sexta-feira, setembro 17, 2004

o sono.

o sono pra mim tem uma personalidade. uma cara. um jeitão. como se fosse uma pessoa. mas com esse nome, "sono". é assim que eu vejo e imagino o sono. uma pessoa. um ser que mora dentro do meu travesseiro. o meu sono particularmente é pesado, quase obeso. meu sono é gordão. demora pra levantar quando o alarme toca. é. meu sono só levanta na quarta música do rádio-alarme. e isso, quando ele levanta. pela manhã ele é um tanto pentelho. fica andando de um lado para o outro da cama sem se decidir que horas vai começar o dia. a primeira coisa que ele faz é chutar meus olhos. ele sai de dentro do travesseiro, vem correndo, pega velocidade e pimba, dá um bicão com força, com jeito-- no meio dos olhos. meu sono é foda. depois de chutar meus olhos, ele desce pela minha barriga até chegar na altura da bexiga. aí, começa a tortura. ele fica pulando como se estivesse num trampolim. em câmera lenta. pra aumentar a minha vontade de fazer xixi. a cada pulo a dor aumenta. uma dor aguda e chata. e aí não tem jeito. eu acabo levantando se não mijo na cama. desligo o alarme, corro pro banheiro e ligo chuveiro. é. essa é a única maneira de acabar com o sono. mandar ele pro caralho. uma ducha forte na cabeça. e enquanto o shampoo escorre pelo rosto e arde a minha vista-- o sono se despede-- escorrendo pelo ralo. e antes dele desaparecer pelos buraquinhos do ralo, posso escutar ele gritando: "até amanhã de manhããããã....!" escroto.

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