terça-feira, maio 29, 2007

o intervalo do cinema. ou "pára tudo, pára o beijo, o pôr do sol, a perseguição implacável... que a gente volta em cinco minutinhos..."

em alguns lugares aqui em lisboa, cinema tem intervalo. cinco, três minutos. no momento em que o mocinho está prestes a beijar a mocinha. é, aqui, as vezes, o detetive tem que puxar o freio de mão do carro que está perseguindo pelas ladeiras de são francisco? no brasil não existe. e se acontecer algo parecido as pessoas gritam para o rapaz atrás do projetor, gesticulam, chamam o gerente. fazem tudo, menos sair para fumar um cigarro. o intervalo no meio das sessões de cinema é curioso. a primeira vez fui apanhado de surpresa, entrei sem ver a faixa que avisava a pausa do filme presa no cartaz. levei um susto. não um susto alfred hitchcock, um susto daqueles que você tem quando falta a luz em casa. neste caso, a luz veio. acenderam-se as luzes do cinema. e como ninguém reclamou, ninguém xingou, ninguém correu para a saída de emergência mais próxima, fiquei tranquilo. minutos depois, o filme continou e todos viveram felizes para sempre. acho que o intervalo nos cinemas daqui têm um lado bom. um só. que não está ligado a um segundo balde de pipoca. um lado muito bom. porque, se no brasil eu passava o filme ouvindo o casal de trás conversar e só podia olhar na cara deles no final do filme. o intervalo do cinema permite um duelo. uma troca de olhares. uma quase ameaça. o intervalo do cinema é perfeito para acabar com pessoas que falam. acendem-se as luzes e tudo que você precisa fazer é virar-se para trás e olhar como quem diz: “eu sei que são vocês que estão falando. e se vocês continuarem, no final do filme voltaremos a conversar.” silêncio total prossegue tal troca de olhares. é inevitável. principalmente quando o filme que corre pela tela é o de algum serial killer cuja identidade nunca foi identificada pela polícia.

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