quarta-feira, setembro 20, 2006

o terno, as subácas, a gravata e o sapato caramelo.

não entendo terno. o conjunto completo. o sapato caramelo, o cinto que combina, a gravata que enforca, a calça com pregas e o paletó que derrete. terno não faz muito sentido, principalmente num país em que a temperatura no inverno bate nos 34º. tente lembrar a última vez que você colocou um terno. o sofrimento. aquela sensação de estar dentro de um microondas ambulante sem o barulhinho da ventoinha do microondas. acho que os testes vocacionais de hoje em dia deveriam ter duas opções: "no futuro, você se enxerga derretendo dentro de um terno?" ou " no futuro, você não se enxerga derretendo dentro de um terno?" a partir daí tudo ficaria mais fácil. uma caráiada de profissões já seriam eliminadas com uma só canetada. o mais foda do terno é que ele vem com uma gravata de brinde. e a gravata por definição é algo que você deve apertar ao redor do seu pescoço. um nó grande, que aperta e afrouxa de acordo com a sua respiração. as vezes pego o elevador com algum vizinho de terno e fico com dó. ao ver aquela aglomeração de bolinhas de suor se formando na testa dele, me simpatizo. dou bom dia, levanto um sorriso daqueles de canto de boca e balanço a cabeça como quem diz: "segura aí campeão, tudo vai dar certo!" agora, fico imaginando a vida de um sujeito que precisa do terno todos os dias e não tem um carro dotado de ar-condicionado. a vida ganha um sentindo completamente novo. ou perde todo o sentido. dia desses fui a um casamento. de terno é claro. acho que seria difícil convencer a minha mulher que eu iria de calça de moletom e tênis adidas. para ser sincero eu sequer coloquei esse assunto na mesa. coloquei o terno e fui em frente. pensando nisso, acho que é por isso que casamento tem fartura de bebida. pro-secco, whisky 12 anos, champanhe. por causa do terno. para você ficar doidjo. para você esquecer o terno. a gravata, o cinto e os sapatos. nessa ordem. não entendo terno.

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