terça-feira, fevereiro 16, 2010

o novo endereço do bigode molhado.

é aquela coisa. porque mudar o endereço depois de quase seis anos?
bom, primeiro porque o endereço agora é bigodemolhado.com
e só por isso, já é mais stâile.
ou seja, na verdade o endereço é o mesmo. menos o blogspot.

e segundo, porque é um pouquinho mais fácil escrever no outro esqueminha. o wordpress.

e assim que eu encontrar um master makers internet zambers-- para fazer aquele esquema de redirecionar qualquer pessoa que entrar aqui para o outro-- você não vai precisar mais ler este textinho. o blog vai direto para lá.

eu tenho uns três amigos que colocaram esse blog no google reader.
e tenho certeza que o esqueminha do novo endereço não vai ser assim tão bem integrado assim de primeira--- mas acho que com o tempo tudo se ajeita. ou pelo menos essa é a idéia.


portanto, o endereço novo é www.bigodemolhado.com

clique aí em cima. e chegando lá, clica no botãozinho que tem no lado direito-- logo no topo-- e cadastre o seu email para assinar o blógui e receber um aviso quando novos textinhos forem acrescentados.





segunda-feira, fevereiro 15, 2010

casais vol. 87


ele sempre pedia o couvert.
ela sempre fazia questão de não tocar nele.
ele sempre pedia o bife ao ponto.
e ela sempre pedia quase cru.
ele sempre pedia a cerveja estupidamente gelada.
ele sempre pedia batata "daquelas que vocês têm, fritas, mas fofinhas, sabe?"
ela sempre pedia meia porção de arroz.
ele sempre pedia para ela não falar tão alto no celular na mesa.
ela sempre pedia para ele não ficar assistindo o futebol na tv do bar.
ele sempre pedia o café com adoçante.
e ela sempre pedia a sobremesa com uma bola de sorvete.
ele sempre deixava a gorjeta no cartão.
ela sempre deixava na mesa, em moedas.

ele sempre pedia para ela escolher o restaurante.
e ela sempre escolhia o favorito dele.

horas depois, o pai comentou baixinho com o filho mais mais velho--para a mulher não escutar: "é, o lamartine babo caprichou."

ele acordou, olhou para o espelho e, ainda sem as lentes de contato-- não conseguia enxergar o tamanho do estrago. com um olho roxo fechado, dois dentes quebrados e um queixo ralado com sangue seco-- ele, definitivamente deveria pensar duas vezes antes de sair de casa.

passou pela cozinha no momento em que a sua mãe saía com um jarro de suco de laranja. ela olhou para o rosto dele-- o filho mais novo-- e colocou uma das mãos na boca. e com isso, o jarro estourou de encontro a chão. o pai largou o jornal, o irmão mais velho estacionou a torrada no canto da boca. e a empregada, que vivia com eles desde que ele tinha 2 anos de idade começou a soluçar. todos, ficaram a espera de qualquer explicação. o que tinha acontecido com ele!? assim mesmo com exclamação seguida de ponto de interrogação.

ele apanhou um copo de leite na mesa. deu dois goles, o segundo, ele devolveu para o copo, pois estava gelado e irritava os dentes quebrados. ele então começou a falar, com um pouco de dificuldade para formar as palavras. contou que tinha assistido o jogo do flamengo no bar perto de casa. contou que após a vitória do flamengo ele ficou para mais quatro rodadas. contou que depois voltou andando para a casa cantarolando o hino do time. contou que cruzou com a torcida do time adversário que acabara de ser derrotado pelo flamengo.

nesse exato instante o pai perguntou:
- mas você não estava com a camisa do flamengo não é?

e ele:
- não, não estava. mas estava cantando o hino do mengão.

e o pai:
- mas se você estava cantando e viu eles se aproximarem na sua direção, era só parar de cantar. era só parar de cantar!!

e ele, com um dos olhos fechados, completamente inchado disse enquanto buscava no jornal deitado sobre a mesa-- a notícia da vitória do mengão:
- não dava. no exato momento que eles se aproximavam-- era precisamente-- a parte mais bonita do hino.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

lembra?

dois amigos, na casa dos 60 conversam sentados no calçadão do leblon.
é sol, quase 35º. um deles tenta estalar o dedão do pé contra o chão de pedras portuguesas e puxa uma conversa:

- lindas.
- lindas.
- todas elas.
- quase todas.
- quase.
- lembra como era complicado ver tanto corpo descoberto assim?
- era mais emocionante.
- sim. mais emocionante. eu já cheguei até a comemorar quando vi certa vez as costas de uma menina. ver uma perna inteira então?
- como mudou. não vejo alguém de maiô desde de... de... sei lá.
- será que esses jovens tem noção como era complicado ver um corpo assim, quase nú?
- acho que não. aqueles dois alí ó, não tiram o olho do celular.
- tem razão. tem razão.
- lindas.
- lindas.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

a tv de tela plana de 32" com som estéreo dolby surround ou ela.


ela chega em casa um pouco apressada, corre para o banheiro da sala e ao retornar, respira fundo-- e pergunta-- para o marido. que de longe se vira para responder:

- mário?
- ana lúcia?
- só queria ter certeza.
- certeza?
- sim, certeza. de você, da gente. da sua e da nossa existência.
- mas que papo estranho.
- é que a caminho de casa um sujeito interessante deu em cima de mim.
- de você?
- porque? você acha que eu não sou digna de uma cantada?
- não foi isso que eu quis dizer. estava apenas oferecendo um comentário para servir de transição nesta conversa.
- jura? jura que você acha que eu sou digna de uma cantada?
- claro, meu amor. mas você ficou tentada?
- tentada, tentada, não. a minha primeira reação foi apertar o passo. mas acho que o fato de eu estar com a bexiga cheia influenciou nesta minha reação. eu apertei o passo para casa. mais pelo xixi do que pelo assédio. que até foi simpático.
- simpático? como?
- ele me chamou de gostosa, gostosa não, tesuda. e fez com as duas mãos abertas aquele símbolo quase universal de volume. de peitões sabe? quando você coloca as duas mãos na frente do próprio peito, mas com uns dois palmos de distância para exagerar na descrição do tamanho dos seios de uma mulher.
- porra ana lúcia, simpático? puta cara grosseiro.
- porque, você não acha os meus seios fartos?
- sim, sim, acho. mas isso não vem ao caso. você recebe uma cantada e fica assim, toda boba. que estranho.
[silêncio]
[silêncio]
- (ela suspira e diz baixinho) atenção. acho que foi isso. a atenção me fez bem.

naquela mesma noite, enquanto ela dormia, ele ligou para a tv cabo e pediu para mocinha simpática que atendeu do outro lado para cancelar o pacote do campeonato paulista de futebol e do brasileirão com aqueles jogos extras em multicanais, de terça a domingo. cancelou também o pacote do campeonato italiano, o espanhol, e o inglês. o alemão não, porque o alemão só passava uma vez por semana, e o time que ele gostava, o fortuna dusseldorf -- não tinha lá os seus jogos televisionados com tanta assiduidade.

domingo, fevereiro 07, 2010

e uns 12 anos depois, ele reencontrou ela-- coberta de sol numa praia perfeita: com muito sol, e ambulante vendendo mate em latão e biscoito globo.


ele se aproximou dela e disse:
- eu... eu não te conheço de algum lugar?
e ela, enquanto ajeitava a tira da parte de baixo do biquini-- disse por de trás dos óculos escuros:
- mas... essa cantada é muito velha.
e ele, coçando a base da nuca e com um pouco de vergonha diz:
- não é uma cantada. eu te conheço. de 1998.

"uma dose de sobriedade, por favor."

ele entrou no bar com cara de poucos amigos e disse para o bartender:
- o de sempre.
o bartender disse em alto em bom tom:
- vai tomar no cu! seu bosta. seu filho da puta!
e ele comentou-- com uma cara de alívio:
- obrigado. fiz tanta merda hoje que estava precisando disso. até amanhã.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

reza a lenda que ele passou o resto da vida sem conseguir decifrar como funcionava a cabeça dela.


ele se vira para ela, na cama, antes de desligar a luz da mesa de cabeceira e pergunta:
- se você pudesse escolher um poder...
- poder?
- um super-poder.
- lasanha verde.
- lasanha verde?
- sim, saber fazer uma.
- mas isso não requer nenhum superpoder.
- sem queimar a casquinha da primeira camada, sim.
- raio laser, visão raio-x, esqueleto de adamantium?
- lasanha verde sem queimar a casquinha da primeira camada.
- hiper mega ultra velocidade?
- casquinha.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Pequenos diálogos no shopping 2




- amor, fala alguma coisa, esse casal de adolescentes da fileira de trás não pára de sussurrar. Assim eu não vou conseguir assistir o filme.

- mô, fala alguma coisa. Esse casal de coroas da fileira da frente não pára de sussurrar. Assim eu não vou conseguir assistir o filme.

Pequenos diálogos no shopping



- amor, você está olhando para a bunda da vendedora?
- não, estou olhando para os tornozelos. Para os tornozelos... pode?
- sim, para os tornozelos, sim. Mas ai se eu pegar você com um olho naquela bunda!
- para a batata da perna dela, pode?
- para a batata da perna dela, pode.