quarta-feira, julho 07, 2004

a joaninha e a roupa de bolinha.

hoje mais cedo, durante uma pausa para o café, encontrei uma joaninha. ou melhor, uma joaninha me encontrou. pousou no meu ombro. tinha tempo já que eu não via uma joaninha. toda vermelha com pontinhos pretos e um par de antenas. joaninhas são bonitinhas. dá vontade de apertar. e foi observando a joaninha que eu cheguei a uma conclusão. nada que vai revolucionar o mundo. mas faz algum sentido. caráio-- as joaninhas são a maior prova viva de que as roupas, as aparênciaa mudam completamente a maneira de você "ver" as pessoas. interpretar suas intenções. a joaninha nada mais é do que um inseto com uma roupa jeitosa. bonitinha. colorida. se ela fosse igualzinha-- mas com uma casca marrom no ligar, fudeu. eu pisaria em cima. as baratas por exemplo, quem sabe se elas não tivessem uma casca como as das joaninhas-- não seriam mais bem aceitas na sociedade. quem sabe as pessoas não deixariam de caçar elas com uma lata de rodasol numa mão e um chinelo na outra. caceta. pensa só. já vi mulher correndo de besouros que não tiveram a sorte de nascer com a mesma cor das joaninhas. e já vi também-- as mesmas pessoas tocando o nariz no casco das joaninhas com um ar de "como a natureza é bela". é. não sou nenhum expert do assunto-- mas acho que a simples existência da joaninha rende discussões antropológicas bem profundas. o racismo entre os insetos. perdão, não entre os insetos. mas da gente com relação aos insetos. o status que essa caráia de casca da joaninha dá pra ela. porra. sério. se eu fosse um besouro daqueles com o cascão amarronzado meio verde, sequestraria uma joaninha. sem dó. não ia levar ela pra fazer saques em caixas eletrônicos não. só roubaria a casca colorida dela. é. melhor uma joaninha pelada do que um besouro (neste caso, eu) esmagado por uma havianas fashion. pensei nisso no elevador a caminho da minha mesa. voltei correndo pra pegar a joaninha. mas algum outro besouro já tinha tido a mesma idéia. fila da puta.

Nenhum comentário: