quinta-feira, outubro 30, 2008

como é que uma pessoa decide que caráio faz com o tempo.



o tempo é complicado. se você notar, todos os dias ele é idêntico. por mais óbvio e ridícula a afirmação da frase anterior possa parecer, para efeito deste textinho, ela é importante. sim porque, apesar da pourra do tempo ser o mesmo, cada dia aparece mais coisas para você fazer. e não estou falando de trabalho. a internet é o maior exemplo disso. não sei quantos sites eu tenho no meu bookmark. mas devem ser uns 7 bilhões. cada dia adiciono mais uns 100. essa porra de "tabs" também fode com o seu tempo. esse esqueminha de ficar pulando de um site para o outro deveria ser proibido. email. email mais o spam também fode com o seu tempo. se você for um bom leitor de emails, tá na merda. se você for um educado "respondedor". está muito na merda. celular. celular com baterias que duram cada vez mais e com funções que tomam cada vez mais o seu tempo também fode com o seu tempo. aí tem os seriados na tv. não sei se você tem o costume de assistir, mas se você entrar numas de assistir, tem que ser um sujeito disciplinado. não é possível ver mais do que 3 ou 4 sem sacrificar qualquer outra coisa, o tempo não sobra. falta. trabalhar, reuniões, coisas simples como interagir com a mulher, o marido, os amigos. tempo. comer. se for em casa, você precisa de tempo para fazer. se for comer fora, precisa de tempo para chegar e esperar. se morar numa cidade com mais trânsito, precisa de tempo para o trânsito. e por aí vai. comcei a escrever este textinho pois ao olhar olhei para o relógio, aquele fêla que fica piscando no topo direito do monitor do mac-- e vi que já era tarde para cacete. não dei chilique, nem fiquei putinho. mas achei meio suspeito. e resolvi escrever aqui. sobre a caráia do tempo. esse que você perdeu lendo este textinho. ainda tenho uma caraiada de coisas para fazer e acho que não vai dar tempo. o tempo é complicado. se você notar, todos os dias ele é idêntico.

o random shuffle makers zambers do itunes



o random shuffle do itunes é genial. aquele featurezinho com as setinhas invertidas que se cruzam. sabe? fica alí embaixo do lado esquerdo do itunes. é um botãozinhoque fica bem na pontinha, o segundo. você clica a setinha e a partir daquele momento, as suas músicas entram numa mistureba e você corre o risco de escutar elvis presley guns and roses, aretha franklin e xuxa na sequência. essa função do itunes desenterra músicas do fundo do seu hd. permite você descobrir uma caráiada de músicas que você não tinha a menor idéia que estavam lá. o meu itunes, por exemplo, tem quase seis mil músicas. seis mil. é música para cacete. pelas contas do próprio itunes, são quase 15 dias de música. sem repetir. mas como todas as pessoas têm a tendência de ficar com um esqueminha mais resumido. grande parte das músicas socadas no itunes permanecem sem ver a luz do dia. ninguém escuta as seis mil músicas. antes de escrever este textinho aqui eu não tinha a menor idéia que este era o número de músicas que eu tinha. bom, mas de um tempinho para cá passei a apenas escutar músicas no shuffle random. mesmo que o fêla me force a escutar alguma bosta, eu arrisco. a idéia é muito simples: tá lá por algum motivo. não fode. se eu algum dia tive o trabalho de sugar as músicas de um cd, tenho que escutar a fêla pelo menos uma vez. agora por exemplo, está rolando um tim maia. antes estava tocando aqueles moleques pentelhos do hanson. do tim maia ao hanson, em apenas 3 minutos e tal. experimente. coloque o seu itunes nas mãos do random shuffle para ver que bosta dá.

o café de são bento e um dos melhores bifes do mundo.

a idéia de ter criado um outro blog, o guia fucking fuckers de gastronomia, foi para concentrar toda e qualquer crítica de comida lá. mas, confesso que por um misto de falta de idéias e uma certa preguiça de acessar e colocar direitinho a crítica lá no outro blog--- coloquei o café de são bento aqui. bom, mas a idéia é realmente um dia colocar lá em todos os detalhes o que faz do café de são bento merecedor das cinco desejadas estrelas do guia fucking fuckers de gastronomia. mas fica aqui essa pequena entrada, post, mini textinho para lembrar você. visite a bagáça. é impressionante.

agora, se você caiu neste blog por acidente ao digitar café de são bento ou melhor bife do mundo no google e não sabe onde fica-- faça o seguinte: digite café de são bento, rua de são bento, lisboa, bife. ou alguma variação dessas palavras. aí, você anota o endereço, tente não chegar muito tarde pois lá não fazem reserva. é caplicado e fácil de achar. fica na são bento na altura do jardim da assembléia. você precisa tocar uma campainha escondida. e se você conseguir a mesa, aproveite, coma devagar, em slow motion. o bife é punk. daqueles que você fica catando o caldinho com o garfo e lambendo as pontinhas do garfo depois. punk, meu amigo.

terça-feira, outubro 28, 2008

os estados quadradinhos dos estados unidos.



enquanto escrevia o post abaixo, me lembrei de um negócio que eu sempre quis escrever. é sobre os estados quadradinhos dos estados unidos. sabe? aqueles estados do meio? eu não entendo como é que as pessoas não falam sobre isso nos bares, nas escolas. puta negócio estranho. a impressão que se tem é que os caras tinham um prazo para riscar o mapa dos estados unidos. e fizeram com todo o carinho, a costa oeste. depois, a costa leste. bom, aí os caras tiraram umas férias. compraram umas garrafas de vinho e cerveja, foram para uma casa na praia ou uma casa na montanha. festa, mulheres, festa, mulheres, bebida. e na véspera de entregar o mapa, eles se lembraram que ainda faltava definir uns vinte e tal estados ali no meião do mapa. aí meu amigo, com pouco tempo e com a adega cheia, os cara pegaram a régua, o lápis nº2 e fizeram os quadradinhos. outra história qualquer sobre a origem dos quadradinhos, não faz sentido.

fisherman's friend e o mito.




não sei se você já comeu a bagaça. é uma espécie de balinha de menta dessas que diz que é forte para cacete e que vai fazer você chorar. bom, sempre vi a propaganda, os posters e confesso não tinha assim tanta coragem para comprar. colocava a mão no saquinho e antes de pagar, a mão tremia, a testa cuspia gotículas de suor e eu amarelava. e essa história, esta cena patética se repetiu uma dezenas de vezes. ok, exagerei, mas aconteceu mais do que três vezes. a sensação era de que eu estava carregando um balde com nitroglicerina. e devolvia o mesmo para a prateleira com muito muito cuidado. afinal, a propaganda era séria. os avisos também. comprei. fraquinho para caráio. portanto, se você também achava que a pourra da pastilha podia fazer você jorrar lágrimas pelos canais dos olhos, vá em frente. sem dramas.

pessoas que você não sabe se falam a sua língua ou não num país estrangeiro.



isso já aconteceu com todo mundo. todo mundo. em diferentes partes do mundo, é claro. você está em paris com a sua namorada num café, por exemplo. e aí, quando você pega o croissant certo, o café, paga, e se dirige cheio de "stâile" para a mesa com a sua namorada ao lado, um senhor pega a última mesa. mas ele pega a última mesa quando você estava prestes a agarrar a cadeira. azar o seu meu amigo. bom, e aí como você está em paris, num país em que a primeira língua é o francês, e a sua é o português-- o que você faz? bom, você olha para a sua namorada e diz num volume bacanudo: "cara fêla da pulta, pegou a nossa cadeira, a nossa mesa... este bosta, veja só." e o que acontece? se você é um sujeito azarado, este senhor é brasileiro ou fez um curso intensivo de português. aí, ele vai entender o que você falou, vai olhar para você como quem diz: "que azar hein?" e você vai ficar ali com uma cara de bosta meio sem graça e puto. primeiro por ter perdido a cadeira para o ladrão de cadeiras, e segundo, porque ele sabe falar português. e isso acontece em todos os lugares. já aconteceu comigo num ônibus numa montanha no colorado (na casa do caráio, literalmente) quando uma senhora furou a fila na minha frente. ela também falava português. num museu na holanda. o meu radar é meio ruim. bem ruim. aqui em portugal, no eléctrico, já me fodi umas duas vezes. você deve estar pensando: "mas em portugal se fala português, rapá!" claro. mas as meninas e o senhor que eu achava que não falavam português, eram, respectivamente, mais dinamarquesas do que qualquer cidadão daquele país. e mais americano do que qualquer americano de um daqueles estados quadradinhos do mapa. nas duas ocasiões comentaram: "eu falo português." pessoas que você não sabe se falam a sua língua ou não num país estrangeiro. fique atento. ou não.

sexta-feira, outubro 24, 2008

a teoria do sabonete líquido e o de barra.

certa vez no meio de uma reunião dessas de planejamento que demoram umas seis horas alguém mostrou, com a ajuda de uns 76 slides de powerpoint, que o brasileiro não usa sabonete líquido nem fudendo. o brasileiro gosta da barra de sabão e pronto. não adianta inventar. eu até entendo. primeiro, por causa do costume, é claro. mas também tem aquele esqueminha da barra que vai desaparecendo na sua mão. é, porque se ela está desaparecendo, é sinal de que o cheiro, a limpeza que antes estava lá--- agora está em você. o sabonete líquido para mim tem um problema muito básico, parece o shampoo. a textura, a embalagem. a sensação que eu tenho quando uso o tal sabonete líquido é a mesma que eu tinha quando era moleque e no meio de uma viagem acabava o sabonete. ou você esquecia de levar a pourra da barra. lembra? aí você pegava uma mão de shampoo, adicionava água e pimba-- fingia que era sabonete, só para dar um cheirinho. bom, para mim, esse é o problema com o sabonete líquido. o efeito psicológico. acho, apenas acho que o brasileiro só vai passar a usar essa bagáça em formato líquido no dia que o governo mandar tirar das prateleiras todas as barras de sabonete. digo isso, pois um dia destes quis dar uma chance para o sabonete líquido. comprei um tubão. tomei o banho e tal. mas depois-- passei o resto do dia escorando o nariz para perto da subáca para ter certeza que não estava exalando um odor de qualidade discutível. é complicado trocar. substituir. a barra pelo pote. bem complicado.

não acredito no segundo livro do cara que promete tudo com o primeiro.

não acredito em autores de livro de auto-ajuda com mais de um livro. afinal, se o fera é realmente bão, se ele sabe fazer as pessoas ficarem ricas, muito muito ricas, com rios de dinheiro--- ele--- o autor do livro de auto ajuda não deveria precisar sentar a bunda numa cadeira para escrever um segundo livro. o cara já está milionário, os leitores dele também. enfim, se ele precisa escrever um segundo livro-- então ele é bem mais ou menos.

terça-feira, outubro 21, 2008

o lagostês. versão 3.



ontem ao sair de um restaurante o chacho olhou para o tanque de lagostas vivas que pulavam na entrada e comentou sobre o que deveria estar passando na cabeça delas-- sempre que alguém entra no restaurante-- antes de comer.


versão 3.

- alguém já contou o que acontece quando aquele carinha da cozinha faz quando pegam a gente aqui?
- hmmm... não.
- para onde eles nos levam?
- também não.
- pode falar, eu não conto para ninguém.
- promete?
- ok. reza a lenda que a gente é levado para uma banheira quente e depois cuidadosamente banhado em creme e ervas.
- um spa de luxo!
- e que isso fique entre nós. não quero perder a minha vez para ninguém.
- (falando baixinho) banheira... banho de cremes... ervas... isto é o paraíso.

o lagostês. versão 2.




ontem ao sair de um restaurante o chacho olhou para o tanque de lagostas vivas que pulavam na entrada e comentou sobre o que deveria estar passando na cabeça delas-- sempre que alguém entra no restaurante-- antes de comer.


versão 2


- cara?
- fala.
- tenho que confessar uma coisa.
- pode dizer.
- sabe ontem... quando o chef levou a sua mulher para a panela?
- (chorando) sei.
- então...
- então o que?
- quando você se virou para o lado, eo chef se aproximou, me fingi de morto, virei os olhinhos para trás e parei de soltar bolhas de ar. o chef achou que estava menos fresco e foi direto nela.
- filho da puta.
- mas eu sou sincero.

as lagostas que conversam em lagostês no aquário.





ontem ao sair de um restaurante o chacho olhou para o tanque de lagostas vivas que pulavam na entrada e comentou sobre o que deveria estar passando na cabeça delas-- sempre que alguém entra no restaurante-- antes de comer.


versão 1


- no brasil se como muita lagosta?
- depende.
- depende?

- é cara.

- mas quanto cara?
- muito. muito cara.
- e aqui, aqui é cara?
- proporcionalmente, menos.
- então esse brasileiro que está entrando com esse argentino pode entrar numas de querer matar a vontade de comer a gente. aproveitar o preço e tal.

- nossa sorte está nas mãos do argentino.

- como assim?

- é, se o argentino pedir outra coisa, carne, por exemplo, pode influenciar no pedido do brasileiro.
silêncio. silêncio.
- ar-gen-ti-na! ar-gen-ti-na! ar-gen-ti-na! ma-ra-do-na! ma-ra-do-na!

documentários e o cara que era mais ou menos doidjo.


curto documentários. os não ficção. os baseados em histórias 100% reais. os que na grande maioria das vezes é estrelado pelas pessoas que protagonizaram a história. aqui em lisboa está tendo um festival de documentários. o doc lisboa. puta esqueminha bacana. se você está em lisboa e lê este blog, o festival vai até domingo. e, se você for fuçar o site dos caras atrás de um filme, foque naqueles que estão em cartaz na culturgest. a culturgest se você nunca foi, é um negócio gigantesco, daqueles que devem ter levado uns dois séculos para ser construído. bom, fim de semana passado fui ver um filme lá. o filme era meio melancólico. mas aconteceu um negócio quase curioso. minha mulher sentou a minha esquerda. e, na minha direita sentou um sujeito bem doidjo. nada contra pessoas doidjas. mas esse era bem peculiar. para começar não conseguia decidir que perna queria cruzar por cima de qual. deve ter variado, mudado de posição umas 72 vezes. depois entrou numas de brincar com o elástico da meia. como quem puxa o topo da meia para a fora e larga contra a perna como se aquele "bater" de meia sobre a pele da canela causasse alguma sensação. o celular. o fera, durante o filme, juro, checou para ver se tinha alguma mensagem umas 980 vezes. confesso que fiquei um pouco tenso em alguns momentos, especialmente quando ele ameaçou começar uma guerra de cotovelos pelo espaço entre as duas cadeiras. mas nada aconteceu. mas teve uma coisa que achei ainda mais quisita, estranha. o riso do fera. o cara estava fora de sincronia. ria antes dos momentos de rir. e não é que ele já sabia a piada. ele ria meio milésimo de segundo antes. e o resto do cinema inteiro logo em seguida. documentário é um esqueminha genial. o festival de lisboa também. mas, domingo passado-- as cenas mais cafuzas não estavam na tela, mas logo ao meu lado. pronto para um duelo de cotovelos. fêla.

sexta-feira, outubro 17, 2008

dois casais. um em casa. o outro no motel.

1-

casal em casa, sete e tal da noite. ar-condicionado quebrado.

- amor?
- oi?
- vou deixar você.
- como?
- deixar você, ir embora.
- antes ou depois da novela começar?
- oi?
- só para eu ver se preciso botar para gravar.

2-
casal no motel, depois do rala e rola.

- paixão?
- diz fofolucho.
- eu gostaria de contar para você uma coisa.
- claro.
- eu não sou quem você pensa que eu sou.
- como assim?
- eu não me chamo joão. eu sou casado.
- grandes bosta, eu não me chamo maria. e sou casada também.
- silêncio.
- silêncio.
- maria?
- o que foi joão?
- vamos novamente?
- claro.

a comida mineira.

a comida mineira é excelente. muito boa. um negócio de outro mundo. mas pourra, vai ser pesada assim na casa do caráio. sempre que eu vou a um restaurante mineiro fico cafuzo com a quantidade de comida. mas não só a quantidade. a gordura da bagáça. costela, lombinho, feijão com não sei o que, farofa gorda afogada na manteiga e mais uma centena de opções. o mesmo com a sobremesa, são aqueles doces que disputam com o alcool combustível-- o destino da cana de açucar. uns doces que devem ter 500 calorias por colher de sopa escorrendo. não sei qual é o esquema, como é que o pessoal em minas gerais consegue evitar uma crise de obesidade de proporções gigantescas. não sei como nunca teve uma pessoa desmaiando com a cara sobre a mesa após comer o sexto prato fundo (nunca raso). não sei. tenho medo de voltar para um restaurante mineiro. medinho. daqueles do lábio inferior ficar tremendo com uma babinha pendurada bem no meio dele. mas como você sabe, a bagaça é boa. e aí, é só um fera levantar a mão e comentar algo como: "putz, e uma caipirinha... um tutu... um licorzinho de jabuticaba." aí, bem, aí você passa em casa antes, coloca a calça de moletom e vai. mas vai sabendo que pode passar o resto da semana rolando pelos cantos da casa fazendo um som estranho enquanto faz a digestão de 7 kilos de comida. mas vale a pena. ou não.

o projeto bigode.




aqui na agência, o lincão e o nuno começaram o projeto bigode. que, nada mais é do que deixar crescer o bigode. (já notou que quando você coloca a palavra projeto na frente de qualquer outra, fica com um tom de coisa importante?). bom, mas voltando a história do bigode. e do projeto. a idéia do projeto é que mais pessoas entrem no esquema. dois caras de bigode andando pela agência deixam a impressão de que não é uma raridade. que você não estará sozinho caso deixe a bagáça crescer. corajosos os dois. não é todo mundo que tem bagos de aço para deixar crescer el bigodon. bagos de titânio. bigode chama a atenção para caráio. de repente, você passa a ser o cara de bigode. exemplo: você entra num restaurante com a sua mulher atrás de um casal de amigos que já esperam por vocês lá dentro. o garçom pergunta como é o casal que você está procurando. e você, sem pensar diz: "o cara tem um bigode." e o garçom comenta: "ah, o senhor de bigode? está lá, mais ao fundo." se alguém for desenhar uma caricatura, retrato falado, qualquer coisa que envolva um lápis e um papel-- o bigode vai saltar. o bigode engole a pessoa. se você não tem um piercing do tamanho de uma bola de sinuca agarrado na orelha, a pessoa sempre vai lembrar do bigode. por isso mesmo o projeto bigode é corajoso. pois um dois risca ganhar um apelido de "bigode". e que, ao contrário do bigode que pode ser sempre raspado-- o apelido pode ficar para sempre. "tio bigode, ô bigode, opa do bigode, ô bigodão, bigode passa a bola..." e por aí vai.

a crónica do destak desta semana.

terça-feira, outubro 14, 2008

o esquema dos carteiristas e os ninjas.



carteiristas para quem não sabe é o batedor de carteira no brasil. aqui em portugal, em lisboa, pelo menos, parece que existe uma chance relativamente grande de um carteirista pegar algum pertence seu quando o metro está cheio. acho que o esquema é mais punk com turistas desavisados. acho que carteirista é o mesmo esquema no mundo todo. bom, mas como aqui eu ando muito mais de transporte público do que jamais andei no brasil, fiquei curioso com o esquema. fui perguntar para pessoas que pegam o metrô ou o elétrico para saber como é que funciona. fui investigar, perguntar para o lisboeta. todos me disseram a mesma coisa. 99% das vezes é silencioso, você não vê o cara ou a mulher pegar a carteira do seu bolso.quando nota, é aquele esquema, de dar um passo para frente ou uma joelhada na sáca. celular, chave, o que seja. bom, você entendeu, é um esquema meio ninja. e isso, me deixou cafuzo. não sei muito como me defender disso. ok, o basicão eu sei. não andar com as coisas nos bolsos de trás. mas, quando você vem do brasil onde na maioria das vezes, a sua carteira pode ser levada a força e aos berros, é mais difícil absorver a idéia de que vão levar a sua carteira sem você ver. não que seja melhor. claro que não é. qualquer tipo de assalto é uma bosta. mas confesso que o esquema ninja dos carteiristas que você não consegue ver de maneira alguma, é foda se preparar. e o brasileiro como eu, que cresce meio que pronto para reagir a uma situação mais barulhenta na hora de um assalto fica bem mais cafuzo. mas belê. é torcer para que o ninja nunca apareça.

quinta-feira, outubro 09, 2008

marcar dentista.




marcar dentista é um esquema engraçado. ou não.

você, por livre e espontânea vontade, marca para sentir dor. você pega o telefone e liga para um sujeito para agendar para ser legalmente torturado. e ele, você, e a mocinha que atende o telefone-- todo mundo acha isso normal. é por isso, e só por isso que ela, a mocinha que atende, é super doce com você. "bom dia, senhor erick? como é que você está? que bom saber. isso é muito bom saber. então quando é que é o melhor dia da semana para você?" aí você responde. e ela: "que bom saber disso. que bom que esse dia é tão bom para o senhor. e que horas? que horas que é especial, que horas é uma delícia para você?" aí você responde. e ela: "ahhhh, senhor erick, que bom, mas como é bom poder marcar esse dia, nessa hora tão querida para o senhor se dirigir até nós." e você fica ali, do outro lado da linha com uma sensação de: "é, beleza, talvez seja bom mesmo. ela tem razão... vou lá naquele cara e deixar ele socar o meu dente com uma broca. vou sim. é bom. porque não." e marca. e vai. e se fode.

as lentes que explodem depois de um dia.

comecei a usar lentes de contato de um dia. puta esqueminha fácil. acabou o dia, descarga. você está lá escovando os dentes a noite, e se, ainda consegue se enxergar no espelho, é só jogar o par na pia. o problema da outra lente, a que dura um mês, é que você nunca lembra quando foi que colocou ela pela primeira vez. e sempre fica naquela de: "só mais um dia, mais um, mais um, mais um..." e quando vê, está com os olhos vermelhos e lacrimejando. o esqueminha da lente de um dia beira a genialidade. você não se fode com uma lente velha nos olhos. você não precisa mais carregar aquele potinho criadouro de bactérias para cima e para baixo. você também não precisa comprar aquele pote de 6 litros de soro. meu amigo, a bagáça é descartável. depois que escurece, pimba, lixo. você coloca nos óio de manhã e o timer na contagem regressiva começa. fudido. se você também passou grande parte da vida com os dedos cutucando as bolinhas coloridas dos olhos, vá com força nas lentes de um dia. você vai ficar meio puto. não, vai ficar puto para cacete. mas por não ter feito isso antes. até porque a bagáça existe desde sei lá quando. a sensação que você tem depois de usar essas lentes é como se hoje, aos trinta e poucos anos de idade, descobrisse pela primeira vez na vida-- que existe água quente nos chuveiros. é exatamente isso.

a melhor parte.

sempre aparecem aquelas dicas de amigos que já assistiram filmes que você vai ver-- do tipo: "ó, não vai sair do cinema ao final do filme, espere... pois depois dos créditos tem uma sequência com os erros de gravação e tal." os filmes da pixar começaram a moda e tal. e por falar nos filmes da pixar, esses também criaram um esqueminha genial-- em que você pode sempre assistir um curta do caráio antes dos desenhos começarem. bom, e tem um filme no cinema agora, o tropic thunder, com o ben stiller, o jack black e o robert downey jr que tem um esqueminha desses. como se trata de um filme dentro de um filme sobre fazer filmes-- eles também fizeram uns trailers fucking fuckers dos atores que os atores de verdade fazem no filme. parece confuso mas não é. a dica aqui é: chegue mais cedo no cinema. a melhor parte do tropic thunder são esses trailers.

e essa dica é do fera aqui do trabalho, mico toledo. que assistiu o filme, e, quando foi comentar comigo sobre os trailers do início-- comentou sobre 3. e eu, atrasado de merda, só assisti um. que era genial.


terça-feira, outubro 07, 2008

uma teoria sobre o jerry maguire



fiz esse teste este fim de semana. perguntei para algumas mulheres e para homens, a primeira frase que eles lembravam do filme "jerry maguire".

o teste não foi perfeito. mas foi quase. as mulheres quase todas foram direto na frase do tom cruise na cena que ele fala para a renee zellweger meio chorando de emoção: "you... complete me!" e ela responde com os olhos em cataratas: "you had me at hello!'

os homens não. quase todos foram direto na frase do cuba gooding jr."show me the money!" não é lá assim uma teoria a prova de fogo. mas é quase. faça você mesmo o teste.
assista aí embaixo as duas cenas.
não diz nada. mas digamos um pouquinho da diferença dos homens para as mulheres. ou seja, as mulheres saíram suspirando do filme por causa dessa cena. e os homens rindo por causa da outra. as mulheres suspirando pelo tom cruise. e os marmanjos pela renee que, convenhamos, estava no auge. apenas uma idéia.






"SHOW ME THE MONEY!"



"YOU COMPLETE ME..."

sexta-feira, outubro 03, 2008

guylian, a droga mais pesada de todas feita de cacau.




se você tem problemas ou com a taxa de açucar no sangue, ou com o tamanho da pança que escorre pela cintura da calça jeans, afaste-se dos chocolates guylian. não se comparam com godiva ou qualquer outro desses que tira uma onda de chocolate fiucking fuckers zambers "aí como eu sou gostoso para cacete do mundo." o guylian é um troço do outro mundo. e eu sei que dizer que um chocolate é um troço de outro mundo é meio subjetivo. cada um tem o seu chocolate favorito e tal. alguns são muito parelhos. mas o guylian, não. e basta dar uma dentada pequena para sentir o drama e concordar comigo. e eu digo uma dentada pequena, pois, depois da pequena, você comer o seu dedo indicador e o polegar, jutos. é impossível, complicado-- não comer uma barra inteira. deveria ser proibido vender em qualquer lugar. se eu fosse dono da marca faria como os traficantes. daria pequenos quadrados do chocolate em praças de shopping de graça. e depois cobraria seis mil euros por barra. talvez cinco mil. mas algo assim, com preços para foder a cabeça das pessoas. e tenho certeza que todos comprariam. venderiam a mãe, o pai, e os melhores amigos dos dois. a bagáça é boa. e se você conhece a marca, ainda tem um esqueminha engraçado dos cavalos marinhos feitos de chocolate com um recheio de heroína. meu amigo, se você ver esses cavalinhos de chocolate perto de você ligue para a swat. corra. ameace pular. faça qualquer coisa. só não dê uma mordida. nem fudendo. sério. sem putaria. você vai me agradecer. ou não.

se você já morou na rússia.




bom, se você já morou na rússia antes do aquecimento global, sabe o que é passar o inverno aqui em lisboa. aí você deve estar pensando: "não fódi, vai exagerar assim na casa do cacete." o que pode ser um pouquinho de verdade. mas só um pouquinho. eu sei que se você cavucar no hard disk da sua cabeça vai lembrar da noite em que você mais teve frio na sua vida. lisboa no inverno é assim. as casas não são como nos estados unidos-- socadas de aquecimento por todos os cantos. é madeira antiga, chão de madeira que range. e por falar em ranger, os dentes se esquentam uns nos outros. por isso mesmo o vinho. a açorda. a sopa. o café. o aquecedor elétrico amarrado na perna. e o banho quente de seis horas e meia. se você tem planos de visitar portugal em uns dois meses, fique esperto. cachecol e casaquinho que a mamãe sempre pediu para você levar quando saia na rua. vai por mim. mas é claro, que se você já morou na rússia, você já sabe como é.

sozinhas que não conseguem.




dia desses fui ao armazem do chiado aqui em lisboa. esqueminha meio shopping, meio praça de alimentação, meio ponto de referência. bom, e enquanto passeava por lá, comecei a observar as pessoas. ok, não todo mundo. mas notei um esqueminha interessante. e que não é exclusividade de lisboa. as pessoas que estão sozinhas não conseguem ficar assim. explico. um fera não consegue comer sozinho sem estar agarrado num celular. ou com uma revista aberta a frente e um jornal dobrado em uma das mãos. é como se a pessoa não pode assumir para o resto do mundo que está alí sozinha. é como se isso fosse proibido. proibido não. é como se desse uma mini vergonha. eu confesso que eu também pesco uma revista quando como sozinho. mas também cago baldes quando não tenho uma revista e como numa boa. apenas uma observação. veja você mesmo. dia desses ao passar por uma praça de alimentação sinta o drama. e veja como tem uma galera que passa o jantar inteiro fazendo malabarismos para, apesar de estar sozinha, não estar.

pessoas que pensam em voz alta.



adoro escrever sobre o eléctrico. é um esqueminha bem interessante. um negócio do início do século passado que ainda arrepia pelas ladeiras de lisboa. é a maior prova de que não inventaram ainda nada mais bacana e mais inteligente até hoje. e tem uma coisa muito engraçada do eléctrico: as pessoas que pensam em voz alta. não é assim uma lei. mas creio que no eléctrico existem mais pessoas que pensam em voz alta do que no ônibos por exemplo. e a razão acho que é por causa da barulheira que ele faz ao cruzar as ruas de lisboa. aquele negócio de trilho, ferro véio, faísca, gente para caramba. bom, e aí, com a barulheira, volta e meia testemunho uns tiozinhos e umas senhoras pensando em voz alta. e fazem comentários do tipo: "precisava acelerar tanto assim quando eu estava a entrar? " ou hoje um tiozinho do meu lado disse em alto e bom tom: "mas que bunda grande aquela jovem tem..." ele se referia é claro sobre a bunda, as nádegas de uma jovem que acabara de entrar no trem. e disse isso na maior naturalidade do mundo. já escutei pessoas pensando sobre o preço do aluguel. outras falando trechos inteiros de notícias. e, se você ler as duas últimas frases vai chegar conclusão que eu estou falando de um bando de doidjos. não. não estou. isso não acontece sempre. mas quase sempre. e não são pessoas que falam sozinhas ou que têm algum tipo de desvio comportamental. são pessoas aparentemente 100% ok, que por algum motivo não conseguem guardar dentro das cabeças o que por lá cozinha. acho que é o barulho dos trilhos. ou não. mas é engraçado. ou curioso. ou os dois.