segunda-feira, fevereiro 13, 2006

três pessoas no restaurante.

sempre que vou ao restaurante, tenho o costume de observar as pessoas que estão ao redor. coisa rápida. um pouquinho aqui, um pouquinho alí. ontem, por exemplo, meu almoço foi marcado por três pessoas. três figuraças. a primeira delas: estava sentada no fundo, umas quatro, cinco mesas atrás. era um pai muito louco, muito raivoso. não sei o que a filha dele fez, mas levou o maior esporro que eu já vi alguém levar na vida. o restaurante parou. um garçom derrubou os talheres que carregava na bandeija. a menina abriu o berreiro. segundos depois, o cara se levantou e foi lá pra fora, fumar um charuto. fazia um estilo metade marlon brando final de carreira, metade antônio fagundes "carga-pesada". a segunda pessoa: bom, a segunda pessoa foi um pai que abriu um livro com partituras e letras de musicas infatis e resolveu cantar para o filho. ele não cantou como uma pessoa comum faz ao escutar uma música conhecida no rádio. o fêla da puta tinha uma voz mais grave que a do plácido domingo. e cantou em inglês, em italiano e em português, para o filho-- que só não implorou pra ele parar porque tinha um ano de idade e ainda não sabia falar. cantou duas vezes "oh, susana! não chores por mim..." bom, a terceira: a terceira pessoa foi um carinha que chegou com uma mulher no primeiro encontro dos dois. afirmo com todas as letras que era o primeiro encontro porque o carinha estava tenso, e a menina muito arrumada. mas não arrumada de "chique". muito arrumada no sentido de que passou horas se arrumando para parecer que não tinha passado horas se arrumando. sentaram na mesa ao lado. ela pediu uma salada, ele um hamburguer pequeno. ele se levantou para ir ao banheiro, ela aproveitou para ver se tinha alface nos dentes. ele se ofereceu para pagar a conta. ela, insistiu em dividir. ele abriu a porta do restaurante antes que a hostess pudesse fazer o mesmo. pedimos a conta. e, enquanto assinava o cartão, pude notar, meio de rabo de olho, um fêla da pulta me observando lá do canto do restaurante. acho que, como eu, também estava observando as pessoas. quem sabe não está escrevendo algo parecido agora. fêla da pulta.

Nenhum comentário: