terça-feira, janeiro 15, 2008

bares, gerações, o caneco 70 e "lembra aquela tarde no..."



recentemente fui ao rio visitar meus pais. meu pai, coincidentemente mora no leblon quase na esquina de um bar que eu devo ter ido mais ou menos umas 2.897 vezes quando mais jovem. o caneco 70. o pessoal da escola ia. o pessoal fora da escola ia. depois de formado, o pessoal se encontrava lá. e depois de velho, o pessoal ia falar dos tempos de escola lá. o caneco 70 tinha talvez uma das melhores localizações do mundo. no comecinho da praia do leblon. alí, onde a brisa nasce. perto de são conrado, mais perto de ipanema. cardápio simples. chopp (imperial), porção de batatas, provolone e pizzas. tinha outras coisas, mas não conheço muitos outros pratos. tomei bastante cerveja lá e comi muita batata frita. mas voltemos a visita que fiz ao rio recentemente. cheguei lá e assim que passei pela esquina onde ficava o célebre caneco 70, existia agora um prédio. um esqueleto ainda, mas um prédio. definitivamente não era mais servido chopps e porções fartas de provolone derretido. o caneco 70 se foi. e foi ao ver este esqueleto de prédio que me dei conta que toda geração deve passar por isso. essa tristeza. essa nostalgia. ver os bares e boates que você frequentava, desaparecer. pense comigo. tente lembrar o bar ou boate que você frequentava com os seus amigos e amigas quando você era mais novo. agora tente lembrar se algum deles existe. se existe, corra para lá. celebre este fato. porque, bares e boates, por natureza desaparecem com uma velocidade maior do que os seus cabelos brancos irão. deve ter sido assim quando os meus pais eram mais novos, quando os pais deles eram mais novos e será assim nas próximas gerações. restaurante é um bocadinho diferente. tem sempre aquele lugar que existe e se mantém fiel ao seu endereço original desde... mas bares e boates, é complicado. ou viram vítimas de empreendimentos imobiliários ou da moda. o bar, a boate sai da moda, troca a música, o nome, o público e vamos em frente. não posso marcar mais um chopp no caneco, assim como você con certeza não pode mais marcar um-- naquele bar ou boate que você frequentava. existem os sobreviventes? existem. o bar lagoa, no rio, é um grande exemplo de um sobrevivente. aqui em portugal devem ter uma porção deles. mas os que desaparecem são em maior número. principalmente os daquela fase final de adolescência-faculdade-primeiro apartamento. aí, o que acontece depois, quando você fica um poquinho mais velho é até engraçado. você descobre um outro bar. senta lá com um amigo que também frequentava o mesmo bar de quando os dois-- você e ele-- eram moleques. e aí, você sempre, mas sempre, começa histórias da mesma maneira: "lembra aquela tarde no....(nome do bar que não existe mais), foi muito engraçado...."

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