terça-feira, julho 26, 2005

a melequinha do quiabo e os tufos de rúcula.

não me lembro da minha mãe ter me forçado a comer rúcula quando era moleque. o que é muito estranho. afinal, me lembro muitíssimo bem dela socando quiabo no meu prato. aquela melequinha do quiabo que faz uma ponte entre o garfo e a sua boca. me lembro dela também colocando porções iguais de bife, batata-frita, alface, tomate e jiló. mas caráio, nada de traumas com a rúcula. não sei, tenho a impressão que inventaram a rúcula uns 8-10 anos atrás. o que nos leva ao assunto desse textinho: como fazer crianças gostarem de verduras e legumes? eu não sou pai ainda, mas assim que nascer um moleque eu já sei a tática que eu vou colocar em prática. vou fazer o inverso que os meus pais fizeram. é, a primeira coisa que meu filho vai comer vai ser um sundae de chocolate do mcdonald's com calda extra. vai comer muita batata-frita e pizza quatro queijos. pipoca ensopada de manteiga e coca cola em copos maiores que ele. e, enquanto ele come essas porcarias, vou ficar mastigando rúcula, alface e tomate do outro lado da mesa emitindo sons de extremo prazer. e, quando o moleque tentar colocar a mão no meu alface, tapa na mão dele. ele pode chorar, esperniar, escrever uma carta para o papai noel pedindo um pé de alface de presente. não vai comer. não vai chegar perto. vou deixar isso rolar por uns 5 anos. não me entenda errado, vou ser um pai bacana. mas aí se eu pegar o moleque agarrado num tomate. castigo de um mês e vendo a bicicleta, o videogame e tiro da aula de futebol. aí, quando o moleque bater cinco anos de idade, eu libero. o trauma, aqueles anos de desejo reprimido, vai fazer com que o moleque vire o maior consumidor de alface da terra. agricultores vão me ligar pra agradecer. dependendo do apetite do moleque, o preço do alface vai subir nos supermercados. depois eu vou lançar um livro com esse programa. vou abrir clínicas. uma geração inteira com alface e rúcula presa entre os dentes e com a melequinha do quiabo nos cantos da boca. o moleque vai crescer meio puto comigo, mas beleza, quando eu encontrar ele comendo tufos de rúcula como se fosse batata-frita-- vai me agradecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hummm... se não fossem tantos anos comendo porcaria, eu até investiria nessa técnica... acho que daria certo!