cheguei ontem no trabalho sem aliança. olhei para a mão esquerda, e nada. olhei para a mão direita e também nada. puta que pariu, não me lembrava onde eu tinha colocado a aliança. pra ser sincero, eu não me lembrava de ter tirado ela. a primeira coisa que me veio à cabeça foi aquela crônica do veríssimo sobre a aliança perdida. aquela-- em que o sujeito deixa a aliança escorregar na hora de trocar o pneu do carro. só que ao invés de contar pra mulher a verdade-- resolveu inventar que traiu mesmo a mulher. é. na cabeça dele, a mulher nunca iria acreditar que ele tinha perdido a aliança enquanto trocava o pneu furado. preferiu economizar tempo e disse uma mentira. o que nos leva de volta a historinha da minha aliança. o mistério da aliança. caráio. eu não tinha feito nenhuma cagada. não tinha traído ninguém. só não sabia onde estava a caráia da aliança. passei a manhã inteira olhando para a minha mão e pensando onde ela poderia estar. pensando no que falar em casa. pensando. por isso mesmo o dia passou mais rápido que o normal. quando vi, já estava no meio da marginal com as mãos no volante dirigindo para casa. uma das mãos, é claro, sem a aliança. cheguei em casa meio que em pânico. não ia inventar nenhuma história. só não sabia ainda-- por onde começar. entrei e fui direto para o chuveiro. resolvi tomar uma ducha quente para relaxar. e foi aí que tudo mudou. que a história teve a sua reviravolta. a
aliança estava lá. no chuveiro. debaixo do sabonete. tinha tirado pela manhã. ainda com os olhos costurados com remela. esqueci completamente. é. eu não tinha traído ninguém. na verdade-- eu é que fui traído pela minha memória.
bela. a menina que se achava feia.
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bela nasceu com um nome que descrevia seu rosto, sua pele, sua
personalidade. enfim, bastava bela se apresentar para todos entenderem quem
era ela. "bela, ...
Há 15 anos
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