quarta-feira, janeiro 13, 2010

ela não conseguia parar de pensar naquilo. e por isso não conseguia mais pensar nele.



duas amigas conversam baixinho num café. não chove lá fora. mas, mais tarde a previsão promete chover para caráio. o diálogo das duas que segue é testemunhado por uma garçonete-- assim mesmo-- já pela metade enquanto ela (a garçonete) serve leite quase quente sobre um café quase frio para a mulher que faz a primeira pergunta.

- mas você ama ele?
- amo.
- então qual é o problema?
- ouvido.
- ouvido?
- sim, o ouvido dele.
- o que tem o ouvido dele?
- tem um tufo de cabelo escuro e denso lá no meio.
- porque você não diz isso pra ele.
- vergonha. Você sabe como eu sou tímida.
- ué, fala baixinho no ouvido dele.
- mas tem um tufo de cabelo escuro e denso lá no meio.
- (silêncio)
- (silencio)
- é, um tufo é um tufo.
- meio desgrenhado... sabe?

e a garçonete termina de servir o leite, se afasta da mesa e nunca conseguiu descobrir o desfecho daquele drama que assolava aquela mulher. o tufo. qual era o o tamanho exato dele? dava para ver de longe? ou apenas de perto? o namorado dela sabia que ele tinha um tufo? ela ia acabar com ele por causa de um tufo? bom, a mesa ao pé do balcão chamava ela.

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