terça-feira, abril 11, 2006

não confio em pessoas que abotoam o último botão da camisa.

você já viu essas pessoas? coloca uma camisa social e abotoa todos os dezesseis botões. um a um, até chegar lá em cima no pescoço? então, não confio num sujeito que tem a manha de andar sufocado para cima e para baxo. com aquele tecido grosso roçando no pescoço. apertando a barba para um lado e para o outro. sufocando os poros do sujeito com as últimas forças. não confio em pessoas que abotoam o último botão da camisa social pelo simples motivo que ninguém está 100% confortável com uma camisa 100% abotoada. e cá entre nós, não dá para confiar num cara que, por opção, resolve passar o dia com as vias de entrada e saída de oxigênio quase-fechadas. se eu fosse dono de uma loja de camisas sociais, mataria o último botão de todas as camisas sociais. mataria os dois últimos, para ser sincero. poderia até dar o braço a torcer e colocar dois botões falsos daqueles que as vezes aparecem nos ternos, sabe? botões com os buracos costurados? é, minha loja seria conhecida pela camisa banguela. caráio, taí um nome bacana: "a camisa banguela". acho que faria bastante sucesso. fico imaginando os quase-executivos fazendo fila na porta da loja clamando por uma camisa banguela. e aqueles caras que até hoje tentam resistir o "establishment". que lutam contra o sistema. todos comprariam uma camisa na minha loja. eu ficaria milionário. não, eu ficaria bilionário. eu desconfio de pessoas que abotoam o último botão da camisa social porque ele tem que ser mucho lôco. tem que ter problemas sérios para andar para cima e para baixo com uma circulação de oxigênio deficitário. só perdôo o masoquista. o masoquista pode. faz parte do jeitão dele. do estilo de vida dele. já um carinha comum. um carinha pai de família, que freqüenta a faculdade. um carinha que tem amigos. esse, não. esse não pode e não deve abotoar o último botão da camisa social. desconfie dele. mantenha um pé sempre atrás. esse cara não bate bem. não, esse cara tem outra prioridade na vida. ele não dá valor nem ao ar que respira. pensando bem, se você conhece um cara desses, ajude ele. abra o último botão da camisa dele como quem desarma uma bomba, uma granada. como quem tira uma aranha caranguejeira do pescoço de um cara querido.

Nenhum comentário: