terça-feira, junho 19, 2007

o cão cagão sagrado de lisboa.

a índia tem lá suas vacas sagradas. se você quiser levar um tapa na fuça é só entrar num restaurante e pedir um bife, um steak, uma carne suculenta. bom, as vacas são sagradas lá. aqui não. quem é sagrado aqui é o cão. o cachorro. o melhor amigo do homem. explico. os lisboetas não pegam o cocô dos seus queridos cães. neste aspecto lisboa se encontra em 1990 e poucos. acho que foi por aí que ainda se via a caca dos cachorros com liberdade total no brasil. chega a ser estranho. é preciso ter jogo de cintura, ginga. é, não é fácil driblar o cocô dos cachorros de lisboa. acho, só acho que seria possível se eleger prefeito da cidade com uma única plataforma. "vote no erick. ele vai acabar com o cocô dos cachorros!" votação recorde. quem sabe no futuro. é claro que isso não é uma regra. o serginho e a aline, casal nota 11 que reside aqui-- bem, os dois sempre carregam alguns sacos plásticos extras no bolso para não deixar na rua o que o igualmente sagrado "lolo" faz. o lolo, uma mistura genial de labrador com "salsicha" é gente fina, faz e fica ao lado esperando os donos limparem. mas acho, e tenho quase absoluta certeza que são os únicos. fico imaginando os cachorros conversando aí no brasil ou em qualquer outra parte do mundo: "e aí, o que você vai fazer nessas férias? acho que vou ficar aqui em são paulo, mas eu sonho mesmo é viajar para lisboa!" e o outro: "ah, lisboa, uma das poucas metrópoles do mundo em que ainda se pode fazer um cocô em plena luz do dia sem se preocupar! é meu sonho de consumo também!" se existisse uma agência de viagens para cachorros, lisboa seria paris e hawaii, juntos. um paraíso. não sei como é que vão resolver essa parada. ninguém comenta. ninguém reclama. as vezes acho que todos estão acostumados. eu não, olho feio para as tiazinhas na rua. tento inserir o assunto em conversas de bar, sempre que possível. e fico meio que esperando, ou como diriam os portugueses, a esperar alguém me contar uma história de um cão sagrado de lisboa que salvou alguém no grande terromoto de 1755. e que, desde então ganhou este status. de cão cagão. e que passou para seus semelhantes esta liberdade, de fazer as necessidades nas ruas lisboetas sem preocupação. deve ser. só pode ser.

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