quarta-feira, novembro 15, 2006

a loja de animais quatro minutos antes de abrir.

sábado. shopping cheio de crianças famintas por animais de estimação. dois cachorrinhos recém-nascidos conversam:

- cara de fofo. faz cara de fofo.
- assim?
- não, não. tem que mexer os olhinhos para cima e juntar as sobrancelhas. tem que fazer cara de "abandonado", sabe?
- assim, então?
- quase.
- e, quando eu fizer essa carinha, eu devo chorar também?
- até pode, mas tem que chorar baixinho. não pode ficar histérico. ninguém leva cachorro histérico para casa.
- e se uma criança bater no vidro?
- tenta não latir.
- uma latidinha alegre?
- latidinha alegre pode.
- e se duas crianças baterem no vidro?
- bom, aí você tem que focar em uma. se você tentar impressionar as duas, aí fodeu. você vai se desgastar e o pai da criança não vai sentir tanta confiança assim em você.
- caramba?
- o que foi?
- tô com vontade de fazer xixi.
- segura.
- pourra, justo agora que a loja vai abrir.
- segura esse xixi. se uma mãe te ver mijando na vitrine, aí pode dar adeus para a fuga da loja. você vai passar mais uma semana aqui. e, você sabe, quanto mais velho você fica, mais difícil é ser vendido. e tem outra coisa. se a gente não agradar, o moleque acaba levando um gato.
- gato fêla da pulta.
- calma. calma. olha lá a vendedora virando o sinal de "aberto". vai abrir. respira fundo.
- abriu a loja!
- concentração. cara de coitado. olhinhos para cima. sobrancelha juntas. e foco numa só criança. foco!
- boa sorte.
- pra você também.

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