terça-feira, junho 12, 2007

os dedinhos roxos de campo de ourique.

em campo de ourique, no bairro que eu moro aqui em lisboa, tem uns três médio mercados. uns quatro pequenos. um cem muito pequenos. mas quem mora lá acaba sempre fazendo as compras nesses médios. não são os supermercados 24 horas. mas quebram um galhão. eles têm de tudo. e são eles, os médio mercados que criaram um fenômeno em campo de ourique. os dedinhos roxos. os dedinhos roxos de campo de ourique. o que são eles? bom, campo de ourique passa a impressão de ser um bairro bem pequeno. mas não é lá assim tão pequeno. os prédios não passam de três andares. a maioria têm dois. as ruas são estreitas e nunca passa mais do que um carro de cada vez. e, como você cisma que as coisas em um bairro pequeno são próximas-- acaba se fodendo quando sai para fazer compras. é, você sai de casa com uma lista de quatro itens na cabeça: detergente, coca-cola, pão e fósforos. nada mais. nada menos. mas aí você chega no mercadinho e começa a namorar as guloseimas das prateleiras e pensa: “ah, campo de ourique é tão pequeno, é tudo tão perto, não tem nenhum problema levar mais coisas para casa. os sacos de compras vão estar pesados, mas é rapidinho.” mas nada é tão perto assim. é tudo impressão. o que seria um quarteirão na sua cabeça, são três. e você volta pra casa com sacos de plástico pesados agarrados nas pontas dos dedos. sacos que a cada passo dão voltas de 360º, apertando cada vez mais os seus dedos. que vão ficando, primeiro vermelhos, depois roxos. e foi depois de passar por essa experiência que eu comecei a notar o tal fenômeno. todo mundo. as tiazinhas. as senhoras. os mais velhos e os mais jovens. todos perambulam pelas ruas de campo de ourique com os dedinhos roxos. sacos de compras pesados. dedinhos frágeis. um bairro um tanto maior do que aparenta. os dedinhos roxos de campo de ourique.

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