quinta-feira, março 16, 2006

a prisão perpétua dos peixes.

dia desses fui num restaurante que tinha um aquário dentro. daqueles grandes com peixes coloridos, grandes, médios e pequenos. acabei sentando numa mesa perto do aquário. de onde eu estava eu podia ver os peixinhos com a cara colada no vidro abrindo e fechando as boquinhas. bom, sem pensar muito, pedi um salmão. é, um salmão grelhado com molho de maracujá e uma salada verde. acho que foi o primeiro item que eu vi no cardápio e para ser sincero não pensei duas vezes. o salmão chegou, fatiei o bicho, e soquei garganta abaixo. delicioso. mas, foi só depois, depois de comer o peixe que eu me toquei da cagada. da crueldade que eu tinha submetido os peixinhos. caráio, comi um peixe enquanto outros peixes assistiam da primeira fila. caceta, como é que eu fui fazer isso? como? o que eu fiz é o equivalente a um canibal comer uma pessoa enquanto eu assisto tudo de uma jaula bem pertinho. ou pelo menos, é quase isso. bom, e foi pensando nesse ato bárbaro e cruel que eu comecei a pensar nos peixes. nos peixinhos do aquário. aquele aquário alí no meio de um restaurante que serve peixes como prato principal, é uma prisão perpétua da pior espécie. aquele aquário alí é uma espécie de "bangu 1" do mundo, do universo dos peixes. a "alcatraz". a prisão de segurança máxima. os peixinhos que mataram outros peixinhos e foram condenados a morte, vão para aquele aquário. os piores da espécie. todo peixe que é "fêla da puta" vai para lá. só pode ser. "você, peixe listrado, com barbatana esquisita, foi condenado a passar dez anos no aquário do restaurante cuja especialidade é frutos do mar... e uma vez lá, assistir outros peixes serem devorados com requinte de crueldade máxima...."

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