quinta-feira, fevereiro 15, 2007

a síndrome do nextel.

não sei se você tem ou já teve ou conhece alguém que tem um nextel. nextel, para quem não sabe é um celular que está sempre no viva-voz. as pessoas que estão ao redor escutam tudo o que o dono ou a dona do nextel fala. como eu já disse, a pourra do telefone é uma espécie de walkie-talkie fantasiado de celular. puta negocinho escroto. entendo que dá pra economizar. ligação infinitas com o apertar de um botão. ok, beleza, faz sentido. mas só se você usa essa maravilha da tecnologia para algum tipo de trabalho. você é mestre de obras? beleza, tem que falar com o carinho no segundo andar do prédio que está chovendo sacos de cimento. com um apertar de botão você pode salvar a vida do fêla. mas tem gente que usa a pourra do nextel para conversar coisas íntimas, do dia a dia. "amor, eu vou pegar as crianças... mas depois tenho que dar uma parada na farmácia porque o meu furúnculo do joelho está vomitando pus." puta papozinho que não dá para falar num nextel para todos que estão ao redor escutem. o foda de um dono de nextel é que ele ou ela, com o tempo simplesmente esquecem do fato de estarem falando em voz alta. na primeira conversa talvez sussurrem. na segunda conversa já falam um tantinho mais alto. afinal, a pessoa do outro lado da linha está gritando. é o marido que vai falar baixinho para mulher no nextel que ele está louco para chegar em casa e tirar o atraso, depois de uma semana trabalhando na ponte aérea. mas que um mês depois, pede pra ela descrever graficamente a cor da calcinha dela, em voz alta dentro de um carro do metrô. ou é a esposa que fala para o marido baixinho que pegou a cueca dele escondida entre as almofadas do banco de trás do carro da família. e pede explicações. mas, aí, passam se os meses, e ela liga pelo nextel e esperneia que encontrou uma gola de camisa de terno lambuzada de batom. e fala isso na escada rolante de um shopping, por exemplo. é a síndrome do nextel. com um, dois, três meses de nextel, as pessoas esquecem que existe um mundo de pessoas ao redor. e falam alto, coisas íntimas que não necessariamente merecem ver a luz do dia no viva voz do nextel. "maria, as crianças comeram? ah, o claudinho não comer brocólis? então empurra goela abaixo e diz que se ele não comer eu vou cortar a língua dele fora..." escutei isso na sala de espera de um aeroporto. não fodi. compra um celular e fala direito, baixo. a síndrome do nextel. um bando de fêla que fica falando alto pra cacete porque perdeu a noção que a caráia do nextel é um walkie talkie e não um telefone celular.

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