sexta-feira, novembro 23, 2007

a morte do meia dúzia.



a morte do meia dúzia. o meia dúzia do número do telefone. do número do endereço. meia dúzia, irmão gêmeo do seis. aqui em portugal, ele não existe. não é que ele tenha morrido como eu disse no título. ele simplesmente não existe. quando digo que o meia dúzia bateu as botas, quero dizer do meu vocabulário. morreu. no começo confesso que insisti. o meu endereço aqui em lisboa tem um número 6. o meu telefone uns quatro números 6. e no começo eu falava: "nove meia meia..." e a pessoa do outro lado da linha as vezes entendia por saber que é assim que os brasileiros se referem muitas vezes ao número seis. mas, na grande maioria das vezes ficava aquele silêncio. a pessoa pescando na memória: "meia? meia? meia que caráio esse cara quer dizer com meia?" depois de algum tempo, resolvi enterrar o fêla. não falo mais. faço um esforço fenomenal para segurar o "meia." agora é só seis. isso, nove seis seis. depois de trinta e dois anos falando "meia", meia dúzia de ovos. meia dúzia de maçãs. meia isso, meia aquilo. agora é só o seis. não tem muito como evitar. primeiro, porque você se passa por um cara, digamos não tão simpático. isso, é claro, depois que você descobre que não se fala o meia. a primeira vez, ok. a segunda, também. mas, depois que você descobre, a sensação é que não custa nada enterrar o meia. nem que por um tempo. com tantas técnicas avançadas na medicina moderna, tenho certeza que é possível ressucitar o "meia" quando precisar. para ser sincero, cá entre nós, de vez enquanto bate uma saudades. assim como bate uma saudade do gerúndio. mas tudo bem. até porque, dependendo do ângulo que você olha, o "seis" é muito parecido com o "meia." aí, bem, aí a saudade passa.


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