segunda-feira, dezembro 11, 2006

saquê, o traiçoeiro.

gin tem cheiro de porre. vodka tem fama de cabeça na calçada. uísque tem jeitão de quem vai acordar com dois dedos de olheiras e os olhos com aquele emaranhado de veias. cerveja, por natureza, gera repetição, repetição, repetição, o que indiretamente, só pela quantidade de garrafas alinhadas na mesa, pode-se prever um porre. ou uma leve dor de cabeça. cachaça, bem, cachaça é feito da mesma matéria-prima que movimenta os carros flex fuel. agora, o saquê, o saquê é traiçoeiro. aparentemente inofensivo. pra começar, o bicho é feito de arroz. é associado com sushi, peixe cru. saquê vem naquelas garrafas gorduchas e é servido em copos quadrados decorados com sal. e alí, no meio daquele ritual, você se engana, acha que o bicho é inofensivo. toma um, toma dois, toma três. toma quatro. mais uma garrafa, por favor. e quando você vê, sua língua está enrolada, num nó quase cego. você jura que está ok. mas não está. vai ceder gentilmente as chaves do carro para a sua mulher e procurar falar menos ou quase nada. o saquê é traiçoeiro. ainda mais traiçoeiro é o saquê combinado com frutas. ah, quando você combina o saquê com frutas o efeito é potencializado. você acaba bebendo mais. três, quatro, "tem certeza que eu bebi sete?" e aí, chega a conta e você acha que deixou cair uma lente de contato no chão. ou, em muitos casos, chega em casa, e, pilhado, coloca um dvd (desses de seriados) para assistir. quatro horas depois, com a tv chiando e as lentes de contato grudando, você levanta no susto do sofá e pensa: "caráio, saquê é traiçoeiro."

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