quinta-feira, janeiro 31, 2008

a teoria dos ovos mexidos.

comi hoje cedo ovos mexidos no hotel em que estou. já notou como todos os hotéis do mundo têm o mesmo negócio de ferro com aquela tampa redonda socado de ovos mexidos dentro? e quase sempre, tem o mesmíssimo sabor? mas não era sobre isso que eu queria falar. mas da teoria dos ovos mexidos. a razão por sua existência. e baseado numa experiência própria. eu não consigo fazer um ovo estrelado em que a gema não quebra. não consigo. tentei 100987 vezes e acertei umas 6. em todas as outras, os dois ovos estrelados viraram mexidos. meti o colherzão no meio e pimba, transformei o acidente num ovo mexido. tenho certeza que ovos mexidos nasceram assim. das mãos de alguém com pouquíssima habilidade com uma frigideira. só pode ser. não tem outra explicação. ok, existe. a preguiça. a preguiça de ficar lá tentando fazer o ovo estrelado perfeito. com a clara quase 100 por cento cozida e a gema quase mole. é foda atingir essa perfeição. conheço umas duas pessoas no mundo que conseguem um ovo sem a melequinha na clara e a gema quase mole. pensando bem, acho que não conheço ninguém. então é isso, ou foi por acidente ou preguiça. a teoria dos ovos mexidos.

o gps de lisboa.

todos os taxis tem gps em lisboa. alguns carros também. mas o meu gps é diferente. não é um dispositivo eletrônico que se compra na fnac. não. o meu gps é muito simples. é o trilho do eléctrico. em lisboa, os trilhos permanecem colados no asfalto desde sempre. e como você sabe, trilhos estão lá para levarem algum veículo ao seu destino. então é fácil. estou perdido em lisboa. olho para o chão, busco os trilhos e vou atrás. dia desses com um carro, perdido, mas perdido com vontade de chorar, me salvei com os trilhos. olhei para o chão, trilho. olhei para a plaquinha acima, eléctrico (bondinho) 28. ou seja, aquele trilho era o trilho do 28. e eu estou cansado de ver o 28. sei por onde ele passa. seu trajeto. segui o trilho e em uns 10 minutos estava de volta a civilização. se você tem uma disfunção como eu, em que não consegue decorar mais do que 4, 5 caminhos no hd do seu cérebro e mora em lisboa. foco nos trilhos.

dieta da proteína e a vitrine de pastéis de nata.

não faz muito sentido. poder comer toda a carne, queijos, ovos e frios que você quiser. não faz sentido nenhum. mas funciona. já li a teoria por trás da história toda, mas não deixa de ser estranho. bom, depois de 9 meses em portugal comecei a sentir o efeito de todos os pastéis de nata, porco preto etc e tal. uma das minhas calças jeans me dedurou. uma camisa de botão também. todos os botões. aí fucei na internet e parti para o esquema das proteínas. quem sabe não funciona mais uma vez. um, dois, quem sabe até uns três quilinhos. mas foi ao passar por uma vitrine dessas de lisboa coberta com pastéis de nata, aqueles com a casquinha levemente queimada que cheguei a conclusão que a dieta da proteína que resolvi seguir-- não tem nenhum lado estético. não é para ficar com uma barriga mais retinha. não, é para que eu possa fazer um rewind no tempo e comer novamente, uma segunda vez, tudo aquilo que experimentei em portugal desde que cheguei. faz sentido. a dieta é que não faz muito.

12 horas, o truque e o avião.

pegar um vôo de 12 horas não é lá fácil assim. 12 horas são 12 horas. peguei ontem um desses. depois de uma conexão. mas desde sempre descobri um truque para fazer o tempo passar mais rápido. não é optar pelas duas taças de vinho quando o carrinho da comida passar. não. o truque é mais simples. é não dormir na noite anterior. parece bobo, mas funciona. primeiro saia para jantar. depois assista um filme. quando um dos olhos ameaçar a fechar, coloque um outro filme. tem que ser um drama, tipo babel. daqueles que você precisa ficar acordado para entender os flashbacks. aí quando você olhar para o relógio e ver que já são quase 3 da manhã, abra uma garrafa de vinho. tome uma, duas taças. uma sobremesa talvez. tente convencer a sua mulher que é importante ficar acordado. esta talvez seja uma excelente oportunidade para colocar o papo em dia. coloque o papo em dia rapaz. quando estiver prestes a amanhecer. você vai dormir. de pança cheia. um pouco alegre pelo vinho e com mais uns dois filmes e meio no hd do seu cérebro. isso é bom, porque o alarme vai tocar em uma hora. você vai levantar meio grogue. faz parte do plano. aí você vai para o trabalho. com o mesmo ritmo de sempre. ah, deixe a mala pronta em casa antes de sair para o trabalho. você vai passar esse dia meio zumbi, morto-vivo. mas tudo bem, faz parte do plano. aí meu amigo, quando chegar a hora de embarcar num vôo de 12 horas de duração, assim que você encostar na cadeira do avião. o seu corpo inteiro aplaude e dorme até o piloto anunciar que o vôo está prestes a pousar. funciona sempre. ah, mais uma dica, faça duas, três vezes xixi antes de sentar na cadeira do avião. porque se você tiver que acordar no meio da noite para encarar uma ida ao banheiro no avião, pode foder o esqueminha. e talvez não consiga mais dormir. bom, taí, como dormir 12 horas seguidas. e fazer de um vôo de 12 horas a maior moleza da história.

terça-feira, janeiro 29, 2008

barba por fazer e o emprego.

deixei a barba por fazer como quem quer parecer que não faz a barba desde segunda. isso, se for quarta feira. aquela barba de dois, dois dias e meio. emagrece,alguém me disse: "vai por mim, perdi quase um quilo quando deixei a barba assim." ou pelo menos é o que algumas pessoas acham. bom, e lá estava eu hoje andando pelo chiado aqui em lisboa depois do almoço com a minha mulher quando ela encontrou um conhecido. ela me apresentou. aperto de mão. olá. olá. tchau. tchau. e quando estávamos nos despedindo mesmo, nos finalmentes. cada um para um lado. ele para a direita da rua e nós dois para a esquerda, ele comenta baixinho, educadamente, para a minha mulher: " é, o seu marido está precisando de um emprego... eu conheço algumas pessoas...." ela agradeceu e disse que não, que eu estava empregado e tal. e foi aí, que eu descobri que a barba de dois, dois dias e meio tem dois efeitos. primeiro, como meu amigo disse: tira quase um quilo da sua fisionomia. esconde as bochechas. e agora, como fui informado hoje, a barba por fazer me deixou com a aparência de quem passa o dia como diríamos no brasil, coçando o saco. num estado de férias permanente. deixei a barba por fazer como quem quer parecer que não faz a barba desde segunda. amanhã eu faço.

o truque da panelinha de cobre.




não sou zura, egoista. nenhum pouco. muitas vezes sou até um péssimo pesquisador de preço. e pago mais, sem querer é claro, por algum produto zambers. mas hoje fui almoçar num lugar que vou de vez em quando. aí vi no cardápio "ovos estrelados com presunto ibérico". o preço era o mesmo de um prato fucking fuckers. beleza. fiquei curioso. aí o prato chegou. um ovo estrelado, duas fatias de presunto e batatas fritas embaixo dele. matei em uma, ou talvez duas garfadas. ok, matei em três, três garfadas. não devolvi o prato é claro, era o que estava escrito no cardápi: ovos estrelados. e foi ao olhar para a caráia do prato em era servida a comida para entender o porque do preço. a panelinha. uma panelinha de cobre. mini paneliinha que finge ser um pratinho. toda cheia de estilinho. estava lá não pagando pelo ovo que já não existia no meu prato. mas pelo estilo. pelo simples gesto de estar almoçando não com um simples prato na minha frente. não, uma panelinha de cobre. esse é o truque da panelinha. se você ver alguma saindo da copa, da cozinha na direção do salão, pergunte para o garçom que prato é aquele. aquele que ele estava segurando e é servido naquela panelinha tão bonitinha de cobre. aí, quando ele revelar o nome do prato. você pde outro.

o ac/dc e o darwin.



quando eu era moleque tinha uma caraiada de lps de bandas de rock. depois passei a ter cds, o que eliminou grande parte dos lps. o que aconteceu, foi que eu substitui os lps que eu mais gostava por cds dos mesmos. e neste processo, claramente, alguns lps não ganharam um espaço na minha estante em forma de cds. o que é natural, afinal alguns lps eram de bandas que eu já não gostava tanto. aí o tempo passou. os cds, é o cds começaram a passar pelo mesmo processo dos lps. começaram a ser substituidos por mp3s. arquivos de mp3. um formato digital que se vive no seu itunes e naquele ipod que você tem ligado a algum som de casa. e aí, chegou a vez de alguns cds não ganharem espaço no meu hd. a falta de memória ou mesmo o bom senso faz com que você eleja apenas aqueles antigos que você realmente mas realmente gostava mesmo. então tem uma caráiada de cds que não existem mais hoje no meu computador ou mesmo no ipod lá de casa em forma de mp3. e vendo assim, fazendo um rewind, indo e voltando. 1980 e tal. 1990 e tal. e até hoje em dia, cheguei a conclusão que existe uma banda que conseguiu passar os últimos vinte e tra lá lá por perto. seja como lp, cd ou mp3. o ac/dc. a banda mais fucking fuckers de todos os tempos. mete um "who made who" no itunes e um repeat para sentir o drama do negócio.

mojito e a mesa que você não tem reservada no lucca de propósito.




não sou lá assim fã fã do mojito. gosto. o que é diferente. mas tenho notado que as minhas papilas gustativas passaram a apreciar bastante tal bebida com origem cubana. acho que foi quando o meu cérebro mandou a mensagem de que ele, o cérebro, estava farto, das caipirinhas e sua prima caipiroska. não sei ao certo que dia foi, mas certamente teve um dia que depois e um gole em uma caipiroska, devolvi o copo para a mesa. caipirinha, e caipiroska para quem nasce e vive a grande maioria da vida no brasil-- são as bebidas fortes, digamos oficiais. ou seja você toma muita vezes. e as chances de enjoar, bem, são grandes. e é aí que entra o mojito. com as sua quantidade farta de folhas de hortelãs. tanto hortelã para deixar qualquer koala com inveja. taí, se o koala fosse aceito na nossa sociedade, pediria sempre um mojito no seu happy hour. mas voltemos ao mojito. aqui em portugal, o mojito, é vizinho no cardápio da caipirinha. encontrei ele na linha logo abaixo. bom, aí eu resolvi escrever aqui o lugar do melhor mojito que eu já tomei em portugal. em lisboa, pelo menos. fica lá no restaurante lucca. italiano meio moderno e sempre cheio. e que por ser assim, tão cheio, sempre convem pedir um mojito enquanto você espera pela sua mesa. um mojito enorme. com gelo picado por uma britadeira. e folhas de menta verde daqueles de quando o hulk fica um tanto nervoso. faz o seguinte, dê um pulo no lucca. sem reserva mesmo. a chance de você conseguir uma mesa é praticamente zero. aí, quando o maître disser que não existe mesa para aquela noite. você aterriza o cotovelo direito sobre o balcão diz: "não tem problema." e pede um mojito. o bom desta cena é que como você não vai estar ansioso para sentar e jantar, vai poder aproveitar o mojito do lucca com mais tranquilidade. vai por mim. mas também, se você não curtir o tal mojito não fique magoado (a) comigo afina como eu disse lá em cima na primeira linha: não sou lá assim fã fã do mojito. gosto. o que é diferente.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

o dia a dia a dia a dia.

sou contra rotinas. mas ao mesmo tempo sou fã fervoroso delas. explico. sou contra rotina imposta por coisas que você não tem lá assim muito controle. exemplo: pegar o trânsito todos os dias, é uma rotina que dá no saco. você precisa seguir ela pois sem ela você não chega no trabalho. se não chegar ao trabalho não recebe o seu salário e sem o salário, não paga as contas. simples assim. mas gosto de rotinas daquelas que é você o grande responsável por elas existirem. exemplo: ler o jornal no sábado pela manhã. ou, tomar dois cafés todas as manhãs. o primeiro com leite, o segundo sem. não troco essa rotina por nada. não importa por exemplo se eu estou na china, em portugal ou no brasil. sempre dou um jeito de me cobrir de jornais num sábado de manhã. rotinas assim, dessas em que você é o responsável, são importantes. são elas que definem sábados pela manhã, domingos fim de tarde e terças de feriado. rotinas ruins e as boas. as duas são igualmente importantes. a primeira é uma bosta. mas faz a segunda ficar muito mais legal. experimente abrir um jornal novinho daqueles cheio de cadernos num sábado pela manhã para entender o que eu estou falando. mas tem que ser um jornal novinho e com um café daqueles que solta fumacinha. e aí, quando você estiver socado, preso numa sala de reuniões, numa parte da rotina ruim, você pensa no sábado. e lembra do jornal.

a sobremesa que mais trabalha no mundo.




a bola de sorvete de baunilha. o gelado de baunilha aqui de portugal. o vanilla dos eua e de onde o inglês é falado. a bola de sorvete de baunilha é a sobremesa que mais trabalha sem dúvida. você pode até argumentar que o bolo de chocolate, a torta de mousse, ou qualquer outra variação achocolatada esteja mais presente. o que pode ser verdade em alguns lugares. mas na esmagadora maioria das vezes não passa de um caso isolado. muito isolado. se em portugal se come o leite de creme, na frança o creme brulê e no brasil o quindim e a própria mousse, a bola de sorvete de baunilha estará sempre lá. sempre. sempre como coadjuvante. ou como terceiro ingrediente do pacote. não tenha dúvidas. basta passar o dedo indicador por qualquer cardápio de sobremesa para comprovar essa teoria. as vezes, só as vezes, para dar uma mão para sobremesas menos queridas, experimento outras. assim, quase sem querer dou uma folga. um dia pelo menos para a bola de sorvete de baunilha. tenho um pouco de pena da bola de sorvete de baunilha. coitada. é comida, devorada com bolos, tortas, mousses, caldas, biscoitos ou mesmo sozinhas. em dupla, tripla, as vezes num pote inteiro. ela sofre. quem mando a fêla da pulta ser gostosa assim.

o truque ben harper.

o truque ben harper no momento em que ele acontece.


nada contra o ben harper. curto. acho legal. tenho lá o fera no meu itunes. aquela "diamonds on the inside" tem uns 726 no play count. ou seja, gosto. mas agora com essa música nova da vanessa da mata "boa sorte/good luck" que toca sem parar na rádio, cheguei a conclusão que existe um truque do ben harper. é um truque relativamente simples mas que funciona sempre. um leve dedilhar no violão. nunca guitarra, só violão. um chocalho de leve por trás. e um leve ar de improviso. descobri e esmiucei o truque ao escutar repetidas vezes essa música ("boa sorte") e a música "hight tide or low tide" em que ele faz um dueto com o jack johnson. está lá o violão. o leve dedilhar quase que as mesmas notas, o mesmo timbre e o improviso na hora de cantar. eu chamo de truque e não de "cantar" porque todos os duetos do cara tem o mesmo climão de sábado pôr de sol com uma caipirinha pela metade. o truque ben harper simplesmente diz que a combinação do dedilhar de violão, o jeitão que o ben harper "atropela" seu parceiro no dueto ou parceira e o chocalho--- fazem com que todas as músicas dele tenham o mesmo som de pôr do sol de sábado a tarde. o lado ruim é que tudo fica meio parecido.eu sinceramente quase não sei nenhuma música dele por nome. sei que é ele lá do outro lado. só não sei que caráio é o nome daquela música. o lado bom, é que sem querer, depois de escutar uma música em que ele faz esse truque, você fica com a sensação de que está de bem com a vida. mesmo quando está com algum prazo de algum trabalho estourado. e sempre se sente como se estivesse com os dedos dos pés na areia da praia.

o msn. o ladrão de tempo. o ali babá do tempo. o ladrão mais fucking fuckers do tempo de todos os tempos.




existem ladrões que roubam jóias. esses são mais comuns em filmes de ação. os ladrões dos jornais roubam com mais frequência os bancos. ou os turistas desatentos no calçadão da praia de copacabana. mas ladrão mesmo, daqueles que merecia prisão perpétua é o msn. o messenger. aquele que fica piscando no canto da sua tela. que quando chega uma mensagem, apita. o msn rouba tempo precioso. rouba horas. já me roubou dias inteiros. e o mais engraçado do msn é que ele é um ladrão que continua roubando e que mesmo assim a gente continua abrindo a lojinha para ele roubar. chega a ser irônico para dizer o mínimo. o fato de todos continuarem acessando ele, mesmo sabendo que no final do dia você vai voltar para casa com minutos a menos num dia bom. ou horas perdidas, quando o roubo é dos grandes. enquanto eu escrevo este textinho, por exemplo, entrei no msn umas seis vezes. e lá se foram uns vinte e tal minutos. reunião de empresa não se compara. fila de cinema em dia de estréia também não. sala de espera de dentista. nada, nada se compara ao tempo que escoa pelos dedinhos enquanto você entra em contato com o mundo pelo msn. ele rouba o seu tempo. que simultaneamente rouba dos outros. e por aí vai. cheio de testemunhas dos assaltos e continua lá, livre. piscando no canto do seu computador. como quem diz, assim mesmo, sem muitos escrúpulos: "passa trinta segundos aí porra! caralho, entrega logo antes que eu resolva roubar o seu dia inteiro..." e aí você clica no ícone, responde a pergunta de um amigo. ou é você mesmo que pertuba alguém e lá se vão mais preciosos minutos.

www.pocketmod.com




esse é o palm de papel. se você imprimir e seguir as regrinhas de como montar terá em mãos um organizer desses fucking fuckers feito sob medida para você. é do caráio. recomendo. cabe no bolso. custa zero euros. e é reciclável. agora o melhor: se você colocar no mesmo bolso em que você leva o seu celular ou telemóvel, é como levar um iphone no bolso. ou quase.


o endereço em que você pode imprimir o seu iphone de papel é esse aí do título.

terça-feira, janeiro 22, 2008

as cabras e o queijo


- as cabras de portugal sabem de alguma coisa que as outras não sabem. o queijo daqui é muito muito muito, tipo assim, quatro muitos mais saboroso do que em outros lugares.

- o queijo amanteigado por exemplo está ali, encostado no primeiro lugar, colado com aquele quarteirão com queijo que existe apenas e somente na sua memória de quando você tinha 11 anos. e depois da escola.

- e o mais legal é quando você pede sem querer presunto achando que vem presunto como no brasil, e vem o presunto que em portugal é o equivalente ao nosso presunto de parma. é um dos melhores erros do mundo. você sem querer comer o queijo de cabra português com o presunto.

- em alguns supermercados é possível ver as pessoas que entendem, cheirando apertando, levando queijo perto do olho. queijo é um negócio sério aqui. já vi pessoas brigarem por um pedaço zambers. a tiazinha olhava para a outra e com olhos marejados falava em câmera lenta: "é meuuuuuu!" e, se você já comeu um dos bons, entende.

petróleo



agora a máquina já funciona. estávamos prestes a devolver quando eu e juan, olhamos para a máquina e falamos quase juntos:
- e se a gente tentasse mais uma vez?
explico. tivemos umas 26 vezes frustrados com o líquido que insistia em não descer. a máquina ia ser devolvida. a tristeza batia a porta. e a gente tentou mais uma vez. uma só.
- funciona! funciona! funciona! caráio, funciona!
me senti como naqueles filmes antigos em que as pessoas furam o chão e encontram petróleo. só que um tiquinho mais emocionante. mais ou menos isso. e o juan, com lágrimas nos olhos continuou a gritar:
- funciona! funciona!!!!
acho, sem querer exagerar-- que foi um dos momentos mais emocionantes da história da humanidade. ou pelo menos era o que os berros do juan transmitia para a população de lisboa naquele momento.

moleskine, a agenda que não deu certo



moleskine é muito arrumadinha. tudo no lugar. e o mais foda é aquele papo de que o hemingway escrevia nela durante as suas viagens de trem. ele e mais um monte de fodalhão. todos os caras que você já leu na escola ou que parece ser legal falar que você leum, bom, quase todos eles escreviam pensamentos, num moleskine. ou essa é a idéia que aquele papelzinho que vem dentro quer passar. como o moleskine é fucking fuckers. como o hemingway se inspirava. e esse é o maior problema. sempre que eu pesco uma caneta para anotar uma idéia, um compromisso, um telefone, penso seis vezes antes de escrever. eu penso: "será que o hemingway escreveria algo assim?" "será que esse telefone da gerente do meu banco vale a pena ficar imortalizado no caderninho dos caderninhos?" e acabo desistindo. já comprei uma caráiada deles. o que eu posso fazer, o negócio é bonito e vomita estilo e bom gosto. mas não consigo escrever direito. tem sempre um hemingway flutuando sobre o bloquinho como quem diz: "ô, vê lá o que você vai escrever em seu mané, eu escrevi pensamentos muito do caráio aí..."

run forest. run caráio. mais rápido pourra.




canso de ver pessoas correndo para pegar o ônibus ou autocarro aqui. os caras, os motoristas não param. não desaceleram. nunca. a regra é clara, se não se encontra em pé debaixo do sinal do ponto, o cara não pára. dá uma pena, você vê o cara correndo como se estivesse escapando de aliens no último dia da terra. você vê senhores com a respiração falha. eu mesmo já até fisguei um músculo correndo, perseguindo um buzum e o cara não parou. consigo entender. faz um pouco de sentindo. se ele parar para todo mundo, a cidade pára. ninguém chega ao trabalho. dá para entender mas é no dia que acontece com você, que dá um dor, uma pontada no canto do cérebro e ou do coração. "porque?! porque!? você não pára! pelo amor de deus....." mas o motorista precisa ser forte. precisa olhar em frente. e deixar os atrasados para trás. aqueles que apertaram o botão do soneca não uma, mas três vezes. aquele que demorou para sair do chuveiro. aquele que naquele dia vai ter que chegar atrasado no trabalho, suando, mancando com um músculo fisgado e dizer: "eu corri, eu tentei, mas ele, o motoristo do 758, não parou...eu juro." e as pessoas do seu trabalho vão olhar para você e pensar: "também canso de ver gente correndo para pegar o ônibus ou autocarro aqui. os caras, os motoristas não param."

dark chocolate com laranja caramelizada e aí fodeu.

a receita para destruir o seu maior inimigo na disputa por uma menina: dark chocolate com laranja caramelizada da haagen dazs. é um desses sabores que chegam e somem com a mesma velocidade. edição especial diz o poster da loja aqui do chiado. e digo que este sorvete é a arma mais fucking fuckers para destroçar um oponente porque é impossível parar de comer. não dá. é bom para cacete. não são lascas da mesma laranja que usam para fazer aquele suco com bagaço. não meu amigo, é a prima chique dessa laranja. cristalizada. é a laranja mais fodidona do pedaço. cuidado. se você morar perto de uma haagen dazs, não vá. sério. é perigoso. você pode comer até explodir. ou pode ser bem fêla e comprar uma caixinha daquelas para viagem e mandar entregar na casa de alguém que você deseja ver triplicar de tamanho em questão de horas. é mais ou menos como aquela morte da "gula" do filme seven. mais ou menos não. é igual.

evel knievel e a minha lambreta.




dia desses bateu as botas o evel knievel. para quem não sabe, o evel knievel saltava carros com motos. saltava caminhões. saltava precipícios. saltava tudo. o cara não tinha medo de nada. deve ter quebrado uns 70 ossos no corpo. o fêla devia ter o equivalente ao peso do corpo em placas de titânio. bom, o cara bateu as botas. o cara que eu sempre julguei invencível. unbreakable. o herói dos heróis. triste. mas zuzo bem. e foi o evel knievel ter batido as botas que me fez pensar. pensar sobre o fato de eu ter comprado uma motoca. bom, certa vez com as ruas quase molhadas de lisboa levei um mini tombo. mas nini mini mesmo. estava devagar, bem devagar. acho que não passava de 18 kms por hora. escorreguei a lambretinha no trilho e pimba. "você quer que eu chame uma ambulância?" "você está bem?" "ele apareceu de repente..." levantei rapidamente, já recolhendo a motoca da rua, levante o dedão como quem diz: "ok!" e continuei em frente. não aconteceu nada. ralei o quadril e o cotovelo. e só. mas fiquei cagado desde então. a motoca tinha 80 Kms rodados. olhei hoje o mostrador, ela está com 86. ou seja, desde o mini tombo, andei mais 6 km. e agora com a notícia que o evel knievel bateu as botas, decidi me aposentar quase que permantemente das pistas. não faz sentindo saltar calçadas, faixas de pedestres (passadeiras) e trilhos do elétrico se o evel knievel não vai mais fazer o mesmo. o cara que era super fucking fuckers deixou as pistas, farei o mesmo. eu e a minha imitação de vespa que na velocidade máxima chegava nos 46 km/h. e isso nas descidas. ahhh, a emoção de passar por cima de uma pedrinha na rua. as mãos suando. a respiração ofegante. e por falar nisso, o capacete todo embaçado. abandono as pistas com a mesma velocidade que entrei. em homenagem ao evel. e é claro, por causa do meu cagaço agora crônico.
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quinta-feira, janeiro 17, 2008

como investir o seu dinheiro.



aqui na empresa em que eu trabalho, cada funcionário ganhou um din din ao final do ano. é uma espécie de tradição. cada ano da empresa equivale a um dólar. 72 anos, 72 dólares. cada ano que passa, mais um dólar. uma tradição muito bacana se você pensar. e que acontece na véspera do natal. bom, e como os 72 dólares chegaram meio assim de presente, não sabia o que comprar. compro um presente? guardo embaixo de um colchão? alguém teve uma idéia. não sei quem foi. mas alguém teve a idéia: "e se todos juntarem o din din e comprar uma máquina de tirar chopp, imperial em casa? e a gente coloca na empresa?" meio milésimo de segundo depois, todos concordaram com a idéa. todos. a máquina chegou hoje. está em uma das salas de reuniões. ainda não consegui colocar a bagáça para funcionar. mas, só o fato de ela estar numa de sala de reuniões, tem um impacto psicológico impressionante. em outras palavras, se você me perguntar no que investir o seu dinheiro, eu não diria ações da petrobrás ou da vale do rio doce. muito menos, euro, ouro ou dólar. também não diria para você colocar em um fundo de investimento. nunca. diria que o melhor, e único lugar para se colocar o seu suado dinheiro, é numa máquina de tirar cerveja no trabalho. que mesmo antes de funcionar, consegue deixar você com a estranha sensação que você não está no trabalho, por mais que tudo ao redor, indique que sim.

o pequeno almoço.

de todas as expressões, palavras-- portuguesas diferentes do português falado no brasil, a que eu, pessoalmente mais curto é o pequeno almoço. para quem não sabe, se trata do café da manhã. pequeno almoço é o café da manhã aqui em portugal. ou seja, quando você entra num hotel e pergunta se está incluido o café da manhã, deve se referir ao almoço no diminutivo. e porque eu acho do caralho o pequeno almoço? porque é literal. e auto explicativo. e curioso. um pequeno almoço. uma pequena porção daquilo que você vai comer mais tarde entre meio dia e duas da tarde. o pequeno almoço aqui em portugal não é farto como o dos americanos. os americanos com certeza não entenderiam que caráio is a small lunch. mas para mim faz todo o sentindo. logo pela manhã eu não como filé com fritas. como apenas uma torrada com duas passadas de manteiga e dois copos de café, um deles as vezes com leite. pouco leite. nada mais. uso um prato pequeno. do mesmo conjuto do prato grande que eu uso no almoço. mas menor. prepara você para o almoço. não deixa você comer demais. comeu demais, deixa de ser pequeno, e estraga o apetite para o almoço de tamanho normal. pequeno. e o melhor, se você trabalha num hotel, não periga levar um esporro do tipo: "que caráio de café da manhã minuatura ou what the fuck is up with this small breakfast? cadê o bacon? where's the scrambled eggs..." o atendente pode simplesmente dizer: "é um pequeno almoço senhor. nada mais. nada menos. não exagere.

uma teoria sobre as quintas feiras



a quinta feira é o melhor dia da semana. que me perdoe a sexta e o sábado (e até o domingo) que sempre acham que vão levar este título assim de mão beijada. sem precisar cuspir uma só gota de suor.explico: a sexta-feira vem antes do sábado (que vem antes do domingo), só aí, já te fode um pouco. porque? você não dá tanto valor para ela. você pensa: "ah, amanhã é sábado, posso sair amanhã. hoje posso ficar em casa coçando a sáca..." colocar dois dias tão bons lado a lado, consecutivamente como a sexta e o sábado, causa uma overdose de exposição a dias bons. é como jantar dois dias seguidos nos dois melhores restaurantes do mundo. você com certeza apreciaria mais se, estes dois jantares estivessem separados por uma semana. daria mais valor. a cabeça do ser humano é foda. agora vamos a quinta feira. o argumento mais óbvio é o mesmo que disclassifica a sexta e o sábado. a quinta vem antes da sexta. que apesar de ser um dia de trabalho, é um dia que vem antes do sábado. e é aí que entra a beleza da quinta. a quinta chega depois da segunda, da terça e da quarta. os piores dias da semana. e aí, quando ela chega, você já está com o saco na lua. cansado. arrastando o esqueleto. com dois dedos de olheiras e uma sensação de que o relógio está quebrado. a quinta chega aos 38 do segundo do tempo da semana. e é na quinta que você pode ligar o foda-se. pode tomar as primeiras e as segundas da semana. pode dormir mais tarde, mesmo sabendo que na sexta, tem trabalho. tudo bem. sem problema. depois de sexta, vem o sábado. e depois o domingo. que como você já sabe, são dias que você não não podem ser considerados os melhore, ou não são, pelo simples fato de estarem colados um no outro. seu organismo, você mesmo, pode notar, com o tempo começa a não dar lá a importância devida. a quinta é especial porque tá ali no meio. entre as bostas do começo e os greatest hits do fim de semana. é um dia ímpar. boa quinta.

a mulher do seinfeld...




escreveu um livro de culinária que ensina a esconder comidas mais saudáveis para as crianças comerem. exemplo: o seu filho não come chuchu? corte ele em formato de batatas chips e frite em olho vegetal zambers. o seu filho não come tomate? corte em cubos bem pequenos, coloque uma pitada de maionese entre eles para o cérebro do seu filho registrar ketchup. posso ter cagado aqui as receitas, mas é algo por aí. esconder alimentos saudáveis para a molecada comer. bom, agora surgiu uma tiazinha, uma outra autora dizendo que a mulher do seinfeld plagiou um livro dela. a idéia dela. porra nenhuma. as duas plagiaram a minha mãe. que fazia tudo ainda de uma maneira mais simples. colocava tudo num liquidificador desses mix master plus com lâminas de titânio e misturava tudo. uma grande papa. um sopão cremoso com todos os legumes do unvierso. "olha que gotôsinho, meu filho..." e lá ia eu, tonto, e comia tudo. vou falar com ela. e vamos processar as duas. ou talvez não...

terça-feira, janeiro 15, 2008

o tsc, tsc. cuidado.


"tsc tsc..."

sabe o que é o tsc, tsc? é aquele barulhinho que você faz, eu faço, todo mundo faz quando está de saco cheio. ou, se não está de saco cheio, está perdendo a paciência. aquele barulhinho que se faz quando você leva a língua contra o céu da boca na direção dos dois dentões de cima, leva a língua e retrai, fazendo um barulhinho breve, curto, baixo, mas ensurdecedor. e o mais engraçado, ou curioso. isso, o mais curioso é que o tsc é contagiante. a pessoa que escuta, testemunha o tsc tsc, também acaba por ficar inclinada para fazer o mesmo. quantas vezes eu não escuto alguém fazer isso e faço logo em seguida. exemplo, hoje eu estava com pressa para ir ao dentista. corri, sai em disparada para pegar um taxi pois estava atrasado. assim que entrei no taxi, cheio de "boa tarde, tudo bem..." disse o endereço, e o taxista fez "tsc". acho que o endereço fica num lugar relativamente perto. não sei. fiquei puto com a reação do fera e fiz o mesmo barulho. ele olhou pelo retrovisor mais puto e fomos até o destino cada um, infinitamente mais puto com o outro do que 8 minutos antes-- tudo por causa de um "tsc". outro exemplo, eu mesmo numa fila do banco esperando para ser atendido, fiz um "tsc", ou melhor, fiz uns três quando um cara furou a minha fila. mas ele não furou como quem faz disso uma arte, sutilmente. não, o fera conhecia a mulher do caixa e foi conversar com ela, dar boa tarde, falar da família e aproveitou para ficar por lá. pagar sete contas. bom, aí eu fiz o barulhinho de puto, o tsc, com a língua, o cara de trás também, e a senhora atrás do cara que estava atrás de mim, também. bastaram uns cinco "tsc" para fuder com o bom humor do banco inteiro. o "tsc" é foda. perigoso até. pode acabar um casamento. experimente fazer "tsc" dia sim, dia não , sempre que a sua esposa ou marido entrar na cozinha pela manhã. um "tsc" desses fode qualquer casamento ou namoro. você quer foder com uma reunião. solte um desses quando as luzes se apagarem para passarem o powerpoint. o cliente vai ficar rabugento, e quem estiver ao lado dele também. tudo por causa do "tsc". pense neste textinho como um aviso, uma advertência, um sinal de neon. fique esperto. economize nos "tsc". pense duas, não, pense três vezes antes de soltar um desses. é foda. e se você estiver duvidando do poder dele, experimente fazer uma vez, apenas uma quando chegar em casa hoje. vai voar um prato. ou, se não voar um prato, com certeza você vai receber de volta um outro "tsc". e aí é questão de tempo até que o prato decole. cuidado com o "tsc". muito cuidado.

bares, gerações, o caneco 70 e "lembra aquela tarde no..."



recentemente fui ao rio visitar meus pais. meu pai, coincidentemente mora no leblon quase na esquina de um bar que eu devo ter ido mais ou menos umas 2.897 vezes quando mais jovem. o caneco 70. o pessoal da escola ia. o pessoal fora da escola ia. depois de formado, o pessoal se encontrava lá. e depois de velho, o pessoal ia falar dos tempos de escola lá. o caneco 70 tinha talvez uma das melhores localizações do mundo. no comecinho da praia do leblon. alí, onde a brisa nasce. perto de são conrado, mais perto de ipanema. cardápio simples. chopp (imperial), porção de batatas, provolone e pizzas. tinha outras coisas, mas não conheço muitos outros pratos. tomei bastante cerveja lá e comi muita batata frita. mas voltemos a visita que fiz ao rio recentemente. cheguei lá e assim que passei pela esquina onde ficava o célebre caneco 70, existia agora um prédio. um esqueleto ainda, mas um prédio. definitivamente não era mais servido chopps e porções fartas de provolone derretido. o caneco 70 se foi. e foi ao ver este esqueleto de prédio que me dei conta que toda geração deve passar por isso. essa tristeza. essa nostalgia. ver os bares e boates que você frequentava, desaparecer. pense comigo. tente lembrar o bar ou boate que você frequentava com os seus amigos e amigas quando você era mais novo. agora tente lembrar se algum deles existe. se existe, corra para lá. celebre este fato. porque, bares e boates, por natureza desaparecem com uma velocidade maior do que os seus cabelos brancos irão. deve ter sido assim quando os meus pais eram mais novos, quando os pais deles eram mais novos e será assim nas próximas gerações. restaurante é um bocadinho diferente. tem sempre aquele lugar que existe e se mantém fiel ao seu endereço original desde... mas bares e boates, é complicado. ou viram vítimas de empreendimentos imobiliários ou da moda. o bar, a boate sai da moda, troca a música, o nome, o público e vamos em frente. não posso marcar mais um chopp no caneco, assim como você con certeza não pode mais marcar um-- naquele bar ou boate que você frequentava. existem os sobreviventes? existem. o bar lagoa, no rio, é um grande exemplo de um sobrevivente. aqui em portugal devem ter uma porção deles. mas os que desaparecem são em maior número. principalmente os daquela fase final de adolescência-faculdade-primeiro apartamento. aí, o que acontece depois, quando você fica um poquinho mais velho é até engraçado. você descobre um outro bar. senta lá com um amigo que também frequentava o mesmo bar de quando os dois-- você e ele-- eram moleques. e aí, você sempre, mas sempre, começa histórias da mesma maneira: "lembra aquela tarde no....(nome do bar que não existe mais), foi muito engraçado...."

sexta-feira, janeiro 11, 2008

o cachorro e a esquina.



sempre tive medo de cachorro. sou daqueles que acredita que cachorro sabe que você sente medo. sou daqueles que desde pequeno no rio de janeiro, os amigos tinham que segurar ou prender os cachorros quando eu entrasse na casa deles. o erick chegou? prende o cachorro. nunca fui mordido também. o que não explica lá assim muito o medo. também já tive uns cachorros. em especial um labrador fêmea que morava lá em casa, ou melhor, num apartamento lá em nova ipanema. dela eu não tinha medo. bom, mas isso tudo para dizer que tem um cachorro bem filho da puta que descobriu isso. mora lá na minha rua. ou melhor é dono da rua. da esquina. em toda portugal fui morar justamente no lugar em que um cachorro é dono de uma esquina. o truque até agora tem sido fazer cara de bravo. deixei a barba crescer uns dois, três dias para dar aquele ar clint eastwood velho oeste. e piso mais firme na calçada. estava funcionado. até que um dia desses o fera veio até mim e pulou, não mordeu. segurou na minha calça com os dentes. bastou uma balançada para ele soltar. foi tudo muito rápido. mas foi bem claro, foi como se ele dissesse: "ô erick, eu tenho um primo meu. mora lá no rio de janeiro, barra da tijuca... que te conhece desde pequeno. e ele me contou que você se caga de cachorros. que isso tudo aí, essa cara, essa barba por fazer-- não passa de pose. " desde então, a cena se repete. chego na esquina, eu saio para a rua. passa a esquina, eu volto para a calçada. isso quando eu não tenho um português simpático subindo a rua-- para eu me esconder atrás. como sou baixinho é fácil. bom agora é torcer para o fera não ter acesso a internet. se ele ler este blog ficaria bem puto que eu estou falando mal dele. esse cachorro é o equivalente a um mafioso daqueles tipo tony soprano da série da hbo. daqui a pouco vai passar a cobrar um bife suculento sempre que eu atravessar aquela parte da rua. torço quase todos os dias para o vizinho da frente comprar um gato. sempre tive medo de cachorro. sou daqueles que acredita que cachorro sabe que você sente medo.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

patê e os bichos fofinhos que você come.

patê é um negócio curioso. não é possível identificar ao certo que caráio tem lá dentro. você tem que acreditar na embalagem. nos dizeres. patê de figado de alguma coisa. de pato. de ganso. patê é tudo meio parecido. e patê tem uma coisa curiosa. o patê faz você consumir os bichinhos mais fofos do universo. porque, como eles estão em forma de patê. você não consegue lá identificar muito a carinha fofa daquele patinho. e lá vai a faca e passa o patê do pato ou do grande amigo dele, o ganso-- na torrada igualmente fofa. que por ser fofa acumula muito patê. patê é um negócio curioso.

limpar o tártaro.

acho que a pior dor depois de um bola de futebol abaixo da linha de cintura é limpar o tártaro no dentista. recomendo para inimigos, ditadores e dirigentes do clube vasco da gama. que dor infernal. por falar em infernal. se existir um inferno deve ser assim: com uma caráiada de cadeiras de dentistas em que o tártaro é limpado 24 horas por dia. não, o inferno deve ser um lugar em que se come biscoitos oreos com copos de iogurte natural no lugar do leite. para agarrar nos dentes mesmo. e depois, você é mandado para as cadeiras e limpam o seu tártaro. com aquela maquininha que faz aquele barulho supersônico e raspa aquele espaço minúsculo entre a sua gengiva e o dente. aquela maquininha que vibra bilhões de vezes por segundo e tira todo e qualquer rastro de sujeira do seu dente. uma dor impressionante. fiz esses dias. desde então passei a escovar os dentes 8 vezes ao dia com aquelas escovas elétricas que giram para todos os lados e vibram e massageam. só para evitar a todo custo mais uma limpeza destas. a pior dor depois de um bola de futebol abaixo da linha de cintura é limpar o tártaro no dentista.

terça-feira, janeiro 08, 2008

o cara que foi sequestrado pelo próprio bronzeado.




veja estas fotos do giorgio armani. o cara é estiloso, ok. o cara se veste bem? não tenha dúvida. o cara pega gente? com certeza. muita. bom, até aí tudo bem. o cara com mais de 70 anos continua atuando firme, desenhando suas roupas e jogando dinheiro para cima em câmera lenta. mas estava lá eu, a ler uma revista quando vi novamente o fera, o giorgio. o armani. bom, e lá estava ele com a sua camiseta preta quase justa, duas mulheres maravilhosas ao seu lado e aqueles 72 dentes brancos cor de neve expostos. e foi exatamente esta combinação, dos dentes brancos, das modelos também pálidas e da camisa preta que me fizeram chegar a conclusão que o caro giorgio é um refém do seu próprio bronzeado. tente buscar na memória alguma imagem, alguma foto do giorgio armani em que ele não está super bem bronzeado. e quando eu digo super hiper bem bronzeado não digo bronzeado daquela praia de sábado e começo de domingo. não, bronzeado de duas semanas num barco apenas com um filtro solar fator 8. não 15, não 30. oito. aquele que você quase entra em combustão, mas fica ok. aquele que você jura que está pegando fogo, mas alguém ao seu lado na mesma situação convence você que não. o giorgio armani está sempre, sempre, e vou dizer apenas mais uma vez para deixar bem claro, sempre bronzeado. uma cor laranja coppertone-fui passar o fim de semana no topo de um vulcão no dia mais quente do século. nada contra, cada um cada um. se o cara quer passar os 365 dias do ano bronzeado, é com ele. mas acho, cá entre nós, que o fera não sabia no que estava se metendo. tudo começou com um fim de semana em algum iate em alguma ilha paradisíaca. aí, alguém elogiou. outra mulher disse que ficava lindo e tal. chegou o inverno. alguem contou para ele que existia uma tal de cama de bronzeamento artificial, um esqueminha prático de ficar com a aparência de quem vive na cobertura de um prédio perto do sol. e o giorgio não só experimentou a máquina como comprou uma também. e desde então, o fera não consegue mais se livrar do bronzeamento. o bronze começa a amarelar e pimba, pula na cama. a cama pifou? pula num avião para qualquer canto do mundo com um mísero raio de sol. um problema. um dia, um dia, ele vai receber um bilhete daqueles escrito com letrinhas recortadas-- típicos de sequestros-- que dirá: "giorgio, ou você deposita 6 quazigalhões de euros na conta tal ou eu não libertarei você." sem assinatura. sem nome. mas bastará ele olhar no espelho para ter a certeza de quem se trata: o bronzeado dele. giorgio armani. o cara que foi sequestrado pelo próprio bronzeado.

filmes baseados em histórias reais o google e caráio, esse cara não parece o tom hanks.



baseado no cara de verdade da foto de cima.

com a invenção da internet essa coisa de filmes baseados em histórias reais ficou meio sem graça. continua sendo interessante, emocionante é a palavra, saber que aquilo que está acontecendo na tela é verdadeiro. você fica ali coçando a cabeça e pensando: "caceta, essa pourra realmente aconteceu." bom, ma como eu ia dizendo a internet está fodendo com esses filmes. porque? vou dar um exemplo, esses dias fui ver "charlie wilson's war." um filme bem bom com o tom hanks e a julia roberts. baseado numa história real. o que faz do filme muito mas muito mais fucking fuckers. calma eu estou chegando ao meu ponto. acabou o filme. cheguei em casa e fiquei curioso. fui buscar na internet mais sobre o tal charlie wilson. o tal congressista que mudou o mundo. google. e o cara não parece picas com o tom hanks. meio quisito até. a personagem da julia roberts a mesma coisa. american gangster. a mesma coisa. todos esses filmes que você chora baldes, a mesma coisa. e o pior, quando você fuça na internet a história real que deu origem ao filme, não tem trilha sonora. não tem efeitos especiais. não tem lá uma direção de arte. é uma caixa de texto no wikipedia. não tem graça nenhuma. perde o impacto. fica meio brocoxô. evite a todo custo a sua curiosidade. não procure muito saber sobre o que rolou no filme. meses atrás estava assistindo pocahontas com a minha sobrinha. como você sabe, a pocahontas no filme, no desenho, é linda. bom, acabou o filme começou um documentário. mostraram a pocahontas de verdade. a que deu origem ao desenho. com todo o respeito a família da moça: ela era bem mais ou menos. o pessoal da disney deu uma força forte para ela. ela tem uma dívida eterna com algum desenhista. eterna no sentido literal da coisa, ela nunca, mas nunca teria din din para retribuir tal força. é, com a invenção da internet essa coisa de filmes baseados em histórias reais ficou meio sem graça. pelo menos, diferente.

um diálogo.

- amor, acho que é por aqui.
- não, a entrada da cidade é por ali.
- aqui ou ali?
- não sei. acho que é ali.
- não é por aqui?
- é que é tão parecido.
- o que? as estradas?
- não, "aqui" e "ali."
- "aqui" e "ali"?
- isso, as palavras. "aqui" e "ali".

você vs. você.

fazer promessas de fim de ano é complicado. difícil de manter a sua palavra. e cada ano que passa fica mais difícil. porque? bom, cada ano que passa, você quebra uma caráiada delas. deixou de fazer a dieta em 1998. não deixou de fumar em 2004. não estou mais em 1992. deixou de ser vagabundo em 2000. bom, aí, você faz as promessas na véspera do ano acabar. mas sabe, no fundo do coração que não vai dar em nada. ou quase nada. porque? porque você mesmo já decepcionou você-- em anos anteriores. por isso mesmo eu deixei de fazer promessas. não que eu planeje ser um filho da puta em 2008. não. não é isso. eu apenas não prometo coisas tão específicias como: a partir de amanhã vou deixar de tomar cerveja. ou, em 2008 ser menos preguiçoso. ou que em 2008 eu vou me matricular numa academia, no primeiro dia de janeiro. não rola. o eu de anos anteriores está cansado de provar para o eu de 2008 que não rola. é muita pressão. o ano está começando-- e, começar assim já cheio de responsabilidades com você mesmo é foda. uma coisa é você prometer para a sua mãe que vai sempre ligar aos sábados e ligar, mesmo que seja no domingo ou na sexta. ela entende. outra coisa é você prometer para você mesmo uma coisa. você passa 24 horas com você. é foda. fazer promessas de fim de ano é complicado.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

o projeto verão português.

é melhor fazer um projeto verão aqui na europa do que no brasil. natal e ano novo acontecem na mesma época em todo o mundo. isto é um fato. dias 24/25 e 31/1. não tem muito como fugir. e, se no brasil tem bacalhau, peru, presunto, batatas mergulhadas em azeite. aqui tem o mesmo bacalhau, com uma receita bem parecida e com milhas a menos no cartão de milhagem. mas assim, olhando a mesa da ceia do natal, do ano novo, é tudo meio parecido no quesito calorias. seja no brasil, aqui em portugal ou mesmo na islândia, se come muito. para caráio. mas as coincidências param por ai. como se sabe, enquanto é inverno aqui, é verão no brasil. enquanto os termômetros tremem aqui. no brasil fervem. 8 graus aqui em lisboa. 40 no rio. e por aí vai. e é aí que entra o projeto verão. o projeto verão, para quem não sabe é aquele esquema de ficar em forma, em tempo recorde para encarar a praia. encarar o verão sem precisar engolir a barriga. o projeto verão no brasil é foda. bem filhodaputa. porque? bom, para começar, como as festas calóricas do brasil acontecem durante o verão, o pico do verão, não existe tempo para se recuperar. você precisa entrar nas festas de fim de ano já meio matriculado numa academia. com um estoque de barrinhas de cereais light na mochila e com uns dois, três quilos de vantagem contra a balança. outra coisa foda do projeto verão no brasil, ele dura o ano inteiro. como o brasil é um dos países de quase uma só estação, você passa o ano inteiro quase sempre com a opção de ir a praia. bom, agora em portugal, descobri que o projeto verão é bem mais tranquilo. mais tranquilo mesmo. o verão aqui só chega em maio. maio. as temperaturas que obrigam você a correr para a praia, maio. maio. não em janeiro. não um dia depois de mergulhar no bacalhau e no presunto com capa extra de gordura. não. entre o momento em que você ingere 7.980 calorias e o dia que começa o verão existe um período de uns 120 dias. ou seja. aqui em portugal é permitido ligar o foda-se. pelo menos por um tempinho maior. aí, quando estiver chegando o verão. final de março. comecinho de abril. bom, aí você começa a pensar no projeto verão. o projeto verão português.