sexta-feira, dezembro 01, 2006

cuidado com a tiazinha do seu prédio que usa bobs no cabelo.

não sei como é o seu prédio. o meu é cheio de tiazinhas. metade rabugenta, metade quase-simpática. o elevador é pequeno. tem uma plaquinha que diz que cabem 6, mas cabem apenas 4. e com uma certa dificuldade, um esquema meio nariz na nuca da vizinha. o que nos leva ao título desse parágrafo, desse textin: cuidado com a tiazinha do seu prédio que usa bobs no cabelo. quando eu entro na caráia do elevador, tenho o costume de fingir que não tem nenhuma tiazinha lá. finjo que a fêla é invisível. é uma antipatia preventiva. evitar abrir as porteiras do "bom dia, boa tarde, como é que vai a senhora sua mulher, e o tempo, e olha que ainda nem é verão, você viu o trânsito?, é um poodle toy, tem três anos, o nome dele é lindinho, adivinha porque?, que horas são?, já!, comprei na feira, quer um pouquinho?" é meu amigo, se você arrisca o primeiro "bom dia!" com uma tiazinha de bobs no cabelo, uma coisa é certa, para o resto dos seus dias ali, naquele prédio, você se sentirá na obrigação de comentar sobre o tempo, a feira, o trânsito e o vizinho maconheiro do 602. e é fácil entender porque. uma tiazinha que sai de casa com bobs no cabelo é tudo, menos tímida. mas principalmente, uma tiazinha que sai com bobs no cabelo mora sozinha. está sedenta para falar com alguém. e como é que eu sei que ela mora sozinha? bom, se ela dividisse o apartamento com alguém, esse alguém, nem fodeindo, deixaria ela sair com bobs no cabelo. simples assim. nada contra a tiazinha. mas é um perigo. uma ameaça. a tiazinha com bobs no cabelo é uma represa prestes a se romper. e o "bom dia!" que você dá, é a marreta que vai colocar a represa abaixo. é por isso, e só por isso que eu, no máximo, mas no máximo, levanto as sobrancelhas. as duas, juntas, num leve slow-motion. como quem diz: "não fódi tiazinha com bobs no cabelo, a gente mora no mesmo prédio, mas não precisamos ser melhores amigos, belê."

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