quinta-feira, setembro 28, 2006

o casal que falava no cinema.

ontem fui ao cinema numa dessas sessões das nove quase dez que acabam onze quse meia-noite e você chega em casa meia-noite e meia quase uma hora. sabe? então, estava lá eu com a minha mulher sentado esperando o filme começar. desliga celular. desliga celular. apagam-se as luzes, propaganda, propaganda, trailler, trailler, começa o filme. bom, e é aí que entra o casal que falava no cinema do título desses texto. não entendo o que leva um casal até o cinema para conversar. sussurar frases pela metade, palavras soltas e observações desconexas. o que se passa na cabeça de um fêla da pulta para sair do trabalho depois de um dia agarrado ao teclado do computador e ir para o cinema para conversar? como é que esse fêla se mete num carro, procura vaga no estacionamento, paga quase quarenta mangos para ficar trocando idéia com a esposa? deve ser uma tara. tipo esses casais que curtem se pegar no estacionamento de shopping. casais que vão a loucura no sobe e desce do elevador. os casais que falam no cinema, devem ser aqueles que só conseguem conversar lá. como os casais que só sentem tesão no estacionamento do carrefour num domingo cheio. só pode ser. depois de alguns dias em casa sem trocar uma palavra, o marido olha para a mulher. a mulher, olha para o marido e os dois juntos, em silêncio é claro chegam a conclusão que chegou a hora de voltar para o cinema. colocar o papo em dia. e lá vão os dois. o marido pesca o jornal do chão, pesquisa o cinema mais próximo e dispara na direção da garagem. a mulher não vem muito atrás. bom, o fim da história você já sabe. o casal fêla da pulta senta atrás de mim. e conversa durante o filme. naquele tom de sussuro ensurdecedor. e você, ali, na frente, no escuro, na sala praticamente cheia, não sabe ao certo com quem gritar, cuspir. o casal que falava no cinema. sempre no filme que eu vou.

terça-feira, setembro 26, 2006

o rechaud, o conjunto de fondue e "veja bem, o casal pode sempre trocar por um conjunto lindo de pratos."

lista de casamento é engraçada. é prática. é prática e engraçada. lista de casamento por definição, é uma lista com tudo que o casal quer ganhar de presente. na lista, pelo menos em teoria, tem tudo que o casal ainda não tem em casa portanto precisa. mas o que eu acho cafuzo são os presentes clássicos que aparecem em todas as listas: rechaud, por exemplo. que caráio é um rechaud. bom, eu sei o que é um rechaud. eu não consigo imaginar uma pessoa usando o tal do rechaud em casa. pra quem não sabe o que é um rechaud, é aquele negócio que todo restaurante a quilo e com buffet tem, para manter a comida morna. aquele negócio de metal que parece uma bandeija com uma mini-vela ao centro.(ou pelo menos eu acho que e isso.) conjunto de fondue é outro negócio bem quisitinho. eu ganhei um de casamento, tentei usar uma vez. difícil pra cacete fazer a pourra do fondue. subiu um fumacê, a carne ficou melada de óleo e o fogo apagava a cada dois minutos. e não é culpa dos noivos. é matemática pura. quatrocentos convidados. trezentos e setenta e seis convidados. o número de pessoas convidadas ultrapassa todo e qualquer número de presentes "normais". depois do centésimo nono presente, lá pela oitava página da lista de casamento, aparece o rechaud, o conjunto de fondue. ou seja, para dar conta dessa galera toda, torna-se necessário presentes como rechaud. dia desses fui comprar presentes para dois casamentos. a muié da loja veio com a lista na minha direção. eu olhei pra ela e comentei: "qualquer coisa útil que o casal vai usar no dia a dia, menos a porra do rechaud, não fódi." e ela, bem, ela olhou para mim e disse: "veja bem, o casal pode sempre trocar por um conjunto lindo de pratos."

segunda-feira, setembro 25, 2006

ou isso ou aquilo 3.

- pegar chuva durante três minutos sem guarda-chuva ou pegar um trânsito no conforto do seu carro por meia hora.

- sentar na cadeira do meio de um avião lotado de uma viagem de 8 horas ou sentar na primeira fila do cinema no canto esquerdo atrás de uma pilastra de um filme de 3 horas tipo titanic.

- interfone oito da manhã de domingo para avisar que a veja chegou ou telefonema de uma empresa de cartão de crédito numa quinta feira a noite durante o jantar.

- dor de dente ou bolada na saca durante uma pelada de futebol

- mancha de caneta bic no bolso da camisa durante uma reunião ou mancha de molho de tomate na calça durante um jantar romântico.

- ganhar o equivalente do seu salário em big macs ou em fatias de pizza marguerita.

- esquecer de colocar o desodorante antes de uma entrevista ou esquecer de colocar as lentes de contato antes de pegar a estrada.

- pagar 15 reais no valet parking ou andar meia hora até um beco escuro meia noite e tal atrás do seu carro.

- aprender a falar russo fluente ou apenas 20 frases bem melosas e sacanas em francês.

- perder a carteira ou se perder a caminho do rio de janeiro numa saída sinistra da linha vermelha.

- pisar em chiclete derretido pelo sol ou em cocô de cachorro congelado pelo frio.

- o que dá mais bosta: chegar em casa 8 da noite com marca de batom na camisa ou cinco e meia da manhã sem marca nenhuma com bafo de cana.

- ver a angelina jolie nua por uma meia hora ou poder tocar nela nua por 20 segundos.


quarta-feira, setembro 20, 2006

o terno, as subácas, a gravata e o sapato caramelo.

não entendo terno. o conjunto completo. o sapato caramelo, o cinto que combina, a gravata que enforca, a calça com pregas e o paletó que derrete. terno não faz muito sentido, principalmente num país em que a temperatura no inverno bate nos 34º. tente lembrar a última vez que você colocou um terno. o sofrimento. aquela sensação de estar dentro de um microondas ambulante sem o barulhinho da ventoinha do microondas. acho que os testes vocacionais de hoje em dia deveriam ter duas opções: "no futuro, você se enxerga derretendo dentro de um terno?" ou " no futuro, você não se enxerga derretendo dentro de um terno?" a partir daí tudo ficaria mais fácil. uma caráiada de profissões já seriam eliminadas com uma só canetada. o mais foda do terno é que ele vem com uma gravata de brinde. e a gravata por definição é algo que você deve apertar ao redor do seu pescoço. um nó grande, que aperta e afrouxa de acordo com a sua respiração. as vezes pego o elevador com algum vizinho de terno e fico com dó. ao ver aquela aglomeração de bolinhas de suor se formando na testa dele, me simpatizo. dou bom dia, levanto um sorriso daqueles de canto de boca e balanço a cabeça como quem diz: "segura aí campeão, tudo vai dar certo!" agora, fico imaginando a vida de um sujeito que precisa do terno todos os dias e não tem um carro dotado de ar-condicionado. a vida ganha um sentindo completamente novo. ou perde todo o sentido. dia desses fui a um casamento. de terno é claro. acho que seria difícil convencer a minha mulher que eu iria de calça de moletom e tênis adidas. para ser sincero eu sequer coloquei esse assunto na mesa. coloquei o terno e fui em frente. pensando nisso, acho que é por isso que casamento tem fartura de bebida. pro-secco, whisky 12 anos, champanhe. por causa do terno. para você ficar doidjo. para você esquecer o terno. a gravata, o cinto e os sapatos. nessa ordem. não entendo terno.

segunda-feira, setembro 18, 2006

o bem-casado.

bem- casado é gostoso, isso é um fato. não tem muito como discutir isso. duas faces de massa levemente açucaradas com uma camada de doce de leite ao centro. nem muito, nem pouco, doce de leite é, como diz o nome, doce. bem-casado tem a quantidade ideal. bem-casado é gostoso. eu acho, só acho que todo e qualquer casamento só existe por causa do bem casado. e não o contrário. convidados entram pelas portas de qualquer festa com um olho nos noivos e outro na mesa do bem-casado. embrulhado naquele papel delicado com uma fitinha de seda dourada. o bem-casado fica empilhado, contado, bem guardado por moças contratadas para ter certeza que não faltarão bem-casados. que eles não serão degustados antes da hora e que principalmente, convidados não vâo levar mais de 16 para casa. pode notar, na hierarquia dos doces não tem doce mais fucking fuckers que ele. ele é o único que vem embrulhado para presente. um presente de você para suas papilas gustativas. depois das três e tal, quando a fome chega, convidados correm sedentos na direção do bem-casado. mulheres beliscam os homens, para que estes pegarem o maior número possível de bem-casados. homens, embrigados, rasgam o embrulho no local e engolem o bem-casado sem sequer mastigar. já testetmunhei casais brigando no momento de pegar o bem-casado. na frente daquela mesa imponente coberta de bem-casados, todos os convidados entram num acordo. todos os convidados concordam que ninguém vai dedurar ninguém. que nehuma das pessoas alí presente vai ligar se alguém resolver socar 36 bem-casados na bolsa. que os bons modos são suspensos temporariamente. faz parte do casamento. todos sabem disso. é uma lei silenciosa. que todos sabem e respeitam a cada fim de casamento. o assalto da mesa dos bem-casados. a primeira coisa que a noiva pergunta no dia seguinte do próprio casamento é: "sobrou algum bem-casado?" e o noivo, ainda grogue, ao lado dela: "sobraram dois?" dois pãezinhos, circulares, levemente açucarados, com a quantidade certa de doce de leite. bem casado é gostoso.

quinta-feira, setembro 14, 2006

três pensamentos do dia.

- dia desses pedi para entregarem uma comida lá em casa. a comida chegou errada. era melhor do que a que eu tinha pedido.

- hoje pela manhã, esbarrei com a vizinha nova. ela ficou olhando para dentro do meu apartamento. fuçando-- acho que queria saber se o vizinho era algum louco desses que guarda lixo na sala ou vara as noites planejando ataques. a primeira oportunidade que eu tiver, a noite, vou colocar bem alto-- aquele canal árabe de notícias - al jazeera. aquele em que os terroristas sempre dão um alô. só pra cafuzar a cabecinha dela.

- roubaram o rádio do meu carro. mas só a parte da frente. é como se o fêla da pulta tivesse roubado só o pé esquerdo do meu tênis que eu deixei na areia-- quando fui dar um mergulho na praia. entrei num loja de som e perguntei: "vocês vendem só a frente do rádio? um rádio pela metade." ela não respondeu.

quarta-feira, setembro 13, 2006

três pensamentos do dia.

- quando eu era pequeno, não sabia que existiam contas para pagar. confesso que quando minha mãe gritava de longe para eu apagar a luz do quarto, eu ignorava. não tinha idéia como eu tava fodeindo a conta de luz dos coroa.

- um toddynho nunca é suficiente. já dois toddynhos é muito. deveriam lançar a embalagem de um e meio toddynho.

- entregador de pizza nunca pede pizza em casa-- para não levar trabalho pra casa.

segunda-feira, setembro 11, 2006

três pensamentos do dia.

- eu tenho uma camisa amarelo água que não combina com nada.

- é mais difícil cancelar uma mensalidade de academia de ginástica do que fazer mil embaixadinhas com uma bolinha de tênis.

- está rolando um apartheid na minha cabeça. na frente, do lado direito, está ficando grisalho, predominantemente branco. mas ao redor, todos os cabelos são pretos. por algum motivo, eles não se misturam. ou eles se entendem, e param com essa putaria ou eu pinto tudo de uma cor só. grecin 2000 nele.

20 minutos.

dia desses resolvi me inscrever numa academia. aqui do lado do trabalho. o acesso era fácil, o elevador vizinho da garagem, o pessoal simpático. só tinha um problema. a caráia da esteira tem um limite de tempo, 20 minutos. cada pessoa só tem o direito de ficar 20 minutos na esteira. mais uma vez, 20 minutos. se você ultrapassa esse tempo, a máquina pára, e alguém, que já está aquecendo atrás de você, limpa a garganta como quem diz "não fódi, pula logo desta bosta que é a minha vez." bom, na primeira vez eu achei que talvez no dia seguinte estaria mais tranquilo. que a esteira seria uma pouco mais flexível. que eu poderia pelo menos suar um tantinho. estava completamente enganado. mas tão errado que no dia seguinte era eu que estava ali, atrás de um tiozinho tossindo para ele ceder o lugar na esteira. no terceiro dia, ciente que ia ficar na fila, pelo menos 20 minutos, procurei aparelhos alternativos, fiz remo, transport e bebi água no bebedouro, quatro vezes, para matar o tempo. no quarto dia eu não fui. no quinto, também não. fui no sexto, mas só sobrou uma bicicleta. na semana seguinte eu acordei seis e tal da manhã, cheio de sono. muito sono. com uma certa raiva de uma academia que cobra uma fortuna por 20 minutos de esteira.acordei com os óio sangrando, joguei meio litro d'água gelada no rosto para acordar, coloquei o short adidas surrado, aquele new balance mofado do fundo do armário, respirei fundo e abri a porta de casa. fechei. sentei na cozinha, olhei pela janela, o dia ainda estava escuro. o sol ainda não tinha apertado o "soneca" do seu alarme nenhuma vez. e, ali, entre goles de café forte, fiquei namorando o relógio da parede da cozinha. depois de 20 minutos eu desisti.

quinta-feira, setembro 07, 2006

tres pensamentos do dia.

- cada grau a menos de temperatura, mais 30 minutos na cama. exemplo: hoje tava uns 10 graus. ontem uns 12. ou seja, hoje demorei mais uma hora para sair da cama.

- o roger federer quando joga tênis parece que está jogando xadrez.

- uma tiazinha no supermercado comprou um pacote de salsichas e um pacote de pão de forma. um negócio estranho. afinal, ou ela comprava pão de cachorro quente e salsicha ou pão de forma e requeijão. queria perguntar, mas não tinha intimidade.

o feriado de quinta.

feriado numa quinta feira é traiçoeiro. encurta a semana quase pela metade.você fica mal acostumado. acorda tarde na quinta, acorda mais tarde na sexta. ainda mais tarde no sábado, e quando você menos espera, lá está você acordando domingo quase quatro da tarde. aí vem a segunda. a nova semana. e a nova semana está cagando baldes que você acordou tarde no domingo. que você não trabalha desde quarta. a nova semana é impiedosa. começando com a segunda, quando você ainda estiver bocejando em seqüência, ela vai te apresentar algum problema. ou alguma ligação, daquelas longas. não me entenda errado o feriado numa quinta feira é muito bem vindo. muito querido. desconheço que não gosta. mas ele te fode. deixa você despreparado fisicamente para a próxima semana. o feriado de quinta faz com que você só se recupere lá pela quarta feira da próxima semana. segunda feira você fica cambaleando de sono. na terça um pouquinho menos. aí, na quarta, na quarta você acorda. e é nesse dia, que você fica pensando como é bom não ter que trabalhar numa quinta feira. como é bom um feriado numa quinta feira. como o de hoje, por exemplo. traiçoeiro, mas que de vez em quando, faz muita falta.

quarta-feira, setembro 06, 2006

são pedro, o porre, o conselho e a volta do inverno.

algumas pessoas preferem o calor. eu prefiro o frio. calor derrete. frio congela. no calor você depende exclusivamente do ar condicionado para sobreviver. no frio, um casaco pesado segura a onda. no calor, você sua bicas. no frio, bem no frio você não sua, fica imóvel, quase parado. o frio permite extravagâncias como fondue, vinhos e pratos fartos. no calor, é cerveja, saladas e frutas. é claro que tem limite para o frio. frio assim, como está na cidade de são paulo também é uma bosta. até porque, o inverno foi quente pra cacete. muito quente. lojas dando casacos como troco. liquidações de 90% em alguns lugares. aquela sensação estranha de que meio mundo está te sacaneando, que não é inverno porra nenhuma, que já era verão e todos faziam parte da maior pegadinha da história da humanidade. bom, eu tenho uma outra teoria. é, acho que num belo dia, depois de várias cervejas, são pedro, acidentalmente esbarrou na manivela que troca as estações. sem querer, mudou a alavanca de inverno para verão escaldante. e, bebâdo, não poderia assumir o erro, ficou alguns dias, algumas semanas disfarçando a cagada lá em cima, enquanto meio mundo, nós do hemisfério sul, derretíamos aqui na terra. mas a situação ficou crítica quando são pedro notou que com a proximidade do verão, ele teria que mudar novamente a estação, e aí sim sua cagada, aquele fatídico dia em que ele tomou algumas cervejas a mais seria descoberto. bom, sentado nas nuvens, observando nós terráqueos, são pedro, resolveu se abrir com um anjo que passava. contou a história toda. as cervejas. o dia em que ele esbarrou na manivela e pulou, sem querer, o inverno. e de como o verão estava chegando e ele ficaria sem saber como mudar de estação já que o mundo já estava derretendo com o calor da cagada dele. bom, o anjo pensou, mas pensou pouco, porque o conselho que ele deu foi bem mais ou menos. o anjo sugeriu que são pedro pegasse todo o frio que nós deixamos de sentir com a falta de frio no inverno e colocasse tudo de uma só vez num espaço de uns cinco dias. assim, pensava o anjo, ninguém jamais iria esquecer o frio que passou no ano de 2006. noites de 6 graus. dias com 8. ventos cortantes. e o anjo estava certo, fêla da pulta. está fazendo tanto frio na cidade que todos se lembrarão do inverno de 2006. o inverno de cinco dias. os cinco dias que valeram por dois meses. são pedro agradeceu o conselho e em troca convidou o anjo para tomar um chopp. "vou tomar um só, prometo, pra não fazer cagada de novo. talvez dois." e lá foram eles, rindo, alegres, afinal o inverno finalmente chegou. as pessoas tiraram seus casacos do armário e as receitas de fondue das gavetas.

sexta-feira, setembro 01, 2006

quando

quando uma pessoa fala "vamos por etapas", fodeu, o negócio vai demorar.
quando uma pessoa fala "veja bem dotô", fodeu, alguém quer te foder em algum negócio.
quando uma pessoa fala "eu posso falar com o meu gerente", fodeu, você vai pagar mais caro.
quando uma pessoa fala "você trouxe a terceira via com firma reconhecida", fodeu, você terá que entrar novamente na fila.
quando uma pessoa fala "a empada não saiu agora, mas tá fresquinha", fodeu, a empada não saiu agora e não está fresquinha.
quando uma pessoa fala "ôpa, bom dia" no elevador do seu prédio, essa pessoa não te conhece, mas como o elevador é pequeno, ela é obrigada a falar com você.
quando uma pessoa fala "vamos estar vendo", ela trabalha na central de atendimento do unibanco.
quando uma pessoa fala "precisamos conversar", fodeu, essa comversa vai longe, muito longe.