ela trabalhava na parmalat. dirigia um caminhão de leite. quase mil litros de leite. para cima e para baixo. tinha habilitação desde os 18. nunca tinha levado uma multa sequer. "piloto um caminhão de leite!" respondia ela orgulhosa quando perguntavam sua profissão.
ele era funcionário da nestlè. transportava nescau. achocolatado em pó pelo brasil. da fábrica para o supermercado. nescau. o país não acordava sem nescau. ele sabia disse. se sentia orgulhoso. "sabe o nescau que você toma todas as manhãs? então, sou eu quem distribuo." dirigia um caminhão mercedes-benz, ano 87 diesel. tinha duas multas de velocidade no histórico, e só. sempre calibrava os pneus e sempre recusava a cervejinha do almoço antes de pegar a estrada.
a vida dos dois mudou numa quarta-feira. ele, indo do rio para são paulo com o caminhão cheio de nescau. ela, indo de são paulo para o rio, com o caminhão com leite até o topo. o encontro foi rápido. por acidente. literalmente. ele disse que deixou o cigarro cair, e se abaixou pra pegar. ela jura que não viu quando ele atravessou a pista: "foi tudo de repente... eu não pude fazer nada!" "bum!" caminhão e caminhão. batida de frente. ninguém se machucou sério. mas a carga, bem a carga é outra história. leite e nescau. mil litros de 'energia que dá gosto'. e foi alí, com milhares de crianças invadindo a pista da dutra que eles chegaram a conclusão, que a colisão fora obra do destino. amor à primeira vista. feitos um para o outro. e sempre que um dos dois conta a história de como se conheceram, ninguém acredita.
bela. a menina que se achava feia.
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bela nasceu com um nome que descrevia seu rosto, sua pele, sua
personalidade. enfim, bastava bela se apresentar para todos entenderem quem
era ela. "bela, ...
Há 15 anos
Um comentário:
Se dissessem que foi o Veríssimo que escreveu, eu acreditaria.
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