quinta-feira, maio 28, 2009

a coluna do destak desta semana


eu já escrevi aqui sobre o siraiva.
o melhor hambúrguer que eu já comi na vida.
eu sei, falar assim "o melhor hambúrguer que eu já comi na vida" parece um exagero.
você deve estar pensando: "não fódi cara, que mané melhor hambúrguer da vida... hambúrguer é hambúrguer..." então, vai lá no siraiva para sentir o drama. a carne. o tempero. é punk meu amigo.

terça-feira, maio 26, 2009

mas ela é

filho de uns 17 anos conversa com o pai de 49, divorciado.

- mas ela é o amor da minha vida.
- mas você tem apenas 17 anos. ainda tem muita vida pela frente.
- mas...
- mas, meu filho, ela é a sua primeira namorada séria. a vida tem muitas surpresas. olhe para o seu pai. eu achava que eu e a sua mãe ficaríamos juntos para sempre.
- mas eu tenho certeza que ela é a pessoa que eu quero ficar para sempre.
- a sua namorada é linda, mas você é muito novo.
- olha para ela. como o sol bate contra a pele dela. ela é perfeita.
- [silêncio]
- [silêncio]
- [silêncio]
- [silêncio]
- meu filho...
- diz pai...
- ela tem uma amiga?

observações que podem fazer sentido ou não. 2

sempre que o dentista faz qualquer coisa na sua boca-- é ele virar para o lado para você colocar a língua sobre o que o fera acabou de fazer. exemplo: fez um furo? ponta da língua no furo. colocou uma obturação? ponta da língua na obturação. dentista deve ficar puto. é ele virar a cara para a linguinha curiosa ir investigar que caráio era aquilo que estava doendo para cacete.


antes de ir ao dentista, escovo duas vezes. uso listerine. escovo a língua. uso fio dental. acho engraçado esse negócio de você achar que em uma escovada bem feita vai consertar anos de preguiça ou escovadas bem mais ou menos.

dia desses, fiquei imaginando como seria curioso se eu chegasse no dentista depois de comer com dentadas preguiçosas um croissant de chocolate, sem escovar os dentes depois. só para ver a merda que dava.

observações que podem fazer sentido ou não. 1




sempre que um taxista me pergunta se eu "tenho um caminho preferido", fico um pouco preocupado. não que todo taxista seja fêla da pulta. e também, o cara pode estar sendo simplesmente gentil. mas sei lá, a partir do momento em que le pergunta isso, e eu faço uma cara de "caráio, não tenho a menor idéia se existe um caminho melhor do que aquele que eu conheço." ou muitas vezes faço uma cara de "fodeu, ele sabe que eu estou perdido." acontece sempre. 99% das vezes. é aquele instante que dura seis milésimos de segundo em que, ao olhar para a minha cara pelo espelho retrovisor, o taxista fica sabendo que eu não sei picas sobre direção, estou quase perdido, e quase nas mãos dele. no rio de janeiro no brasil, se um fera perguntar isso para você na saída do aeroporto e você mostrar qualquer dúvida, fodeu. e como nasci lá, antes mesmo do fera fazer a pergunta, eu metralho nomes de ruas, avenidas, esquinas, sinais que podem estar quebrados, comento sobre uma obra que nunca foi terminada num bairro entre o aeroporto e o meu destino. e assim, ele olha pelo retrovisor como quem diz: "esse conhece!" e seguimos em frente. bom, como disse lá em cima, de maneira alguma acho todos os taxistas fêlas. muito pelo contrário, dependo dos caras para me locomover em milhares de ocasiões. e são provavelmente as melhores fontes de assunto do mundo. mas por algum motivo, sempre que surge a pergunta : "tem algum caminho preferido?" fico deitado com a cabeça para trás no banco, com o lábio inferior pressionando o superior, solto ar pelas narinas, levanto as sobrancelhas quase em câmera lenta-- e fico nas mãos do fera.

quinta-feira, maio 21, 2009

a crônica do destak da semana. e amanhã nói posta mais.

essa é sobre o adamastor. sobre a vista do adamastor.
espetacular. e agora com o verão quase aí, é um negócio para qualquer turista ficar doidjo.


terça-feira, maio 19, 2009

o efeito diane keaton. ou como um momento pode facilmente influenciar o destino de todos os outros que ainda não aconteceram.

homem chega em casa numa quinta e enquanto entorna uma heineken gelada num copo alto inicia uma conversa com a mulher:

- você pegou um dvd no video clube?
- peguei.
- qual?
- não sei o nome.
- como assim não sabe o nome?
- é um filme do woody allen.
- "woody allen fase diane keaton" ou "woody allen fase scarlett johansson"? 
- e tem diferença? 
- [silêncio]
- [silêncio]
- [silêncio]
- amor? então vai querer assistir ou não?
- você vai achar estranho o que eu vou dizer-- mas acho que temos que ter uma conversa séria.
- séria?
- acho que isto não vai funcionar.
- isto o que?
- o nosso relacionamento. acho que precisamos dar um tempo.
- [silêncio]
- [silêncio]

o que você quer ser quando crescer?


mãe e filho conversam. ele tem uns 9 anos.

- um astronauta.
- você tem certeza?
- absoluta.
- mas você sabe que não se pode levar um cachorro para o espaço.
- é?
- é.
- nem o lupo que é treinado?
- nem o lupo.
- ok.
- no espaço você não pode jogar playstation.
- mas e se tiver mais um astronauta?
- você já viu as luvas? como são grandes? não dá para segurar o controle.
- é. você tem razão.
- a sua camisa do flamengo também não pode levar.
- não posso usar por cima do uniforme?
- hmmm....
- não né?
- não.
- a luana...
- o que tem a luana?
- bom, a sua amiguinha luana não pode falar com você no msn a noite inteira.
- as luvas né?
- as luvas. como é que você vai digitar.
- pô, a luana... o lupo, o playstation....
- é mãe, sorte do neil armstrong.
- porque?
- bom, ele não conheceu a luana, ainda não existia playstation, não torcia para o flamengo e o lupo ainda não tinha nascido.
- é verdade...
- duvido se ele tivesse conhecido o lupo e a luana, ele teria escolhido ser astronauta.
- também. também.

sexta-feira, maio 15, 2009

crônica rápida de um verão igualmente breve em algum tempo recente. ou não.


eles se encontraram no verão.
ela tinha 19.
ele tinha 22.
ele disse duas vezes que ela era o amor da vida dele.
ela balançou duas vezes a cabeça quando ele disse que ela era o amor da vida dele.
ele prometeu escrever todos os dias.
ela prometeu ligar todas as semanas.
ele ficou com preguiça.

e ela com outro menino.

a cidade.

mulher no telefone com o marido. ele está prestes a entrar num conference call. o terceiro daquela semana.

- paixão, você acha que consegue chegar a tempo para o jantar?
- não.
- e para a sobremesa?
- também não.
- e para o café?
- não.
- e para assistir um filme comigo?
- não.
- e para ficar abraçadinho na cama comigo?
- também não.
- [silêncio]
- [silêncio]
- e para me flagrar com um amante na nossa cama?
- acho que não. mas vou tentar.

o banco, ângulos, vento e café.


ele sempre sentou no mesmo banco. o banco ficava numa praça. a praça ficava num bairro pouco movimentado. o bairro ficava numa cidade grande. a cidade ficava entre duas cidades ainda maiores.

ele via as mesmas pessoas passarem. uma espécie de deja-vu controlado. pois, ao se sentar no mesmo banco, no mesmo horário, nos mesmos dias, ele, obrigatoriamente via a rotina tomar forma a sua frente.

ele carregava sempre o jornal do dia. e nele encontrava abrigo quando alguém quase-conhecido passava.

mas tudo mudou no dia que o banco foi removido. na verdade, mudaram o banco de lugar. e no lugar onde antes ele estava, instalaram um quiosque de bebidas.

e no primeiro dia, ao sentar no banco em seu novo lugar, descobriu um novo ângulo de ver as coisas. a mulher que sempre passava de frente, agora ele via de perfil. as crianças também. já não corriam na sua direção. mas na direção oposta. o vento agora balançava as folhas do jornal de dentro para fora. e não de fora para dentro. e por mais sutil que fosse cada detalhe, naquele dia a vida ganhou um novo fôlego. um novo ângulo.

enquanto isso, lá do outro lado, enquanto bebia len-ta-men-te um café no quiosque, uma mulher pensava a mesma coisa. afinal, onde antes estava o banco em que nosso protagonista agora está sentado, estava o quiosque.


ela sempre tomou café no mesmo quiosque...

quinta-feira, maio 14, 2009

amanhã nói posta mais.

a crônica do destak da semana.

se você gosta de viajar.
se você briga com a sua mulher quando estão perdidos na estrada.
se você não sabe escolher hotel direito.
se você não quer ir novamente para a disney.
bom, e finalmente, se você não quer viajar com cara de turista perdido e mané-- leia a coluna abaixo.

terça-feira, maio 12, 2009

ela.

a professora de piano inicia um diálogo com o aluno. ela tem  26. ele, 17. é verão. o ar-condicionado está defeituoso. ela está como sempre, com pernas fartas. brilho na pele. e cabelos quase soltos.

ela: - está quente.
ele: - muito.
ela: - acho que vou tirar o vestido. não tem mais ninguém aqui na casa, não é?
ele: - não. apenas nós dois.
ela: - pronto. tirei.
ele: - você... é... você... quer que eu tire a minha roupa também?
ela: - quero, mas só se você acertar primeiro-- a lição de casa-- que eu passei para você na aula anterior.


declaração de amor entre personagens que não existem. mas poderiam existir.


casal deitado na grama. a lua está cheia. o céu com estrelas.

- se você pudesse viajar para qualquer planeta maria, para qual você gostaria de ir?
- esse, dentro da sua cabeça.

diálogos quase abstratos de casais quase reais.

- amor?
- diz princesa.
- quando você era mais jovem, você era pegador?
- pegador?
- é, você ficava com muitas mulheres?
- [silêncio]
- e então, ficava?
- ficava.
- alguma delas era mais bonita do que eu?
- [silêncio]
- e então?
- ok, tinha a paulinha. ela era linda.
- mas porque é que você não casou com ela então. ao invés de ficar comigo?
- porque ela casou antes com o marcelo. o marcelo. sabe?
- o marcelo é lindo.
- mas porque é então que você não casou com ele então?
- porque ele casou antes com a paulinha. a paulinha. sabe?