segunda-feira, dezembro 29, 2008

apanhados de duas semanas perambulando pelo brasil. 1

estava lá eu saindo da loja do free shop no aeroporto de são paulo, quando um sujeito que até então estava sozinho olhando para os preços na vitrine-- olha para mim e comenta: "porra, tá caro para cacete rapazzz, assim com três "zzz". eu concordei com um leve balançar de cabeça e saí com a conclusão de que quando algo realmente está caro para cacete, a pessoa precisa colocar isso para fora, mesmo que seja com um estranho que está de passagem.


aquele negócio que a sua mãe falava para você não ver a tv de perto porque estraga a vista, não funciona no avião. no avião para acompanhar direito qualquer filme, você precisa, obrigatoriamente-- deitar o nariz sobre a tela colada no banco a sua frente.


a livraria letras e expressões de ipanema é a melhor livraria do mundo. não a maior. não a mais stáile. não a com mais opções. não a mais barata. não a mais um monte de coisas. mas a pourra da livraria fica na a uma quadra da praia do leblon. não fódi. em que outro canto do mundo você pode pesquisar livros com os dedos dos pés cagados de areia da praia-- a bermuda ainda quase molhada, e perto de uma série de bares prontos para tirar um chopp para você?


voltei para lisboa com um casal que acabara de se conhecer na fileira de trás. o sujeito na poltrona de trás estava trabalhando um dobrado para marcar uns pontos com uma menina. digo, tentando pegar uma menina que ele conheceu no avião. nunca vi um fera trabalhar tanto para pegar alguém. acho que o avião inteiro estava torcendo para ele. a menina deu trela. e ele, bem, pediu um copo d'água para a aeromoça e manteve a garganta em ordem para passar a noite inteira tentando pegar. não vi se pegou. mas acho que sim. foram 8 horas sem parar de falar.

caipirinha de lichia bem feita é foda. espanca a original de limão.



pegar um taxi do aeroporto de guarulhos para qualquer ponto na cidade de são paulo é mais caro do que um prato com raspas fartas de trufas brancas do fasano.



o sorvete da mil frutas espanca o da haagen dazs.




se você costuma se emocionar no cinema, leve seis rolos de papel toalha para assistir marley & me. se você se acha meio durão porque nunca chorou, leve quatro.



picanha fatiada do restaurante plataforma custa um rim saudável, mas vale a pena.



a gol deveria se chamar "prorrogação". para continuar com o tema do futebol, mas também porque a porra do avião da empresa não sai no horário nem fudendo.



a árvore da lagoa no rio é bacana e tal. mas fode com o trânsito. fode bonito. e entre uma árvore bacanuda e um trânsito bosta, prefiro o trânsito bacana e uma lagoa com uma árvore invisível.


manchete do jornal o globo esses dias: "papai noel mata 4!"
ok, o americano que matou essas pessoas estava vestido de papai noel, mas ele não é o papai noel. o que é bem diferente. uma criança que pega esse jornal pira para sempre.

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quinta-feira, dezembro 11, 2008

homens e compras.



não sei fazer compras. se precisar, eu faço. mas não sei. e não estou falando do esqueminha de comprar comida no supermercado. comprar comida, o basicão eu sei. estou falando de roupas, de tudo que não é relacionado com comida. hoje, por exemplo precisava comprar umas coisas. uma calça, uma camisa. e tem algumas coisas que você não pode pedir para a sua mulher comprar. não que ela não vá acertar. porque ela vai. 9 de 10 vezes, ela acerta. o problema é que você precisa experimentar a bagaça na loja. a sua mulher ama você e por isso ela sempre, sempre vai tratar como se você fosse mais magro do que você realmente é. ou seja, existe a chance, e grande da calça chegar um pouquinho mais apertada. aí é aquela coisa, você vai ter que ir a loja. e se você for até a loja para trocar periga encontrar alguma coisa mais interessante. aí você está na merda. como é que você vai chegar em casa com qualquer coisa diferente daquela que ela escolheu para você com todo o carinho --- exatamente porque você não quis ir em primeiro lugar? caplicado. por isso, se a minha mulher compra a roupa para mim, tento, a todo custo ficar com ela. e, no caso de precisar comprar qualquer coisa que o fator "experimentar" é chave... aí meu amigo, eu vou. até porque, como você já sabe-- o efeito em cadeia da troca da roupa não é fácil. ah, antes de fechar aqui, tem uma outra coisa interessante de homem fazendo compras. quando um fera encontra uma camisa, uma calça, um qualquer coisa que ficou bacana. exemplo: o dia que um cara se aventurou em comprar uma camisa que ficou toda bacanuda-- e ele se olhar no espelho e ver que sim, ele está bem na bagaça-- segura-- porque o fera vai comprar de todas as cores possíveis. tudo para evitar uma viagem a uma loja similar no próximo ano inteiro. eu já tive um tênis adidas idêntico a um que eu gostei dentro de um saco plástico esperando o primeiro acabar. comprei um, e antes de sair da loja, ao notar que aquele tênis era sensacional... comprei um idêntico. tudo para evitar uma ida a uma loja no futuro em que aqueles que estavam nos meus pés ficassem velhos. homens e compras. é nesta época. no natal-- que fica mais fácil observar o fenômeno.

luvas.



usar luvas no frio é importante. essencial eu diria. quando está muito, muito frio então. mas luvas também causam problemas. ou melhor, não são práticas. se você está usando luvas não consegue ter acesso a carteira. se você está usando luvas não consegue coçar o ouvido. não consegue colocar as mãos nos bolsos da calça jeans. do casaco, sim. do jeans, não. não consegue segurar o cafezinho num quiosque desses de rua. não consegue catar as moedas para pular no elétrico ou no metro. não consegue anotar o telefone de alguém na rua. por falar e em telefone, não consegue acertar o esqueminha do sms no celular. não consegue comer um mega hamburguer na rua. consegue, mas se suja todo. mas, apesar de tudo, usar luvas no frio, é, sim, importante.

a crônica do destak da semana

terça-feira, dezembro 09, 2008

com emoção ou sem emoção?


fui a natal uma vez. na verdade fui a joão pessoa e aproveitei para ir a natal. puta esqueminha bacana. cidade sensacional. as duas. mas foi em natal que eu fiz o tal passeio de buggy. se você ainda não fez, faça. para ser sincero não sei nem se ainda é permitido. a bagaça é muito perigosa. um jeep que nem fabricam mais, sem cintos, no meio das dunas de natal. num esquema improvisado, mas como o título deste textinho diz: emocionante. e tem essa pergunta. o carinha chega para você e pergunta na cara dura: "com emoção ou sem emoção rapá?!" e pourra, como você está ali nas dunas pela primeira vez, longe de tudo, com um sol du cacete você responde: "com emoção é claro!" meu amigo, nunca pulei de pára quedas. nunca fiz bungee jump. sou bem cagão. e acho que fiquei ainda mais cagão depois do passeio com emoção. não aconteceu nada. mas basta o carinha estacionar depois para você olhar para o naipe do buggy e o tamanho das dunas para ter certeza que fez merda ao responder que queria que ele ligasse o foda-se. e que algo maior segurou a onda para você poder estar ali em pé-- cheio de marra como quem diz: "andei nesta pourra com emoção." recomendo. mas também recomendo trocar uma idéia com o motorista. e principalmente dar uma sacada para ver se ele não está usando havaianas. nada contra elas. mas o fera precisa de tração. de um tênis com solado de borracha para conseguir alcançar o freio quando uma duna se desfazer e ele gritar lá de cima com eco: "o senhor pediu com emoção-ção-ção, não fódi-di-di."

o espirro na curva.


com o inverno chega a gripe. com a gripe, os espirros e as tosses com pigarro. e aí você sabe, se você não está gripado, basta levar uma espirrada na cara para pegar a gripe que até então você não tinha. aqui em lisboa, com o frio, os ônibus estão fechados, o metrô sempre socado de gente. ou seja, as chances de você pegar uma gripe é relativamente grande. não sei se você já assistiu o filme menos conhecido do m. night shyamalan, unbreakable. no brasil tinha um nome bem quisito: corpo fechado. era com o bruce willis e o samuel jackson. acho o melhor do diretor. acho quase genial. mas isso não vem ao caso. a história do filme era sobre o personagem do bruce willis-- que era unbreakable, a prova de tudo. quase que um super-herói. bom, e em relação a gripe, febre e nariz escorrendo, eu sempre me achei meio unbreakable, ou, como no brasil diziam no poster do filme: corpo fechado. devo ter ficado gripado vai, umas duas vezes na vida. mas nada, nada resiste a um espirro na curva. e que caráio é o espirro na curva? é o seguinte, vou andando para o trabalho todos os dias. e o caminho é simples. subo duas ruas, a segunda delas grande-- e viro a esquerda numa avenida. e foi ao virar nesta avenida. na curva. uma curva para a esquerda... que levei o espirro na cara. uma senhora que trabalha nos correios. ela não sabia é claro que eu estava prestes a aparecer na frente dela. ela não tinha como saber. ela estava só na rua. e acho que por achar que estava só que caprichou no espirro. e que espirro. o timing foi perfeito. na minha cara. e o pior: no exato instante em que eu inspirava baldes de oxigênio. ainda não sei. ainda não tenho sintomas. mas acho, não, tenho certeza, que uma gripe está a caminho. o espirro na curva e o fim de uma lenda. o fim do unbreakable.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

sujeito honesto.

a carteira mágica. ou caráio, onde foi parar o meu din din.




comprei uma carteira mágica daquelas que você abre e o dinheiro pula de um lado para o outro. sabe? ok, se você não sabe, vou colocar uma foto aqui. mas voltando a carteira. o nome dela é um bocadinho pretensioso. ela tem lá suas qualidades de jogar o dinheiro de um lado para o outro. mas magia magia, não faz. resolvi escrever sobre ela porque esses dias ela me fodeu. nessa de colocar recibo de cartão de crédito e abrir e fechar repetidas vezes ela meio que me fodeu. é, porque quanto mais você abre e fecha a bagaça, mais "mágica ela faz". mais vezes ela joga o dinheiro ou o recibo de um lado para o outro. e nessa, de abrir e fechar...um recibo foi jogado para cima da nota de 5 euros que eu tinha lá dentro. resultado, ao sair do taxi, estava sem dinheiro. ou melhor, achava que estava. então, pedi para o taxista que já estava meio puto parar num caixa eletrônico. e, depois de sacar o dinheiro do caixa-- quando fui abrir a minha carteira mágica para colocar o recibo de papel lá dentro-- vi, reecontrei a velha nota de 5 euros que estava escondida. olhei para o taxista e disse: "caramba fera, e não é que não precisávamos ter parado aqui. olha só, tinha uma nota de 5 aqui." e ele: "mas, antes você não tinha?" e eu: "eu já disse para o senhor que é uma carteira mágica?" e ele: "cuma?" ok. ele não disse "cuma". mas a expressão no rosto dele foi de "cuma". moral da história: você tem uma carteira mágica? fique esperto porque ela pode ter din din e você não sabe.

terça-feira, dezembro 02, 2008

o esquema de degustação. ou "é papilas gustativas, fiquem espertas que hoje vocês vão ficar meio cafuzas."



dia desses fui jantar com amigos num restaurante que servia um esquema de degustação. todos os pratos estavam excelentes. alguns, curiosos. mas todos com uma explosão de sabores dessas que você não consegue definir ao certo o que está comendo. ok, o garçom explica, mas a ideia da degustação é apreciar a criatividade do chef. o cara não vai servir filé com fritas para você colega. a idéia é inventar. e o garçom serve e tenta explicar o que você está prestes a comer. e você fica tentando identificar cada um daqueles ingredientes que estão balançando entre a sua língua e o céu da boca. mas, a parte mais bacana de um jantar com esqueminha de degustação é preparar espaço. é bastante comida. é claro, não são sete pratos como os pratos que você pede num restaurante sem este esqueminha. mas é bastante comida. você tem que estar preparado. o almoço obrigatoriamente tem que ter sido leve. o café da manhã, inexistente. e saber que no dia seguinte, você também terá que pegar leve na comida. e tem uma outra coisa bacana, interessante esquema degustação é exatamente isso, a mistura de sabores. você pula do creme de cenoura com rabo de porco selvagem e castanhas, direto para o sorvete de coentro com lima e direto para o lombo de bacalhau. ou seja, as suas papilas gustativas ficam doidjas. quando elas acham que são as papilas lá do fundo da língua que terão que lidar com os sabores X e Y, aí meu amigo é que chega um prato que vai trabalhar nas papilas gustativas da ponta e das bordas da sua língua. e isso enquanto o fera serve diferentes tipos de vinho para cada prato. curioso. interessante. e você sai com a pança com novas dimensões.

uma maneira bacana de pedir comida quando é a primeira vez no restaurante



não curto muito fazer isso, mas faço. e como uma certa frequência. e quando digo que não curto, falo isso porque bate uma certa vergonha. mas que caráio é isso? eu explico. sabe quando você está num restaurante que você nunca foi antes, olha para o cardápio e não tem a menor idéia como são os pratos? então... o que eu faço é espiar os pratos vizinhos. olhar de canto de olho para a mesa ao lado. tento a todo custo investigar que pourra de prato bonito é aquele que a muié pediu. "garçom, chega aí... me diz, o que é que aquele casal pediu?" ou "garçom, bom, eu estava quase fechando no frango supremo zambers, mas agora que vi aquele prato que aquela mulher sentou o garfo, acho que mudei de idéia.... vou querer aquele!" e o garçom periga dizer algo como: "aquele é o frango supremo zambers rapaz." um esqueminha no mínimo interessante de pedir pratos. sempre prefiro fazer isso do que ficar pedindo um relato de cada prato do garçom: "filetes de pescada empanados com uma fina camada de farinha e banhado na gema do ovo de codorna do sul da espanha... com batatas caramelizadas e um porção de arroz com respingos de azeite virgem..." não sei, acho que nessas primeiras vezes, prefiro olhar o prato no olho, mesmo que seja de canto de olho-- e na mesa do vizinho. é claro que se você passar a frequentar o restaurante, eventualmente deixa de fazer esse esqueminha. já conhece os pratos, os segredos. é, na quinta vez que você for, é alguém que vai apontar lá do outro lado do restaurante e dizer: "que prato é aqu
ele que aquele fera que escreveu sobre isso num blog-- está comendo?"



a cena clássica de um daqueles filmes que todo casal já viu ou ainda vai ver. e provavelmente uma das cenas mais citadas de sempre, e que, coincidentemente, é uma boa maneira de ilustrar esta técnica de pedir comida. sem olhar para o cardápio, apenas focando na mesa dos outros.