quinta-feira, julho 07, 2005

creme de mandioquinha morno.

comi creme de mandioquinha hoje de entrada no almoço. interessante. mandioquinha. assim no diminutivo. sem a pressão de ser um creme de mandioca. não, mandioquinha mesmo. e como entrada. nunca como prato principal. fiquei pensando como o creme de mandioquinha levava uma vida boa naquele cardápio. o creme de mandioquinha deixa todos os outros pratos morrendo de inveja. é o emprego mais fácil do cardápio. pensa só. a vida do prato principal é bem mais complicada. o prato do dia chega na mesa tremendo. o garçom treme. tudo treme. é, ele é que vai matar a sua fome. o creme de mandioquinha é o equivalente a um trailler daqueles de cinema bem editados. é rápido, não tem muito. não arrisca. é quase sem sal. sem pimenta. creme de mandioquinha tem uma cor amena. não é amarelo. mas também não é laranja. creme de mandioquinha é um amarelo adormecido. um amarelo que pensa que é branco. ninguem bate na mesa e pede mais um depois. mas também não reclama. o creme de mandioquinha é primo de primeio grau do quiche de uns 11 textinhos abaixo. é uma grande família: o quiche, o creme de mandioquinha, a salada verde e o frango grelhado. comidas quase sem graça que cumprem o seu papel em qualquer cardápio. o creme de mandioquinha é o mais fodalhão dos quatro. porque, além de ser exclusivamente uma entrada, é no diminutivo e o melhor, não agarra nos dentes, e quase sempre vem morno. nunca fervendo. em outras palavras, o fêla da puta tem uma vida bem tranquila. creme de mandioquinha. se tiver no cardápio e você estiver indeciso, não titubeie, peça: "creme de mandioquinha, por favor!" não tem erro. o fêla da puta não vai te surpreender, mas também não é babaca pra te pegar no contrapé.

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