terça-feira, fevereiro 13, 2007

o carinha da cegonha, outros dois empregos bem mais ou menos e o karma.

dia desses, preso no trânsito vi um caminhão cegonha na faixa ao lado. dos grandes. tinha uns 18 carros. mais um, menos um. o cara estava com o vidro abaixado, com um calor do cão, aquela testa que brilhava de longe e o sol tostando o bigode do fêla. achei que o cara ia pegar fogo. e, como o trânsito não andava, o fêla derretia. bom, você entendeu, o cara estava sofrendo. mas, bastou olhar só um pouquinho para a carga do caminhão cegonha pra ver como a vida dele ainda poderia ficar pior. os 18 carros que estavam bem atrás da sauna, da cabine em que ele estava, eram carros de luxo. jaguar, alfa romeo, bmw, mercedes. um mais bem equipado do que o outro. numa outra vida esse cara devia roubar o lanche do colega mais fraco na hora do recreio. devia ser bem filhodaputa. puta trabalho sofrido du caralho. 18 carros cheio de ar condicionado e um zilhão de itens de série e o cara a dois palmos deles cozinhando na cabine de um scania. o sinal abriu, o trânsito começou a se mover e e lá se foi o coitado. quer ver outro emprego desses: vendedor de cerveja estupidamente gelada de praia no verão. complicadíssimo. o cara tem que ser bem zen. tem que ter um poder de auto-controle fora do comum. quarenta e dois graus. aquecimento global. areia quente pra cacete. mar, mulheres com pouca roupa e um isopor socado com gelo seco e cerveja a 0,1 graus de congelar. outro emprego foda: policial de estádio de futebol. se entrar numas de virar pra assistir o jogo, leva esporro. e o fêla tem que passar o jogo inteiro olhando com cara feia para uns marmanjos, de costas para o jogo. e ainda periga levar na quina da cabeça uma lasca de asfalto. taí outro que em outra vida devia ser bem escroto. o carinha da cegonha, outros dois empregos bem mais ou menos e o karma.

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