terça-feira, setembro 15, 2009

a máquina

casal. após o primeiro encontro, na casa dela.
ela inicia a conversa:

- café com ou sem açucar?
- com.

ela sai, vai até a cozinha e volta com dois cafés. um para ela. outro para ele.

- pronto, aqui está.
ele olha para ela, em seguida para o café, dá um gole, fecha os olhos e diz:
- que delícia esse café. o sabor encorpado... é um café como nunca tomei em toda minha vida.
- que bom que você...
- (interrompe) mas é mesmo delicioso. que café gostoso.
- mas, é... ok, que bom você gostou...
- (interrompe ela novamente) ... é um negócio inexplicável. que café especial. o aroma. a textura. o sabor. nossa!!! é demais! é, uma coisa... pelo amor de deus... que café é esse... meu deus... que café... que lindo... a natureza é mesmo sábia...

ela coloca o café sobre a mesa, olha para o chão e em seguida para ele-- e diz:
- quando você disse que aceitava subir para tomar um café aqui no meu apartamento, achava que eu estava convidando você para a minha cama-- não é?
- mas é claro. então quer dizer que você me convidou para tomar um café, estava mesmo me convidando para tomar um café?
-sim, café. claro.
- mas... mas... mas desde quando "café" deixou de ser um código, um convite para ir para a cama das pessoas após um encontro?
- desde que eu paguei quase três mil reais numa máquina da nespresso.

Nenhum comentário: