segunda-feira, outubro 31, 2005

confit de rabada e os preços.

existe uma fronteira muito fina entre um prato de 20 reais e um de 59. essa fronteira é quando você está numa pousada distante de tudo. é, porque quando você tem opções, quando você pode pegar o carro e ir a outros restaurantes, existe uma competição. neste caso, no meio das montanhas, enterrado num chalé no meio do mato, você paga o quanto te cobrarem, senão morre de fome. o restaurante da pousada é um daqueles bem cheio das meia hora, água mineral servida como se fosse vinho. mas o que eu acho engraçado é quando os caras entram numas de te foder. por exemplo: quando eles servem confit de rabada com raspas de alecrim e cobram quase sessenta mangos pelo prato. me lembro de ter visto a minha mulher pedindo a mesma rabada em outro restaurante, mas sem as raspas de alecrim e o primeiro nome francês, por uns 20 reais. e, depois de passar o olho no cardápio, de ponta a ponta, fui anotando nos cantos da minha cabeça os truques, os nome, e é claro, os preços. não vou entrar numas de reclamar muito, até porque a comida era boa. mas vou comentar os preços, porque lá no topo da montanha numa cidades longe de tudo, os caras abusaram. salmão com mandioquinha? 40 mangos. água? 4,50. couvert? 10. conta, sem bebida? 150. bom, depois que eu vi o preço da rabada eu liguei o foda-se. cheguei a conclusão que não tinha para onde correr, é aquele coisa de que "está na chuva é pra se molhar!" então mergulhei de cabeça na salada de cubos de abacaxi com tiras de repolho roxo e peru defumado com molho de tomilho repicado com tomate cerejinha (assim mesmo no diminutivo). afinal, quando se está longe de tudo, com o estômago roncando e um frio de fazer os dentes estalarem, o mínimo que você pode fazer é colocar algumas migalhas que sejam para dentro. o mais foda é que os caras sabem disso. assim que eu sentei para fazer o pedido da minha primeira refeição e deitei os olhos no cardápio, podia escutar de longe as risadas dos cozinheiros. os garçom também gargalhou, mas por dentro como quem dizia "é meu amigo, confit de rabada por sessenta manguitos! pode abrir a carteira.... já era... espera só a tua mulher pedir o petit gateua de vintão!" e lá se foi o meu din-din. mas zuzo bem, a pousada era de foder. acho que até isso foi planejado pelos caras. no exato instante em que você pensa em sair socando o pessoal do restaurante, você olha pela janela e vê a natureza. aí, é aquela coisa: natureza lembra tranqüilidade que lembra que é melhor você contar até 100 e colocar o cartão de crédito na mesa. antes que os fêla da puta aumentem o preço.

Nenhum comentário: