quinta-feira, março 27, 2008

o celular de flip e o celular barra de chocolate.

o celular de flip ou telemóvel é aquele que abre e fecha. em alguns países, nos estados unidos por exemplo, se você quiser comprar um desses tem que pedir um "clamshell". estilo concha. a concha que você abre para falar. bom, desde que cheguei em lisboa, andava com um daqueles estilo barra de chocolate. um nokia quase tijolo. não era assim tão pesado. mas também não era o mais leve da turma. cabia em alguns bolsos. outros nem tanto. mas sempre tive pânico ou um quase cagaço de sentar em cima do meu tijolo acionar as teclas e ligar para meio mundo. secar os meus créditos. foder a minha bateria. ligar para o último número discado e convidar a última pessoa que eu liguei para escutar o resto do meu dia até a bateria secar. isso nunca aconteceu é claro. quando você tem pânico de alguma coisa, costuma ficar mais atencioso. mais esperto. mas num belo dia desses, vi uma propaganda num jornal de um telefone desses com flip. pimba, soquei a mão na carteira e comprei. abandonei o tijolo. agora para atender uma chamada, preciso, obrigatoriamente abrir o telefone. faz mais sentido para mim. não sei como consegui segurar a onda durante tanto tempo. como passei um ano inteiro com a porra do tijolo. nada contra o coitado, até porque ele nunca me deixou na mão. nunca. mas durou muito. eu sempre achei que o celular barra de chocolate estava com os dias contados. que uma hora ou outra-- os seres humanos dariam conta que o esqueminha barra de chocolate era uma bosta e iriam pular para o esquema flip. até lançarem a pourra do iphone. esse fêla. que surgiu da cinzas como último sopro de vida do tijolo. http://trocadilhodomal.blogspot.com/2008/03/voc-tem-um-iphone-eu-no.html

balinha sabor café e o sorvete de pistache. e os projetos que não deram certo.

hoje numa reunião encontrei um pote de vidro com balinhas dentro. balinhas de vários sabores. de morango. pêra (puta sabor mais ou menos pêra, como é que um sujeito entra numas de que uma bala sabor pêra será a escolhida num pote de vidro com milhares de outros sabores?). tinha também de limão. e tinha de café. e como eu não tinha tempo para pegar um café e o aquecedor da sala estava um tantinho elevado, o café não era assim a melhor opção para satisfazer a vontade de, café. bom, parti para a balinha. naquele exato instante parecia a opção ideal. depois de um breve esforço para pescar a de café lá no meio, veio a pequena briga com o plastiquinho. segundos depois, mastigava com os meus molares a balinha. não tem sabor de café. não tem sabor de morango também. concordo com o fêla que inventou a tal balinha que ela se aproxima mais do sabor café do que do sabor abacaxi por exemplo. a bala sabor café é o equivalente ao sorvete sabor pistache. eu sei, o sorvete sabor pistache é gostoso para cacete. mas não tem sabor, gosto de pistache daqueles que você tira a casquinha-- nem fudendo. não tem. tem um sabor diferentem e pode até ter a cor de um pistache não torrado. mas não fode. a balinha de café e o sorvete de pistache na minha sincera opinião fazem parte do mundo de produtos que tentaram reproduzir o sabor vencedor de outras coisas-- e quase chegaram lá. chegaram tão perto que acharam justo manter o nome do projeto original. pesquei uma segunda balinha de café. como disse, é boa. muito melhor do que a de pêra. mas não tem gosto de café nem aqui nem na casa do caralho.

barrinha de cereal sabor chocolate. o esquema.

assim já de início, pelo nome, a barrinha de cereal sabor chocolate não faz lá muito sentindo. é claro que existem produtos dietéticos e com menos calorias que utilizam o chocolate como ingrediente. o que não faz lá muito sentido é você chegar numa lojinha, ver uma barra de chocolate ao lado da barrinha de cereal sabor chocolate e optar pela barrinha de cereal. eu fiz as contas, uma barra pequena de chocolate nestlé tem apenas mais 70 calorias que uma barra de cereal com o mesmo sabor. a de cereal não vai realmente influenciar no seu peso corporal. o esquema vai apenas influenciar mesmo é no seu peso da consciência. eu agora, por exemplo, acabei de optar por uma de cereais. continuo como fome. mas sem um pingo de culpa. é o que os marqueteiros gostam de chamar de "trade off".

terça-feira, março 25, 2008

o assobio no show de alguma banda que você esperou uns 10 anos para ver.

não sei se você sabe assobiar colocando o polegar e o indicador embaixo da língua. sabe, aquele assobio que faz o ouvido sangrar lentamente? então, esse assobio. bem agudo e contínuo. esse assobio é muito comum em shows de rock. geralmente shows que envolvem muita gente. em mini estádios ou estádios grandes. mais de 5.00o pessoas, por exemplo. se você é dessas pesssoas que curtem assobiar dessa maneira, não leve a crítica pessoalmente. mas é um negócio que eu não consigo compreender. qual é o prazer de causar a surdez de alguém que está ao lado? na frente e também atrás. será que o fera que sabe assobiar assim, nesse volume 12, sente um tesão quando assobia? será que ele acha que o cantor, que está no palco, lá na casa do cacete, vai escutar alguma coisa? e, se escutar esse assobio brilhante. de uma só nota musical, será que o cantor vai acenar para o público e agradecer? com certeza não. dia desses fui a um show do the cure. eu não via os caras desde 1990. ou algo por aí. do meu lado, um fêla não parava de assobiar. a namorada dele também. tentei ir para o lado. um outro cara também era master plus zen do assobio. fiquei com uma vontade de conversar. puxar um papo com o fera e explicar que não estava conseguindo assistir o show pois sangre escorria pelos meus tímpanos. mas o cara estava com um grupo grande. achei mais sensato acompanhar o show. taí um dos grandes mistérios da humanidade. o assobio com o índicado e o polegar debaixo da língua no volume máximo.

os viciados em hd

não sei se você tem hd. esses hd móveis, que você leva para cima e para baixo. alguns cabem até no bolso. se antes os floppy disks tinham uma capacidade de 1,2 megabytes ou menos, hoje os hds conseguem carregar 500 gigabytes. terabytes. e por aí vai. cabe a sua vinda inteira num negócio que cabe em qualquer lugar. bom, mas quem são os viciados em hd? eu sou, você pode ser, ou ficar. muita gente é. logo logo você vai ver alguma reportagem jornalística sobre isso. o problema é que o hd ficou barato. relativamente barato. você consegue comprar um pen drive daqueles que parecem um chaveiro por sei lá, uns 15 euros. de 2 gigabytes. e aí, você entra num ciclo vicioso. você compra um hd para fazer backup do trabalho, das músicas, dos filmes que você tem no hd do seu computador. aí você gosta da idéia. compra um outro para fazer o back up do computador da sua casa. aí, num belo dia você escuta a lenda urbana de um amigo de um amigo do seu primo que perdeu tudo que ele tinha no hd externo dele. o que você faz? pensa em como os hds externos estão baratos e compra um. ou dois. para fazer um back up do back up. e quando você vê, você tem uns cinco. ok, uns quatro hds. mas o problema não acaba aí. basta você patinar pela fnac para ficar com uma vontade praticamente incontrolável de comprar pelo menos uma nova pen drive. e você compra. o vício em hd externo. você ainda vai sofrer com isso. garanto que só de ler isso aqui, você dever estar pensando se deve ou não fazer mais um back up do seu computador. hein? vá lá rapaz, a sua vida inteira está lá.

a maldição de hemingway.

dia desses ia começar a escrever um post aqui e fiquei meio cafuzo. não tinha assunto. assunto é complicado. as vezes vem. na maioria das vezes não. e muitas vezes, como agora, serve de assunto para momentos como esse, que você não tem. certa vez comprei um moleskine para anotar idéias. para o trabalho e porque não, para esse blog. mas sempre esqueço de anotar. ou melhor já anotei idéias para o trabalho. mas, sinceramente, nenhuma delas serviu. é o que eu chamo de maldição de hemingway. toda e qualquer idéia que surge assim, antes de dormir, dormindo, ou durante o chuveiro, 9.8 de 10 vezes, não são assim apresentáveis. mas eu continuo anotando. vai que. esse post, esse textinho por exemplo foi nesse esquema. tive uma idéia entre os dois toques do alarme. e repeti para mim mesmo: "não esquece de anotar naquele cadernino que o hemingway anotava uma porção de coisas brilhantes, esse pensamento que você teve agora. ou você usa no trabalho ou escreve no seu blog." esqueci a pourra do pensamento. até agora não me lembrei. assim que peguei a pourra do moleskine não saia nada. nenhuma palavra. fiquei olhando, olhando e nada. não tinha assunto. surgiu então a teoria da maldição do moleskine. a maldição do moleskine que também pode ser chamada de a maldição de hemigway. ela, essa teoria, diz que o único cara que conseguiu anotar pensamentos geniais com alguma frequência num caderninho desses foi o fêla do ernest hemingway. ou pelo menos é o que a propaganda do caderninho nos faz acreditar. bom, e teoria também diz, afirma, ou os dois. que todo o resto da população sofre de uma pressão enorme para seguir os passo do hemingway. o fêla de barba branca subiu muito o sarrafo. e, como a expectativa é enorme, sempre dá merda. esse textinho é o maior exemplo disso.

sexta-feira, março 21, 2008

alguns diálogos rápidos.

flávia e bruno.

- amor?
- diz linda.
- só linda?
- como assim?
- eu te chamei de amor e você respondeu "linda"?
- é um jeito carinhoso de falar, e só.
- porque você não me chamou de amor?
- paixão então. a partir de agora só vou chamar você de paixão.
- mas...
- mas o que paixão?
- não sei, acho que "paixão" também é demais.


sandra e paulo.

- você me ama né?
- mais do que você imagina.
- muito né?
- mais do que você imagina.
- assim, é um negócio de outro mundo né?
- mais do que você imagina.
- eu te faço feliz né?
- mais do que você imagina.
- essas perguntinhas estão deixando você puto, com o saco na lua, né?
- mais do que você imagina.

o mostrador.

aqui em lisboa agora, os principais pontos de ônibus têm um mostrador digital que indica quanto tempo falta para o seu ônibus chegar. o que é engraçado. porque o ônibus vai continuar chegando na mesma hora que antes, a única diferença que isso faz é você saber que horas é essa. ou melhor, a única diferença que o mostrador faz é te dar munição para cobrar do motorista: "ô meu amigo, três minutos atrás o mostrador disse que você ia chegar aqui em um minuto. você está atrasado!" ok, ninguém vai fazer isso. mas já pode. e com argumentos fundamentados nessa maquininha. bom, mas apesar de na prática os ônibus continuarem a chegar na mesma hora que antes, a impressão que se tem é de passageiros no ponto-- mais conformados. eles já não ficam torcendo o pescoço atrás do ônibus. ou resmungando. o mostrador traz uma paz de espírito. acabou o desconhecido. o fator x. antes o ônibus poderia chegar a qualquer minuto. as pessoas ficavam olhando para o horizonte de carros apreensivas. agora não, agora o tempo entre os ônibus é o mesmo. o comportamento das pessoas não. agora todos ficam relativamente mais tranquilos. quem quer ler o livro sem medo de perder o lugar, lê. quem quer fazer uma ligação com calma, faz. ou não faz, se ver que falta um minuto para o ônibus chegar. o mostrador digital dos ônibus de lisboa é uma máquininha curiosa. não faz os ônibus chegarem mais cedo. não. mas deixa o passageiro mais conformado e bem relacionado com o ponteiro dos minutos do próprio relógio.

algumas coisas que não são muito legais.

- dormir acidentalmente em cima do braço e, ao acordar depois de horas sobre ele, ter que negociar com o corpo para enviar sangue para o braço.

- entrar num taxi em que ele, o fera no volante-- está com o desodorante meio vencido.

- uma ventania enrolar os fios de aço do varal da sua casa com umas vinte camisas. aí, você se apoia com meio corpo para fora do prédio para tentar desenrolar o fio-- só para ver uma camisa sua cair no varal do prédio ao lado.

- pisar no cocô do cachorro e descobrir isso no ônibus a caminho do trabalho com umas 40 pessoas olhando para você de canto de olho.


- viajar com um desodorante na mochila e o carinha do aeroporto entrar numas que você vai querer destruir o mundo com um tubo roll-on de desodorante nivea. aí, você chega numa cidade meia noite com tudo fechado e tem uma reunião na manhã seguinte antes das lojas abrirem. ou seja as chances do cliente sentir um futum forte na segunda metade da reunião, são grandes. enormes.

dentes brancos e os 8 cafés.

tomo uns 8 cafés por dia. dois pela manhã antes mesmo de sair de casa. a média então é entre 6-8. cafezinhos, não me entenda errado. não são cafés gigantes daqueles que os carinhas do "friends" tomavam naquele coffee shop zambers. café, espressso, bica. café é importante. e gostoso. mas como você pode ver pelo título deste mini textinho, café tem uma relação bem mais ou menos com os dentes. café e cigarro. e como eu não fumo, o que colore os meus dentes de amarelo, com certeza é o café ou o ocasional copo de vinho tinto do post de baixo. bom, e não precisa ser nenhum gênio worldwide fucking fuckers para saber que uma média de 8 cafés por dia ajuda a dar um tom bege aos dentes de qualquer um. o que foi o meu caso. sem dramas. acho que foi a minha mãe que um dia viu um sorriso meu prolongado e notou que os meus dentes já não poderiam ser chamados para fazer um comercial de colgate. adiei o esquema de branqueamento. sempre achei meio estranho aqueles sorrisos nicholas cage com um dentões gigantes mais brancos do que capô de ambulância. até que um dia minha mulher comentou a mesma coisa. sobre a tonalidade dos beges do caninos e tal. foda. a preguiça de colocar a boca nas mãos de um dentista era enorme. mas um dia acabei indo. marquei uma consulta e fui lá. "erick, você não vai poder se mover durante 45 minutos. se você se mover teremos que começar tudo de novo. posso ligar o laser?" 45 minutos depois, e com os dentes mais sensíveis que uma mulher depois de titanic, sai de lá com dentes menos amarelos. meus dentes não estavam com um brilho daqueles de que as pessoas poderiam pentear o cabelo olhando para eles, mas estavam melhores. mas foi na despedida que eu vi o desperdício de tempo. a merda. a dentista olhou para mim e disse: "nas próximas 72 horas, nada de café, vinho, chocolate e tal." e eu pensei: ok. e depois ela emendou: e depois dessas 72 horas, tente tomar um café dia sim, dia não. no máximo, no máximo, estourando, meu deus do céu, tome dois. ai eu comemtei que eu tomava entre 6-8 por dia. ela levantou a duas sobrancelhas como que diz: "putz cara, tu acaba de rasgar um dinheiro forte aqui. força." e fico imaginando se em alguns poucos anos, minha mãe não vai estar presente durante alguma gargalhada minha e vai dizer: "mas meu filho, os dentes, você não ia fazer um branqueamento?"

o copo de vinho e o esquema do asterisco.

é fácil adquirir o hábito de tomar um copo de vinho durante as refeições em portugal. fácil por vários motivos. o preço para começar não é proibitivo. tem também aquela história de que faz bem para o coração. tem o frio que diminui com cada gole. e tem também a variedade. mas o que eu acho curioso, engraçado ou os dois é o momento que o garçom traz o copo até a mesa. ou melhor, que ele traz o copo vazio e a garrafa até a mesa. aí, ele serve um dedo de vinho. e fica esperando você cheirar, sacar a coloração, experimentar. e, como eu não entendo picas sobre vinhos, a situação é a sempre a mesa. ou eu aceno como quem diz que a gente pode pular aquele passo. ou eu finjo que caráio é que eu estou fazendo e tento fazer o ritual. em qualquer uma das duas opções, passo por um ignorante. primeiro porque quando digo que não quero fazer o esqueminha pareço um cara importante demais para seguir o esqueminha. é como se eu estivesse acima das convenções do universo. e segundo, porque quando eu resolvo seguir o tal ritual por mera educação, perigo não fazer na ordem certa, pular um passo. enfim, as chances são grandes de fazer um papel de idiota. por isso, eu tenho uma sugestão. acho que todo cardápio de restaurante deveria ter alguns copos de vinho com asterisco ao lado. aqueles copos você vai pedir, é o que o asterisco indica é que eles, aqueles vinhos do copo não precisam passar pelo ritual. é um acordo silencioso. ao pedir um dos vinhos com a pequena estrelinha ao lado, o restaurante, o garçom e você estão de acordo que o copo de vinho será independente. independente de cheiradas, balançadas, comentários e bochechos. os copos de vinho do asterisco. para pessoas como eu, que não entendem picas, mas gostam, apreciam um copo de vinho transbordando quando está frio para cacete, como hoje, por exemplo.

terça-feira, março 18, 2008

os ovos e o túnel de chocolate sem fim.

tem um negócio muito particular do brasil que eu sinto falta. ou estranho. ou os dois. são os ovos de páscoa. aquele negócio que você entra num supermercado e vê um túnel de chocolate colorido. com papel que brilha. personagens engraçados. pessoas oferecendo provas e as vezes até música tocando. páscoa no brasil é foda meu amigo. é como se todo o chocolate do mundo fosse passar férias no brasil. é chocolate para cacete. os ovos mega plus zambers de chocolate aparecem umas três semanas antes da páscoa e desaparecem duas depois. é muito louco. nunca vi nada parecido em outro lugar do mundo. e tem uma coisa interessante dessa orgia de chocolate, você não esquece que é páscoa. nunca. é uma espécie de lembrete. você passa o mês inteiro sendo lembrado repetidamente que é páscoa. não tem muito como não lembrar. ou esquecer. aqui em portugal eu vi um kinder ovo atrás do balcão de uma pastelaria. médio. ao lado de uma garrafa de conhaque. só me lembrei que era páscoa pois algum amigo me disse que iria viajar. e eu, meio cafuzo: "mas assim, como não quer nada, você não vai trabalhar na sexta?" e ele: " como assim rapá, é páscoa?" e naquele momento, percorri o meu hd, tentei lembrar algum túnel sem fim de chocolate aqui em lisboa. e nada. tentei também recordar algum comercial com coelhos lambuzados de chocolate com alguma mensagem subliminar para fazer a criança chorar até convencer o pai a comprar um ovo, ou dois, quem sabe três-- e nada. negócio curioso esse do brasil. dá uma mini saudade. afinal, na vida de toda a criança no brasil, o ano tem quatro datas chaves. a primeira, a páscoa e os chocolates. depois o aniversário, depois o dia das crianças. e finalmente o natal. ou seja, um moleque que cresce no brasil fica um pouco cafuzo quando entra num mercado e não é sugado para o túnel de chocolate. mas beleza. cada país com suas tradições e esquemas para socar a molecada com chocolate. só me resta fazer uma coisa: passar na tal pastelaria e resgatar aquele ovo --escondido, ao lado da garrafa de conhaque.

a máquina do café e os 35 centavos.

colocaram uma máquina de café aqui na firma. daquelas que você tem umas dez opções de bebida. de cafés. café com um pouco de leite. com muito. com chocolate e leite. com pouco açucar. com muito açucar. é apertar um botão e ver a máquina cuspir um copo plástico, barulhinho, barulhinho, e café e leite. ou como você quiser. a máquina é sensacional. mas tem um preço. 35. 35 centimos, centavos. um terço de euro se arredondarmos. a bagáça não é muito cara. mas também não é de graça. e foi ao final do processo que eu cheguei a conclusão que vale a pena. os 35 centavos que você paga não é pelo café. não meu amigo, os 35 centavos que você paga é pela colherzinha de plástico. é que, ao final do processo que o líquido que você escolheu é despejado cuidadosamente no copo, a máquina faz uma gentileza. ela joga uma colherzinha de plástico lá dentro. ao centro. a única coisa que você tem que fazer é girar para um lado e para o outro. para misturar o açucar ou adoçante. e pronto. essa era a parte que mais me dava no saco. abrir a pourra do saquinho da colher. era o equivalente a abrir a caixinha do cd. aquele plastiquinho fêla da pulta. o café ali pronto, e você brigando com a embalagem da colherzinha. mas essa máquina resolveu tudo. por apenas 35 centavos, você não precisa ficar mordendo o papel, rasgando com os caninos e deixando a colherzinha cair no chão. o que, obviamente, recomeçava todo o processo. a máquina do café e os 35 centavos.

o hamburguer vegetariano.

http://trocadilhodomal.blogspot.com/2008/03/vegetarianos.html


o segundo alarme e um dia de férias.

acho que todo ser humano nasceu com um dispositivo para mandar todo e qualquer alarme para o caralho. por isso, desde que eu comecei a trabalhar, passei a ser o dono de dois alarmes. um deles, com música. na tomada. e um outro com barulho, a pilha. o primeiro é o oficial. o segundo é o equivalente ao botão do eject de uma aeronave em perigo. apertei o botão para desligar o segundo é porque deu merda. explico. o primeiro toca 20 minutos antes do primeiro. se o segundo tocar, é porque estou atrasado. então o meu cérebro já se educou. tocou o segundo alarme? "salta da cama, erick!" até hoje. bom hoje o alarme movido a pilha me deixou na mão. as pilhas estavam fraquinhas, fraquinhas. não trocava desde que cheguei do brasil. desliguei o primeiro alarme e dormi pelo menos mais uma hora. quando acordei e vi que estava na merda, a primeira reação foi socar o segundo alarme. mas ao ver que a culpa era das pilhas, respirei fundo e perdoei. afinal, lá se vão uns 6 anos que este pequeno alarme me salva. me arranca da cama. merece o descanso. um dia inteiro de descanso. chegando em casa hoje, coloco pilhas novas. e amanhã começa tudo de novo. acho que todo ser humano nasceu com um dispositivo num canto bem escondido do cérebro-- para mandar todo e qualquer alarme para o caralho.

o dilema, o indiano e a travessa de arroz.

fui num restaurante indiano aqui em lisboa. perto da agência. bom. de entrada veio aquele nam. aquela pão que quase flutua. esse recheado com algum tipo de queijo. ok, o pão, já meio que vinha numa porção relativamente grande. duas fatias, ou melhor, dois triângulos para cada. ai, chegou a hora de pedir a comida. eu pensei, putz, vamos pedir um prato e uma porção dessas mega blaster de arroz. ai a gente divide e beleza pura. mas quando chegou a hora de pedir, deixamos quase escapar que seria apenas um prato. olhar fulminante do fera. do garçom. como quem diz: "vocês, aqui, ocupando uma mesa e vão comer apenas um, um, um prato." ok, injustiça, o cara até que foi simpático. mas após ouvir o nosso único pedido, ficou atento como quem esperava o segundo pedido. nada mais natural. mas nada da gente pedir um segundo prato. um, dois, três segundos, a respiração dele ficou um tiquinho mais ofegante e ok. pedimos então um segundo prato. minutos depois chegam os dois pratos. fundos. submersos em iogurte, creme de leite ou os dois. comida para cacete. e uma travessa de arroz que daria para preencher a pança da minha família inteira depois de umas duas semanas dividindo a ilha com o tom hanks no náufrago. resultado: só porque o fera forçou uma barra para eu pedir dois pratos. duas pessoas. dois pratos. sobrou metade de cada. que se o fera somar na cozinha, é igual a um prato. puta desperdício do caralho. mas beleza. fazer o que? é um dilema. comer no indiano e deixar sobrar comida? comer no indiano e ameaçar explodir as paredes do estômago. comer no indiano e pedir um só prato e ameaçar levar um esporro?

quinta-feira, março 13, 2008

bolinhas lindt.

volta e meia vejo notícias de carregamentos de drogas pesadas que foram apreendidas no aeroporto. ou se não é no aeroporto, foi num navio. ou a pessoa colocou num fundo falso do carro. bom, tem sempre uma droga que tenta entrar. mas tem uma droga que eu nunca vi: bolinhas de chocolate lindt. sabe aquelas trufas? cada uma tem uma cor, chocolate ao leite é um papel vermelho, chocolate escuro, azul e chocolote branco, um dourado. é droga. das mais pesadas. só coma uma bolinha dessas na presença de um adulto que não está comendo as mesmas. sério. você precisa de alguém responsável que não está sobre o efeito das bolinhas de chocolate lindt para tirá-las da sua frente a tempo de você não afogar os seus orgão internos em chocolate suiço. e o mais complicado é que o acesso é fácil. qualquer duty-free shop você encontra. em caixas gigantes. tubos plásticos com duzias de bolinhas dentro. ainda não sei como as autoridades ainda não fizeram qualquer tipo de intervenção. comprei uma caixa hoje ao sair do aeroporto. desde que cheguei não fui a cozinha. com medo de ceder. e de nunca mais sair de casa. só com a ajuda de um guindaste daqueles de bombeiros para mover elefantes e corpos com um estilo semelhante. bolinhas lindt.

os sudokus. e os não sudokus.

o mundo se divide entre pessoas que sabem jogar sudoku e aquelas que ao tentar preencher um só jogo, quase explodem a cabeça. eu fico na segunda metade. já tentei, já me concentrei, já olhei a solução no verso do caderno, mas não dá. já me conformei, eu faço parte do grupo de pessoas cujo cérebro não possui a capacidade para solucionar sudoku. e quanto mais eu tento, mas não entendo como tem gente que consegue. por isso mesmo, tento cada vez menos. tudo bem. sem dramas.

as ligações no meio de uma lata de sardinhas.

a viagem de frankfurt até lisboa durou 3 horas. ou seja, são três horas incomunicável com o mundo. com o celular/telemóvel desligado. ai, o pessoal sai do avião e entra naquele onibus que vai fazer um caminho breve até o terminal. beleza, ok. mas o que eu não entendo, é quantidade de pessoas que ligam para casa, escritório, chefe, filho, esposa, advogado. lá de dentro do microonibus socado de pessoas. como é que um sujeito consegue ficar 3 horas com o celular desligado. mas aí não consegue esperar 3 minutos para ligar no terminal com um pouco mais de privacidade? meio esquisito esse pessoal. a não ser que o cara seja o clark kent, o comandante master da otan, ou um médico cirurgião carregando um daqueles coolers com um orgão dentro-- é quisito. hoje, por exemplo, escutei duas conversas. uma, ao meu lado de um cara que estava entrando na justiça contra a pessoa que alugava a casa dele. ou algo parecido. soube os detalhes do caso. e, na minha frente, uma mulher dizia como amava alguém, e que queria sentir o cheiro do cara que estava do outro lado: "tô com saudades do seu cheirinho." e ai você sabe, como a mulher não disse isso em codigo morse, o ônibus inteiro escuta. umas cem pessoas, todas com o desodorante vencido. no limite do apresentável depois de três horas de vôo e um dia de trabalho, e a mulher falando que quer cheira o cara. talvez seja por isso que ela não aguentou segurar essa conversa. tudo bem. o cara deve ter investido num perfume e a mulher quer sentir. mas e se todo mundo esperasse até o terminal? incluindo ela. sei lá, acho, apenas acho que ela poderia improvisar mais na conversa e o cara que vai entrar na justiça contra o inquilino poderia falar uns palavrões maiores. só uma idéia. acho engraçado. curioso, pelo menos.

o sr. ramiro. 2

li hoje um comentário sobre o sr. ramiro do restaurante farta-brutos. num post lá de baixo. fico contente que-- quem conhece ele tão bem -- ficou feliz com o textinho em homenagem a ele e ao restaurante dele. o lugar realmente é especial. muito especial. desde que fui, recomendo para todo mundo e acho que levarei lá toda e qualquer pessoa que visitar do brasil e tenho certeza que muito se deve a ele. provavelmente das figuras mais simpáticas de todas. provavelmente não, com certeza-- a figura mais simpatica.

mas vou aproveitar que estou falando do farta brutos, para recomendar mais um prato. de novo, não sou crítico de restaurantes. mas existem comidas, pratos, lugares, que são unanimidades. que os leigos e críticos concordam. o estômago e o paladar não conseguem mentir com facilidade. portanto se você não gosta de fígado de aves com maçãs, peça o peru recheado com queijo da serra. rapaz, se você não levantar e abraçar o sr. ramiro após a primeira garfada, cheque o seu pulso, pois tem algo errado com você. o peru recheado com queijo da serra é daqueles pratos que você olha e comenta com a sua mulher: "nossa, é muita comida." ai, meia hora depois, você raspa com o garfo o prato. fazendo aquele barulhinho que diz, em qualquer língua o que você achou dele. é só não esquecer de pedir para o sr. ramiro indicar um vinho. que ele fará com o maior prazer, como tudo que faz no restaurante.

frankfurt. e o cachorro quente.

esses dias fui a frankfurt. dois dias. corrido. muito corrido. avião-taxi-hotel-trabalho-taxi-avião. quase isso. ou seja nao deu para ver bem a cidade. ou melhor, não deu. o que é uma pena, mas fica para uma outra vez. bom, mas como não deu para ver a cidade, eu pensei, eu pelo menos vou comer frankfurt. não a cidade. mas a salsicha com o mesmo nome. o cachorro quente com o nome da cidade e vice-versa. com o queixo apoiado na janela do taxi fiquei procurando um lugar para comer na primeira brecha que tivesse no trabalho. nada. aí o trabalho atropelou o dia e quando me vi, estava fazendo o check-in de volta. nada de conhecer frankfurt, nada de comer um frankfurt, a tal salsicha. e, quando já dava tudo por perdido, e tinha a ceterza que já não havia mais nenhuma esperança, vejo de longe, uma tiazinha debruçada sobre um mini carrinho. frankfurt dizia ao lado. ela sorriu para mim. eu sorri para ela. e corri na direção dela. as rodinhas da minha mala nunca rodaram naquela velocidade. ao chegar, vi que a bagáça custava 5 euros. um roubo. mas valeu a pena. e ela sabe que pode cobrar isso. porque pelo o que eu vi das pessoas que estava a minha volta. frankfurt é cheia de pessoas na mesma situação. pessoas a trabalho que quase não tem tempo para conhecer a cidade. a alternativa é comê-la. por 5 mangos. mas vale a pena. se alguém me perguntar: "erick, conhece frankfurt?" eu: "não, mas já comi." algo por ai.

terça-feira, março 11, 2008

sucrilhos de bola.


http://sucrilhosdebola.blogspot.com/

esse é um site novo. ou melhor, um blog novo.
é irmão desse.

com mini-novelas do cotidiano.

as ilustrações são do renato. fucking fuckers, por sinal.

e vai ser atualizado quase com a mesma frequência que esse aqui.

é só clicar no link lá de cima.








almôndegas da ikea.

a almôndega da ikea é o canivete suíço das comidas. você vai fazer as compras na ikea e encontra um mini mercado que só vende comidas suecas. peixes, cervejas, biscoitos e etc... mas a grande estrela é a almôndega. não sei se a palavra almôndega tem o acento no "o", mas vamos em frente. meu amigo, se você é preguiçoso como o post abaixo, ou não tem lá uma intimidade muito bacana com o fogão, compre um saco. ou melhor, compre sete. o esquema é sensacional. funciona com masssa. funciona com arroz. funciona inteira. funciona picada. funciona no microondas. na frigidera. na sopa. no pão. em tudo. e é barata a fêla da pulta. é o canivete suiço das comidas. tem um prazo de validade desses até 2017. e nunca escutei ninguém me dizer que passou mal. aí você pergunta: "mas ir até a ikea comprar almôndega?" eu sei. é uma loja de móveis toda staile e barata. mas eu fui lá duas vezes recentemente focado nelas. quebram um galho fudido. ontem, por exemplo, cheguei em casa morrendo de fome. cansado. e com preguiça. 1:36 segundos depois o microondas apitou e eu queimei o céu da boca com as almôndegas. gourmet.

a preguiça. 2

se existisse um campeonato mundial de preguiça, eu não ganharia. mas também não passaria vergonha. não sou assim tão preguiçoso, mas confesso que aprecio a arte de coçar o saco, ligar o foda-se, não fazer lá assim tanta coisa. mas isso de vez em quando. não sempre. coçar o saco, ficar muito muito preguiçoso também é foda. você acaba estragando um sábado que tinha o potencial de ser um puta dia na praia, por exemplo. são raras as vezes que um sofá e uma tv merecem mais atenção do que uma praia. e, quando isso acontece repetidas vezes, uma coisa é certa, a preguiça está demais. passou dos limites aceitáveis pela sociedade. pensei nisso esses dias. no meio de um programa da oprah winfrey. quando notei já estava assistindo a terceira parte do mesmo programa. tudo isso por que estava com preguiça de levantar e pegar o controle da tv que estava sobre a mesa de jantar. nada contra a oprah. mas pourra. não dá para dedicar uma hora do seu domingo aos problemas de uma família americana que tem uma filha que come três frangos inteiros no jantar depois de ter comido seis sacos de batata frita no almoço. essa sim, essa menina que eu vi na oprah, essa é preguiçosa para cacete. bom, me levantei, respirei fundo pensei, vou cozinhar alguma coisa. olhei para o fogão e as panelas. e depois para o microondas. bateu uma preguiça e eu parti na direção do microondas. a preguiça é foda. fique esperto. olhe ao seu redor. se você estiver de calça de moletom, havaianas e a barba por fazer, aí é tarde demais, a preguiça alcançou você e vai ser difícil escapar. mas, se você, por acaso, ainda não é um vítma, e está calçando por exemplo um par desses tênis de corrida cheio das nove horas, levante meu amigo. corra. fuja com toda a garra da calça de moletom. resista o apelo das havaianas. não caia no conto das almondegas congeladas da ikea. ou você corre o risco sério de passar uns dois dias assistindo a oprah. e vai por mim, depois que começa não tem como fugir. bate uma preguiça.

quinta-feira, março 06, 2008

a tura.

a tura é a cadela, a mascote aqui da agência. a tura é uma vira-lata que foi resgatada pelo chacho. em pouco tempo virou presidenta da agência. se alguém novo chega na agência, ela late. não morde, mas late. late bastante. a tura é pequena. mas tem um latido de gente grande. e todo mundo respeita. acho que se a tura falasse, mandava mesmo, em todo mundo. a tura tem a combinação perfeita de um ser. ela tem os olhos do gato de botas do shrek 2 -- e a torcida de cabeça do porquinho babe, do filme que fazia milhares de crianças chorarem. a tura é foda. ninguém reclama se ela entrar numa reunião. e com razão, ela chega com estilo. trotando como se fosse um cavalo puro sangue. passa por todo mundo, talvez dê uma pequena lambida na perna de alguém. mas com jeito. e vai embora pela outra porta. é para marcar território. bom, resolvi escrever sobre a tura porque ela acaba de fazer isso. estav aqui digitando, e a fêla, pulou no meu colo. fez um charme. acionou os olhos do gato de botas do shrek 2 e pronto, comecei a escrever sobre ela. e quase não parei mais. amanhã vou ver se encontro uma foto que faça justiça e coloco aqui. talvez ela tenha que aprovar antes. mas beleza. a tura é foda.

o véio. apelidos e o celular.

o véio é o apelido do renato. ele não é véio, véio. o véio é uma brincadeira. o cara é meio obi wan kenobi. experiente. eu tenho quase mais cabelos brancos do que o fera, por exemplo. mas o apelido do cara é "véio", fazer o que? mas esses dias o véio perdeu o segundo celular ou telemóvel em três meses. não sei. mas essa pourra de apelido está começando a fazer sentido.

o teste dos panados. ou o teste do à milanesa.

cheguei hoje no restaurante aqui perto da firma com o maior comedor de panados da história. o peixinho é o maior comedor de panados ou no nosso brasileiro "à milanesa". tudo que é panado o fera bota para dentro. portanto se o prato do dia envolve algo frito em ovo fique esperto, ele pode comer o último. ou os dois últimos. e foi exatamente o que aconteceu hoje. o peixinho chegou mais cedo e pediu o último. me fodi. o panado era co carne de porco e o fera do restaurante olhou para a minha cara de coitado e disse: "porque o senhor não come um panado com carne de vaca?" e eu, com inveja do prato do peixinho respondi: "mas é claro seu antônio, manda um panado de vaca." moral da história: panado é panado. quando qualquer carne é panada, o sabor é de panado meu amigo. não importa se é vaca, porco, pato, frango. com um tubo de maionese em cima, eu aposto a falange do meu mindinho direito que você não consegue diferenciar um do outro. vai por mim. é o teste do panado.

diálogos na nespresso. 4

- eu queria saber se vocês têm alguma edição especial?
- especial? todos os nossos cafés são especiais.
- não, não, eu sei. estou a falar daqueles com grão especiais que aparecem só de vez em quando.
- nossos grãos são especiais.
- ok. acho que a senhora não me entendeu.
- não, não, entendi mesmo.
- estou a falar de grãos, de cápsulas com edições limitadas. sabe?
- ah, porque não disse antes?

terça-feira, março 04, 2008

mais dois diálogos rápidos


(1 )

o marido honesto.

- mas... mas.... amor... fernando!!! e essa marca de batom na sua camisa?
- é da secretária. beijo. elá se empolgou e aí você sabe. beijo aqui, beijo ali.
- amor... (pausa) essa é a qualidade que eu mais aprecio em você. a honestidade. te amo.
- eu também.





(2)

o jogo

- linda?
- oi?
- jogo. vai ter jogo da champions league. chamei o pessoal para assistir aqui em casa.
- milan e manchester united, né?
- como?
- milan e manchester. pirlo, pato, nani, ferdinand.
- mas você, você sabe a escalação dos times?
- o gatuso está machucado pelo milan e o rooney é dúvida para o manchester.
- mas...
- mas o que?
- assim não tem graça.
- o que?
- chamar o pessoal para assistir o jogo aqui se você não vai ficar incomodada com isso.
silêncio.

o sr. ramiro e o figado de aves com maçãs.

ainda vou escrever sobre o farta brutos com detalhes no guia fucking fuckers. e com toda a razão. o farta brutos periga ser um dos melhores restaurantes que eu queria ter conhecido antes. é impressionante. a comida, como nome diz, é farta. o sabor também. os elogios também. é cheio de tambéns. bom, mas como já disse, quando der, vou escrever com calma sobre os pratos, o atendimento e como chegar lá no guia fucking fuckers. mas aqui vou falar do sr. ramiro. figuraça. metade sócio. metade garçom do lugar. o sr. ramiro se comporta como se tivesse numa festa de casamento. depois de um só copo de pró seco. alegre, simpático e cheio de sugestões. o sr. ramiro é daquelas pessoas que fazem um lugar valer. é claro que quem vai ao restaurante farta bruto-- vai atrás da comida. mas o sr. ramiro é uma figura ímpar. primeiro oferece um vinho do porto de entrada. depois a entrada. sempre com exatidão. depois espera você decidir o prato. e, assim que você pede o prato, ele vibra com você. praticamente solta um abraço como quem diz: "rapaz, que escolha boa, queria eu, estar aí sentado no seu lugar para comer este prato." bom, e aí tem o prato. no caso do farta brutos, descobri um prato fantástico: fígado de aves com maçãs. o nome é estranho. as memórias de fígado que toda pessoa tem-- periga ser ruim. quase com certeza, é. eu, particularmente sempre fui meio traumatizado com fígado. mas assim que entrei no farta-brutos e larguei meus olhos no cardápio, acidentalmente cai sobre o fígado de aves com maçãs. a primeira reação foi pular para a linha de baixo e escolher outro prato. mas aí eu olhei para o sr. ramiro, o sorriso na cara dele quando viu que eu estava com o dedo sobre o fígado de aves com maçãs. pensei dois segundos e pimba: "sr. ramiro, uma porção de fígado de aves com maçãs, por favor." sensacional. já fui lá umas 4 vezes, talvez cinco desde então. nunca mais peguei um cardápio. sr. ramiro me vê entrar e grita para a cozinha: "fígado com aves com maçãs." o sabor é raro. meio forte. mas as maçãs caramelizadas dão uma aliviada. não me entenda errado. é muito bom. é só atropelar a primeira reação que você carrega da infância e partir para cima. se você chegar a lisboa com pouco tempo, visite o farta-brutos. procure o sr. ramiro. peça fígado com aves e depois, deixe um comentário aqui. vai que você experimenta outra coisa. vai que o sr. ramiro indica outro prato. nunca se sabe.

reuniões. 6

reunião é um negócio bem mais ou menos. não sei quem gosta. se você conhecer alguém que gosta, chame o cara para conversar num canto e interna o fêla da pulta. o cara tem algum negócio balançando na cabeça dele. ok, ok, exagerei um pouquinho. mas é verdade. o tempo passa mais devagar dentro de uma reunião e mais rápido fora. explico. dentro parece que o tempo, o relógio está sem pilha. mas aí, quando você sai meu amigo. fodeu. já é outro dia. ou é noite. ou o mundo acabou. bom, eu não tenho ainda uma solução para as reuniões. mas eu tenho certeza que o primeiro presidente de qualquer país que tentar se eleger com a plataforma única de "proibir todas as reuniões para sempre"-- se elege com uma vitória esmagadora. só pode. eu pelo menos votaria no cara. isso é claro, se não ficasse preso numa reunião.

pessoas desenham bonecos de pauziho, pessoas que desenham para caralho e pessoas que desenham bem mais ou menos.

para mim esses são os três tipos de pessoa. pelo menos no que diz respeito ao lado criativo, artístico das pessoas. eu por exemplo sou o melhor desenhador de bonecos de pauzinho do universo. se tivesse um campeonato mundial de desenho de bonecos de pauzinho, eu ganhava. se o louvre abrisse uma galeria para bonecos de pauzinho, eu teria a mona lisa lá. bom, e existe também um outro tipo de pessoa. é a pessoa que desenha para caralho. aquela que você dá um lápis e uma folha de papel e o cara arrepia, desenha mais do que uma simples casinha com árvores e uma família de mãos dadas. o véio, o renato, do link aí ao lado é assim. vai desenhar assim na casa do caralho. e finalmente existe um tipo de pessoa que é raro. é que desenha mais ou menos. é uma pessoa esquisita. sempre desconfiei de pessoas que desenham mais ou menos. tem alguma bosta errada aí. e se você é desses que desenha mais ou menos, minhas sinceras desculpas. mas acho que se você desenha quase bem, tem o potencial para desenhar melhor. e se você desenha quase mal, deve sempre focar nos bonequinhos de pauzinho. é o que eu fiz. e tudo por que um dia jogando aquele jogo imagem & ação-- em que as pessoas do time adversário sorteiam uma palavra, um filme, alguma coisa. e você tem que desenhar para o seu time acertar, adivinhar. sabe? então, entrei numas de tentar desenhar melhor do que os bonecos de pauzinho. queria impressionar alguma menina da sala. me fodi. tinha uns doze anos de idade. ninguém entendeu picas do meu desenho. perdemos o jogo. desde então passei a focar nos bonecos de pauzinho. por isso desconfio em quem desenha mais ou menos. não faz sentindo. se você está no meio de um esforço descomunal para passar a ser um desenhista do caralho, beleza. se não meu amigo, os bonecos de pauzinho são a melhor opção. pelos menos comigo foi. apenas uma sugestão.

pão caseiro.

o sanduíche de pão caseiro do café "pão e canela" da praça das flores custa 20 centavos a mais do que o sanduiche no pão normal. e vale cada centavo. acho que se o cara entrasse numas de cobrar até mais. sei lá, mais um euro só pelo fato do sanduba ser feito com um pão que a mãe dele amassou na cozinha, eu pagaria a diferença. é psicológico o efeito. você vê lá, sandes caseiro escrito a mão no cardápio e quando chega na mesa, lembra da sua mãe, da sua casa. puta esqueminha inteligente. uma só palavra, "caseiro". nenhuma prova de que aquilo é verdade. e todo mundo, como este que está escrevendo, gesticula as mãos freneticamente pedindo mais um.