terça-feira, fevereiro 26, 2008

veneza e a disneylândia. ou se for a veneza nunca brigue com a sua mulher (marido).

passei três dias em veneza essa semana. tinha ido uma vez quando era moleque. eu e meu irmão. apenas 12 horas entre uma viagem e outra. ou seja, não conhecia picas. tenho uma foto com um pombo agarrado no capuz do meu casaco e só. memória, memória não tenho muita. (eu acredito cegamente no fato de que todos nós temos uma espécie de memória absoluta que não é expandível. um bom exemplo é o hard drive do seu computador. imagine que o seu computador tem 80 gigabites de memória interna. esse é o seu cérebro. bom, e se você chegar um ponto que você ultrapassa esses 80 gigabites, é preciso jogar alguma memória fora para colocar a nova no lugar. fez sentido?) e como a minha memória tinha apagado a viagem de veneza, ou pelo menos os detalhes, a viagem de agora foi bacana para substituir uma memória que estava meio falhada.) caráio, e os casais lá do título? ok, esses três dias em veneza, e uma caráiada de taças de vinho num frio infernal, me permitiram observar atentamente a cidade e as pessoas que lá estavam. a primeira impressão é que não existem venezianos. apenas turistas. e não estou exagerando, é punk mesmo. acho que para 10 turistas, deve ter 0,8 veneziano (a). a segunda impressão é de que todos que lá estão-- são casais. não existem pessoas solteiras. se você encontrar algum, conte até dez que uma pessoa, marido ou mulher aparecerá de algum lugar com um café na mão ou um cigarro no finalzinho. é casal. é turista. além disso, notei que todos os casais, todos, ok, quase todos estavam sempre abraçados. ou dando beijos, ou tirando fotos com o braço esticado. sempre sorrindo, sempre de mãos dadas. é impressionante. não se vê homem nervoso brigando ou mulher estressada dando chilique. todos os casais aparentam estar em harmonia quase que em câmera lenta. e eu acho que sei porque. pelo simples fato que em veneza você está ilhado. não tem essa de uma mulher dar um chilique e ir para qualquer lugar. ela está cercada de canais, sem carro. portanto acho que de alguma maneira o cérebro do ser humano se ajusta uma vez que as pessoas entram em veneza. em veneza o cerébro filtra comentário que possam gerar brigas. o cérebro ignora o marido que palita os dentes em pleno restaurante. finge que não vê a mulher comprando seis pares de sapato. é, porque o cérebro sabe que qualquer bosta que acontecer ali. não tem muita saída. de um lado um canal, do outro, um outro canal. confesso que vi, do outro lado do restaurante em que estávamos, um casal discutindo brevemente. o homem olhou para a bunda de uma mulher que passara. a mulher ameaçou brigar. mas só ameaçou. em um milésimo de segundo, ela parou, respirou fundo e ficou tranquila. passei três dias em veneza essa semana. tinha ido uma vez quando era moleque.

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