quinta-feira, janeiro 29, 2009

pourra.

pesquei num site desses de designers fucking fuckers. e tem um tempinho já. mas pourra, esqueci de postar aqui. taí a capa de revista mais bacanuda que eu vi nos últimos tempos. o que os jornais e revistas gastam árvores e baldes de tinta para tentar explicar sobre a crise econômica--- aqui, bem claro-- em duas palavras e um ponto de exclamação.

uma das coisas mais importantes do mundo.

uma cadeira quase sofá confortável em casa. seja para ler um jornal de sábado, tomar uma taça grande de vinho numa quinta-feira ou tirar 26 minutos de cochilo no domingo. acho, e posso estar cagando uma regra grande aqui-- mas todo ser humano deveria investir uma pequena fortuna numa cadeira quase sofá confortável. é como aquele esquema de previdência privada que você vai começar a receber em 25 anos. uma cadeira quase sofá confortável é uma previdência privada instantânea. é um tapa que você dá nas prórpias costas. vai por mim.

a aeromoça.

avião cheio. todos dormem. o jantar acaba de ser recolhido. as mesas já foram levantadas. uma ou outra pessoa ainda assiste o filme no monitor preso atrás da cadeira a frente. em 6 horas o avião pousará em shanghai. a aeromoça que está a caminho da sua cadeira é chamada por um jovem que está acordado. ele acena para ela.

ela: em que posso ajudar.
ele: eu tenho uma fantasia.
ela: como?
ele: você entendeu. eu tenho uma fantasia.
ela: mas...
ele: eu notei durante o jantar, você não tirava os olhos de mim.
ela: acho que você está confundindo as coisas. eu sou atenciosa.
ele: qual é o seu nome?
ela: júlia.
ele: bruno.
ela: prazer.
ele: é todo meu.
ela: boa noite. eu preciso...
ele: senta ao meu lado. está vago.
ela:
ele: posso fazer uma pergunta então?
ela: ok.
ele: também funciona ao contrário?
ela: como? não entendi.
ele: bom, todo homem tem a fantasia de transar com uma aeromoça linda como você no banheiro do avião de madrugada quando todos os passageiros estão dormindo. e vocês, as aeromoças, tem a fantasia de transar com passageiros?
ela:
ele: pode falar. ninguém está ouvindo.
ela: se eu contar estraga.
ele: mas...
ela: não é muito mais bacana passar o resto da vida e dos vôos com essa dúvida?
ele:
ela: por exemplo, eu vou continuar andando naquela direção. eu posso estar a caminho da minha cadeira-- como posso estar esperando por você perto do banheiro. não é mais interessante ficar aí confuso sem saber se você levanta em dois minutos e vai até lá ou não-- do que já saber a verdade?

ele: é, você tem razão, é mais emocionante.

ela: com turbulência então..

o lado bom.




o lado bom de um bife queimado é o garçom não cobrar pelo mesmo e oferecer a sobremesa grátis.

o lado bom de acordar cedo é pegar o melhor pão francês da mesa.

o lado bom de estar chovendo é não suar a subáca ao caminhar para o trabalho.

o lado bom de um filme bem mais ou menos é um cochilo bacanudo na cadeira do cinema vip do shopping amoreiras.

o lado bom de subir na balança e ver que você está na merda, é parar de comer merda.

o lado bom da cia. aérea perder a sua mala por dois dias na volta para casa é você se forçar a conhecer outras roupas esquecidas do seu armário.

o lado bom de um fiapo de frango agarrado no dentão lá de trás é você ter vergonha na cara e passar a usar a pourra do fio dental.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

a nasa e o mcdonald's.


quando eu era moleque eu nunca entendi o esqueminha que ia embaixo dos ônibus espaciais. sempre achei esquisito os caras, no meio do caminho, largarem aquele negócio gigante no espaço como se fosse qualquer bosta. aquele mega tanque de combustível laranja, sabe? bom, a comparação é bem mais ou menos-- mas acho que funciona. esses dias vi um cara de uns 20 e poucos anos jogando na calçada um copo dos grandes do mcdonald's vazio apenas com gelo. no chão. quando crescer esse fêla vai trabalhar na nasa. ou não.

a crônica do destak da semana.

o prato otimista.



tem um restaurante novo, ok, quase novo, ok, não é novo, mas eu meio que descobri recentemente. kaffehauss. é um esqueminha austríaco. aquelas sopas grossas com carne, umas saladas de batata e mais umas coisas bem interessantes que se come nas redondezas de viena. mas tem um prato que eu tenho comido quase que sempre que vou lá. summer salad. que não é escrito assim, mas quer dizer isso pela tradução da linha de baixo no cardápio. bom, a salada é boa? é. mas tem um marketing nela que eu curto. o nome dela. aqui em lisboa está chovendo bastante. está frio. meu amigo, tudo que você precisa num dia de frio é uma salada otimista. e você sabe, no frio, otimismo ajdua bastante. exemplo:

casal caminhando na rua a caminho de casa sem nenhum táxi por perto. chuva fina que não molha mas deixa a sensação de pequenas agulhas geladas pipocando a sua pele. duas da manhã, 4 graus.

ela: amor, você está com frio?
ele (com apenas um sweater fino de um tecido que imita lã mas não imita a proteção da lã): dá para segurar, dá para aguentar.
ela: mas eu estou com um sweater, um casaco, um cachecol e luvas e estou congelada.
ele: dá para aguentar. podia ser pior. eu poderia ter esquecido sobre a cadeira do restaurante, além do cachecol e das luvas-- o sweater também.
ela: silêncio.

a summer salad tem um pouco disso. quando você olha para o cardápio com os dentes brincando de código morse--- a summer salad aquece um pouco. e ainda serve para equilibrar o esqueminha das calorias da estação. dos baldes de vinho. dos pães e dos queijos feitos com o leite de vacas obesas. algo por aí.

o dilema do guarda-chuva.



não sou um cara alto. também não sou tão baixo. ok, muito mais baixo do que alto. médio-baixo. mais por aí. mas sem traumas. sem dramas. mas, o fato de eu não ser um jogador de basquete dos melhores e ter que usar um banquinho para pegar uma caixa na última prateleira do armário da cozinha causa uma situação engraçada quando estou com o guarda-chuva. que, aqui em portugal se chama chapéu. chapéu-de-chuva. quando chove, lisboa anda. caminha. sobe ladeiras abraçada a um guarda-chuva. o que é normal em qualquer lugar do mundo. mas aqui, as ruas são relativamente estreitas e com curvas escondidas. e quando a rua é estreita e as curvas repentinas, existe uma tendência grande de você andar bem perto das pessoas que andam na sua direção. e você sabe, o guarda-chuva pelo seu diâmetro acaba ainda por encurtar ainda mais a distância. resultado: sempre que eu passo lado a lado de um sujeito mais alto do que eu (viu como o papo lá em cima sobre a minha altura iria em algum lugar fazer algum sentido?)-- quando eu passo por um cara mais alto, o meu guarda-chuva fica na altura do rosto do fera. na altura do queixo se o fêla for realmente mais alto. e aí, o que acontece é uma série de quase acidentes quase mortais. quando chove eu sei que chegarei na agência com alguma história de um quase olho arrancado pela ponta do meu guarda-chuva. ou uma história dos 8 pontos que o sujeito teve que levar no rosto quando eu passei correndo por ele. mas como tem chovido com uma certa regularidade aqui-- já estou escolado. já sei driblar rostos, olhos e testas. já sei. o dilema do guarda-chuva.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

sempre achei bem esquisito o esqueminha da peruca dos juízes em alguns países do mundo. esse quadrinho coloca isso de uma maneira perfeita.

uma das piores e melhores coisas do mundo. ao mesmo tempo. 1


ler jornal do lado de fora de casa num dia agradável. seja na praia, no parque ou numa praça.

a vista.

mais uma foto dessas pescada na internet. bom fica aqui a minha sugestão, faça o download para o seu desktop e coloque ela de protetor de tela no seu computador do trabalho. mas não aquele protetor de tela que estica a foto até preencher o monitor inteiro. não. coloque a foto naquela opção do tamanho verdadeiro dela.

mesmo que ela fique pequenininha num cantinho do seu computador.

bom, aí ou a foto inspira você a trabalhar mais para conseguir ter uma vista dessas-- do lado de dentro do vidro. ou a trabalhar menos para ter uma vista dessas do lado de fora, na areia. a primeira opção demora mais. a segunda, é um pouquinho mais rápida. e as duas têm a vista.

o pombo e o porta-aviões.

o pombo não cagou na minha cabeça. todo textinho que começa com um título falando de um pombo já é para esperar algum tipo de merda. alguma observação como: "eu estava andando e um pombo cagou no meu ombro." mas não, esse textinho é apenas uma observação sobre uma tiazinha que alimenta os pombos numa escadaria lá perto de casa. hoje vi ela colocar o equivalente a umas 6 baguetes em migalhas para os pombos. foi um esquema violento com uns 100 pombos avançando nas migalhas. migalhas fartas. migalhas gordas. naquele momento eu comecei a imaginar o que aconteceria meia hora depois. aqueles pombos já teriam feito a digestão e iriam então cagar na cabeça ou nos ombro de outras pessoas. a tiazinha que alimenta os pombos é uma espécie de porta-aviões em que os caças, os aviões americanos pousam para recarregar com mísseis e bombas. ela acha tudo bonito. quem olha de longe a cena, acha pura poesia. eu não. a tiazinha é um porta-aviões que recarrega os pombos com bosta. ou melhor, com as migalhas de pão que vão virar bosta depois.

sopa. 2



sopa é a melhor invenção do frio. melhor do que o aquecedor. você não pode comer o aquecedor. sopa é melhor também do que o cobertor. cobertor não alimenta. só tem um problema com a sopa, ela expira. a vida da sopa é curta. se você deixar a sopa sobre a mesa por mais do que uns 5 minutos, ela vai para o caráio. sopa fria não é sopa. pensando nisso, acho que vou comer uma sopa. até porque aqui em lisboa está frio para cacete.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

a crônica do destak da semana

os add on do firefox e o benjamin button.

não sei se você já foi ver benjamin button. aquele filme com o brad pitt e a cate blanchett. achei muito bom. achei ele melhor no dia seguinte do que no momento após o filme acabar. o que é bom. pelo menos é assim que eu identifico os filmes que mais gosto. aqueles que deixam você pensando-- um tempinho depois e um tempão depois que ele acabou. algo por aí. bom, mas pelo título do textinho você sabe que eu quero falar dos add-on do firefox. puta esqueminha bacanudo. você pode downloadear uma porrada de coisinhas que mudam a cara e as funções do seu firefox. e, a que eu mais gosto é dos "tab" que envelhecem. as "abas" que quando você as esquece abertas, começam a mudar de cor. meio que para gritar com você, lá de cima do browser: "ô fera, você me esqueceu aqui em cima aberto e não leu ainda." eu tenho esse problema com tabs. abro uma porrada e deixo de ler uma cacetada. o que não é bom. desta maneira acabo não lendo nada direito. mas com o tal add on que envelhece os tabs ignorados, você fica mais esperto. e que caráio isso tem a ver com o benjamin button? simples. após o filme e durante também, você começa a ficar meio cafuzo com tudo relacionado ao tempo. fica meio que planejando o que fazer com ele. você começa a questionar que caráio você estava fazendo aquele tempo todo no shopping até o filme começar. o add-on que envelhece o seu tab/aba do firefox não proporcional uma viagem meio filosófica dessas. mas é quase.

o sujeito que lava o carro na chuva

existem pessoas que são tão mas tão taradas que lavam o carro até mesmo na chuva. vi isso hoje aqui perto da agência. um senhor esfregando com sabão a lataria do carro. e a chuva caindo sobre a mesma lataria. numa competição estranha para ver quem limpava mais o automóvel. ele ou a chuva. o tal carro deve ser completamente apaixonado por ele. e vice-versa.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

pequenos diálogos VII



- (mulher fala, mas com um tom de voz como quem quer dizer exatamente o contrário) você jura que aquela comida que a gente acaba de comer...
- (ele interrompe ela) ...é minha receita. eu fiz!
- mas estava muito boa.
- não estou entendendo?
- é que você nunca cozinhou para mim antes.
- pressão.
- como?
- sua mãe cozinha bem. sua avó cozinha bem.
- e eu?
- você quebra um galhão.
- como?
- porra amor, você cresceu com essa pressão nas costas, sua avó com aquele bacalhau com natas, a sua mãe com a pouurra do estrogonofe com champignons selvagens....
- mas você não gosta da minha massa?
- nota 7.
- 7?
- 7. e aí imagina o desgosto que a sua mãe e a sua vó-- teriam se soubessem que eu cozinho assim. bem melhor do que a única pessoa que pode levar adiante a lenda da família?! imagina a merda. o chorôro.
silêncio
- estava muito boa a sua comida.
- eu sei. boa para cacete. você ficou lambendo os dedos.
- amor?



- oi?
- você promete nunca mais cozinhar?


o moleque da foto.




não sei quem é. pesquei num site desses que colocam as melhores fotos do dia.

puxei para o desk e fiquei olhando para o moleque voando alguns segundos. impressionante. sem querer entrar numas de filosofar aqui.

mas, das duas uma: ao olhar para o moleque da foto e o sorriso de canto de boca da mãe dele-- ou você fica uns 8 dias mais jovem ou desliga o computador imediatamente-- e vai para casa mais cedo.

coisas




dia desses alguém, não me lembro ao certo quem foi e tenho quase a certeza que foi o peixinho, disse um negócio interessante na mesa: "você já notou um negócio curioso... quando um prato do restaurante tem o nome do restaurante, é o prato fucking fuckers. exemplo: a pizza casanova da pizzaria casanova é a mais regada com ingredientes mais zambers. agora, o vinho da casa é sempre o vinho mais barato e de qualidade mais duvidável. o que, se você coçar a cabeça e pensar um pouco é no mínimo engraçado. ou curioso." algo por aí.


comprar um celular novo. ou melhor, investir num telemóvel é complicado. se você trocar de marca, o seu cérebro tem que fazer um re-start, porque tudo muda. o menu, a maneira de escrever sms, o lugar da calculadora, tudo. aí você deve estar pensando (ou não): "não fódi erick, em dois minutos você consegue domar a bagaça." não sei, acho que tem um canto do meu cérebro designado para essas funções que foi para o caráio-- porque eu pareço um véio catando as teclas sempre que rola uma mudança dessas.

numa visita dessas a uma loja de vinhos-- comprei uma garrafa de moscatel. não, a mulher me empurrou a garrafa. contou uma história de como o moscatel foi criado ou inventado, ou os dois. bom, dia desses com um frio de rachar o fêmur, abri a garrafa e coloquei uns 4 dedos no copo. a temperatura subiu rápido. muito rápido. recomendo para dias de frio como esses mais recentes.


ainda compro jornal. compro porque desde moleque criei uma relação carinhosa com o esquema do papel e das notícias-- a nostalgia é foda. mas tá cada vez mais complicado continuar esse esqueminha. hoje, por exemplo, abri o jornal, e todas as notícias das duas primeiras páginas-- ei já tinha visto na internet no dia anterior.

terça-feira, janeiro 13, 2009

os oscars, a família do ator, o diretor, o carinha que fez a fotografia e a figurinista do filme. todo mundo junto.



uma das minhas maiores agonias é assistir entrega de prêmios. tipo globo de ouro, oscar, grammy's, emmy's e similares. e quando a sua mulher se emociona com um esqueminha desses e cola o controle remoto com cola bonder na mão, não tem jeito. você, obrigatoriamente, ou quase, tem que ver. acho dramático o carinha ou a atriz alí no palco, debruçados sobre o microfone com meio mundo olhando. e aí o ator ou a atriz começa a falar uma lista de "obrigados!"--agradecimentos. as vezes o vencedor foca na família imediata, marido ou esposa e filhos. esse é o mais esperto. não vai arrumar merda quando chegar em casa. agradece aqueles que ele sabe que vai chegar em casa e encontrar sentados na sala com a entrega do prêmio gravada numa vhs ou mesmo eternizada no hd do computador. existe também aquele que agradece as pessoas do estúdio de cinema assim como todos que estavam envolvidos no filme. desde o cozinheiro até o diretor. esse ator pensa no futuro. não no futuro imediato de quando ele chegar em casa. esse, pensa nas contas que tem que pagar. por isso sabe que é importante puxar o saco do agente, do roteirista. esse sabe que pode chegar em casa e argumentar com a família: "galera, vocês têm que me entender, eu preciso colocar comida na mesa, pagar a faculdade da maria e as contas da mãe de vocês que esse mês se empolgou com uma promoção de sapatos.... por isso eu tive que agradecer o estúdio e os carinhas lá que vocês nunca ouviram falar... beleza?" existe também aquele ator que arrisca. ele tenta fazer os dois. tenta agradecer as pessoas do círculo familiar: "eu queria dedicar esse oscar para minha mãe que sempre acreditou em mim.... e na minha mulher, que é a minha inspiração em cena...." e também emenda logo em seguida e agradece o pessoal importante da industria: "...e também, o diretor ridley scott por ter me escolhido para esse papel com um texto maravilhoso escrito pelo...." mas existe um perigo. e esse perigo é comum. o cara que se empolga e tenta fazer os dois, agradecer a família e os carinhas importantes, 99% das vezes é interrompido pela música da orquestra. a não ser é claro que se trate do jack nicholson ou da meryl streep. nesses casos, a orquestra fica quietinha esperando os dois listarem os nomes das páginas amarelas. mas voltemos aos atores que arriscam. esses se fodem. esses são os que me deixam tensos. puta esqueminha. o fera levou a vida inteira para ganhar a bagaça e agora são meros 45 segundos para eternizar a gratidão. é como olhar para uma batida daquelas em que os dois donos estão de pé discutindo de quem é a culpa. você não consegue não olhar. e passa devagar observando o amassado nos carros. com o ator ou atriz que tenta agradecer todo mundo ao ganhar um globo de ouro ou um oscar, é a mesma coisa. é aterrorizante. mas você não consegue tirar os olhos. com um olho na atriz que lê uma lista de um papel-- e um outro olho na orquestra-- para saber se vai dar alguma merda e o maestro vai puxar a música do intervalo.

alguns brasileiros de passagem por lisboa pela primeira vez.



notei a primeira vez isso com a minha mãe. ela veio me visitar aqui em lisboa, e já, ao entrar no taxi comenta em voz alta: "erick, eles aqui não dirigem bem não né?"e o taxista espia pelo espelho retrovisor e eu levanto as duas sobrancelhas como quem diz: "é, mãe, português fala português." e por mais óbvio que isso possa parecer, muitos brasileiros que estão de passagem pela primeira vez em lisboa fazem isso: falam como se ele ou ela falasse outra língua que não é o português-- e por isso mesmo falam qualquer coisa. não estou chamando o brasileiro de ignorante é claro. como você pode ver, comecei o textinho usando a minha mãe como exemplo. e ela é bem esperta. mas acho que é o esquema da distância, a mudança de temperatura e ambiente. o fato de estar em outro continenente. não sei, mas acontece. é como você faria com a sua mulher se ambos estivessem de passagem por berlim. as chances de um fera entender o que vocês estão falando é perto de zero, ou zero mesmo. o fato de estar na alemanha deixa você ligeiramente mais confortável de falar qualquer barbaridade. comentar sobre alguém, alguma situação, qualquer coisa. você pensa: "esse fera fala alemão pourra!" e solta o verbo. mas aqui, curiosamente, não. acontece muito. hoje, por exemplo estava sentado numa pizzaria dessas com uma mesa comunitária gigante. eu e minha mulher, entre dois grupos. de um lado um casal num esqueminha bem romântico. e do outro um grupo de uns 6 brasileiros. bom, ao sentar, uma senhora do grupo comenta com a outra em tom normal: "engraçado né, como eles aqui fazem isso? sentar assim entre dois grupos? eu se fosse esse casal que acaba de sentar me recusava, por falar nisso, notou o casaco dela? onde será que ela comprou?" e eu ainda olhei para ela com uma expressão de quem quer dizer que: "ôpa, eu também sou brasileiro, falo português, e, se fosse português, obviamente também falaria a mesma língua." ela não se tocou ou estava meio que fingindo que a língua daqui é diferente da língua do brasil, pois foi uma entrada chegar na mesa ao lado que ela mandou: "aqui as porções são uma vergonha, e você viu o preço? será que esse rapaz sabe quanto custa?" já escutei uma vez uma senhora brasileira no ônibus mandar o seguinte comentário para a amiga que estava sentada ao lado: "eles são engraçados, não tem o costume de oferecer a cadeira se você não mostrar que está realmente interessada?!" e aí você pensa: "mas erick, isso é papo comum, as pessoas conversam entre si." sim e não. sim, conversam. mas não, não falam comentários em voz alta como se as outras pessoas ao redor não entendessem nada pelo simples motivo de estarem fora do seu país de origem. acho engraçado. ou curioso. ou os dois.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

o king.



documentários são bacanas por um motivo muito básico: não precisam colocar aquela frase no início que diz "baseado numa história real." a bagaça é real do começo ao fim e ninguém duvida, ninguém questiona. documentários são por natureza impressionantes, porque aquilo que se está vendo, aconteceu mesmo, e não importa se chamaram o brad pitt para interpretar a história do sujeito que em 1800 e tal ficou preso seis anos numa mina de carvão e enquanto lá criou uma cidade perfeita e etc... a bagaça aconteceu e pronto. mas estou cagando essa regra toda porque dia desses assisti um épico de proporções digamos star warsianas. um documentário de arrancar lágrimas no segundo final. um turbilhão de emoções. uma batalha do dark side contra o bem. "the king of kong". a história de um pai de família que tenta bater o recorde do clássico joguinho donkey kong dos anos 80. o cara está desempregado. na merda. e tudo que ele tem para se agarrar é o donkey kong. depois ele consegue um emprego numa escola. e aí, seus alunos, todos eles, entre 5-7 anos de idade-- torcem pelo herói. eu sei, eu sei, parece estranho. ou pelo menos você tem toda a razão para questionar a minha empolgação com o documentário. mas você precisa assistir. eu apertei play meio que com um pé atrás. e com um pouco de sono. se você leu o post abaixo, já sabe que lisboa está um pouquinho frio. e aí você sabe, frio, cobertor, sono. mas o documentário é foda. é uma batalha daquelas que você prende a respiração e começa a temer pela estrutura familiar do cara. a mulher que leva os filhos para a escola enquanto ele continua debruçado sobre o donkey kong na garagem. o filho que chora ao fundo. o rival dele, detentor do recorde que se recusa um desafio ao vivo. o drama, a emoção, a trilha que sobe nos momentos chave. a torcida. não vou entregar o final. mas vai por mim, dos melhores filmes de, sei lá, um tempão. um épico como gladiador. ou mais. sim, mais.


groelândia.



o frio é relativamente previsível. não, o frio é muito previsível. afinal, todos os dias escutamos, ou no elevador da empresa em que trabalhamos-- ou mesmo no jornal-- o que nos espera no dia seguinte. e por mais que os fêlas errem na hora de dar uma previsão exata, eles mais ou menos deixam você sabendo se vai dar alguma merda ou não. mas mesmo assim, mesmo com todos os avisos. os gráficos e os mapas no jornal, o frio em lisboa é foda. aí você pergunta:"mas fera, não foi você mesmo que uns meses atrás escreveu que lisboa tem a temperatura perfeita?" foi. mas, apesar de ser um bocadinho mais alta que a média dos países vizinhos, tá foda meu amigo. o simples pisar nos ladrilhos do banheiro pela manhã faz a sua vida inteira passar num flash momentâneo. hoje tomei 4 cafés antes de sair de casa. estou teclando de luvas. apesar de previsível, o frio, independente se você é um cidadão da groelândia ou de lisboa, é implacável. o que fode é a comparação do antes e depois. o antes, quando ele-- o frio-- não estava. e o depois, quando ele-- novamente, o frio-- chega com um pisão na porta. algo por aí. e aí você dá uma espiada de canto de olho no calendário e fica com medinho. é, a bagaça ainda está no começo.

a crônica do desta da semana

terça-feira, janeiro 06, 2009

bingo!



- qual é o nome dele?
- bingo.
- o nome do cachorro é bingo?
- bingo. isso, bingo.
- e ele morde?
- o bingo não morde.
- e ele faz cocô em casa?
- só na rua. desde o primeiro dia. acredita?
- ele late muito?
- pouquíssimo.
- ele faz xixi no carpete?
- nunca. nem quando chegou.
- mas que sorte.
- sim, temos muita sorte de ter um cão como o bingo.
- ah claro. por isso vocês escolheram esse nome. pois vocês tiveram sorte de encontrar um cão assim.
- não não, é porque ele gosta de jogar bingo mesmo.

o esqueminha do free-shop




não sei se você tem o hábito de comprar no free-shop. aquela loja que tem em cada aeroporto do mundo com uma série de produtos por um preço supostamente mais bacanudo do que na sua cidade natal. para começar, se você pensar, free-shop, o nome, é genial. free e shop. uma loja em que as coisas são praticamente de graça. e como você sabe, não são. e você sabe isso é claro. mas alí, na hora do "vamôvê" você meio que se lembra que um óculos ray-ban é um pouco mais caro numa lojinha do shopping da sua cidade. você não tem 100% de certeza, mas porra, o óculos ficou tão bem em você alí no aeroporto e o avião está quase, quase partindo, não é? aí você compra. compra dois. bebidas alcóolicas, a mesma coisa. eu não tenho o costume de ir até o supermercado comprar uma garrafa de black label. mas lá no free-shop, todo mundo compra bebida. faz sentido, você pensa com um ar de espertalhão, você está economizando uns 13 % ou mais. e compra uma caixa. "como? eu posso comprar duas caixas?" os óculos de sol se compram na loja do free-shop na partida. as caixas de bebida, no free-shop da chegada. já vi uma adolescente uma vez argumentando com a mãe que queria um ipod novo. "mas você já tem um minha filha?" e ela: "mas esse é rosa e está quase de graça.... manhê!!! estamos no free-shop, pô." e não encare este texto como uma crítica. eu sou a maior presa fácil do free-shop. os meus três óculos escuros foram comprados lá. o da minha mulher também. não existe nada como aquela sensação de entrar no avião a caminho de casa com a certeza absoluta que você acaba de fazer o negócio do século. o free-shop proporciona a sensação de final feliz para qualquer viagem. mesmo se, por algum motivo, o início e o meio foram uma bosta.

a nespresso e a guerra nuclear.



já li em algum lugar que café é a última droga legal (e acho que já escrevi isso aqui também, o que, se for verdade, desculpa aê). é a única coisa que vicia e que você pode se dirigir até um balcão e comprar independente da sua idade. e bagaça vicia. eu tomo uns 8 por dia. e como você já sabe pelo título deste mini textinho, tenho uma máquina dessas da nespresso. cápsula, botão, café. mais simples impossível. mas aqui em lisboa os caras não se prepararam muito para o esqueminha. ou pelo menos não sabiam que iria vender tanto. porque? bom, se você entrar numa das duas lojas em lisboa para comprar as cápsulas, precisa pegar uma senha. e não é qualquer senha. são senhas que alcançam fácil os 3 dígitos. mas agora sobre a guerra nuclear. é, a guerra nuclear. é mais ou menos essa a sensação que você tem ao comprar, ou melhor quando chega a sua vez de colocar o peito sobre o balcão-- é a de que você tem que socar a sua casa com as cápsulas. afinal, você pode não ter outra chance de comprar a bagáça. da próxima vez, você com certeza vai precisar esperar mais. as senhas terão 4 dígitos ao invés de 3. então você fica meio cafuzo. olha nos olhos da vendedora, olha para a parede com as cápsulas atrás dela e decide comprar tudo. e compra mesmo. foi isso que eu fiz. hoje comprei café suficiente para uns 3 meses. as pessoas me olharam com um certo ar de curiosidade. algumas levantaram a sobrancelha direita. outros, as duas. mas e foi aí que deu um click em todos. as pessoas notaram porque eu estava estocando. era a sensação da guerra nuclear. "e se essa pourra tiver mais cheia na próxima vez?", "e se o café acabar?" e é claro, "e se um fêla da pulta começar a encrencar com café e cismar que a pourra é uma droga também?" e aí, assim, de repente, todos começaram a pedir quantidas wal-mart de cápsulas. as vendedoras arregaçaram as mangas e eu sai com a sensação de que se der alguma merda eu estarei numa boa.