quarta-feira, dezembro 14, 2005

chinelo de dedo.

eu não costumo usar chinelo de dedo. gostaria de usar mais, confesso pra você. poucas coisas proporcionam tanto prazer como dedos branquelos se espreguiçando num chinelo de dedo. não sei ao certo o que aconteceria se o chinelo de dedo fosse liberado para todas as horas. para o trabalho, para o jantar a luz de velas e a festa de casamento. acho que são esses momentos de aperto que fazem cada um de nós valorizar o chinelo de dedo. pense num sapato como se fosse a prisão de alcatraz. a solitária de alcatraz. já o chinelo de dedo, é aquela prova de dna que apareceu para libertar seus pés. o que eu mais curto no chinelo de dedo é a areia. aquela fina camada de areia entre a sola dos pé e a borracha do chinelo de dedo. areia em sapato de couro é uma bosta. em chinelo de dedo é uma delícia. os farelos, os micro-grãos de areia que roçam entre a sola do seu pé e a borracha do chinelo de dedo funcionam como um lembrete de que existe vida lá fora. longe do asfalto quente. você já experimentou voltar da praia sem lavar os pés naquela mangueirinha sem-vergonha. é du caralho. você chega em casa, leva esporro da mãe que você está cagando a casa, mas como uma sensação fantástica de um trabalho bem feito. já entrei em elevador social do meu prédio com as canelas meladas de areia. com os cantos dos dedinhos dos pés recheados de areia. aquela quase seca, quase molhada. o pessoal dá uma olhada como se falasse: "pega o elevador de serviço, seu bosta." quando na verdade eles estão é com uma puta inveja. fivam ali olhando, e imaginando: "caráio, onde é que eu guardei os meus chinelos de dedo?" vai por mim, nesse verão, evite o balde d'água, a mangueirinha quebra galho do quiosque da praia. volte pra casa com os chinelos de dedo cagados de areia. fazendo aquela "ôla" perfeita com os dedinhos do pé. faz uma senhora diferença. o verão dura mais um pouquinho.

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