lá em casa, de cada 200 refeições, dou uma mão em duas. não é filhadaputagem. é que eu não levo jeito para a bagaça e a patroa, muito. bom, mas esses dias, calhou de ser eu ali, na frente do fogão. "erick, e se você fizer o pato?"-- ela disse lá da sala. putz, qualquer prato que começa com pato isso ou pato aquilo já coloca uma pressão enorme. pode fazer um rewind na sua cabeça e tente lembrar todos os restaurantes que você já foi em que o pato estava lá no cardápio. o fera sempre acompanha uns sobrenomes franceses e um preço salgado. bom, fiquei lá olhando para o pato cru. para a panela vazia. e é claro, para os dois pratos igualmente vazios espalhados pela pia. "que caráio vou jogar sobre esse pato, pourra?" e aqui vai a dica para marcar preciosos pontos com a patroa. molho de mostarda e geléia de pêssego com pimenta preta. fudido. e inspirado. abri a geladeira em busca de qualquer pote de alguma coisa que me salvasse. de relance pesquei com cada um dos olhos, primeiro, com o olho direito, o pote de mostarda zambers dijon e com o outro um pote de geléia de pêssego. me lembrei que existia o molho de mostarda e mel. aí pensei: "caráio, troca o mel pela geléia de pêssego e torce para dar certo." e acho que deu. ou a minha mulher ficou com muita pena de mim. mas acho que deu certo, porque eu também comi a bagaça. quase como faz aquele bobo da corte que experimenta as coisas antes do rei e da rainha. a receita é simples. duas colheres fartas de mostarda. fogo baixo. uma colher de geléia de pêssego. uma pitada meio desajeitada de pimenta preta. misture lentamente. quando virar um caramelo meio disforme, largue sobre o pato. pourra, o pato fica cheio das nove horas.
bela. a menina que se achava feia.
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bela nasceu com um nome que descrevia seu rosto, sua pele, sua
personalidade. enfim, bastava bela se apresentar para todos entenderem quem
era ela. "bela, ...
Há 15 anos
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