terça-feira, março 31, 2009

mas ela era ciumenta assim?


todos os números de telefones estavam lá no caderninho. todas as conquistas até aquela namorada. todo o "antes" estava ali. namoros curtos, médios, histórias contadas e as não contadas.

ele listou todos com um código de cores. ao lado de cada um dos telefones, uma cor. nada de nomes. azul era uma mulher. verde era outra. verde claro era um outra parecida com a verde. amarelo era uma ex-namorada. roxo, uma amiga de uma amiga que ele comeu uma vez num motel perto do trabalho. marrom, cinza, dourado, mulher, mulher. cada cor, os dígitos de um telefone diferente.

com medo da atual mulher descobrir, ele criou um outro código para as cores. pegou uma folha de papel e ao lado de cada cor, colocou um algarismo romano. agora ele tinha o caderninho de telefones cada um com a sua cor. e uma folha de papel com algarismos romanos que se referiam a cada cor. o algarismo romano "I" correspondia a cor azul que era o nome de uma mulher. o II ao de outra. o III, alguém que ele sempre quis comer. o IV de uma gostosa. e assim por diante. bom, mas para descobrir o nome correspondente aos algarismos romanos, ele pegou uma outra folha. nessa ele colocou o nome de mulheres ao lado dos algarismos romanos. duas folhas com códigos. a folha das cores dava acesso aos algarismos romanos. a folha dos algarismos dava acesso ao nome das mulheres.
mas, como a mulher era mesmo ciumenta, ele misturou os nomes. mariana era na verdade ana. maria era mariana. antônia era joana. e assim por diante. os nomes davam dicas para o nome real ao lado do algarismo -- que ligava a cor-- que ligava ao caderninho--- que ligava ao telefone.

mas a mulher dele era tão ciumenta que ele colocou cada uma das folhas num cofre diferente em bancos de estados diferentes. a folha com as cores que revelavam o algarismo romano no cofre de uma agência bancária em manaus. e a folha com os algarismos que revelam os nomes misturados das mulheres no cofre de um banco de renome curitiba. o cadernino ficou na casa do irmão que morava em petrópolis no rio. no cofre que o irmão tinha atrás de um quadro falso na parede da cozinha em que o sol nunca batia.

depois de 4 anos o namoro com a atual mulher acabou. a primeira coisa que ele fez foi viajar até petrópolis atrás do caderninho com os telefones de todas as conquistas da sua vida. visitou os dois bancos. juntou as duas folhas com os códigos-- e mais uma folha de caderno rabiscada com linhas tentando ligar nomes de mulheres-- com nomes de outras mulheres como se tentasse juntar o nome falso com o verdadeiro e vice-versa.

depois de 6 dias tentando acertar a combinação para chegar ao telefone de uma mulher que ele sempre teve tesão e que disse que o esperaria para sempre, ele desistiu.

ligou para a namorada ciumenta, único telefone permitido na memória do celular dele. declarou o amor eterno. pediu desculpas por algo que não tinha feito e voltou.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cara, essa foi foda... Muito boa...

Teu blog é muito massa, ta de parabéns...

Abração

Anônimo disse...

adorei!

Anônimo disse...

Mina feladaputa! rs