sexta-feira, agosto 31, 2007

anedotas de ginja. 3 -- a volta de zico.


imagine que na década de 80, o zico resolvesse tirar férias do flamengo. mas férias prolongadas. trinta dias sem o zico na reta final do campeonato brasileiro. imagine que o marlon brando faltasse as gravações de o poderoso chefão. o u2 sem o bono. bem, você entendeu. ia dar alguma merda de proporções inimagináveis. foi isso que aconteceu no bairro alto durante as três últimas semanas. seu jaime saiu de férias. o seu jaime, dono do bar que vende a melhor ginjinha das redondezas. lacrou as portas do seu bar. meteu uma folha de papel a4 lá deitada com uma só frase datilografada: "volto dia 29. motivo férias." e nessas três semanas, você passava pela porta e, assim, como não quer nada, espiava o papel para ter certeza que seu jaime só voltaria no dia 29. turistas passavam e apontavam para a porta cerrada. e os dias passaram. e, quando a câmara de lisboa estava prestes a fazer uma campanha na tv para que a população entendesse que o seu jaime estava gozando de férias merecidas--- seu jaime voltou.tirou aquela folha a4 que avisava sobre as férias e abriu as portas. mas sem muita ostentação. como se achasse que ninguém estava esperando o bar reabrir. na primeira que eu fui lá com o pessol da agência para tomar uma ginja, encontramos um papel que dizia "volto já." cinco minutos e nada. dez minutos. onze. doze. e nada. passei lá horas depois e comentei, "caráio seu jaime, nêgo veio celebrar a reabertura do bar e tinha uma papel ali escrito 'volto já!' e nada do senhor voltar." e ele: "ah, fui fazer a janta em casa." e eu:"caramba seu jaime, no dia que o bar reabre. no auge do verão. fazer a janta em casa? é como o zico sair no meio da final do campeonato brasileiro-- pra dar um pulo em casa para fazer a janta!" e ele: "zico?"

un pingado, pur favor.


depois de almoçar várias vezes com amigos argentinos do trabalho, descobri que todo e qualquer argentino toma café com uns 5 ml de leite. café pingado. sempre. não sei se é uma lei que rola lá, mas é o que rola. juro que ante de fazer aqui essa afirmação observei o esquema do pingado direito. não é uma generalização. os caras só tomam pingado e pronto. mas que caráio você vai fazer com esta informação? só consigo pensar em uma situação: se você estiver num bar, no brasil-- assistindo brasil e argentina e quiser descobrir se tem algum argentino infiltrado tentando se passar por brasileiro. é fácil descobrir quem é. peça gentilmente para a garçonete servir café para todos. o argentino, mesmo sob o risco de revelar ser conterrâneo do cannigia que fez aquele gol na copa de 90 que eliminou o brasil-- vai pedir o dele pingado. "un pingado, pur favor."

quinta-feira, agosto 30, 2007

o tal do sorvete da santini.


se você já veio a lisboa, provavelmente (com certeza) já escutou a seguinte frase da boca de alguém: "não deixe de comer os sorvetes da santini." ok e se não escutou esta frase, escutou algo como: "santini, sorvetes da santini, de morango, peça o de morango." bom, e se não escutou, acaba de ler aqui. sorvetes da santini é aquele negócio que todo e qualquer guia turístico tem. sem putaria, os guias falam mais do sorvete de morangos da santini do que do castelo, da torre de belem. o negócio é punk. foda mesmo. você chega lá com uma cara de quem pensa "ok, ok, deixa eu experimentar esta pourra." e sai de lá bobo. com as mãos sujas de sorvete e uma pequena dúvida: "peço outro? ou dou uma volta longa em cascais para ver se abre um espaço no meu sistema digestivo para comer mais sorvete de morango?" e apesar de tudo que já falaram do sorvete de morango da santini, não é exagero. ainda é pouco. você vai ver, ainda vão lançar um guia turístico de portugal em que todas as páginas são iguais: visite a santini. peça sorvete de morangos. não sei, não sei mesmo se existe alguma droga das brabas. dessas que viciam na receita. até porque, se tivesse, já teria dado alguma merda. mas alguma coisa tem. reza a lenda que só o pessoal da família sabe a receita. que eles já foram alvos de várias multinacionais. e nada. o tal sorvete da santini é aquele negócio que faz você pensar pela primeira vez na vida no sorvete das outras pessoas. acabou o seu? ôpa, olha ali na mesa ao lado aquela tiazinha dando mole com o dela. desde que cheguei, fui três vezes. numa delas, fui até lá, só para isso. é como sair do itaim bibi em são paulo e dirigir até o aeroporto de guaralhos para comer uma bola de sorvete. ou, se você mora na barra da tijuca, como sair de casa de carro e ir até o centro da cidade, comer uma bola e voltar. é foda. é meio escondido. numa galeria de lojas ainda mais escondida. mas você encontra fácil em cascais. é só procurar adultos lambendo os dedos. crianças chorando com catarro escorrendo de um uma narina pedindo "mais. eu juro que é só mais um!" e um brasileiro com uma pequena colher de plástico numa das mãos ameaçando atacar o sorvete de morango de uma tiazinha. o tal do sorvete da santini.quase que nessa ordem.

desde que...


desde que eu cheguei em portugal, já peguei duas chuvas daquelas de filme (e quando eu digo filme, estou falando de "twister", não de " dançando na chuva"). desde que eu peguei essas chuvas, comprei um guarda-chuva que contribui com uns 36% do peso da minha pequena mochila. desde que eu comprei o fêla, não choveu mais enquanto eu perambulava pelas ruas. desde que eu cheguei a esta conclusão comecei a pensar se não valeria a pena deixar a pourra do guarda-chuva em casa.

nove digitos e o john nash.


o brasil tem 180 milhões de pessoas. um pouco mais talvez. e tem uma caráiada de celulares. pré-pagos, pós-pagos. tem telefone para cacete. portugal também. celulares, telemóveis. agora, a população portuguesa é bem bem bem menor que a brasileira. uns 11 milhões, acho. um pouco mais talvez. bom, e onde quero chegar com isso? aos nove digitos. um, dois, três, quatro, cinco, seis, tá vendo como demora, sete, oito, caráio esse número não acaba, nove. qualquer número de telefone aqui tem nove digitos. ainda me lembro moleque no brasil, os telefones tinham sete. com o tempo ganharam oito. foi meio complicado adaptar as minhoquinhas do cérebro ao novo esquema. mas beleza, depois de um tempo passei a memorizar com uma certa facilidade os números mais importantes. não a mesma quantidade de quando eram apenas sete. mas um número considerável. sempre achei que acrescentaram o oitavo digito para comportar tanta gente. tantos telefones. o que nos leva de volta a primeira linha deste texto. o brasil tem 180 milhões de pessoas com um celular no bolso. são mais ou menos isso, 180 milhões de telefones tocando durante o filme que você esperou o ano inteiro para assistir no cinema. mas portugal não. portugal tem 11 milhões de pessoas. 11. e é aí que eu pergunto, porque caráio foram sugerir o nono digito? que tanta gente é essa que não dá para registrar com sete, oito, até mesmo seis. com nove, eu não consigo memorizar mais do que dois números. de cabeça sei o da minha mulher e as vezes o meu. não fódi. como é que isso foi acontecer? dia desses encontrei um primo aqui e quis passar o meu número para ele me ligar no dia seguinte. bom, eu não sabia o número de cor. pensei então: "mole, vou ligar para o celular que ele tem em mãos que o número vai ficar registrado." mas, como você adivinhou, ele também não conseguiu memorizar os nove digitos do dele. fiquei olhando para ele como quem diz: "o que te fudeu foi o esqueminha dos nove digitos, não foi?" e ele, sem saber como passar o telefone para mim, ficou me olhando com uma cara de quem diz: "o que te fudeu foi o esqueminha dos nove digitos, não foi?" fico imaginando você encontrar uma menina num bar e pedir o telefone dela. o drama que se passa pela sua cabeça. a menina não vai repetir duas vezes. até porque se o fizer, ou vai soar estranho ou vai parecer desesperada. então é aquele esquema, você pegou coragem. foi até lá falar com a menina mais gata do bar. respira fundo, pede o telefone dela. ela olha para você e diz os nove digitos. e você, para não parecer que não é mané, não leva uma caneta em mãos. pede como não quer nada para o garçom. o garçom demora. e você esquece a porra do número . não liga para a menina. que fica esperando a ligação. resumindo. os nove digitos é uma esqueminha bem mais ou menos. isso é claro se você não for o john nash. aquele do filme "mentes brilhantes."

terça-feira, agosto 28, 2007

cotidianos de uma só linha. 3


cuspidor de fogo do circo durante o jantar.

- amor, passa a pimenta malagueta, por favor.

cotidianos de uma só linha. 2


tiazinha do telemarketing atende o telefone em casa

- boa noite, a senhora é cliente de qual operadora de longa distância?

cotidianos de uma só linha



garçom chega em casa


- amor, você poderia pegar uma cerveja para mim?

a teoria do cc, o futum mortal.


cc para quem não sabe, é o futum emitido pela subáca. o cheiro forte que faz os olhos lacrimejarem. todo mundo, em algum momento da vida já teve. depois de uma prova do vestibular, durante uma partida de futebol. em algum momento. bom, mas eu acho, só acho que tem um fêla que es†á querendo sabotar os ônibus de lisboa. mais especificamente a linha 58. não sei se o fêla está querendo que abaixem a tarifa. não sei se o motorista não pára no ponto que ele quer. não sei se já pescaram a carteira dele. não sei, mas que o fêla está com intenções bem mais ou menos, isso está. e descobrir quem é, não é fácil. é complicadíssimo. descobrir quem é, implica se aproximar do odor, do cc. o que, naturalmente não acontece. quando eu sinto que este sabotador do ônibus está lá, corro para a direção oposta. é o plano perfeito, se você pensar. alguém fudeu com esse cara. alguém criou confusão com ele. e ele, bem, ele poderia grafitar as paredes do ônibus, mas levaria uma multa. ele poderia dar um sopapo no motorista e seria preso. ele poderia fazer uma caráiada de coisas. mas sempre seria penalizado. e o que ele fez? resolveu usar a arma mais mortal e invisível que existe. o cc. o futum para qual não existe nenhuma lei. nada que regularize ele. bom, é só uma teoria. e o fera só ataca de vez em quando. os mesmos dias em que eu aproveito para andar um pouco e se exercitar. fêla.

rodadas. ou porque quando você sai com mais que cinco amigos, irá com certeza voltar para casa manguaçado.


em portugal não tem muito esse esquema mesa de bar que tem em são paulo. ok, ok, tem. mas não é como são paulo com um bar com uma caráiada de mesas na calçada. ok, ok, tem. mas é diferente. o esquema é mais, pega chopp, anda. pega chopp, muda de bar. pega chopp, toma em pé na calçada. termina o chopp, muda de bar. e quando eu digo, muda de bar, é mudar de bar mesmo. como não rola muito o esquema de pegar o carro com o manobrista, pagar dez mangos para pegar o seu carro para seguir em frente para o outro bar, você literalmente pula de bar em bar. andando. o que nos leva ao título deste textinho. explico. no bairro alto, a vila madalena de lisboa, você geralmente (sempre) entra num bar que parece um corredor para gritar pela sua imperial. bom, e, como se trata de de muitas vezes um trabalho não muito glorioso, cada um vai uma vez. cada um paga uma rodada. de x em x minutos, cada um, vai se sacrificar pelo bem do grupo. uma espécie de saving private ryan. em que o ryan é a imperial gelada sobre o balcão de madeira de um bar. chegando a sua vez, você desce a escadaria de um bar e berra "cinco imperiais!" e a cena se repete. e repete de acordo com o número exato de pessoas que que está com você. você saiu da agência com 3 amigos? é, três imperiais no mínimo, seis se estiver muito quente, nove se estiver muito quente e for uma sexta feira. bom, a conta então é mole. o que nos leva novamente ao título do textinho. quando você sai da agência com cinco amigos, cinco imperiais, dez, quinze. ou seja, vai voltar manguaçado para casa. essa é a diferença de sentar em bares e andar de bar em bar. sentado, você depende da combinação do seu dedo indicador e da habilidade e disposição do garçom. andando, é você quem vai de encontro ao balcão. em portugal não tem muito esse esquema mesa de bar que tem em são paulo. ok, ok, tem. mas não é como são paulo.

quinta-feira, agosto 23, 2007

o homem que faz a voz do trailler dos cinemas em casa.


- marido, cansado, pede para a mulher uma cerveja gelada.
- mulher igualmente de saco cheio, manda ele à merda.
- toda emocão, drama e aventura de um marido atrás de uma lata de cerveja mas com preguiça de pegar. estrelando o marido. co-estrelando, a mulher.
- (mulher interrompe) co-estrelando é o caralho.
- agora, aqui em casa.

o esquema do presunto de parma fatiado.


presunto de parma aqui se chama presunto. presunto, fiambre. uma tosta mista contém queijo e fiambre. bom, mas voltemos ao presunto de parma que aqui se chama presunto. se você sentar numa mesa em portugal e um fera colocar na su frente um prato com presunto fatiado, segure a onda. respire fundo. dê uma mordida grande no pão que está ao lado. mas evite o presunto. e muitos casos, o presunto custa mais do que o prato que você vai comer. é claro que se você estiver com uma tara do caráio por presunto. se isto é a única coisa que você come. se você é conhecido no seu bairro por ser comedor de presunto, força, coma a pourra do presunto. mas, se não for o caso, recomendo socar o pão goela abaixo. o pão vai manter seus dentes ocupados e a sua barriga relativamente saciada enquanto não chega o seu prato. acho, só acho, não tenho certeza. suspeito que o pessoal do restaurante coloque o presunto na sua frente e depois 'startam' um timer antes de ir a mesa tirar o seu pedido. e mais, deixam o presunto fora da geladeira uns dois minutinho antes, para soltar o cheiro. deixam o presunto suar um tiquinho para que quando o prato é colocado debaixo do seu queixo, você jorre saliva com o primeiro contato do aroma do presunto gordo com o seu nariz. é difícil resistir? é. você vai resistir? provavelmente mesmo após ler este textinho vai morrer nos 8 mangos do presunto. mas tudo bem, uma hora você aprende. detalhe, o esquema do presunto fatiado é como o esquema do couvert que uma vez eu já escrevi aqui. fode com o seu jantar. é, porque, basta deitar uma fatia de presunto sobre as papilas gustativas da sua língua para comer todo o resto em goles grandes. goles de presunto. prato lambido. e uma sensação estranha de querer pedir para o garçom fatiar a porra do porco inteiro para você. e aí, bom, aí na terra do bacalhau, você enche a pança de presunto e deixa lascas grandes de bacalhau para trás. o que, cá entre nós, é uma senhora sacanagem com o querido e saboroso bacalhau que neste momento dá passos largos na fila dos peixes que estão desaparecendo. esse é o esquema do presunto. vai por mim. segura a onda. foco no prato e olhada feia no garçom que insistir em sambar um prato desses na sua frente.

terça-feira, agosto 21, 2007

pensamentos do dia.


- todo ônibus deveria ter um botão de eject no caso de passageiros com o desodorante vencido. não vencido "eu coloquei hoje pela manhã, e agora está vencendo." eu digo, vencido "caráio, meus olhos estão ardendo."

- é impossível comer caracóis se você olhar para o mini sorriso que eles têm estampados no mini-rosto. caracol só dá para comer de olhos fechados.

- queria descobrir o endereço do carinha que pilota o caminhão de lixo que passa pela minha casa todos os dias de madrugada. eu iria comprar uma bateria daquelas bem old-school com dois bumbos e sete pratos (meio def leppard). fazer um curso bem meia-boca. depois usarira todas as minhas economias para dar uma entrada no apartamento vizinho do fera. e depois eu iria passar a madrugada rasgando os tímpamos dele.

diálogos mãe & filho. 2


- mãe?
- oi meu filho?
- porque sempre que eu faço uma pergunta tipo "de onde viemos" "existe vida lá fora?", você sempre dá uma resposta elaborada? é paciente, mesmo que fale coisas que nem sempre fazem lá muito sentido...
- é o jeito da mamãe filho..
- e porque sempre que eu faço as mesmas perguntas para o papai, ele pede para eu procurar as respostas no google?
- é que o seu pai assinou o pacote do campeonato brasileiro de futebol.
- ah tá.

diálogos mãe & filho. 1


- mãe?
- oi meu filho?
- tudo bem?
- tudo. tem alguma coisa que você quer falar com a mamãe?
- não, não. é que....
- é que? pode falar, a mamãe está aqui para você.
- bom, o rapaz que escreve este blog estava sem assunto...
- sem assunto?
- é, ele não sabia o que escrever. e aí eu resolvi ajudar.
- ajudar?
- é, só este nosso papo aqui já rendeu um post.
- é verdade.
silêncio.
- mãe?
- porra filho, você quer perguntar alguma coisa ou ainda é para ajudar o erick a ter algum tipo de assunto?
- é, tava faltando um final pra este diálogo.

o vinho para quando não é hora de tinto ou branco ou do porto.


aqui em portugal definitivamente se bebe bastante. bastante cerveja. bastante vinho. na verdade, bebe-se mais cerveja. mas a industria do vinho não quer ficar para trás. não quer amargar uma distância grande para a cerveja. por isso inventa, anuncia, divulga, todo e qualquer tipo de vinho. vai comer uma carne? vinho tinto nela. um peixe leve? vinho branco nele? acabou a refeição? vinho do porto. mas aí, bom, agora, verão, quente para cacete, e o fêla não pediu um peixe, e não dá para oferecer um branco, um rose. verde. vinho verde no fera. isso, vinho verde no rapaz. na moça indecisa. cerveja é o caráio, experimente uma garrafa deste espetacular vinho verde geladinho. feito sob medida para ser tomando quando a tempertaura proibe qualquer tipo de vinho que não esteja gelado. e quando você quer ver tudo pela frente, menos uma taça de vinho branco. fico imaginando a associação das vinícolas reunida num passado não muito distante. uma porção de tiozinhos com as bocas cheias de uvas verdes falam: "tem uva verde para cacete lá perto da minha casa!" e um outro levanta a mão do fundo da sala e grita: "na minha também." e uma tiazinha completa: "caráio, minha casa está coberta de uvas verdes. está quente. muito quente. o pessoal da cerveja está vendendo muito e a gente..." e, quando todos davam tudo por perdido, um tiozinho gesticula de longe e fala duas palavras mágicas: "vinho verde. a gente faz vinho verde. anuncia pra caramba no verão. dia e noite. noite e dia. promoção. o vinho oficial do verão. manda colocar na geladeira até quase congelar e manda servir. vinho verde." fast forward para os dias de hoje. daí para as prateleiras, anúncios de ponto de ônibus. e, quando você achava que não existia vinho que você se atreveria colocar na boca com esses 42º do verão, surge o vinho verde com toda a força. e enquanto isso nas cervejarias: "esse vinho verde é foda... tá roubando o nosso market share no verão." e um tiozinho lá do fundo da sala levanta a mão e fala: "já sei..."

quinta-feira, agosto 16, 2007

"caráio, olha o tamanho do calçolão da tiazinha do prédio da frente!"

o varal aqui em lisboa é para fora. é exposto. não fica dentro de casa, na área. mas contornando as janelas da sua casa. quem passar na rua pode ver a marca da sua bermuda, o tipo de cueca. as meias. que camisa você usou. nada contra, cada país com as suas manias. se todo mundo mostra para todo mundo o que está usando, vam'bora fazer o mesmo. aqui na frente da agência, por exemplo, dá para saber que se trata de um casal mais conservador. roupas mais quadradas, um tiquinho anos 70. já fui uma vez num restaurante em que para chegar as mesas do lado de fora, tinha que, obrigatoriamente me esquivar das roupas intimas do varal de uma senhora. com este esqueminha dá para saber como é a personalidade do seu vizinho. o do prédio da frente da minha casa é do tipo que espera esvaziar todas as gavetas dos armários, para limpar quando não tem mais nada para vestir. ou tem roupa para caralho no varal do cara ou não tem nada durante uns dois meses. dá para saber se alguém está namorando. primeiro encontro: camisa bacana pendurada num sábado depois do jantar de sexta. segundo encontro: camisa bacana pendurada numa sexta depois dos drinks de quinta. terceiro encontro: camisa bacana do cara, vestido bacana da mulher que o cara finalmente convenceu a dormir lá. nas primeiras semanas você acha estranho: "caráio, colocar minhas cuecas assim para o pessoal que atravessa a rua ver?" "não fode, deve ter espaço na cozinha? deve ter máquina de secar?" não. te vira meu amigo. depois de dois meses: "olha lá, minha cueca!" o tiozinho do prédio da frente sabe que eu tenho um carinho especial por uma bermuda azul da osklen. e que a minha mulher adora uma camisa da adidas e uma outra da puma azul marinho. deve questionar se eu não devo ter outra calça jeans e se eu só uso as mesmas meias pretas. o esquema do varal aqui é assim. uma espécie de raio-x das pessoas. todo mundo acaba com a estranha sensação que conhece todo mundo. e se não conhece, pelo menos tem uma boa idéia de como as pessoas são. do que vestem. se são conservadoras. e se gastam a maior parte do salário em roupas. a muié que mora aqui no último andar no prédio da frente da agência, saiu de férias. não coloca uma roupa para secar ali fora desde julho.

3 todo & 2 toda.

- toda história que começa com "era um vez..." termina com um final feliz.

- todo filme que começa com "baseado em fatos reais", ou vai fazer você sair soluçando do cinema de emoção ou de tristeza.

- todo restaurante que tem mais do que um jogo de talheres ao redor do prato é um tiquinho mais caro do que você esperava.

- toda vez que você olhar para a sua fatura do banco, página por página, linha por linha, vai descobrir alguma tarifa do banco que está fodeindo a tua conta.

- todo anúncio de remédio tem pelo menos dois asteriscos.

terça-feira, agosto 14, 2007

frases que poderiam ter sido faladas pelo horatio caine, o chefe do c.s.i. miami, que inclina a cabeça na diagonal antes de falar qualquer frase.



- esse criminoso acha que é o fim. se depender deste laboratório criminal, será apenas o começo.


- uma bala na cabeça de um vítima, é uma arma na minha mão.



- siga as provas que você nunca estará perdido.



- as provas não mentem. quem mente é o criminoso.


- nossos destinos se cruzarão. seja aqui nas ruas de miami ou no banco de dados da miami dade police.


- ele está completamente enganado se acha que vai sair livre por aí.
o exame de dna felizmente não sente compaixão por criminosos.


- uma impressão digital é como a primeira impressão de um grande amor. fica para sempre.


- o teste de balística definitivamente a pior amiga que um ladrão pode ter.



- ele violentou essa menina. o destino será igualmente duro com ele.


- a vida dá voltas. uma bala perdida não.


- c.s.i. miami, todas as quartas, 21:30 no axn.


segunda-feira, agosto 13, 2007

as freiras, as roupas bem passadas no convento e "meu deus, o que faremos com as gemas?"


pastel de nata. travesseiro de sintra. queijada de sintra. ovos moles. baba de camelo. e se você fuçar um guia de culinária português, descobre mais uns vinte e seis tipos de doces em que o principal ingrediente é o ovo. um ovo não. uns cem. não vou ficar aqui explicando como é cada doce, porque é sacanagem. eu vou cagar na receita e você vai ficar com água na boca. mas vou contar uma curiosidade sobre eles. ou melhor a única razão pela qual esses fêlas das puta existem.é, pode agradecer aos santos por cada um desses doces. pode falar m voz alta após cada mordida: "ai meu deus! obrigado meu deus!" vai, o fera não vai ficar puto. ele realmente tem alguma coisa a ver com os doces a base de ovos que explodem balanças e artérias com a mesma facilidade. ELE tem muita responsabilidade pela existência desses doces. quatro quilos depois, fui descobrir a caralha da origem dos doces. nunca perguntei. nunca googlei, deveria. o negócio tava quicando aí. quicando em pratos de sobremesa. em pratos que brilham de longe. com aquele amarelo forte. aquele sabor gordo. os doces a base de ovos nasceram da necessidade das freiras de fazer alguma coisa com as gemas que sobravam. mas gemas que sobravam do que? bom, as freiras passavam o hábito, as roupas, com a clara dos ovos. para deixar as roupas durinhas, com aquele aspecto, bem, com aquele aspecto que ELE aprovaria. as freiras tacavam clara de ovos no tecido e passavam o ferro. e roupa vai, roupa vem, o problema foi se amontoando. aquele cheiro de ovo nas igrejas. aquelas centenas de milhares de gemas nos conventos. "o que fazer com as gemas?" "tem muita aqui no convento irmãs!" "um bilhão de gemas! o que faremos? rezamos?" e um das irmãs deve ter comentado: "mas isso, a gente já faz.... e se a gente fizer doces? isso, doces com as gemas?" bom, o resto é história e fila em belem para comer os pastel. e em sintra para comer o travesseiro. taí uma daquelas coisas que seja você católico fervoroso, um católico mais ou menos-- ou pode até não acreditar em nada... taí uma daquelas coisas que você tem que agradecer o fera. afinal, foi ali, na casa dele e do pessoal que trabalha para ele que as guloseimas nasceram. "meu deus! o que faremos com as gemas?" doces, você já pensaram em fazer doces?

sempre que...


- sempre que você entrar num restaurante português e o peixe no cardápio estiver com o preço do kilo, não do prato... fodeu. isso também vale para crustáceos como o camarão. é impossível não se foder com esse esqueminha. de uma refeição para a outra você tem que aprender a diferença de pedir por um preço fixo para pedir por kilo. camarão por exemplo, tem cabeça, rabo e casca. tira isso tudo e você tem o camarão que você vai comer. ou seja, você paga por um peso que você não vai comer. peixe por kilo? corre, meu amigo.

- sempre que você entrar num restaurante em que o garçom colocar rapidamente dois tipos de queijo na mesa com o couvert, queijo seco e fresco... fique esperto. o primeiro custa uns 4 mangos, o segundo, uns 2.50.

- sempre que você for comer pratos como açorda de gambas e alheira com esparregado, use uma calça de moletom.

quinta-feira, agosto 09, 2007

pequenos diálogos em lisboa. 5


- eu queria dois ingressos para o show do the police.
- dois ingressos. ok.
- não acredito, que sorte. começaram a vender hoje e eu consegui comprar. ufa.
- muita sorte sim senhor. você é um homem de sorte.

três meses depois na mesma agência bancária.

- eu queria um ingresso para o show do the police.
- um ingresso. ok.
- não acredito, que sorte. começaram a vender em maio e eu consegui comprar. ufa.
- muita sorte sim senhor. você é um homem de sorte.

pequenos diálogos em lisboa. 4

- este filé de pescado do cardápio, tem espinha?
- o que o senhor acha?.

o travesseiro de sintra. uma dica fucking fuckers para quem tem um colesterol num nivel aceitável.

bom, antes de qualquer coisa, se você caiu aqui por acidente pois achava que encontraria um site sobre o travesseiro de sintra, minhas sinceras desculpas. o google tem dessas coisas. bom, mas agora vamos falar do travesseiro, do doce, do entupidor de artérias. do doce com sete mil calorias. o nome, como já diz, afirma que doce é da cidade de sintra. lá você encontra o mai famoso de todos os tempos, mas, se fuçar em algumas outras lojas que não estão necessariamente em sintra, consegue encontrar o fêla. mas se o nome diz que a pourra do doce é de sintra, o melhor, obrigatoriamente, está lá. mais precisamente na "periquita". isso, periquita. se você for a sintra e não voltar com os dedos lambuzados da crema de ovos que escorre pelos cantos da boca após uma mordida, você não foi a sintra. é sério. chegando a sintra dê uma olhada rápida ao redor, guarde um punhado de imagens na cabeça e depois corra para a fila do periquita. a outra metade do nome, travesseiro, também diz muito sobre o doce. é um pequeno travesseiro. um pequeno travesseiro recheado de uma crema intensa de uns 32 ovos. ou mais. é uma explosão de sabores. uma explosão nuclear de sabores. é um armaggedon de sabores. bem, você entendeu. a bagáça e gostosa. para você ter uma idéia como é gostosa, muita gente não consegue se decidir o que é melhor, o travesseiro ou o pastel de nata de belem. alguns, alguns tem coragem de falar em voz alta que preferem os travesseiros no lugar dos pastéis. fica aqui a sugestão. você tem amigos que te chamam de magricelo(a)? você tem um colesterol dentro dos limites aceitáveis pela medicina moderna? se você respondeu sim para alguma dessas perguntas e principalmente para a última, soque um travesseiro de sintra goela abaixo quando visitar portugal. o fêla da pulta do doce vai te adicionar umas 600 gramas de banha logo que você acabar de comer. mas tudo bem. sem dramas. é uma vez só. até porque, basta comer uma vez para nunca mais esquecer. ahhh, o travesseiro de sintra. e se você, que caiu aqui, sem querer, porque digitou no google "travesseiro de sintra", continuou lendo até aqui. té o final. mesmo não sendo este o caráio de site que estava a procura, obrigado.

terça-feira, agosto 07, 2007

pequenos diálogos em lisboa. 3

- bom dia, eu estou ligando pois vi no jornal que você está alugando um apartamento....
- sim.
- então...
- você está interessado?
- na verdade quem está interessado é meu amigo, mas ele é argentino e não entende português. por isso estou aqui meio de interprete/representante.
- ah tá. argentino?
- ele é.
- e você?
- brasileiro. mas quem vai alugar o apartamento é ele.
- argentino?
- isso, mas ele está dizendo aqui do meu lado que ele também é italiano.
- como?
- argentino e italiano.
- mas você é brasileiro?
- isso. brasileiro.
- eu sou portuguesa.
- sim. a senhora é portuguesa.
- mas o seu amigo é duas coisas?
- acho que sim. argentino e italiano.
- desculpa, pede para ele decidir e me ligar de volta.
- não entendi? decidir?
- se é argentino ou italiano.
- [silêncio] ok, mas ele não fala português.
- então pede para ele decidir e você me liga de volta. ok.
- ok.

pensamentos do dia.

- quando a temperatura bate os 40º graus aqui em lisboa todas as pessoas tem a mesma idéia ao mesmo tempo: pegar o ônibus. é uma espécie de greve dos pedestres ao contrário. ninguém fica na rua. todos ficam dentros dos ônibus.

- quando a temperatura bate 42º aqui em lisboa todo mundo liga o foda-se e fica com as camisas e vestidos ensopados de suor, sem dramas. subáca molhada. costas molhadas. calças molhadas. chega uma hora que todos trocam olhares silenciosos como concordassem entre-si: "galera, o calor tá foda, vamo deixar de putaria e vamo ficar suado mesmo. não fode. e abrem-se as torneiras."

- quando a temperatura bate os 43º graus aqui em lisboa, o carinha da loja estilosinha aqui perto da agência, aumenta o preço dos ventiladores. paguei 38 euros num ventilador grande powermakers. uma outra pessoa aqui da agência foi comprar o mesmo ventilador um mês depois, agora, no verão, e o fela da pulta cobrou 60 mangos.

quinta-feira, agosto 02, 2007

pequenos dialógos em lisboa. 2

juan christmann, um redator argentino, sósia do mel gibson em máquina mortífera 1,num restaurante se vira para o garçom e inicia um quase diálogo.

- tienes pan?
- pan?
- isso, pan!
- pan?
- isso, pan!
- pan?
silêncio de uns 7 segundos...
- tienes PÃO?
- ahhh!!!! pão.
- isso, pan!

mais ou menos como aquele espisódio do seinfeld.

tem um episódio do seinfeld em que o carinha que servia do outro lado do balcão era, digamos, ranzinza. o soup nazi. e, mesmo assim, o fera tinha filas que escorriam pelas ruas e dobravam esquinas com a mesma facilidade que uma criança ainda sem coordenação motora dobra um canudo de plástico. a sopa era boa. muito boa. por isso, o pessoal no episódio segurava a onda e a vontade de mandar o soup nazi dar meia hora de bunda, e esperava por sua vez de pedir a tal sopa. bom, aqui em lisboa tem um lugar parecido. com o mesmo esqueminha. a comida é boa para cacete e quem atende não é assim o cara mais gente boa do mundo. mas a comida é muito boa. daquelas que você levar a sua mãe para comer assim que ela pousar em lisboa. para começar, nunca, nunca chegue na porta do restaurante sozinho e diga que é uma mesa para quatro. ele vai mandar você a merda. só peça a mesa quando todos estiverem alinhados lado a lado na porta do restaurante. bom, sua mesa está pronta? prepare-se para dividí-la com um casal ou outros 4 estranhos. o lugar é pequeno então não tem essa de mesa separada, privacidade e tal. não é o lugar para ir com uma mulher no segundo encontro. ou mesmo no último encontro, quando um dos dois quer falar algo mais sério. mas a comida é fucking fuckers. então você continua a frequentar a bagáça. não tem jeito. você sentou, decida o que vai comer rápido. não fique punhetando ou o carinha que serve, vai te acertar com raios laser que solta pelos olhos. foco meu amigo. muito foco e calma. não coloque casacos ou mochilas atrás das cadeiras ou o carinha vai ficar puto. "tá atrapalhando a circulação de pessoas caráio!" algo do genêro ele vai falar e vai pegar o seu casaco e pendurar num cabide bem improvisado. mas mesmo assim você vai continuar comendo lá e recomendando. peça uma cerveja. assim: "uma cerveja!" não peça uma cerveja gelada que ele pode te olhar com ódio como quem diz: "você acha que a gente tem como costume servir cerveja quente seu fêla da pulta?" as porções são fred flintstonianas. e o preço honesto. o lugar tem poucas janelas. é quente pra caráio. mas da entrada a sobremesa fode com a sua cabeça. o nome da bagáça? cantinho do bem estar. ficar perto da praça de camões numa subida ao lado da loja da diesel. num esqueminha mais escondido que a bat-caverna. cantinho do bem estar. pessoal mau humorado. comida boa. mais ou menos como aquele episódio do seinfeld.

pequenos diálogos em lisboa. 1

dia desses no ônibus uma mulher se vira para mim e inicia um diálogo:

- as horas, por favor?!
- sete e meia (da noite)
- putz tô atrasada!... e que dia da semana é hoje?
- terça-feira.
- terça?! caráio achei que era quarta!

ou seja: a muié tava atrasada e adiantada ao mesmo tempo.