terça-feira, abril 15, 2008

como era mais emocionante antes quando não existia caixa postal-- apenas a boa vontade da sua mãe.

mensagens. me lembro quando você ligava para alguém e encontrava do outro lado da linha uma secretária eletrônica com fita. aquela microfita que gravava o que você dizia. as pessoas chegavam em casa e "play". passaram alguns anos e as secretárias eletrônicas passaram a ser digitais, sem fita. era chegar em casa, e pimba, "play". depois veio o serviço das operadoras de celular, em que você liga para um número e escuta as suas mensagens. e é mais ou menos assim que estamos hoje. algumas pessoas já nem se importam e deixar mensagens. mandam um sms meio cifrado. algumas palavras num text message que já diz tudo. economizam duas chamadas. a primeira para deixar a mensagem. e a segunda que a pessoa que não estava teria que fazer para escutar aquela mensagem. esse esquema de mensagem está cada vez mais impessoal. não sei se é melhor ou pior. certa vez li em algum lugar que as pessoas-- muitas vezes preferem que a outra não esteja para deixar o recado. é mais fácil. gasta menos tempo. e você sabe como é que é essa coisa de tempo. está cada vez mais curto. não sei, mas acho que preferia quando era mais moleque. chegar em casa e minha mãe gritar do outro lado dizendo que tal pessoa ligou. e eu: "mas ligou quando, mãe?" e ela: "não sei ao certo." era mais emocionante. não sei quantos anos você tem. e se você passou por essa época. não existia celular meu amigo. não existia secretária eletrônica. quando eu tinha meus doze anos, eu chegava em casa e se tivesse sorte encontrava um rabisco no verso de uma nota do carrefour com o nome de alguém. eu tinha que decifrar a letra, a hora, e ter certeza que não era um recado velho. e se eu estivesse completamente louco para falar com uma menina e ela ligasse, as chances de eu atender esse telefoneme eram praticamente nulas. minha mãe, ou mesmo a vera que trabalha até hoje lá em casa-- eram rápidas. muito rápidas. atendiam toda e qualquer chamada. e aí, você sabe, era a emoção de chegar em casa e tentar encontrar uma das duas com algum nome rabiscado ou uma das duas com a informação ainda fresca num canto do cérebro. não sei. é claro que as tecnologias têm lá as suas vantagens. mas a emoção de nunca saber se tal pessoa ligou, ou se tal festa fora adiada, ou isso, ou aquilo-- era divertido. mensagens. me lembro quando você ligava para alguém e encontrava do outro lado da linha uma secretária eletrônica com fita. ou a mãe de um amigo com uma caneta bic com a tinta falha na mão.

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