
Maria:
- Vocês estão dizendo que ela, a Flávia, não atende pois sabe quem está ligando?
Patrícia:
- Olha quem fala.
Maria:
- Pati, foi uma só vez que eu não atendi. Eu estava transando pô. O cara em cima de mim, aquela coisa de tentar achar a posição certa. Vocês já notaram isso? O sujeito sempre tem uma posição que ele se julga o camisa 10. Sabe? Tipo, o cara faz as preliminares. Beijo aqui. Beijo ali. E quando sente que é o momento, te joga numa posição na cama em que ele acha que é o bam bam bam naquela posiçao. Bom, eu sabia que era você ligando. E eu não transava desde...de...de...
Ana:
- Desde...de....de.... é um tempão hein?
Patrícia:
- Olha a Flávia. Nossa, você viu como aquele cara sentado na entrada, olhou para o cofrinho dela quando ela agachou para pegar o papelzinho do estacionamento?
Ana:
- Ó, não vou dizer que ela fez de propósito. Mas, eu, de vez em quando. Só de vez em quando. Sublinhem, coloquem em negrito e itálico o "de vez em quando." De vez em quando eu faço isso de propósito. Dois dedinhos de peito. Uma leve revelação de coxa. Ou, o cofrinho mesmo. Faz bem para o ego. Muito bem. E não custa nada. Quem não quer ser comentada pelo pessoal da firma na hora do almoço? Eu quero. Já me dissseram que no ranking da firma eu estou em sexto lugar. Que honra. Se tiverem que pensar em alguém na hora de fantasiar com uma mulher da empresa, eu estou no sexto lugar.
Maria:
- Sexto? Na escola uma vez, eu descobri uma listinha no caderno de um menino. Eu era a segunda colocada.
Ana:
- Quem era a primeira?
Maria:
- A professora Cláudia.
Ana:
- E como era ela?
Maria:
- Sardas. Tinha sardas. Peito grande e tinha sardas.
Ana:
Competir com professora é impossível. E com sardinhas e peitos grandes. Essa mulher devia ser um cyborg enviado para a terra para pertubar os moleques. O segundo lugar então era um primeiro lugar quase que técnico.

Patrícia:
- Eu não faço tanta questão de ser comentada na hora do almoço da firma. Muito menos figurar no ranking. Mas, você tem razão. Eu tenho outra tática. Um pedacinho da calcinha de fora. Na parte de trás. Muito pouco. Quase imperceptível. Deixa o cara louco. Ou quase louco. Ok, deixa ele pensando coisas. Principalmente, e olha que eu estou revelando aqui uma tática daquelas que só vocês que são amigas podem saber. Principalmente pedacinho de calcinha com estampa de tigre. Tenho uma que é rosa escuro com estampa de tigre por cima do rosa. Mas só um pedacinho para fora. Funciona sempre.
Flávia:
- Gente, desculpem o atraso. Trânsito.
Ana:
- Tudo bem.
Maria:
- Estávamos dividindo táticas.
Flávia:
- Táticas?
Maria:
- Isso. Táticas para levantar o ego. Chamar a atenção alheia. Dos homens. E o ciúmes das mulheres que estão sentadas logo ao lado.
Flávia:
- Ah, vocês notaram eu derrubando o papel do estacionamento de propósito?
Ana:
- Eu disse.
Flávia:
- Ah, ele é um gatinho e a namorada meio baranga. Pode notar, parecem aqueles namorados que namoram por namorar. Preguiça de procurar. Ele engordou um pouco. Ela engordou mais. Ele tem 28 e ela quase trinta. Quem sabe eu não fiz um favor. Ele olhou. Ela ficou com raiva.
Maria:
- É, os dois não estão lá assim muito felizes.
Flávia:
- E a gente passa o dia presa no trânsito. E agora com essa violência na cidade tem o tal do insulfilme. Vocês já notaram que cada vez menos a gente leva cantada no trânsito? Ninguém consegue ver ninguém. Todo mundo com as janelas fechadas. Tudo escuro. Antes, sei lá, quando eu tinha os meus 18. Era sair na rua com o meu chevettinho para escutar elogios. E só saber que aquele gatinho olhou para o meu cofrinho já me sinto sei lá...
Patrícia:
- Gostosa?
Flávia:
- Desejada.
Maria:
- É, desejada é melhor do que gostosa. Nem toda gostosa é desejada. Sabe qual é a diferença entre desejada e gostosa? Uma mulher desejada até mostra um cofrinho quase sem querer. A gostosa mostra um cofrão, o dia inteiro. Aí perde a graça.
Ana:
- É, o insulfime acabou com as cantadas no trânsito.
Maria:
- Deixa eu ir lá no balcão pegar o café se não o garçom não vem
Flávia:
- O meu é com leite magro e adoçante.
Patrícia:
- Eu quero um uisque. Não quero café.
Ana:
- Uisque?
Patrícia:
- É, cansei dessa coisa de que mulher quando sai bebe café. Toma chá. Homem não. Homem quando sai toma cerveja, toma uisque. Toma caipirinha. Chega em casa bebâdo e está tudo bem. E a gente nessa coisa de comer "quiche com saladinha" e café. Puta prato sem graça. Quiche. Uma empada grande com ingredientes como alho poró e queijo emental. Vê se algum cara senta numa mesa e come qualquer coisa com alho poró. Cansei do alho poró e do café. Uisque.
Ana e Flávia juntas:
- Uisque.
Maria:
- Ok.
Maria se levanta e sai de cena por uns 30 segundos.
Flávia:
- Não sei como falo para ela.
Ana:
- Fala o que?
Flávia:
- Que eu cheguei atrasada porque estava num apart com o Felipe.
Patrícia:
- Felipe, felipe?
Flávia:
- Felipe, felipe.
Ana:
- Felipe, felipe, felipe?
Flávia:
- Felipe, felipe, felipe.
Patrícia:
- Feli...
Flávia:
- Porra, acabei de falar que estava num motel com o felipe e a única coisa que vocês conseguem falar é o nome dele. Parecem EU, meia hora atrás repetindo o nome dele enquanto ele estava em cima de mim.
Patrícia:
- Foi tão bom assim?
Flávia:
- Câimbra. Eu tive câimbra. Eu gritava para ele sair de cima de mim.
Ana:
- É, então não foi bom?
Flávia:
- Até que foi. Foi. Nota 6,7.
Maria chega na mesa com os uisques:
- 6,7? O que é 6,7.
Patrícia:
- A nota que ela deu para um cara depois de transar com ele.
Maria:
- 6,7? É bom ou é ruim.
Ana:
- Depende.
Flávia:
- Depende muito.
Maria:
- Do que por exemplo?
Patrícia:
- Por exemplo: se a transa foi média, mas ele me abraça depois na posição de colher e faz carinho no cabelo. Ganha pontos. A nota sobe.
Ana:
- É, agora, se a transa foi sensacional e ele liga a tv depois ou arruma um jeito de espiar o relógio, aí a nota dele cai.
Maria:
- E esse, o que ele fez para merecer um 6,7?
Flávia:
- Eu senti câimbra no meio. Uma fisgada na batata da perna.
Patrícia:
- E ele achou que ela estava gritando o nome dele... porque estava gostando.
Flávia:
- Para resumir. Senti câimbra e depois ele fez uma massagem. A massagem subiu a nota dele.
Maria:
- Massagem? Então merecia mais que 7.
Flávia:
- Mas é que eu não tive...
Ana:
- Nem fingiu?
Flávia:
- A câimbra.
Maria:
- Claro, de tanto gritar.
Flávia:
- Ele deve ter achado que eu tive.
Maria:
- Aí, ele achou que você teve e não se esforçou mais.
Flávia:
- Isso. Partiu logo para a colherzinha.
Ana:
- É por isso que eu nunca finjo. Cara que consegue me levar para a cama minha amiga tem que trabalhar dobrado. Não tem essa de fingir, concentrar. Eu não fico pensando no Brad Pitt lambuzado de óleo, para tentar ter mais fácil. O cara comigo tem que jogar o melhor jogo da carreira dele. Tem que sair do campo aplaudido de pé pela torcida. Tem que sair com a certeza de que eu nunca mais vou sentir nada igual. Ou melhor, o cara tem que sair com medo que eu não consiga mais me levantar da cama.
Flávia:
- Mas que exigência...
Patrícia:
- É, acho que é um pouco exagerado mas...
Ana:
Pô, gastei uma fortuna colocando esses peitos. Roupa tá cara. Sair de casa, com essa violência é difícil. Aí, se rola, putz, trabalha colega.
Red Bull. Pilula azul. O que for, não pode é me deixar na mão. E numa boa gente, é muito engraçado ver a Samantha do Sex and the City falando de vibrador. Outra coisa é você pegar um carro ir lá na Oscar Freire, dar bom dia para aquela hostess que se acha a mulher mais gostosa do mundo e perguntar onde ficam os vibradores.
Flávia:
- É, você tem toda a razão.

Patrícia:
- Você tem razão. A partir de agora eu vou parar de fingir. Não finjo mais.
Flávia:
- Ah, se o cara for um fofo. Educado. Pagar a conta. Pegar em casa. Ser bem cuidado. Bem vestido. Se eu sentir que ele fez um esforço descomunal para agradar aquela minha noite, aí eu finjo numa boa. Isso é claro, se eu não tiver um de verdade.
Maria:
- Mais um uisque?
Flávia, Ana e Patrícia:
- Mais um.

Maria se levanta e sai de cena por uns 30 segundos.

Patrícia:
- Olha, aproveita que ela saiu e pensa um jeito de falar. De contar para ela que você deu para o Felipe.
Flávia:
- Deu? Que jeito de falar. A gente fez amor.
Ana:
- Ele disse que te amava?
Flávia:
- Não.
Patrícia:
- E você? Disse que amava ele?
Flávia:
- Também não.
Patrícia:
- Então você deu.
Flávia:
- Ok.
Maria:
- Aqui, Black Label. Ele disse que tinha o Red e o Black. Um custa o dobro do outro. Red Label. Black Label. Como a gente nunca bebe. Pedi o mais caro. 12 anos.
Ana:
- Black Label então será.
Flávia:
- Maria, eu dei para o Felipe.
Maria:
- Como?
Flávia:
- É, eu poderia ficar enrolando, adiando. Mas essas duas não param de me olhar. Pronto. Eu dei para o Felipe. Dei. Felipe. Eu dei. Satisfesitas?
Maria:
- Tudo bem.
Ana:
- Tudo bem? Mas é o Felipe.
Maria:
- Ex namorado.
Patrícia:
- Mas é o Felipe.
Maria:
- Ex. Ex, estamos separados. Caramba. Fui eu que quis me separar dele. Numa boa.
Flávia:
- Obrigado Maria. Amiga, juro que não é nada sério. É que, sei lá rolou.
Maria:
- Ele sempre teve uma queda por você.
Patrícia:
- E por mim?
Ana:
- Patrícia, que pergunta.
Maria:
- Uma vez ele comentou de um biquini que você tinha. Disse para eu comprar um igual para mim. Tudo bem.
Flávia:
- Você é uma amigona sabia?
Maria:
- Só uma pergunta.
Flávia:
- Qualquer.
Maria:
- Ele fez aquele negócio em que ele precisa se apoiar no cotovelo direito para executar com perfeição, com você? Na cama, na hora que vocês estavam sabe...?
Flávia:
- Apoiar no cotovelo direito?
Ana:
- Cotovelo?
Maria:
- Ah, então dá para entender porque ele ganhou um 6,7.
Patrícia:
- Porque?
Flávia:
- É, porque?
Maria:
- Nossa, se ele tivesse feito o esqueminha em que ele tem que apoiar com o cotovelo direito na cama para executar com perfeição... você estaria chegando só agora. E ele teria recebido um, sei lá, um 9? 9,8?
Flávia:
- Cotovelo direito apoiado na cama?
Patrícia:
- Cotovelo?

Meia hora depois. Maria e Ana estão sozinhas no taxi a caminho de casa.

Ana:
- Bem que você disse que todo homem tem uma posição em que ele é o camisa 10, o bam bam bam. Quem diria: o cotovelo direito do Felipe. E apoiado na cama.

Maria:
- É mentira. Eu inventei isso na hora, foi para deixar ela daquele jeito. Vai para sempre se achar um pouquinho menos agora. E não vai perguntar para o Felipe porque se perguntar estaria se rebaixando. E se pedir, periga fazer o papel de ridícula. Imagina agora, toda vez que ela transar com ele. Vai ficar lá, olhando para o cotovelo dele. Esperando o cotovelo se apoiar na cama de um jeito diferente.
Ana:
- O cotovelo direito. Que plano diabólico.
Maria:
- Tudo bem, quer ter um cofrinho daqueles, ser a mais gostosa do grupo, eu aguento. Agora, transar com o meu namorado, não! Pausa.
E eu já sabia.
Ana:
- Mas como?
Maria:
- Ela me ligou do apart-hotel para dizer que tinha pegado o recado, que tava no trânsito e que ia se atrasar um pouco. O mesmo apart-hotel que eu sempre ia com o Felipe.
Ana:
- Mas como é que?
Maria:
- Bina.
Ana:
- B que identifica número de A.
Maria:
- Coitado, não recebeu nenhum centavo pela invenção.

Enquanto isso, Flávia está sozinha dirigindo, presa no trânsito.
Flávia coça a cabeça e fala:
- Cotovelo? Cotovelo direito?

É então, logo após pensar no cotovelo e se mostrar frustrada que ela resolve abaixar o vidro do carro girando a manivela.

E, lá de longe, escutamos um cara gritar:
- Gostosa!

Fim.






terça-feira, novembro 27, 2007

vhs, botox, guerra nas estrelas e a barba branca.



certa vez escrevi sobre a falta de tempo. ou melhor, já escrevi sobre a falta de tempo uma porção de vezes. acho que é um fato, o tempo é o grande bam bam bam. o carinha mais fucking fuckers que existe. presente de natal? tempo. quem não quer? dúvido. existem várias maneiras de tentar ganhar, adquirir, ser dono de um pedacinho de tempo. botox. botox te compra uns dois anos. mas dois anos que expiram em seis meses ou menos. uma camiseta com uma estampa retrô, com a imagem original do poster de guerra nas estrelas? hmmm, sei lá uns 25 anos. vinte e cinco que, dependendo da máquina de lavar, dura lá seus dois anos. o próprio relógio é uma maneira de comprar tempo. literalmente. eu tenho um daqueles casio com calculadora. não é original comprado em 1983. mas de uma coleção dessas que os caras lançam hoje em dia para fisgar pessoas como eu. que querem ganhar do tempo. livros. romances. livros antigos digo. programas como o dvd com o melhor do tv pirata, por exemplo. você ganha alguns anos. mas com o risco de série de perder uma hora e meia. porque existe a chance grande de tv pirata ter muito menos graça do que tinha quando você viu pela primeira vez. emagrecer. emagrecer é das maneiras mais difíceis de ganhar tempo. ficar com aquele corpitcho de quando você era moleque e não se preocupava com o que a fivela do seu cinto dizia. o tempo é foda. dia desses, com o inverno porrtuguês, entrei numas de deixar a barba crescer, só para sentir o drama, ver o que dava. bom, cresceu uma caráiada de fios brancos. o tempo não está lá assim, esquecendo de me lembrar que ele não pára. ele é foda. a melhor maneira de recuperar, ganhar o tempo que perdi com esses fios? mach 3. três lâminas afiadas e duas mãos de creme. guns and roses. com qualquer itunes, pimba, lá vai você para 1990. falando nisso, nele, no itunes. existem poucas maneiras mais rápidas e práticas de voltar no tempo. dura lá seus três minutos e tal e pronto. mas quebra um galhão. o primeiro fêla que abrir uma loja que vende tempo, fica quaquilionário. aqui em portugal, descobri um esqueminha bom. a veja. isso, a revista veja velha. aqui, você vai numa banca e encontra a veja da semana, uns cinco dias depois. ou seja, a revista que saiu no domingo, no sábado no brasil, encontra aqui na quinta seguinte. por cinco euros. cinco euros para voltar cinco dias no tempo? porra, é uma merreca. o tempo que você perdeu aqui, por exemplo. quer ganhar ele de volta? assista uma parte da sessão da tarde. qualquer dia. uma parte só. não precisa ser o filme inteiro. ok, se você não mora no brasil e não tem sessão da tarde... alugue uma vhs. não vale dvd. dvd não funciona. vhs funciona bem melhor. vai por mim. certa vez escrevi sobre a falta de tempo. ou melhor, já escrevi sobre a falta de tempo uma porção de vezes.

dança com as estrelas.


que caráio é isso? um programa em que as pessoas famosas dançam e ganham um prêmio zambers e milhões de pessoas assistem? não é que seja estranho... não faz nenhum sentido. dia desses vi que um dos grandes favoritos para o programa era o helio castro neves, campeão de formula indy. caceta como assim? quem é que assiste o helio castro neves dançando rumba? como é que se julga uma bagáça dessas? o menos esquisito? o que cai menos? o que parece que está sofrendo menos? e, na boa, ou o cara está afim de ficar com a instrutora de danças do programa ou ele está afim de ficar com a instrutora de danças do programa. um fera que ganha dois milhões de dólares só por ter vencido as 500 milhas de indianápolis não vai vestir um colant e dançar tango ao vivo em rede nacional. essa semana vi um grupo desses quase famosos no larry king live, na caráia da cnn-- falando sobre os passo de dança. quase bizarro. o mundo acabando. o petróleo batendo na casa dos 100 dólares. california em chamas. paris em greve. flamengo na libertadores. e os caras perguntando para o hélio castro neves como é que ele aprendeu a fazer o cha-cha-cha em tão pouco tempo? não fódi.

5 pensamentos do dia no subway


- as batatas fritas camponesas da "lays" a elma chips daqui, é fabricada no mesmo lugar em que a ruffles que não é camponesa. eu olhei no verso da embalagem. achei que vinha do campo e o caráio.


- ao lado do subway aqui em lisboa tem uma estação de metrô. ou seja, um turista cuja primeira língua é o inglês periga parar na loja de sanduíches se perguntar para alguém-- onde fica o metrô mais próximo.


- quando o atendente do subway pergunta "extra cheese?" ele na verdade quer dizer: "extra 35 cents?"

- quando você entra numas de pedir o subway inteiro. o de 30 cm, deixa de fazer parte do grupo da humanidade que consome a quantidade normal de calorias. e passa a fazer parte do pessoal que tem suspeitas de possuir algum ser não identificado dentro do corpo.

- o subway de lisboa fica ao lado do ben and jerrys. coisa de fêla da pulta. vai ser esperto assim na casa do caráio. nêgo come sanduba leve, sai achando que está na boa, que comeu algo leve, e pimba, soca um sorvetão para dentro. já fiquei observando o esqueminha. funciona sempre. 7 de cada dez manés que joga para dentro um subway, come um sorvete.

sexta-feira, novembro 23, 2007

revistas e dentistas.



fui ao dentista aqui em portugal. cheguei lá, e na sala de espera, as revistas que estavam sobre a mesa de centro eram da semana. atuais. não eram velhas. eram fresquinhas. eu olhei duas vezes para a data da capa e umas vinte vezes para a data do meu relógio. só para ter certeza. impressionante. me senti num universo paralelo. como o universo bizarro dos super amigos, da sala de justiça, lembra? acho que foi a primeira vez na minha vida que eu entro numa sala de espera de um dentista e encontro uma revista da semana. do dia. uma pena, pois o universo paralelo continuou. eu não tive que esperar. ou seja, diferente do meu dentista no brasil em que eu tinha que esperar um tempão lendo a revista caras de 1998, aqui eu fiquei, vai, uns dois minutos esperando. talvez menos. uma sala de espera daquelas que merecem fazer um programa investigativo daqueles tipo 60 minutes, globo repórter, cnn 360º, dateline nbc. negócio sério. o mundo precisa conhecer. eu, se fosse o dentista, abriria a sala de espera do meu consultório para visitas turísticas. o mundo inteiro ia gostar de ver esse esquema. uma sala de espera com revistas novas. teria filas. pessoas visitariam o castelo, belém, o pavilhão chinês, o bairro alto, e a sala de espera desse dentista. eu visitaria. mesmo se não fosse cliente.

get message/get mail/send and receive. e o vício.




não sei o que diz o botãozinho do seu email. o meu diz 'get mail'. eu clico nele, e o computador passa um pente fino para ver se chegou alguma mensagem nova. é simples. aperto, um relógio gira rapidinho e pipocam mensagens na minha caixa postal. ou não. e é aí que dá a merda. quando não tem mensagens. aí começa o dedo nervoso. clica. clica. clica. como se a quantidade de clicks fosse influenciar na vontade de alguém escrever para você. o que não é o caso, é claro. não adianta nada clicar. o fêla não funciona assim. muitos clicam o botão do get mail, como se a velocidade dos clicks vai fabricar mensagens. acho, e tenho quase certeza que uma das coisas mais viciantes do mundo é o botão do get message. você mesmo que está lendo este textinho, deve estar pensando nisso neste exato momento: "será que eu tenho alguma mensagem no meu email agora?" , "acho que vou parar de ler esse blog e apertar o botãozinho catador de mesangens de email." vai lá, eu espero. numa boa. checou? ok, vamos em frente então. se existe uma coisa que eu compreendo é este vício. eu tenho. dos grandes. não sofro como quem precisa ir para uma clínica. mas sofro. já saí de reuniões fingindo que ia ao banheiro para apertar o botão do get mail. sei lá, vai que chegou um email. nunca se sabe. tá vendo, me diz se você não está com vontade de voltar lá e checar o seu. o meu, quando aparece email antes de eu mesmo clicar o botãozinho (o que é raro), bom, ele colocar o número de mensagens nova dentro de um pequeno círculo vermelho na parte inferior do meu computador. não pisca. eu tenho que passar o mouse sobre o ícone do programa para saber se tem alguma coisa. qualquer mensagem. e volta e meia eu vou lá. pior. mesmo quando o ícone do programa do email me avisa que não tem nada, nada me esperando, eu vou lá e clico o get mail. e isso vale para boletins de jornais que eu assino. sites desses que eu mesmo entro numas de me cadastrar apenas e somente para receber updates das notícias da cnn que eu acabo de ver no próprio site. todo email vale. ok, spam não. até porque o fêla do spam já vai direto para a caixa de spam. o que ainda dá mais raiva, a caixa de spam recebe mais mensagem do que eu. caráio, nunca tinha pensado nisso, mas o spam é o sujeito ou coisa mais popular do mundo. recebe centenas de email por segundo. sorte dele. fêla da pulta. email é uma das coisas mais viciantes do mundo. e o problema é que o negócio é grátis, não fode com o fígado, não aumenta o seu colesterol ou o nível de açucar no sangue. não, apenas faz você passar o dia com o dedo indicador nervoso sobre o mouse e o botãozinho do get mail. eu, por exemplo, vou lá agora. até por isso, se você sentiu que ficou faltando um final decente para este textinho. desculpa. mas deve ter um email lá. ou não.


a morte do meia dúzia.



a morte do meia dúzia. o meia dúzia do número do telefone. do número do endereço. meia dúzia, irmão gêmeo do seis. aqui em portugal, ele não existe. não é que ele tenha morrido como eu disse no título. ele simplesmente não existe. quando digo que o meia dúzia bateu as botas, quero dizer do meu vocabulário. morreu. no começo confesso que insisti. o meu endereço aqui em lisboa tem um número 6. o meu telefone uns quatro números 6. e no começo eu falava: "nove meia meia..." e a pessoa do outro lado da linha as vezes entendia por saber que é assim que os brasileiros se referem muitas vezes ao número seis. mas, na grande maioria das vezes ficava aquele silêncio. a pessoa pescando na memória: "meia? meia? meia que caráio esse cara quer dizer com meia?" depois de algum tempo, resolvi enterrar o fêla. não falo mais. faço um esforço fenomenal para segurar o "meia." agora é só seis. isso, nove seis seis. depois de trinta e dois anos falando "meia", meia dúzia de ovos. meia dúzia de maçãs. meia isso, meia aquilo. agora é só o seis. não tem muito como evitar. primeiro, porque você se passa por um cara, digamos não tão simpático. isso, é claro, depois que você descobre que não se fala o meia. a primeira vez, ok. a segunda, também. mas, depois que você descobre, a sensação é que não custa nada enterrar o meia. nem que por um tempo. com tantas técnicas avançadas na medicina moderna, tenho certeza que é possível ressucitar o "meia" quando precisar. para ser sincero, cá entre nós, de vez enquanto bate uma saudades. assim como bate uma saudade do gerúndio. mas tudo bem. até porque, dependendo do ângulo que você olha, o "seis" é muito parecido com o "meia." aí, bem, aí a saudade passa.


quinta-feira, novembro 22, 2007

o dentista, um almoço longo e três reuniões... adiaram os posts de quinta (hoje) para amanhã.

terça-feira, novembro 20, 2007

o juan pegou uma caras hoje e comentou:



"caráio erick, a caras é igual no mundo inteiro." é impressionante. não é apenas o mesmo layout. o espaço entre as letras e as cores. não, as poses das pessoas que estão na revista são as mesmas. as pernas cruzadas da madame na sala de estar. o casal com os braços trançados-- cada um agarrado com uma taça de champagne na mão. o sorriso da mulher enquanto belisca um tapete de pele de um animal desses que você nunca viu estampa parecida nem no animal no zoo. e o banquete oferecido pelo anfitrião X para o casal Y. os mesmos talheres. fico imaginando se, para economizar tempo, tudo já está pré-determinado. apenas os textos são traduzidos. o nome das pessoas trocados e pimba, manda imprimir. não consigo imaginar outro cenário. eu por exemplo, quando segurei o exemplar de caras que o juan falou, achei que era brasileira. o português demorou para se entregar. as manchetes eram curtas. e foi só depois de folhear umas doze páginas que eu pensei: "caráio, não conheço uma pessoa aqui..." eram todos portugueses. mas poderiam ser argentinos. fiquei com vontade de marcar uma consulta ao dentista. só para matar a curisosidade. chegar um pouco mais cedo e ver um número maior de exemplares de caras. só para confirmar a teoria. dentista, você sabe, é o maior arquivo na terra de edições antigas de revista caras. o juan pegou uma caras hoje e comentou. "caráio erick, a caras é igual no mundo inteiro."

ah, amazon.



nunca se cadastre na amazon. use a conta do seu irmão, do seu amigo. pague para ele. deposite na conta dele. faça um doc. uma transferência. eu sou cadastrado na amazon. o que é um erro. o serviço dos caras não é ruim. é muito bom, e é aí que está o problema. a amazon não pára de enviar emails com as melhores ofertas do universo. ofertas fucking fuckers. o email da amazon é uma espécie de spam ao contrário. o que chega é sempre desejado. mas custa caro. mas se custa caro, também é conveniente. e eles tem o seu cartão de crédito registrado. e basta um click. e você recebe em casa aquele gadget que apesar de fudido, você não precisava. e não é porque você não precisava que você não tem que pagar. e eles continuam mandando emails. e você continua comprando. é um ciclo vicioso. perigoso. eu, se pudesse voltar atrás no tempo faria duas coisas: mudaria uma nota de matemática que me fodeu na quinta série e não me cadastraria na amazon.

o reencontro.

em são paulo ou você tinha buffet ou comida a kilo. ok, estou exagerando, mas pelo menos perto da agência, se você não estivesse disposto a leiloar o seu fígado no ebay, ou você gastava um din din no buffet ou no pingava umas notas no kilão maldito. aqui em lisboa não tem muito este esquema. aqui é cardápio, doses generosas. o kilão aqui é o tamanho da dose, da porção. vem comida para cacete no prato. muita comida. mas hoje reencontrei o kilão. perto da agência. uns dez minutinhos andando. aquele mesmo esqueminha dos rechauds mantendo a comida quente. as mesmas saladas. os mesmo pratos principais. frango com algum molho daqueles que você não sabe se é cogumelos ou sei lá com duas pedras de caldo knorr. o reencontro não foi emocionante. também não foi ruim. foi rápido e farto como todo buffet.

a chuva, a represa e a bacia do pica-pau.



água. água. e mais água. água quente. no inverno os banhos ganham mais uns bons doze minutos de duração. doze para mais. nunca para menos. me lembro ainda quando era moleque e nos desenhos animado do pica-pau, quase sempre, ele, o pica-pau, sempre corria para colocar os pés dentro de uma bacia de água quente depois de um dia de frio. aqui é a mesma coisa. lá em casa, por exemplo, tem uma banheira. daquelas com um chuveiro em cima. tecnicamente tem uma bacia grande. no primeiro dia de inverno que o bicho pegou aqui, me lembrei dos desenhos animados. do pica-pau. enchi a banheira quase pela metade, coloquei uma bermuda, e sentado na beirada da banheira, mergulhei os pés. agora entendo porque o pica-pau fazia isso. o efeito é quase imediato. quase. demora lá uns vinte segundos, mas acaba funcionando. a temperatura sobe logo. o complicado depois é negociar com o seu corpo para abandonar o esqueminha. negociar com os pés, quero dizer. mas voltemos a duração dos banhos. sempre que estou no meio, fico imaginando o pessoal das represas ou barragens como eles chamam aqui em portugal. fico imaginando o carinha que lá trabalha, olhando para o nível da água da represa e pensando: "pourra erick, sai logo desse chuveiro cacete."

quinta-feira, novembro 15, 2007

babe. o porquinho trapalhado do filme. o senhor com o chapéu. e o porquinho frito no meu prato




não sei se você já assistiu o filme "babe, o porquinho trapalhado." genial. daqueles filmes que agrada todo mundo. mas todo mundo mesmo. sem exagero. babe é foda. dia desses peguei na tv o finalzinho, engoli umas lágrimas. e antes que você fique aí achando que estou exagerando, sugiro alugar. o filme é foda. é de 1990 e tal. tem que fuçar um pouco nos corredore da videolocadora, mas eles devem ter. fique com o primeiro, a sequencia, o babe 2 é uma bosta. não o babe, o porquinho, o filme. bom, mas porque caráio estou aqui falando ou a falar do babe? ontem fui a um restaurante aqui do lado de casa. e mais uma vez sentei os dentes nos secretos de porco. juro, e não é falta de assunto... juro que fiquei meio sem jeito na primeira mordida. acho que foi um senhor que entrou no restaurante. com uma boina tipo a do dono do babe. naquele momento, com o senhor entrando no restaurante e eu com um garfo carregado de porco frito a caminho da boca, tive um flashback. lembrei do filme. lembrei do babe. caráio, fique uns dois minutos sem conseguir comer. mas, quando senti que iam avançar nas minhas lascas de porco preto, respirei fundo pensei: "é apenas um filme erick, o porquinho é bonitinho e tal, mas lembre-se, era um porquinho de mentira que falava... porco não fala.... come essa pourra." e comi. sugestão: se você gosta de porco preto, nunca, mas nunca tenha esse filme em casa. recomendo assistir, mas longe das refeições. bem longe. você nunca sabe quando irá entrar num restaurante que serve o melhor porco preto de campo de ourique e encontrar um senhor com um chapéu idêntico ao do dono do babe e ter um flashback muito complicado.

o fofo. o petit gateau. e quando um nome faz toda a diferença mesmo quando não faz nenhuma.

aqui em portugal, perto da praça de camões tem um lugar sensacional, o gruta velha. não vou aqui entrar numas de falar comida. o outro blog, o guia fucking fuckers, como você já sabe, é para isso. mas vou falar do petit gateau dos caras. da maneira como eles encontraram de sei lá, deixar o petit gateau deles mais cheio das nove horas. mais zambers. um pouco mais original. alguém teve a idéia simples e brilhante de chamar o petit gateau de "fofo de chocolate". o fofo de chocolate nada mais é do que um petit gateau com um nome diferente. fofo de chocolate. é engraçado o ciclo das sobremesas. algum cara em algum lugar deve até hoje exigir o título de invetor da sobremesa master emperor worldwide-- o petit gateau. bom, o negócio é que, pelo menos em são paulo, todos os restaurantes que existem têm petit gateau no cardápio. o que não é nenhuma sacanagem. acho que ninguém roubou a receita de ninguém. é um simples resultado da lei da oferta e da demanda: todo mundo quer, todo mundo vende. simples assim. a impressão que o fofo de chocolate dá é que, como ainda não é possível tirar o petit gateau do cardápio-- tipo, como não dá para colocar nada diferente, os caras resolveram ganhar no nome. já que tem que ter a pourra do bolinho quente com sorvete, pelo menos vamos caprichar no nome. fofo. isso, fofo de chocolate. hmmm, fofo. quanto mais você repetir, mais vontade tem de comer. a garçonete por exemplo foi a mesa e, ao mostrar a placa com as sobremesas, leu em voz alta todas elas. fez um esforço monumental para desviar a atenção de todos para as outras opções, mas quando sentiu que alguém da mesa estava atrás mesmo era do bom e velho petit gateau, bom, ela encheu a boca e disse: "temo o fofo." alguém na mesa lambeu os beiços e perguntou: "fofo?" e ela: "fo-fo de chocolate." mais uma pequena dúvida: "hmmm, fofo parece ser perfeito... como é?" e ela, já com a caneta apontada para o bloco de pedidos disse, com um sorriso de canto de boca: "sabe o petit gateau? aquela sobremesa que o mundo inteiro ama? então, a nossa se chama assim, fofo de chocolate." boca cheia d'água e pedidos. muitos. todos os dias. um nome que deu mais uns anos a uma sobremesa que se chamava petit gateau.

o itunes traiçoeiro.

o play count do meu itunes é muito traiçoeiro. dia desses descobri que a terceira música mais tocada é uma dessas bem mela cueca dos anos 80. uma daquelas do bon jovi em que metade da música tem "babe" como letra. trilha de alguma novela da globo. daquelas bem sem vergonhas. acho, apenas acho que um dia escutei ela uma vez e deixe no repeat quando fui para casa. bom, e agora, não importa quantas vezes escuto qualquer outra música, está difícil tirar ela do topo do ranking.

terça-feira, novembro 13, 2007

pensamentos do dia, na häagen dasz.



- o aquecimento global vai foder com o meu häagen dasz.


- o dia que eu descobri que häagen dasz não significa nada em nenhuma língua nórdica-- me senti enganado. juro que achava que queria dizer "cremoso para cacete" em norueguês. ou "nossa, experimenta essa pourra!" em islandês. ou até mesmo "meu amigo, que sorvete fucking fuckers é esse?" em sueco. bom, descobri que não significa picas. é apenas o nome da marca. inventado por algum cara que deve ter ganho o maior estoque intergalático de sorvete grátis para o resto da vida.


-assim como é proibido a entrada de menores de 18 anos em boates, discos e similares em muitos lugares. deveria ser proibido a entrada do pessoal com colesterol alto e açucar no sangue igualmente na casa do caráio-- em todas as lojas da häagen dasz. é impossível resistir. e quando eu digo impossível não é força de expressão. fato.

- se você pegar uma foto do al gore quando ele concorreu contra o bush nas eleições de 2000 e comparar com uma foto dele de hoje pós 1723 palestras sobre o aquecimento global, vai chegar a conclusão que de tão preocupado com o aumento da temperatura-- ele não pára de comer sorvetes. deve ser um atrás do outro. de duas bolas, nunca de uma. sério, o cara deve ter engordado uns 25 kilos desde as eleições.

a teoria do bocejo.



o bocejo pelo menos como eu o vejo, não tem nenhuma outra função a não ser avisar para os que estão a seu redor-- que você está cansado. cansado para caráio. estafado. o bocejo é uma maneira que o seu corpo inventou de quase que sutilmente mandar um email mental para o pessoal do trabalho ou mesmo de uma receção de casamento. com um subject que é claro: estou com as horas contadas. com o combustível na reserva. na reserva não. posso parar no acostamento e pedir um reboque a qualquer momento. e quando digo que é o corpo que manda a mensagem, estou falando o óbvio. você não controla o bocejo. diferente de um espirro que você pode frear com o dedo indicador na frente das narinas, o bocejo sai. pula, sem pré aviso. escapa. pode notar, pouquíssimas vezes você consegue diminuir o impacto de um bocejo ao colocar a mão aberta-estatelada sobre a boca. como quem tentasse sem sucesso matar um mosquito. pense no bocejo como um amigo. um amigo que não tem vergonha. não importa se é a sua mulher na sala sentado ao seu lado no sofa -- ou se é o seu chefe sentado do outro lado da mesa, na sala de reuniões. o bocejo sai. bocejo é sincero.s incero para caráio não mente. aparece nas hora mais apropriadas. quando sente que você está começando a prolongar a sua estadia na festa de casamento da prima da amiga da prima da amiga da sua mulher. ou quando a reunião já acabou, mas a apresentação de power point não. o bocejo é um dos seus melhores amigos. a hora que ele aparecer, é a hora de se retirar. a hora de ir para casa. essa é a teoria do bocejo. não o ignore. ele só existe por um único e simples motivo: ligar o foda-se. e, de uma maneira quase simpática, se você pensar.

pequenos poemas desconexos que não rimam com finais mais ou menos felizes.

(1)
o rapaz apaixonado toma coragem
e escreve a frase para ela na areia.
o filho da puta do mar apaga.
ele era muito tímido para tentar de novo.

(2)
a mãe compra o alface.
a mãe limpa o alface.
a mãe tempera o alface.
o filho só come a carne e as batatas fritas.


(3)
ele fala: desliga você.
ela fala: ok.
ele fica esperando ela ligar de volta.
a noite inteira.


(4)
uma marca de batom na cueca.
não tem desculpa.
mesmo assim, ele inventa.
corajoso, pensa ela.


(5)
era uma vez um amor sem fim.
que acabou.
quando ele contou para ela.
que acreditava em um amor sem fim.


(6)
amor?
oi?
estranho...
o que?
você... responder?
o que?
amor.

(7)
ele toca a campainha.
a vizinha abre a porta.
ele pede açucar.
ela diz que só tem adoçante.
ele estava preparado para todas as respostas.
todas. menos esta.

quinta-feira, novembro 08, 2007

diálogos rápidos, verídicos e nonsense.

diálogos rápidos, verídicos e nonsense. 1

- tem coca light?
- não, mas tem salmão e dourado.



diálogos rápidos, verídicos e nonsense. 2

- você viu o sol como está bonito hoje? Olha o reflexo no rio.
- achei quente.



diálogos rápidos, verídicos e nonsense. 3

- mãe, e a manuella como é que está?
- o flamengo está ganhando de 2 do vasco.



diálogos rápidos, verídicos e nonsense. 4

- (para o taxista) boa noite, eu vou para a rua X, o sr. pode ir pela...
- (interrompendo) eu sei.





hannibal e a melhor mesa no restaurante mais disputado da cidade.



tem uma loja aqui ao lado da agência que vende bonecos desses de quadrinhos. vende batman. vende batman do quadrinho do frank miller. e o batman idoso de algum quadrinho obscuro. mas não vende apenas super heróis. é impressionante a variedade dos caras. vendem por exemplo, a pamela anderson versão baywatch primeira temporada e também da quarta. é diferente, o biquini é menor no quarto ano e o peito maior. tem também o david hasselhoff de shortão vermelho. tem o pessoal de lost em versão boneco. simpsons. south park. 300 e sin city. mas tem um boneco que eu fiquei curioso para saber quem compra. é do hannibal lecter. o anthony hopkins comedor de gente, o hannibal the cannibal. aí você pensa: "mas qual é o problema, a pessoa curte o filme portanto nada mais natural do que comprar a pourra do boneco." ok, você teria razão em pensar isso se o boneco fosse um boneco do tamanho, digamos, de um boneco. o engraçado... engraçado não. o curioso é que o boneco que os caras vendem é em tamanho real. o hannibal vestido com aquela roupa laranja do manicômio com a boca lambuzada de sangue. e tudo isso por uns 300 mangos. euros. passei pela vitrine da loja e fui caminhando para a agência tentando imaginar o que se passa na cabeça de um fera que compra um hannibal desse tamanho. e cheguei a conclusão que não é lá assim tão má idéia. o hannibal é uma espécie de espantalho para a cidade grande. porque se no campo, basta um bosta de espantalho feito de palha para afastar os corvos. na cidade grande, a pessoa coloca um hannibal na sala de entrada da casa e o ladrão se mija nas calças. o mesmo acontece no trânsito. imagine, se você tem pânico de dirigir com medo de ser abordado, ôpa, basta colocar um hannibal lecter no banco do carona. ah, você está acompanhado? sem problema, cinto de segurança nele e joga o hannibal no banco de trás. outro lugar que o hannibal deve ser uma puta mão na roda é restaurante. qual é o restaurante da moda? o mais difícil de arrumar uma mesa? ah é? bom, faz o seguinte, entre empurrando o hannibal sobre rodinhas e de mãos dadas com a sua namorada. peça uma mesa para três. você pode ter certeza que se não pegar a melhor mesa do lugar, pelo menos será presenteado com um desconto bonito. um bom investimento se você fizer as contas. ah, e o melhor de tudo é que o boneco está na posição do filme em que ele, o anthony hopkins, está preso naquele negócio de ferro com rodinhas. ou seja, o pessoal não vai estranhar muito o fato dele não se mexer.

a torrada que mudou todas as outras.

quando morava no brasil existia aquela mania de dizer que todo dono de padaria era português. o que era mentira. muitos são. mas não é uma lei. o que é uma pena. depois que você entra numa padaria portuguesa você fica com inveja do café da manhã dos caras. do pequeno almoço como eles dizem. não é que o pão derreta na boca como força de expressão. não, é isso que acontece em muitos casos. talvez foi aí que nasceu a expressão. padaria aqui é um negócio sério. orgulho nacional. mas tem um negócio que eu descobri tarde. uma pena. mas já descobri então não adianta chorar. agora tenho é que recuperar tempor perdido. semana passada a sanae me perguntou: "erick, você já comeu torrada?" e eu: "torrada? mas que pergunta, claro. a vida inteira." e ela: "não... não.. não este tipo de torrada, torrada aqui em portugal? você já entrou numa padaria e pediu com essas palavras... 'eu queria uma torrada?'" e eu fiz uma busca no hd da cabeça e nada. e ela continuou: "...e quando eu digo torrada não é pedir uma torrada com queijo e fiambre... torrada, simplesmente torrada." bom, sábado fomos a uma padaria e, depois de ensaiar baixinho, pedi: "uma torrada." eu sei que se você está lendo isto do brasil, está estranhando. deve estar pensando: "que caráio este cara está querendo falar, torrada é torrada cacete!" é. e não é. aqui, quando você pede um a torrada assim, vem um negócio fantástico para a mesa. imagine duas fatias de pão grossas. com uma camada crocante por fora, daquelas que faz barulhinho stereo dolby surround thx quando passa a manteiga, e fofo no interior. ou seja, duas senhoras fatias de pão em que cada lado consiste desta camada crocante com um interior feito sob medida para absorver uma quantidade quase criminosa de manteiga gorda. essa é a torrada. cada mordida e você não sabe se pesca o café na mesa ou continua mastigando. é uma fartura em formato de pão e manteiga que eu não sabia ser possível. não é a toa que as padarias portuguesas são reconhecidas mundialmente. e que no brasil, virou sinônimo de padaria boa. se os caras conseguem fazer essa mágica com duas fatias de pão e meio kilo de manteiga meu amigo, não tem para ninguém. ah, e para facilitar a bagáça a torrada vem cortada em cinco tiras verticais, ou horizontais é claro, dependendo a maneira que elas se portam no prato. é fácil decorar. "uma torrada, por favor." e pronto. você volta para o brasil torcendo para que toda padaria tenha um dono com raízes portuguesas.

terça-feira, novembro 06, 2007

depois que (2)




que eu assisti almost famous eu queria ser repórter da revista rolling stone.


que eu assisti de volta para o futuro e fiquei tentando decidir para que ano eu ia.


que eu assisti 300 eu pensei em embarcar para a grécia e dar uma mão para os caras na batalha.

que eu assisti ratatoille tomei meia garrafa de vinho e comi uns trës pratos num restaurante lá perto de casa.

que eu assisti e.t. entrei numas de que gostava para caráio de m&m.

que eu assisti good will hunting fiquei chateado de ter sido um bosta em matemática.

que eu assisti o filme dos simpsons entrei numas de assistir todos os episódios e recuperar o tempo perdido.

que eu assisti sideways entrei numa loja e pedi uma garrafa de pinot noir.


que eu assisti pocahontas 32 vezes com a minha sobrinha que estava visitando, não consegui mais parar de cantar a musiquinha tema.


que eu assisti american pie, pensei: "torta?"


que eu assisti batman & robin queria pedir o meu dinheiro de volta.


que eu assisti matrix 2 queria processar o fêla que fez.


que eu assisti o poderoso chefão1,2 e 3 de uma só vez fiquei tentando imitar o marlon brando. parecia fácil, não é.

miami ink e a preguiça.

já assistiu o show? o seriado na tv? o programa? acho que é no people and arts. um grupo de amigos abriu uma estúdio de tatuagem em miami e câmeras filmam a bagáça. da entrada, quando a pessoa, o cliente chega com um pedido, durante o processo, até a saída quando a tatuagem está pronta. o programa é interessante. assisto sempre que consigo encontrar na tv. as estrelas, os planetas precisam se alinhar. eu tenho que estar em casa no momento exato que passa. e passa em horários estranhos. em dias da semana esquisitos. não passa nove da noite, segundas e quartas. não, passa tipo segunda, quinta e sexta, onze e dezessete. bom, mas tem uma coisa que eu acho engraçado do programa. os caras, os tatuadores são meio preguiçosos. e por isso, eles sempre dão um jeitinho de convencer quem entra a fazer o que eles querem. e, como quem entra quer aparecer no programa--- acaba se "convencedo" ou concordando com a opinião do tatuador. exemplo: entra uma menina que quer fazer um anjo alado abraçado numa cruz com o nome da melhor amiga. o tatuador, olha para ela, olha para o chão e pensa: "putz, isso vai dar um trabalho.... e a gente só precisa de mais uns doze minutos de filmagem para preencher o episódio de hoje..." aí ele respira fundo, coça a cabeça e fala com um jeitão meio imperador das tatuagens tenho um show de tatuagens no people and arts por isso a minha opinião é muito fudida: "olha, anjo alado abraçado numa cruz é legal... mas e se você fizesse um happy face? sabe? o smiley? aquele amarelinho com um sorriso? eu posso usar um sombreado amarelo com um toque de preto nos olhos. acho que tem uma visão toda diferente de encarar o mundo, a vida." e a cliente, a menina fica olhando para a estrela do programa e com um olho na câmera que a filma naquele momento ela responde: "ah legal, confio em você..." e pronto, sai anjo alado entra sorriso alegre. e isso se repete em todos os programas. coisas do tipo: "e se eu improvisasse no seu braço?", "hmmm... cores? eu, se fosse você faria preto e branco mesmo, é mais roots, retrô?" e como o programa tem uma trilha musical zambers, entra e sai gente para caráio, ninguém presta muita atenção nisso. mas de cada 5 tatuagens feitas, umas 3 são bem preguiçosas, sem cor, menores do que foram pedidas, recusadas, ou os caras conseguem mudar a cabeça do cliente. presta atenção. basta o programa estar no finalzinho e entrar uma mulher mais gostosa no estúdio para todos os tatuadores pisarem fundo no motorzinho das tatuagens.

de 0 a 40 km/h em, sei lá, um tempão.



comprei uma scooter daquelas que parecem de brinquedo. menor que uma vespa maior que um velotrol-- aquela motinho de criança que você controla girando a manivela presa na rodinha da frente. se eu acelerar ao máximo, máximo mesmo, chega a uns 48 km por hora. nunca mais do que isso. talvez numa descida e só. na subida então, a fera tosse sangue para quebrar a barreira dos 39 km. os taxistas não me odeiam, mas também não me amam. uma scooter é o equivalente aos caminhões das grandes auto estradas. dentro da cidade, a scooter segura trânsito. não fura. isso é para profissionais. eu me cago de medo de fazer uma ultrapassagem. ultrapasso pedestres. e quando eles são lentos. no mais, vou na manha. devagar. quase como se estivesse pilotando a moto dos flintstones. em que sou eu, com os pés na rua que movimento a moto para cima e para baixo. scooter é a mobilete de gente grande que sempre quis ter uma quando era moleque e não teve. eu tive fapinha. mobilete para quem não sabe, era a versão fapinha em duas rodas. fapinha, a versão mobilete em quatro. scooter não tem marcha. o farol está sempre ligado e um litro de gasolina rende quase 100 km. é uma moto born to be mais ou menos wild. recomendo-- se você está com a saca na lua de esperar o ônibus ou com a saca assada de tanto andar. outra coisa boa de uma scooter é que é praticamente impossível drink and drive. tente pilotar com uma das mãos no volate e uma outra segurando um copo de mojito ou martini com três azeitonas. é caplicado.ou encontrar ela depois de beber. é tão pequena que você não acha. scooter é uma alternativa interessante também se você é um cocô para estacionar. scooter cabe até entre dois carros. scooter também é meio estranho roubar. o cara vai correr o risco de ser preso por roubar uma moto que chega com dificuldade aos 48 km. falando nisso, se roubar numa ladeira que a mão só dá para cima, existem grandes chances do fêla ser alcançado por qualquer ser humano correndo. comprei uma scooter daquelas que parecem de brinquedo.

domingo, novembro 04, 2007

a gertrudes.

não conheço a dona gertrudes. conheci a comida dela ontem. impressionante. e quando digo impressionante, digo isto depois de quase seis meses em portugal. seis meses investigando os guias turísticos, jornais e colocando o google para trabalhar.ou seja, estou aqui enchendo a bola da dona gertrudes enquanto comparo com tudo e todos os lugares que já comi aqui. bom, para ser sincero, a revista veja lisboa já tinha eleito o restaurante da dona gertrudes como um dos melhores. mas você sabe, a veja, uma revista brasileira querendo ensinar português a comer, aqui em lisboa. eu pensei, vou focar nos guias locais e tal. conhecer a cozinha dela só agora, foi bom e ruim. ao mesmo tempo. bom, porque se eu tivesse encontrado a comida da dona gertrudes antes talvez teria deixado de experimentar outros restaurantes. ou seja, ter encontrado ela só agora me permitiu conhecer, explorar outros. e ruim, porque se eu tivesse encontrado a comida da dona gertrudes antes talvez teria deixado de experimetar outros restaurantes. ou seja, teria comido lá mais vezes. o mais bacana da comida da dona gertrudes é que o local não é de fácil acesso. é difícil. fica longe. não é daqueles lugares que você está andando e esbarra. ou que fica perto do trabalho. ou que fica perto da casa de alguem. ou que... não, é longe para caráio. fica em carnide numa esquina bem escondida. o taxista, por exemplo, não sabia. sinal de que as pessoas vão pela comida e ponto final. a porta não tem um sinal grande. o sinal é médio. você aperta a campainha e é recebido pelo filho dela. se você tem cara de turista como eu, e sotaque de turista como eu, é perfeito. isso, porque o filho da dona gertrudes vai socar a mesa com tudo. você não precisa pedir. ou melhor, basta pedir para ele escoher para você. e vem comida. vem perdiz, vem entrecosto e pão banhado na gordura. e vem queijo. e vem também ovo com tomates. e vem vinho. mas eu não pedi alheira? tudo bem, vem alheira. e quando você vê, a mesa está coberta de comida. uma explosão de sabores que é complicado descrever. tem que ir. faz o seguinte. vai no google, digita 'o galito' , 'carnide','restaurante'. coloque uns 5-7 euros no bolso para o taxi e prepare-se para conhecer a cozinha da dona gertrudes. a melhor coisa de não ser um crítico gastronômico é poder inventar o seu próprio sistema de classificação. o meu sistema de classificação para restaurantes é o seguinte: ruim para caráio! / interessante. / fucking fuckers! isso, o "fucking fuckers" é o meu equivalente as 3 estrelas do guia michelin. o galito e a cozinha da dona gertrudes ganha um fucking fuckers!
O Galito Rua da Fonte, 18A - Carnide (Junto ao Largo da Luz), Lisboa Tel: 21 711 1088

quinta-feira, novembro 01, 2007

coisas que que fazem mais sentido quando estão frias. e outras que fazem mais sentido quando estão quentes.

café faz mais sentido quente. pouquíssimas vezes faz sentido frio. talvez afogado em chocolate, leite, no menu do starbucks com nomes como frappuccino, como ingrediente de torta ou sorvete. falando nele, no sorvete, não faz sentido sorvete quente. carne, filé de vaca, bife, tem que ser quente. bife frio meu amigo, ou tão de sacanagem com você ou estão de sacanagem com você. frango, inteiro, daqueles com pele e tudo que o pica-pau sonhava no desenho animado, só faz sentido quente. frango desfiado, abraçado a uma folha de alface, aí belê, pode ser frio. pastel, quente. pastel frio você pede o dinheiro de volta. torta doce, fria. e, quando a torta doce vem quente, é porque tem a maior bola de sorvete sobre ela como um meteoro gigante que veio para destroçar toda e qualquer existência dela. torta salgada? tem que ser quente. torta salgada fria? fique esperto rapaz, se a torta for salgada e estiver fria, é porque estão tentando te empurrar um quiche. é, um quiche, uma das maiores enganações da culinária mundial. fuja, escape do esqueminha do quiche. uma torta com nome chique trips com preço de prato principal mas que satisfaz o seu apetite com a mesma brutalidade que uma lasca semi transparente de sashimi. e já que chegamos a cozinha japonesa, o sushi. sushi tem que ser frio, não frio sorvete frio, frio não fervendo. ferveu, aí é peixe cozido. pizza? pizza tem que estar quente quando você pede. queimar o céu da boca. pizza que não queima o céu da boca é bem mais ou menos. pode notar, se a pizza dá água na boca, você não consegue esperar ela esfriar e soca a fatia ainda borbulhando para dentro da boca, portanto o céu dela em chamas. agora, pizza faz muito sentido fria. nunca quando você pede. não. pizza é fucking fuckers fria quando você acorda de ressaca. algumas coisas fazem mais sentido quando estão frias. outras não.

a letra fora de lugar.





não teclo sem olhar para o teclado 100%. mas uns 82%. não teclo também usando os dez dedos. mas uns sete. o que é ok, se você considerar que até um tempo atrás eu ainda dependia exclusivamente dos indicadores. mas a prática acabou liberando os outros dedos para teclar em algumas teclas. e hoje, nesse esquema metade sem olhar, e usando quase todos os dedos, até que digito rápido. com uma caráiada de erros que você pode notar com extrema facilidade ao ler este blog, mas teclo relativamente rápido. o que nos leva a letra fora do lugar. a letra fora do lugar diz respeito a um teclado de um laptop alemão que eu esbarrei lá na agência um dia desses. mas que caráio essa letra fora de lugar fez? bom, bastou uma letra, uma só, apenas, não duas, mas uma letra fora do lugar para foder todo o meu esqueminha. não sei ao certo qual é a letra, se é o 'a' que está em outra parte do teclado e troca de lugar com o 'r'. ou se é o 's' que inverte de posição com o 'a'. sei que era coisa de uma só letra. bastou uma letra fora de lugar para me derrubar. de repente, voltei aos meus quatorze anos de idade quando teclava num word processor brother. catando letra. escrevi um texto longo e quando olhei, apenas uma letra tinha criado um efeito cascata, meio teoria do caos em que uma coisinha desencadeia uma reação fucking fuckers sem fim. uma só letra inutilizou quase todos os dedos e voltei a olhar para cada letra antes de teclar. uma só letra fora de lugar basta para foder a sua cabeça e forçar você a reaprender tudo. por sorte, usei o laptop alemão por alguns minutos e só. era de um amigo, este também alemão que havia pedido para eu digitar umas frases em português para ele. uma letra fora de lugar. uma só. e você, assim, no tempo que leva para digitar uma só frase, volta a ter uns 14 anos de idade.

tremoços e o milho. primos e o reencontro.


não sei se você tem o costume de comer tremoços. para quem não sabe, tremoços é um negócio muito parecido com o milho. assim, de primeira é um milho que cresceu um tiquinho mais. mais salgado e que você pode ou não tirar a casquinha usando os dentes da frente como um abridor de latas. tremoços anda sempre acompanhado da cerveja. e quando digo milho, quero dizer o milho não em espigas, mas o milho em conserva. aquele que vem mergulhado numa água suspechosa dentro de uma latinha. tremoços também é servido assim, em conserva, uma caráiada de tremoços. bom, mas foi comendo tremoços esses dias que eu imaginei um encontro dos dois. do milho e do tremoços. talvez num balcão de bar. um garçom passa carregando uma porção de tremoços e cruza com um outro carregando uma salada com milho. o papo é breve.
- você, por aqui?
- milho?
- tremoços?
- quanto tempo.
- primo!
- primão, como é que está a família?
- ahhh, você sabe...saladinha, quiche, sanduíche, latas em conserva, algumas tortas, mais nessa área... e vocês?
- bar, trabalho mesmo só em bar. mas tudo bem... trabalho é trabalho. bar, bar e bar.
- claro. ô, manda um abraço para o pessoal.
- você também.
- tchau.
- tchau.
- beleza porção de tremoços.
- abração milho.