nunca tive uma letra bonita. nem feia. minha letra é um ok. não é assim uma beleza. mas dá pra entender. o que nos leva ao assunto desse parágrafo: a escrita. a caligrafia das pessoas. nessa última década com a democratização dos computadores, muita gente parou de escrever. é. eu, por exemplo, só escrevo no computador. escrever com a caneta mesmo-- só escrevo quando passo cheque. o que na atual conjuntura econômica é muito raro. resultado: a minha escrita está uma bosta. eu já não entendo o que eu mesmo escrevo. não entendo o que as pessoas escrevem. e olha que eu tento. fico pensando nos médicos. nos clínicos gerais. os fêlas das puta passaram anos escrevendo assim. de forma ilegível. em grego e latim. nunca entendi como as mocinhas das farmácias entendiam as receitas médicas. não entendendo como elas conseguem decifrar hoje. já devo ter tomado muito antibiótico errado, o que explicaria um tufo de cabelos brancos no meio da minha cabeça. mas zuzo bem. fico imaginando um cara mandando um torpedo no guardanapo para uma menina na boate. com o nome ilegível e rabiscado. e a menina ao receber não pensa duas vezes. ela cai de boca beijando ele, engolindo o cara. afinal, ela não é louca. ela não vai perder um partidão daqueles. com aquela letra de bosta, ilegível, aquele torpedo, aquela convite para a perdição, só pode pertencer a um médico. a caligrafia dos médicos, nunca entendi, e pelo que parece vou continuar sem saber que caráio esse pessoal de jaleco branco anda me receitando.
bela. a menina que se achava feia.
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bela nasceu com um nome que descrevia seu rosto, sua pele, sua
personalidade. enfim, bastava bela se apresentar para todos entenderem quem
era ela. "bela, ...
Há 15 anos
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