sábado, novembro 29, 2008

e você, já comprou esperança?


CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR A UMA REPORTAGEM  SOBRE A LOJA DA CRUZ VERMELHA.

SE VOCE ESTIVER LENDO ISTO DE PORTUGAL, VÁ VISITAR, FICA LÁ NO DOLCE VITA MONUMENTAL NO SALDANHA.


OU, SE VOCÊ JÁ COMPROU SEUS PRESENTES E LEU ESTE POST TARDE DEMAIS, ENVIA O LINK PARA SEUS AMIGOS.  www.cruzvermelhastore.com

quinta-feira, novembro 27, 2008

poemas que quase não rimam e muitas vezes não fazem sentido.

"ora bolas."

"ora bolas!", disse ele.
ela então  vestiu as botas e reforçou o batom vermelho.
ele repetiu: "ora bolas!"
ela disse: "você, já se olhou no espelho?"


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prato do dia


ela só sabia fazer um prato.
pato.
para comer ele era chato.
não comia nada verde, porco e pato.


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amor?


ele amava ela.
ela fingia que amava ele.
para este poema rimar
vamos chamá-la de estela.
e para este poema não fazer sentido
vamos chamá-lo de gutierrez, tambem conhecido
como penido.



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"mama mia!"

nunca entendeu como um filme com as músicas do abba poderia ser um sucesso.
sua irmã aprendera as músicas dos discos--ao decorar as letras do verso.
certa vez numa pizzaria ela gritou "mama mia!"
ele bateu na mesa e disse: "vai tomar no cu, é essa porra de abba, noite e dia!"
ela respondeu chorosa: estava falando da lasanha a bolonhesa..."
ele disse baixinho: "que be-le-za!" 

dica de inverno. ou como não congelar na hora de jantar.

portugal é de longe o país que tem o melhor esqueminha de sopas. de longe. você pode até encontra uma sopa zambers com uma receita única de um bistrot na casa do caráio que é a melhor sopa do mundo. beleza. mas aí seria um caso isolado. em portugal em todos os lugares ou 99%, você encontra uma sopa bacanuda. vai por mim. até mesmo a sopa do dia mais carregada na água é de foder. bom, mas a dica é a seguinte: chegou em casa e o termômetro marca menos do 8 graus? pesca uma sopa de caixinha no armário e pimba soca no fogo alto. duas pitadas desajeitadas de sal e você está a salvo. o esquema é estocar o armário com caixas longa vida de sopa. sopa pronta cheio dos temperos. tem a knorr que é um pouquinho mais cara e cheio das nove horas mas também tem as genéricas. não importa, compre a que o seu orçamento permitir, com a temperatura que você vai socar a sopa para dentro,  não faz assim tanta diferença. faz, mas não tanta. aí você vai me dizer: "mas o fera, sopa não mata a fome." outra dica: cozinhe um ovo dentro dela enquanto você esquenta ela, bata um pouco o ovo com a colher dentro do sopa até engrossar. e finalmente, uma dica de alguns pratos portugueses, mais especificamente a açorda alentejana-- lance pedaços de pão meio velhote sobre a sopa fervendo. portugal é de longe o país que tem o melhor esqueminha de sopas.

terça-feira, novembro 25, 2008

o "P" e o "B"

o "P" era o amigo mais magro do "B".

--- fim----

o reality show do e! com a pamela anderson e a victoria silvested

"essa imagem não tem nada a ver com o post das duas loiras peitudas que andam em câmera lenta no e!. mas achei engraçado. com todas essas notícias de bancos sendo salvos com bilhões de dólares dos impostos pagos pelas pessoas.... o carinha que fez, tem toda a razão em ficar putinho."


já escrevi aqui uma vez sobre as coelhinhas da mansão da playboy. uma aula de antropologia. acho que foi desta maneira que eu tentei adicionar um pouco de conteúdo ao programa. mas como eu disse, a bagáça é hipnotizante. e, por falar em programas que sugam o seu tempo sem nenhum dó, vi esses dias um episódio do reality show da pamela anderson e um outro com a victoria aí do título deste post. sem querer entrar aqui em detalhes dos detalhes das moças, mas eu aposto seis trilhões de euros que você não consegue mudar de canal depois de 36 segundos assistindo qualquer um dos dois programas. é um negócio das duas circulando em câmera lenta com taças de champagne nas mãos. impressionante. é quase bizarro. não, é bizarro. não tem nenhuma lógica. não tem começo, meio e fim. são as duas, sempre com camisas mais curtas, peitos maiores e taças de champagne. rindo em câmera lenta e com um zigalhão de marmanjos do outro lado da tela.

o porquinho e os bancos que quebram.




comprei um porquinho daqueles para se guardar moedas. e com o esqueminha das moedas de 2 euros e 1 euros, o porquinho está rico. ou melhor, não está rico, mas estufado. esses dias abri o bicho só para ter uma idéia, ele já está com quase 200 euros. recomendo. se você for morar por essas bandas eu recomendo. ao chegar na europa, compre um porquinho. e uma carteira sem porta moedas para forçar você a socar o porquinho de moedas. uma idéia. nessa época em que bancos amanhecem quebrados, o meu porquinho está bem.

domingo, novembro 23, 2008

A Loja da Cruz Vermelha

A partir do dia 26 de novembro no Shopping Dolce Vita Monumental.
Você poderá entrar numa loja e comprar ajuda. Simples assim. Diferentes tipos de causas estarão penduradas em cabides (idosos, crianças, socorrismo e teleassistência.) Basta você escolher uma causa e levar até o caixa. As causas serão divididas em tamanhos p, m, g. pequeno, médio e grande. igualzinho a uma loja. você escolhe o tamanho da ajuda e paga. taí uma excelente dica de presente de natal. Ah, e se você quiser conhecer melhor a causa, basta ir ao provador e escutar um pouco mais sobre a causa antes de decidir. Você também pode comprar um voucher presente. Assim, você faz a doação mas deixa alguém escolher a causa online. E aí, bora lá?

sexta-feira, novembro 21, 2008

o barbeiro do chiado 2.




já escrevi uma coluna no destak sobre o barbeiro do chiado. e, se der mole já escrevi aqui alguma coisa. se eu estiver me repetindo, desculpe. bom, mas como você pode ver, coloquei ali em cima, ao lado do título do textinho um número "2". é uma espécie de seguro. que diz que talvez seja um segundo texto sobre o mesmo assunto. ou não. mas voltemos ao barbeiro. se você mora em lisboa, vá. se você já cortou o cabelo esse mês, espere crescer e vá. 10 euros. um esquema muito bacana. uns senhores super educados. cheios de assunto. e numa barbearia de 1800 e tal. volta e meia enquanto você está lá dentro, aparece um turista com uma câmera com um cartão de 20 gb de memória para tirar fotos daquele lugar histórico. esse é um daqueles lugares que você precisa ir para ter certeza que existe. e daqueles lugares que você fica torcendo para não desaparecer. fui lá ontem. o senhor contou as mesmas histórias e pela terceira vez demonstrou surpresa quando disse que eu morava em são paulo antes de vir para cá. mas tudo bem, está desculpado pela falha de memória. até porque o fera não falha na hora de cortar o cabelo. com precisão milimétrica. no corte e na viagem no tempo.

o sujeito da calça vermelha.

tem um filme do tom hanks que é genial. "o homem do sapato vermelho." é um daqueles filmes do tom hanks que é menos famoso, teve menos sucesso do que os forrest gumps e resgate do soldado ryan, mas é muito bacana. bacana não, é fudido. neste filme ele é confundido com um espião. tudo culpa do par de tênis vernelho dele. o código para um espião para ele ser identificado por outros espiões era um par de sapatos vermelhos. e o tom hanks sem querer sai de casa com um desta cor. e aí o filme é o corre-corre sobre esta confusão. bom, me lembrei desse filme hoje ao passar por um sujeito a caminho do trabalho. vamos chamá-lo de "o sujeito da calça vermelha". a calça do cara era vermelho-bombeiro. a camisa acho que era um bege, ou branca suja. ou seja, o contraste da camisa com a calça gritava: "eu sou vermelha para cacete, qualé!!" ao passar por uma velhinha, ela, a velhinha parou e ficou olhando para o sujeito com um ar de: "pourra, esse cara é de marte?" não era, claro. mas achei a cena engraçada. de um lado uma senhora de quase 90 anos com uma roupa de uma só cor, tons de cinza, bege e variações de branco. e ele, o sujeito de calça vermelha. foi como se umas 4 gerações se cruzassem naquela esquina. um sujeito que usa uma calça vermelha está cagando baldes para o mundo. não sei se você, por exemplo, tem uma. se você tem, bom, você deve cagar baldes para o mundo. nada contra a calça vermelha. só acho, e tenho quase certeza, que a calça vermelha não combina com nada e tem a tendência de gritar: "porra! eu sou vermelha para cacete!!! não fódi seu bosta de calça jeans normal!" ok, exagerei. mas é algo por aí. ou quase.

ou isso, ou o fera é um espião.




terça-feira, novembro 18, 2008

ir ao dentista 2.



ir ao dentista é como se apresentar voluntariamente para levar umas porradas de um sujeito bem educado. mais ou menos por aí. ah, e você ainda paga por isso. é quase estranho. mas você tem que ir. é uma obrigação que nasce do simples fato de você só ter um de cada. um dente de cada-- ou seja, a bagáça é valiosa. não dá para ficar de putaria com os dentes. uma coisa que eu descobri é que quanto mais tempo você demora para ir resolver alguma coisa no dentista, mais caro sai. ah, outra coisa que eu descobri, dependendo do dente-- dar um tapa, arrumar direitinho um dente hoje-- vale mais do que uma vespa usada. e tem outra coisa. quando eu era moleque, ficava putinho quando a minha mãe insistia para eu escovar bem os dentes depois de comer, antes de dormir. sempre. com o fio dental a mesma coisa. sempre virava a cara e não entendia porque aquela pessoa tão boa queria me fazer sofrer com aquele fio fino rasgando a minha gengiva. mas como a gente acaba sempre aprendendo na vida, mãe sabe das coisas. é, agora que eu sei a dor que é ir ao dentista depois de véio-- e quanto custa a bagáça, entendo. sim, entendo que ela estava me preparando para o futuro. mas não o futuro de quando eu era moleque. o futuro agora, quando eu, por livre e espontânea vontade entro num taxi a caminho do dentista.

queijo camembert e o exílio no freezer



queijo camembert para que não conhece ou não gosta, é um queijo com um aroma, digamos, forte. com presença. o queijo camembert não é tímido. não se importa em aparecer. nunca. basta você colocar o fera num pão para ele dominar a área. não importa se o sanduba tem isso ou aquilo, presunto ou um molho zambers-- se tiver camembert, fodeu. você vai comer um sanduba de camembert. se você entrar numas de colocar ele na mesa junto com outros queijos também, fodeu. mas fodeu para os outros queijos. o queijo camembert está com o aroma e o sabor sempre ligados no volume 11. ou você ama ou você odeia o queijo camembert. não tem meio termo. o queijo é tão punk, forte que esses dias tive que expulsá-lo da minha geladeira. aí você deve estar aí pensando: "mas você jogou ele fora? no lixo?" não. mas coloquei ele numa solitária. é, o fêla, ou melhor, o queijo, estava dominando tanto a geladeira que já não era possível abrir a geladeira em busca de qualquer outra coisa sem levar um tapa no nariz --de autoria do próprio queijo. foi como se ele tivesse sequestrado a minha cozinha inteira. o que eu fiz, se eu não joguei fora? simples, abri a última gaveta do freezer e coloquei ele lá no fundo. sem antes colocar a embalagem do queijo de personalidade forte dentro de um saco desses ziploc. então lá está ele. escondido. congelado. no fundo do freezer. até o dia que será mais uma vez liberado para tomar conta da minha cozinha.

o espelho no dedo.



a melhor maneira de você ver se engordou ou emagreceu é com a aliança. ficou meio justa no dedo? fique esperto, você está engordando meu amigo. ficou folgada? parabéns, você perdeu peso. não consegue tirar? pior, precisa colocar um pouco de sabão líquido para tirar a aliança? é, você está bem mais gordo do que quando colocou ela primeira vez. fique bem esperto. você ligou o foda-se e não sabia. a aliança é melhor do que uma calça jeans, por exemplo. calça jeans de vez em quando cede um pouco, ou encolhe. as vezes mente o seu peso, por causa justamente das fibras do algodão. aliança não, é feita de ouro. e negócio é sólido. fala na lata. basta tentar tirá-la ou colocá-la de volta para saber como está a sua forma física. pelos menos é assim que eu faço. dá muito menos trabalho do que subir numa balança.

terça-feira, novembro 11, 2008

casais.


1)

- fernando, eu sempre quis te contar um segredo.

- pode falar, mariana.
- mas tem que ser no seu ouvido-- para quem estiver lendo este dialogo-- nao escutar.
- ok.


2)

- porque voce nunca pede peixe quando a gente sai para jantar?
- nao curto muito o esqueminha das espinhas.
- chupar espinhas?
- eh, e ter que cuspir no prato depois.
- nao eh romantico?
- nada.
- e alface?
- nao tenho nada contra.
- ok. entao voce me diria se eu tivesse um preso nos dentes?
- sim.
- e fiapo de frango?
- tambem?
- e casca de feijao?
- tambem?
- agriao?
- agriao.
- aquela pele de lombo frito, sabe, quando agarra entre o canino e molar?
- sim. eu avisaria.
silencio.
silencio.
- vamos la para casa?
- nao sei, acho que perdi a vontade.



os seriados de crimes. algo que está acontecendo comigo.

de tanto assistir csi, law and order, monk, burn notice, psych, crossing jordan, criminal minds-- desenvolvi um super poder. sério. você deve estar pensando: "que super poder? não fódi, erick." é sério. de tanto ver esses programas, eu virei um expert em crimes de seriados. eu consigo resolver qualquer mistério antes do primeiro intervalo. é punk, meu amigo. não consigo explicar como em temos específicos. mas, é só ver as primeiras cenas chaves. a primeira entrevista da polícia com um dos suspeitos para desvendar o programa todo. aí, as vezes, só para testar, eu fico os outros 50 minutos esperando o programa resolver toda a história--só para ter certeza que eu não estou pirando. e aí, sabe o que acontece? adivinhou. eu acerto. sei quem é o criminoso. 99% das vezes. é impressionante. comecei a notar que tinha esse poder mais recentemente. depois de acertar quem era o criminoso em 3 programas consecutivos. era um domingo desses bem frio. meia garrafa de vinho vazia. cobertor. e os programas rolando um atrás do outro. acertei o assassino do primeiro. depois do segundo. e quando eu suspeitava que tinha esse poder, acertei o criminoso do terceiro. os seriados de crimes. algo que está acontecendo comigo.

é aquela coisa.

toda e qualquer pessoa que começar uma frase como: "é aquela coisa..." fique esperto. não quero dizer que o cara vai te foder, mas não custa ficar esperto. o "aquela coisa" é primo irmão do "veja bem dotô..." exemplo prático: você chega numa loja de eletrônicos e pergunta para o vendedor se aquele gps da vitrine é tão bom quanto o outro que está em promoção. ele vai coçar a cabeça e falar para você: "é aquela coisa.... não é assim igual, não é assim ideal, é aquela coisa, o senhor pode comprar o da promoção na paz, mas também não pode depois é querer comparar.... é aquela coisa." em outras palavras, " é aquela coisa..." é sinal que você está na merda colega. ou na merda, o que periga levar gato por lebre. algo por aí.

sexta-feira, novembro 07, 2008

diálogos quase interessantes

1)

- você sabe o que ele quis dizer com aquele levantar de sobrancelha?
- não sei.
- mas, quando a gente entrou no bar, ele reagiu diferente.
- sim, ele parou de beber, colocou o copo sobre o balcão do bar...
- e levantou a sobrancelha.
- sim, levantou.
- mas, qual das duas?
- mas ele levantou as duas, não apenas uma.
- sim, mas ele começou por uma delas, e a outra depois alcançou a primeira.
- bom, se ele levantou primeiro a esquerda e só depois a direita, pode não ser bom.
- como assim?
- experimente fazer você mesmo.
- assim ó?
- é.
- agora faz de novo e se olha no espelho atrás do bar enquanto você faz.
- caramba, é verdade, é meio sinistro.
- pensando bem, ele levantou as duas ao mesmo tmpo.
- e foi em slow motion.
- slow motion é bom.
- significa que ele gostou do que viu. digo, gostou de ver a gente.
- uma das duas.
- ou as duas.
- só existe uma maneira de saber.
- como?
- acho que devemos passar por ele-- e também devemos levantar a sobrancelha.
- juntas?
- ou separadas. tanto faz.

- o importante é ver a reação dele.
- vamos fazer o seguinte. eu passo por ele e levanto. você observa.
- depois eu passo e faço o mesmo.
- ok.


cinco minutos depois. enquanto o cara bebe a terceira bebida. ele comenta com o bartender:

- você sabe o que ela quis dizer com aquele levantar de sobrancelha?
- qual das duas?


2)

- você me acha engraçada?
- hilariante. (pausa....) e você, me acha sarcástico?


3)
- mas amor, você quer casar comigo ou não, porra?
- quando eu disse que gostava de escutar umas barbaridades, eu quis dizer na cama. não na hora de me pedir em casamento.



terça-feira, novembro 04, 2008

e eles quase se encontraram.



me considero um sujeito relativamente bem humorado. é claro que volta e meia acordo mais cedo com o saco na lua. ou, muitas vezes, por milhares de variáveis, fico de mau humor. acontece com qualquer um. você não é obrigado a passar o dia mostrando os dentes. claro que não. mas, de vez em quando você encontra uma dessas pessoas que são mau humoradas o dia inteiro. e quando eu digo o dia inteiro, isso inclui a noite. esses dias encontrei o sujeito mais mau humorado do mundo. se existisse uma copa do mundo de pessoas com déficit de humor, o fera levava de goleada. como quase sempre, era um taxista. não sei, ou o governo português aumenta o preço do quilômetro rodado nos taxis daqui, ou vai dar bosta. entrei no taxi e disse o endereço. e como tenho o costume de falar baixo, repeti. no meio da segunda vez, o fera me interrompeu e disse: "não sou surdo." mas eu levei na esportiva. fui aos poucos puxando assunto com o fêla. que me disse que na noite anterior uma garota tinha vomitado no banco dele: "vagabunda!" disse também que o clube de futebol do porto não estava agradando como nos últimos anos: "bando de bosta!" e finalmente se referiu a todas as mulheres que usam saias como moças de programa. bom, digamos que o fera atirava para todos os lados. fast forward, chego num restaurante e, ao entrar, pergunto se existe uma mesa me esperando. a mulher olhou para a minha cara e disse: "e quem é você?" eu ri. e ela ficou ainda mais nervosinha: "você acha que é o único cliente da casa?" de longe enxerguei as pessoas e a mesa. e, ao deixar ela para trás pensei baixinho: "hostess ranzinza, eu acabei de conhecer o amor da sua vida. um taxista igualzinho a você. com o mesmo jeitinho. e com todos os dentes cobertos e as mesmas dobrinhas de tensão na testa. mas, só porque você foi bem fêla da pulta, não vou dizer. eu poderia ter apresentado os dois. moça mau humorada do restaurante, taxista mau humorado. e tenho certeza que vocês se dariam super bem." e fui jantar. e ela continuou lá, resmungando sozinha. se tivesse sido um pouquinho mais simpática. só um tiquinho-- poderia estar dando um passeio no banco vomitado do taxista mais mau humorado do mundo. ou não.

o irmão português do panetone, com um nome mais pimpão, mas bem pior.



vou cagar uma regra aqui e assumir que o bolo-rei é o panetone dos portugueses. o que é uma péssima maneira de começar este textinho, afinal o panetone tem raizes italianas. mas acho que deve ser no brasil que a grande maioria do mundo é vendida. eu não acredito que na itália também acontece aquele esqueminha com aquelas pirâmides de panetone nos supermercados. bom, mas voltando ao bolo-rei. o nome, se você ler asssim meio descompromissado já é meio metido. meio não, muito. é de que se acha o mais pimpão, o bam bam bam, o fodalhão do bairro. é um bolo que diz: "eu não sou qualquer bosta não, eu sou o bolo-rei." mas é aí que entra o meu quase raciocínio para este quase textinho. o bolo-rei é bem mais ou menos. muito ruim. e se você é uma dessas pessoas que passa o ano a espera do bolo-rei, minhas sinceras desculpas e pena também. pena, porque meu amigo, o bolo-rei é uma bosta. eu sei que deve ter lá uma história linda por trás da receita, do nome. pensando bem, deve ter uma história linda que você viveu em que o bolo-rei estava lá no centro da mesa. mas, contra os fatos não dá para discutir. o bolo-rei é uma bosta. seco, com um esqueminha meio disforme de ingredientes. o bolo-rei não merece ter este nome nem fudendo. o panetone de chocolate, o tal chocotone até poderia roubar o nome. herdar, diria eu . basta experimentar para ver que eu estou com a razão. ou quase.

você não vai acreditar e o curioso.


- você não vai acreditar no que aconteceu comigo.
- conta.
- você não vai acreditar.
- pode contar.

- mas só se você acreditar.

- mas eu só posso acreditar ou não se você contar.

- tá.

- então, vai contar?
- não.

- não?
- pensando bem, acho que você pode não acreditar.
- mas...
- é, prefiro deixar assim, no ar, com esta tensão, como se realmente fosse algo que você não fosse acreditar.

- então conta....

- não, assim, parece ainda maior.

- mas o que é que aconteceu?

- hmmm, não. a curiosidade é mais legal do que o negócio que eu ia te contar.

- mas...
- diz, você não está aí pensando?

- tô.
- cara...
- o que?

silêncio.
silêncio.


- você não vai acreditar no que aconteceu comigo...

- vai tomar no cu.