quarta-feira, outubro 25, 2006

o pêlo do nariz (2).

pêlo do nariz é a coisa mais fêla da pulta que existe. pêlo do nariz é traiçoeiro. pula, escapa, salta pelas narinas quando você menos espera. você pode estar lendo este texto e ter um ou dois pêlos pendurados na borda da sua narina. como se fossem sinais de neon que piscam fora de ritmo e chamam a atenção de quem passa de um jeito que incomoda. o foda do cabelo, do pêlo de nariz é que quanto mais você corta, apara, arranca, mais rápido ele cresce. mais sacana ele fica. todo pêlo que é cortado e morre, volta mais malandro. mais esperto. mais astuto. aprende com os erros do seu antecessor. é mais ou menos como acontece com os computadores usados em partidas de xadrez. depois de uma derrota, o computador "assiste" um replay da partida e incorpora novas táticas para as futuras partidas. cada derrota, deixa o fêla mais forte. o mesmo acontece com o pêlo do nariz. é o mesmo princípio da seleção natural de darwin. hoje você corta o pêlo mais escroto com uma tesourinha em três segundos. amanhã, o novo pêlo que nasce se enrola para dentro, aí, você precisa de uns 40 segundos, um minuto para decepar o fio. em uma semana, ele nasce branco. branco, quase transparente, para você não conseguir exergar contra a luz. mês que vem, nasce na outra direção, apontando para dentro do nariz, por exemplo. já travei batalhas memoráveis com pêlos do nariz. e na grande maioria das vezes, perdi. perdi a paciência de encontrar, de pescar o fêla. saí de casa com aquela pontinha de pêlo fazendo polichinelo na entrada da narina. com aquele ar de derrota. com um pêlo teimoso. se você tiver um pêlo, aqueles dois milímetros expostos, fique esperto. pense duas vezes antes de cortar. você pode estar começando uma guerra de épicas proporções. pêlo de nariz, que coisa escrota.

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