quinta-feira, dezembro 17, 2009

nomes. e a troca. a pior delas.

sentado na mesa do café da manhã, artur não sabia. mas estava prestes a fazer algo que se arrependeria para o resto da sua vida.
alí, com uma torrada mergulhada em manteiga enterrada na boca, e com um olho deitado sobre o caderno de esportes do jornal-- artur olhou de relance para o cachorro que passou por ele e disse:
- toby! vem cá toby! hoje eu te dou um pedaço da torrada.

naquele exato instante-- do outro lado da mesa, sua mulher largou o copo de leite-- que quebrou ao estourar sobre o chão. ao ver a cena, ele, artur, respirou fundo, fechou os dois olhos com muita muita força. e fez aquela expressão de quem assume que fez algo completamente errado.

ao abrir os olhos, sua mulher já tinha a mão em punho fechado sobre a boca. e enquanto ela segurava o choro de raiva ele chegou a conclusão da merda que tinha feito.

sim, porque trocar o nome da mulher pelo de outra, significa que você pode estar tendo um caso, ou simplesmente lembrou de uma ex-namorada.
mas ele sabia que ao chamar-- com toda aquela naturalidade-- o cão com outro nome, aquilo sim, significava que ele não estava tendo um caso. mas sim, que tinha uma outra família.
porque niguém, niguém chama duas vezes um cão de toby daquele jeito sem ter uma intimidade e um carinho com um cão com aquele nome. e um cão que já esteve naquela situação. ao pé da mesa do café da manhã numa manhã como aquela.

e enquanto o catarro dela ameaçava descer para a boca e a raiva explodir, ela teve a certeza de que todas aquelas viagens à negócios eram na verdade viagens à família.

2 comentários:

jorgemeinhardt disse...

Genial!

Anônimo disse...

Ducaralho!