sexta-feira, fevereiro 29, 2008

dois diálogos bem rápidos.

(1)

- mãe?
- oi.
- desculpe, foi engano.


(2)
- o que vocês vão querer para jantar?
- o que você recomenda?
- tudo que está no cardápio.
- então vamos querer tudo.
- mas "tudo", não dá.
- então se decide porra. o que você recomenda?
- tudo o que está no cardápio.
- tá vendo?!

a carteira perdida.

um cara perdeu uma carteira aqui em lisboa. cheia de documentos. fotos dele e da namorada. cartão do metrô. do banco. de tudo. como achar o cara? bom, a primeira idéia foi ligar para o blockbuster. peguei a carteirinha dele e liguei. "olha, encontrei a carteira do sócio tal no chão." passaram trinta segundos e a mulher: "bom, o sr. antônio está com dois filmes atrasados." e eu: "mas eu não sou ele. só achei a carteira dele." e a moça do outro lado: "mas ele está com dois filmes atrasados." e papo vai. papo vem. e eu não consegui o telefone do cara para devolver a carteira dele e a mulher contiunou cobrando os filmes que ele tem atrasados. e a carteira continua perdida.

a máquina de chopp 3.

colocar uma máquina de chopp no trabalho é uma boa idéia. a primeira impressão é que você vai passar o dia bebendo. o que não é verdade. você fica com um peso na consciência de ser pego com a mão na manivela que entorna o chopp no copo. você também não sai bebendo numa segunda feira também. a máquina de chopp no trabalho tem um objetivo claro, ela é um excelente countdown para sexta-feira. você trabalha a semana inteira, e numa sexta, como a de hoje, você passa pela máquina de chopp e se dá de presente um copo. ou dois. é mais ou menos como aquela teoria da legalização das drogas. de que se elas fossem liberadas teria menos violência, menos tráfico, menos isso, menos aquilo. não que eu seja a favor da legalização de nenhuma droga. para ser sincero não tenho lá uma posição muito bem definida para cagar regra aqui. mas uma coisa eu sei. sou a favor da legalização da máquina de chopp no escritório.

existe dois tipos de pessoa.

as que comem azeitonas e as que odeiam.
as que gostam de filmes com sandra bullock e títulos como "um amor em..." e as que odeiam.
as que tiram o pepino do big mac e as que adoram.
as roem as unhas da mão e as que cortam.
as que tomam café com leite. e as que tomam leite com café.
as que mordem o chocolate bis. e as que colocam a pourra inteira na boca.
as que buzinam e as que jogam farol alto.
as que são pacientes com o pessoal do serviço de atendimento e as que ficam putinhas e dão chiliqie.
as que pedem chopp com colarinho e as que pedem sem.
as que não sabem estacionar o carro na rua e as que não sabem estacionar na garagem.
as que fazem downloads ilegais e as que compram no itunes.
e as que lêem esse textinho até o final e as que pararam lá em cima.

o jazz e o improviso. uma teoria.

dia desses fui num clube de jazz. desses apertados em que as pessoas fingem que tem mais espaço que tem. acho que todo clube de jazz no mundo é assim. ajuda com o ar intimista da música e tal. um casal sentado em cima de outro casal. uma mulher que tropeça e pisa sobre o seu pé. pedir uma bebida nesse esquema então é complicado. você precisa desenvolver uma técnica de comunicação silenciosa com a garçonete ou o bartender. o cara ou a mulher precisa ler lábios ou/e entender o que você gesticula. ah se você entra numas de pedir um chopp ou uma bebida qualquer num tom um pouquinho mais alto. vai acabar estragando a concentração do fera que está improvisando no piano. e aí meu amigo, fodeu. os caras vão olhar atravessado para você, e o casal que até então estava balançando a cabeça em câmera lenta para um lado e para o outro, também. bom, mas vamos a teoria do clube de jazz. ou melhor, a teoria do improviso. fiquei prestando atenção e notei que os feras não sabem picas do que vão tocar até entrarem no palco. aí cada um começa a tocar, mas olhando meio de canto de olho para outro membro da banda como quem diz: "vai por mim fera, eu tô dedilhando aqui o piano, mas balancem a cabeça como se soubesse que pourra eu tô tocando." e aí os outros ficam ali balançando a cabeça, e de vez em quando invadem a música. de vez em quando improvisam também. com todo o respeito a quem gosta de jazz. mas eu acho tudo uma puta improvisação. você pode estar pensando: "mas é mesmo, é improvisado rapá, o jazz é isso." ok, ok. é improvisado. mas é improvisado demais. o que me leva a conclusão que para tocar jazz, o cara apenas precisa saber tocar o instrumento. não é necessário muito mais. depois é só balança a cabeça super cool no palco e e observar num tom meio blasê a galera socada nas mesinhas a frente. dia desses fui num clube de jazz.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

o queijo mozzarela que se achava o fodalhão dos queijos.

no cardápio estava em destaque: 1 bola de muzzarela italina com leite fresco da vaca premiada da região de verona. não é uma porção. é uma bola mesmo. queijinho metido do caralho. todos os outros chegam a mesa em porções. esse fêla vende a unidade de um bola. não fodi. é bom? é. é bom para cacete? é. vale a pena entrar nesse esqueminha e tratar ele com essa nobreza toda? é, vale. mas mesmo assim, não fodi. fico imaginando os outros tipos de queijo, todos juntos a caminho da morte. ou melhor, a caminho da minha mesa. juntos, unidos, amigos. e, num prato separado, a bola de mozzarela da vaca mais gostosa da fazenda. bom, enquanto comia hoje uma porção de queijos com vários tipos-- fiquei olhando a bola de mozzarela lá do outro lado do balcão, do outro lado do vidro, toda metida-- me olhando com um certo ar de fodona. olhei para ela. ela olhou para mim. aí, você sabe, olhei para a garçonete e pedi uma. reguei a fêla com azeite, sal e pimba. quase sem mastigar. não fódi.

os carros de veneza.

os carros de veneza são barcos. lanchas. vaporettos. barcos grandes. moleque não cresce brincando de carrinho. deve crescer brincando de barquinho. é curioso. acho que os venezianos são as pessoas mais felizes do mundo por um motivo muito simples: não usam carros. ou melhor, não existe um carro sequer por lá. o veneziano acorda, caminha, pula num vaporetto, pega uma carona numa lancha, caminha, sobe uma ponte, desce uma outra e por aí vai. eu sei, carro as vezes é interessante. mas raramente. acho que 99.9999999% das vezes carro estressa para cacete. puta negócio chato. o trânsito fêla da pulta com carros que parecem pipocar do chão como os gremlins do filme. e basta tomar café na rua pela manhã para ver como uma vida sem carros, sem trânsito, sem um taxista mandando um motorista para qualquer lugar-- faz uma diferenção. acordei tarde um dia, cheguei no lobby do hotel e o café já tinha evaporado. beleza, pensei, vou comer numa esquina. a sanae pediu um capuccino, e, quando eu ia pedir um café, vi um casal de venezianos tomando o que parecia um espumante zamber com algum ingrediente tipo suco de fruta com água com gás. algum negócios desses que você sempre vê sobre o balcão mas nunca sabe o nome. bom, como o relógio estava prestes a marcar meio dia, 11:56, apontei para o copo que partia em direção a mesa dos do casal de venezianos que conversavam como se não fosse segunda-feira, e disse que queria um idêntico. muito bom. simples. aí, enquanto trucidava um sanduba daqueles que ilustram fotos de cardápios-- fiquei olhando para a rua tranquila. as pessoas andando em passos curtos. e cheguei a conclusão que os caras são muito mais tranquilos do que o resto do mundo. fato. e tudo graças ao trânsito e os carros, que não existem. ok, o vinho antes do meio dia também deve ajudar essa alegria. mas acho que o fator "cidade sem carros" pesa um pouquinho mais.

o taxista que queria ser lutador de luta livre

volta e meia relato acontecimentos sobre taxistas. nada contra os caras. mas o fato é que em qualquer lugar do mundo, os taxistas são pessoas que acabam sempre gerando assunto. hoje, por exemplo peguei um taxista revoltado comigo. não conhecia ele. mas o fato de eu fazer uma viagem média para curta deixou o cara puto. muito puto: "eu fiquei duas horas na fila e você vai fazer uma viagem dessas?" e eu ali atrás: "ô fera, não dá para andar até a minha casa. acho que até é proibido uma pessoa andar pela avenida até lisboa." ele não achou muito engraçado. contou que a gasolina em lisboa é muito cara e o taxi muito barato. é, o cara não estava lá assim com muitos dentes aparecendo. beleza, eu entendo, todo mundo tem um dia ruim. bom, ai, o taxi para num sinal. um mini furgão fecha o taxi. o taxista abaixa o vidro e manda a mãe, não o motorista, mas a mãe dele para o caralho. a mãe dele não estava no taxi com a gente. foi uma força de expressão. um palavrão para ser mais exato. ele e o cara do furgão trocaram acusações até que as buzinas acabaram por nos empurrado de volta ao nosso trajeto. alguns minutos depois, com o taxista mais calmo, perguntei para ele se não era melhor ignorar esse tipo de briga. vai que o cara está armado. vai que isso. vai que aquilo. bom, ele olhou para mim pelo espelho retrovisor e respondeu: "ai dele se saísse do carro, eu acabaria com ele." e eu: "arma? o senhor tem uma arma?" e ele, na maior naturalidade: "luta livre. golpes mortais." e o meu ponto chegou.

o preço da comida quando você se encontra cercado de canais, pontes, rios e lagoas.

o único detalhe assim que você pode achar meio cafuzo em veneza é o preço das coisas. é um esquema paralelo. um café custa 4 euros. ou 3. ou 3.50. mas nunca o mesmo 1 euro ou 0.60 cêntimos que você paga em lisboa. uma cerveja, 4 euros. 6 euros. até 7. nada perto do 1 euro ou 2.20 que você paga num restaurante mais fucking fuckers. e o resto das coisas aumentam com a mesma velocidade. a explicação é simples. os caras estão na casa do caralho. para você comer um filé de pato-- aquele mesmo pato viajou meio mundo, pegou um barco, duas lanchas menores e foi empurrado pelas ruelas de veneza até chegar no freezer do restaurante que você vai comer o pato naquela noite. e não tem muita opção. todos os restaurantes entram nesse esquema. você pode aproveitar um esquema de turista que inclui 3 pratos com um desconto bem fraternal. mas se entrar numas de pedir qualquer prato fora desses esquema, fodeu. prepare para fazer uma analíse da qualidade do seu fígado quando chegar de volta em casa. existe uma pequena chance de você ter que vender um naco dele no ebay. ok, estou exagerando um pouco. eu disse um pouco.

veneza e a disneylândia. ou se for a veneza nunca brigue com a sua mulher (marido).

passei três dias em veneza essa semana. tinha ido uma vez quando era moleque. eu e meu irmão. apenas 12 horas entre uma viagem e outra. ou seja, não conhecia picas. tenho uma foto com um pombo agarrado no capuz do meu casaco e só. memória, memória não tenho muita. (eu acredito cegamente no fato de que todos nós temos uma espécie de memória absoluta que não é expandível. um bom exemplo é o hard drive do seu computador. imagine que o seu computador tem 80 gigabites de memória interna. esse é o seu cérebro. bom, e se você chegar um ponto que você ultrapassa esses 80 gigabites, é preciso jogar alguma memória fora para colocar a nova no lugar. fez sentido?) e como a minha memória tinha apagado a viagem de veneza, ou pelo menos os detalhes, a viagem de agora foi bacana para substituir uma memória que estava meio falhada.) caráio, e os casais lá do título? ok, esses três dias em veneza, e uma caráiada de taças de vinho num frio infernal, me permitiram observar atentamente a cidade e as pessoas que lá estavam. a primeira impressão é que não existem venezianos. apenas turistas. e não estou exagerando, é punk mesmo. acho que para 10 turistas, deve ter 0,8 veneziano (a). a segunda impressão é de que todos que lá estão-- são casais. não existem pessoas solteiras. se você encontrar algum, conte até dez que uma pessoa, marido ou mulher aparecerá de algum lugar com um café na mão ou um cigarro no finalzinho. é casal. é turista. além disso, notei que todos os casais, todos, ok, quase todos estavam sempre abraçados. ou dando beijos, ou tirando fotos com o braço esticado. sempre sorrindo, sempre de mãos dadas. é impressionante. não se vê homem nervoso brigando ou mulher estressada dando chilique. todos os casais aparentam estar em harmonia quase que em câmera lenta. e eu acho que sei porque. pelo simples fato que em veneza você está ilhado. não tem essa de uma mulher dar um chilique e ir para qualquer lugar. ela está cercada de canais, sem carro. portanto acho que de alguma maneira o cérebro do ser humano se ajusta uma vez que as pessoas entram em veneza. em veneza o cerébro filtra comentário que possam gerar brigas. o cérebro ignora o marido que palita os dentes em pleno restaurante. finge que não vê a mulher comprando seis pares de sapato. é, porque o cérebro sabe que qualquer bosta que acontecer ali. não tem muita saída. de um lado um canal, do outro, um outro canal. confesso que vi, do outro lado do restaurante em que estávamos, um casal discutindo brevemente. o homem olhou para a bunda de uma mulher que passara. a mulher ameaçou brigar. mas só ameaçou. em um milésimo de segundo, ela parou, respirou fundo e ficou tranquila. passei três dias em veneza essa semana. tinha ido uma vez quando era moleque.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

a teoria da tv no restaurante




não importa o que estiver passando, as pessoas olham. as pessoas assistem. canso de ver casais quase brigando. a mulher olhando para o marido sem saber ao certo o que ele está assistindo. as vezes ee um jogo da segunda divisão do campeonato inglês. as vezes é a reprise de um jogo de boliche. não importa, o cara não consegue tirar o olho da tv. mesmo quando o casamento dele está em jogo. pode notar, entre num restaurante desses com um telão numa das paredes ou mesmo uma tv pequena de quatorze polegadas. o cara arruma um jeito de driblar a mulher ou namorada e sentar de frente ou pelo menos de lado para a tv. a partir daí, é um olho no prato, na poça de ketchup para acertar a batata e um outro na tv. a mulher é um pouquinho paciente de vez em quando. e não pergunta coisas muito importantes. segura a onda. mas tem mulher que se quiser puxar uma briga sabe, é só fazer perguntas bem importantes relacionadas com o futuro do casal -- para dar bosta. o cara não vai responder na primeira. na segunda vez. muito menos na terceira. aí a mulher vai levantar, vai mandar ele tomar no cu e vai embora. tudo culpa da tv.

o croquete da mulher do seu jaime

um tempinho atrás escrevi aqui ou no guia fucking fuckers sobre os croquetes mais saborosos de todos os tempos. que são servidos numa pequena tasca na rua das flores. bom, mas agora, depois de seguidos comentário do juan christmann, o redator argentino fã número 1 dos croquetes da mulher do seu jaime, venho aqui deixar registrado que os croquetes dela realmente são de foder. de foder não, porque é uma falta de educação falar assim com esse palavreado. mas são excelentes. acima da média, muito acima da média. fica na rua das gáveas perto da praça de camões. acabam rápido, porque o seu jaime não é um restaurante é quase um mini bar com um mini balcão. por isso eles duram vai, umas duas, três horas. vale a pena correr para pegar a primeira fornada. quando a mulher do seu jaime chegar, acho que é lá pelas 7, 8 da noite. vale muito a pena.

dia desses fui ver um apartamento.



que ficava no quarto andar. sem elevador. subi um lance da escada. mais um. respirei fundo. subi o terceiro. me apoiei na parede. e finalmente consegui reunir todas as forças para chegar ao quarto andar. ao final da visita o carinha da imobiliária perguntou:
- fora aquela luz da cozinha que podemos mudar, o que você achou?
e eu:
- e os quatro lances de escada, tem alguma coisa que podemos fazer sobre eles?


a teoria dos triângulos e queijos. ou queijo no formato triângulo.

não é minha. encontrei na internet esse quadrinho. um cara reclamando com a subway da maneira que a lanchonete arruma os pequenos triângulos de queijo. não sei se você costuma ir ao subway. como já escrevi aqui algumas vezes, o subway tem uma presença relativamente interessante aqui no dia a dia da firma. não é todos os dias. não. mas é de vez em quando. e, depois que eu encontrei esse quadrinho fui ao subway e pedi um sanduíche desses que vem com queijo, pedi também o tal do queijo extra que o cara oferece (e, que se você não negar com todas as forças-- ele coloca no seu pão). bom, fui lá, e faz todo o sentindo. a teoria está aí embaixo.




terça-feira, fevereiro 19, 2008

o adoçante de bolinha e o esquema do café.

em portugal, adoçante existe no formato de bolinha. não é o pó ou a gota como no brasil. até tem o pó, se você procurar. mas o esquema da bolinha predomina. imagina uma bolinha do tamanho de um arroz, só que redonda. duas bolinhas, têm um poder de adoçar igual a um saquinho de adoçante do brasil. três bolinhas, umas nove gotas de adoçante no brasil. é mais ou menos por aí. o engraçado do esquema da bolinha é que o pessoal do café aqui não coloca na mesa como no brasil. você pede um café e vem sempre com um saquinho de açucar ao lado. a moça do outro lado do balcão não coloca os dois, o açucar e o adoçante. apenas o açucar. bom, e aí, só se você pedir é que a moça retira o saquinho com o açúcar e coloca no lugar um saquinho com duas bolinhas. acho que a idéia, o jeito de lidar com as bolinhas de adoçante tem uma razão. com adoçante, o café realmente fica pior. os puristas argumentam até que fica uma bosta. então cheguei a conclusão que o português que trabalha num café está apenas sendo gentil. ele espera até o último minuto para te dar um adoçante. ele tem, mas quer te dar a chance de saborear um café (que é muito bom aqui por sinal) sem a porra da bolinha fudendo o sabor. o adoçante de bolinha e o café português. não foram feitos um para o outro. só se você insistir bastante.

o cartões de visita que não eram

meus cartões de visita tem o meu telefone do trabalho errado. na época que foi feito não estava errado. mas mudei de sala, e o telefone não acompanhou. tudo bem, sem dramas. mas o cartão de visita, se você pensar, tem como propósito estabelecer um link, uma conexão, uma maneira da pessoa entrar em contato com você. mas por esse pequeno detalhe, o meu cartão de visita passou a ter a função exatamente oposta. a partir de agora eu só vou dar ele para quem eu deifinitivamente não tenho planos de falar novamente. o primeiro cartão de visita que não é um.

4 o pior da chuva não é.... é

o pior da chuva não é pegar chuva na cabeça. é pegar chuva no pé. você fica o dia inteiro com o pé molhado.

o pior da chuva não é o barulho da goteira na cozinha. é acordar de manhã com um frio do caralho e ter que se ajoelhar para secar.

o pior da chuva não é a poça d'água que o carro passa em cima e joga em você. é escorregar na pedra portuguesa que vira gelo quando tem água em cima.


o pior da chuva não é ter que carrega o guarda-chuva aberto. são as pessoas fechando o gurda-chuva dentro do metrô ou do ônibus e espetando acidentalmente o seu olho.

dois lugares com nomes inteligentes.

aqui em portugal, a cervejaria trindade. e nos estados unidos, o cheesecake factory. o primeiro pelo simples fato de ter no seu nome, cervejaria-- trindade. você entra e não pensa duas vezes na hora de fazer o pedido da bebida: "uma cerveja, por favor." o segundo, por ter o nome de uma sobremesa. ninguém consegue ir comer no cheesecake factory e não pedir sobremesa: "um cheesecake, por favor. fatia grossa."

o espelho ou a calça jeans, quem é mais sincero?

acho que a calça jeans. por um motivo simples, calça jeans não olha você no olho. espelho sim. portanto se você estiver acima do peso, com uma pança bacana, o espelho até mostra mas não diz com todas as palavras. calça jeans não. é bem mais sincera. calça jeans é fêla da puta. basta um movimento como amarra o tênos para ela te falar, ou sussurrar no seu ouvido: "mas tu tá bem acima do seu peso hein fera." por isso, se você um dia entrar numas de sei lá, pere um peso, um kilo que seja, não pergunte para a esposa ou marido. muito menos para o espelho. pergunte a calça jeans.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

três "foi a maneira que inventaram de..."



cabelo de nariz daqueles grande que escapam alguns centímetros da narina --foi a maneira que o seu corpo inventou para dizer que você ligou o foda-se e já não tem tanta certeza se quer viver numa sociedade.


vinho da casa é uma maneira que inventaram para você não ter vergonha na hora de dizer em voz alta: "o vinho mais barato por favor."


água com gás foi a maneira que inventaram de você ter certeza que a sua água não veio da pia.

point it.



sabe aquelas idéias que você vê e pensa: "pourra, porque eu não pensei nisso antes!" ? então, esse livro é isso. alguém viu um estrangeiro em algum país com dificuldade de falar a língua e apontando para o cardápio por exemplo. aquele cara que está num café em paris e não fala a língua. aí, aponta para a foto da taça de vinho do cardápio. o garçom olha para a foto e pronto. o pedido está feito. o mesmo funciona com uma caráiada de coisas. você quer revelar o filme na islândia, aponta para o rolo da máquina fotográfica e um sujeito aponta para uma loja na esquina. e por aí vai. com as fotos, objetos certos, você consegue qualquer coisa. esse é o livro, "point it". cabe no bolso. pequeno. tem uma frase na frente que diz que já vendeu mais de dois milhões de exemplares. eu comprei um hoje. a mulher perguntou se eu queria mais alguma coisa. e eu, bom, eu apontei para ele.

uma ligação do telemarketing.




- bom dia, sr. erick?
- isso. sou eu. bom dia.
- bom, estou a ligar pois o senhor acumulou muitos pontos com o seu telemóvel.
- que bom.
- muito legal mesmo. então, gostaria de comunicar que por isso mesmo, você ganhou um prêmio.
- prêmio, prêmio?
- isso, um prêmio.
- ah que legal.
- isso é que dá, o senhor acumulou muitos.
- e o que eu ganho?
- um telemóvel!
- um telemóvel.
- isso com mp3, câmera fotográfica.
- opa, e em que lugar em posso retirar esse telemóvel? numa loja?
- isso.
- vou tentar ir lá hoje.
- 369 euros.
- como?
- 369 euros.
- não estou entendendo.
- o preço do telemóvel.
- mas eu não ganhei um prêmio?
- ganhou, acumulou muitos pontos.
- e 369 euros?
- é que o telemóvel custa 1000. o senhor vai pagar a diferença.
- por um telemóvel que eu não preciso?
- mas ele tem mp3 e câmera fotográfica.
- e custa 369 euros.
- não, custa mil. mas o senhor acumulou pontos.
- pontos.
- muitos pontos. mas é que eu não preciso do celular. se fosse de graça é outra coisa.
- apenas 369 euros.
- apenas?
- muitos pontos o senhor acumulou.
- mas eu posso não usar esses pontos e bater o recorde de pontos não usados do mundo?
- acho que sim.
- então eu vou fazer isso.
- acumular pontos?
- isso, vou quebrar o recorde mundial.
silêncio.

datas e o acordo.

o namoro começa numa data. o casamento quase com certeza acontece em outra. ah, e tem a data que o casal se conheceu. também, as chances das três datas se coincidirem, são nulas. tem casal que tem outras datas. a data em que aconteceu o pedido de noivado. o foda depois é comemorar todas elas. tem casal que eu conheço que segue esse esqueminha. comemora todas as quatro datas. eu não consigo sequer lembrar datas de aniversários de familiares próximos. de vez em quando a minha mãe dá uma mão e me liga do brasil para dar um alerta. avisar que aquele dia é o aniversário da avó ou da minha irmã. bom, chegou uma hora, um momento, ou melhor, um dia que eu não lembrava mais das datas. não, chegou um dia em que eu pulei alguma data, a do pedido do noivado acho. e também já não conseguia entender ao certo como dar presentes. era num esquema crescente? tipo, dia dos namorados algo simbólico, dia do noivado, algo um tiquinho melhor e dia do casamento, aí nesse dia era o dia de dar aquele presente fucking fuckers e entrar no cheque especial? bom, não estava funcionando. e foi aí que lá em casa rolou um tratado em que todas as datas foram unidas e passaram a ser celebradas no mesmo dia, o dia do casamento. a aliança com a data gravada no lado de dentro ajuda. as fotos do dia do casário ajudam. tudo conspira para você não esquecer. digo isso tudo porque vi hoje pelas rua de lisboa uma porção de caras, de namorados correndo. todos com pressa. comprando a primeira coisa que encontravam ao lado do caixa das lojas. milhares de pessoas, ok, centenas de pessoas que esqueceram que hoje era dia do namorado. no brasil, por motivos mercadológicos é em junho. o que fode ainda mais a cabeça de um brasileiro que mora aqui em portugal. mas é isso. se você é casado ou casada, chegue em casa hoje e chame ela ou ele para conversar. diga que você teve uma idéia. ou que você leu em algum lugar a história de unificar todas as datas. e parar com essa coisa, esse drama, dos presentes proporcionais a data em questão. a pessoa do outro lado da conversa, principalmente se for a mulher, vai fingir estar magoada. vai falar com uma cara levemente tristonha que gostava do esquema de comemorar todas as datas. todas as cento e vinte e sete datas. mas não fique abalado. no fundo no fundo, por trás daquela carinha de tristonha, ela vai estar gritando de felicidade. ela sempre quis falar algo semelhante para você. mas tinha medo que você achasse que ela era um tanto insensível. o namoro começa numa data.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

mulheres e homens. 4

mulheres conhecem a marca de mais do que cinco shampoos. homens conhecem uma, talvez duas.
mulheres acordam mais tarde no sábado. homem dormem mais tarde no sábado.
mulheres demoram mais para escolher a comida no restaurante. homens demoram mais para escolher onde estacionar o carro na frente do restaurante.
mulheres sabem o nome dos 4 filhos do brad pitt e da angelina jolie. homens sabem o nome dos últimos quatro filmes da angelina jolie.
mulheres adoram festas de casamento. homens, de festas de churrascos.
mulheres amam pastinhas de queijo. homens amam queijo.
mulheres têm uma lista de 400 nomes para a festa de casamento. homens tem mulheres com uma lista de 400 nomes para a festa de casamento.
mulheres sabem de cor a lista da festa. homens sabem de cor a escalação do seu time de futebol.
muheres podem achar esse textinho machista. homens não, podem até argumentar que, muito pelo contráio, que ele até pesa em favor das mulheres.

a vizinha. 3

impressionante. já escrevi aqui que a minha vizinha é a maior cão de guarda do bairro. nada passa por ela. se você chegar em casa de taxi e o carro ficar parado com o motor ligado digamos uns 38 segundos por alí, ela trata de abrir a janela da casa e fica olhando lá para baixo. um olho no taxista e um outro em quem vai sair pela porta. se você colocar o lixo para fora, mas fizer barulho, também. antes mesmo de dormir, a noite, quando estou na sala de casa vendo tv, vejo ela pela janela colocando a cabeça uma última vez pela janela. como se quisesse dar uma última espiadela na vizinhança. como se quisess ter certeza que está tudo bem antes de dormir. nunca acenei para ela. não é medo do olhar fulminante dela. não, me cago de medo que ela possa cobrar uma grana de mim. pelos serviços de segurança até hoje prestados. a minha vizinha é um dos grandes benefícios de morar na minha rua. tenho receio também da dona do meu apartamento cobrar um preço extra, aumentar o aluguel. com um esquema como estes da vizinha que cuida do bairro, "nada mais natural", diria ela. impressionante.

diálogo rápido e um omelete sem queijo num restaurante que tinha queijo.

o garçom chega e eu faço o pedido:
- omelete?
- sim.
- de fiambre?
- não, presunto.
- pode colocar queijo?
- hmmm, não.
- omelete de presunto então.
dois minutos depois chegam as bebidas e o garçom carrega consigo na outra mão, uma cesta com pães e um mini prato com queijo fatiado em cima. ele enumera os itens enquanto coloca cada uma deles sobre a mesa:
- pão, água com gás, manteiga e queijo.
e eu ao olhar ali para o queijo, pergunto:
- mas, tem queijo?
- isso, sim, claro. pão, mateiga e queijo.
- mas e no omelete?
- tarde demais, já está pronto.
- mas?
- mas alguma coisa?

pushing dasies.

o personagem principal tem o poder de ressucitar as pessoas com um toque. mas, se tocar nelas uma segunda vez, elas morrem de vez. no primeiro episódio, ele ressucita com um toque no rosto, a mulher que é o amor da vida dele. e não pode nunca mais tocar nela.

meio mela cueca. mas puta seriado bem feito e bem escrito. se você teve semanas da sua vida sequestrados por 24 horas, lost, e mais um punhado de seriados bem fêla da pulta que foderam o seu tempo. eu daria uma chance a esse aí do título. fucking fuckers.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

alguns nao entendo.

- não entendo taxista que fica putinho quando você educadamente sugere um caminho para ele.

- não entendo como ainda não deu merda esse esquema das pessoas não pegarem o cocô do próprio cachorro em lisboa.

- não entendo porque pessoas marcam reuniões no almoço.

- não entendo porque pessoas respondem "reply all" quando recebem um email endereçado a mais de 25 pessoas.

- não entendo como é que uma pessoa consegue não comer doce de leite até se afogar no próprio doce.

- não entendo como é que ainda não inventaram um esqueminha mais bacana do que aquele de colocar todos os passageiros de um avião depois de 10 horas de vôo, em dois ônibus até o terminal--na hora da chegada.

lave as mãos então porque o jantar está na mesa.

alfândega é um daqueles empregos que são no mínimo curiosos. mulher pergunta: "amor como foi o dia hoje lá na alfândega? teve que revistar muitas malas?" e o cara responde: "ah, o de sempre, peguei umas 452 cuecas, 390 pares de meias, algumas calcinhas grandes, algumas pequenas, uma barra de chocolate mordida enrolada no papel laminado, 300 gramas de maconha, e um vidro de perfume estourado." e a mulher: "452 cuecas? lave as mão então porque o jantar está na mesa."

a teoria das roupas sujas. ou gremlis, doce de leite, meias e cuecas.

você assistiu gremlins? com o gizmo? aquele bichinho mais fofo da história do cinema que quando em contato com a água, se multiplica? mas se multiplica de uma maneira que, o que sai de dentro dele é bem malvado? uns bichinhos verdes? caráio, fiz um monte de perguntas. mas não desista deste textinho, ele está indo em alguma direção. ou pelo menos essa é a idéia. ao fim de uma viagem que fiz de 8 dias, cheguei a conclusão que roupas sujas quando em contato com outras roupas sujas, expandem. explico. levei uma mala pequena-média. e no último dia, não cabia tudo lá dentro. tive que comprar uma mala idêntica para levar a roupa que escoava pelos lados. você deve estar aí pensado: "mas ele deve ter comprado alguma coisa?" não, não comprei nada. ok, uma só latinha de doce de leite e uma camiseta. e só. mas a mala explodiu. talvez a minha teoria esteja errada. não é o contato de roupa suja com roupa suja que dá merda. mas o contato de roupa suja com uma lata de doce de leite. mas alguma coisa acontece. preste atenção no fenômeno. e fique esperto para não ser de última hora. ou você terá que socar aquela sua mochila tão bonitinha em que você leva a sua câmera digital, com uma caráia da cuecas e meias num estado meio, digamos, mais ou menos.

quando sobram duas cadeiras.

o sonho de todo ser humano quando este não viaja na classe executiva ou na sua irmã mais abastada, a primeira classe, são as duas cadeiras livres. a dele, do passageiro, e aquela ao lado. se ele comprou a do corredor, a da janela. e vice-versa. o corredor é bom para não ficar refem na hora de fazer xixi. a janela para poder encostar a cabeça nela e dormir. mas aím quando as estrelas se alinham, e ninguém aparece na cadeira ao seu lado, aí meu amigo, é o mais próximo do paraíso que você vai chegar. pelo prazer, e pela altitude também. não é ideal. mas é quase perfeito. e o mais engraçado é que apesar de ser impossível deitar o corpo inteiro no espaço de duas cadeiras, as pessoas se esparramam e se encolhem ao mesmo tempo como se estivessem deitadas em camas king size master de um hotel 5 estrelas. e aí é aquela coisa, o carrinho da comida batendo no seu pé. o tiozinho que vai ao banheiro de madrugada levando a sua perna junto e você ali, jurando que está no melhor dos mundo. com duas cadeiras só para você. aconteceu comigo esses dias. foi emocionante. no momento em que escutei a voz do comandante pelo alto-falante dizendo que as portas do avião já estavam fechadas, catarro começou a escorrer do meu nariz, e lagrimas gordas faziam fila indiana no canto dos meus olhos. uma senhora na fileira ao lado olhou para mim e comentou baixinho com a filha, só com o movimento dos lábios: "deve ser saudade... avião decolando tem dessas coisas." e eu ali, com a perna esquerda dobrada sobre a cadeira do corredor e o corpo inteiro ocupando a cadeira da janela.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

5 leis para aviões

- nenhum cia. aérea deveria passar um filme que dura mais do que o vôo. da argentina para o brasil, assisti 97% de bourne ultimatum.

- o assento ao lado do banheiro do avião deveria ser transformando em qualquer coisa menos assento. a localização proporciona odores e sons não muito agradáveis.

- duty free shop deve ser exclusividade de aeroportos. não faz sentido uma mulher vender perfume dentro do avião entre o jantar e o café. mostrando os produtos com uma lanterninha presa entre os dentes. ou os caras estão desesperados para fazer um dinheiro extra ou os caras estão desesperados para fazer um dinheiro extra.

- uma cia. aérea nunca deve chamar os passageiros para entrar no avião só para passar a impressão que o vôo não está lá assim tão atrasado. o meu vôo era para sair meio dia. quandoo relógio marcava 11 e 45, chamaram a fila. e aí só 12:48 que foi possível entrar no avião. mas, como estávamos lá em pé desde 11 e 45, ninguém registrou o atraso. esqueminha bem fêla da puta.

- e finalmente, como não é permitido entrar no avião com desodorante com mais de 75 ml. a cia. aérea deveria entregar de brinde uns frascos pequenos, miniaturas. procurei uns pequenos na loja do aeroporto e nada. bom, e aí você sabe. o cheiro pela manhã na chegada é complicado. a aeromoça com nojo de servir o café e você ali com certeza que você é a fonte do horror.

a rivalidade maior

todo brasileiro nasce com a argentina entalada na garganta. o problema é o futebol. o maradona e o simeone. o primeiro porque jogava bem. o segundo porque era um filho da puta. e como o esporte, o futebol é jogado por 9,9 entre 10 crianças, a rivalidade cresce todos os dias. mas é uma injustiça. os argentinos são gente boníssima. menos os torcedores de futebol em época de copa do mundo e final de taça libertadores, claro. nessas épocas, realmente é complicadíssimo dividir uma mesa de bar com eles. mas tirando isto, eles são bem bacanas. as pessoas, o país. se você leu o post logo abaixo sabe que passei uns dias na argentina essa semana. e confesso que depois de comer em churrascarias argentinas três vezes ao dia, tenho que afirmar com todas as palavras que não existe carne similar no brasil. não existe. pode procurar. se você encontrar, pergunte para alguém na rua em que país você está. sem querer você cruzou a fronteira com a argentina. então a moral da história é mais ou menos assim: o pelé é melhor que o maradona? tudo indica que sim. a churrascaria brasileira é melhor do que a argentina? nem fudendo.

os restaurantes de são paulo e o epcot center.

quando eu morava em são paulo comia sempre em restaurantes argentinos e bebia cerveja em bares portugueses. bom, essa semana fui passar alguns dias em buenos aires na argentina e em são paulo. resultado, fui comer nos restaurantes que deram origem aos restaurantes argentinos que eu frequentava em são paulo. e quando voltar pra lisboa, vou tomar uma cerveja nos bares que deram origem ao bar que eu vou tomar um chopp hoje aqui em são paulo. bar, que como disse lá em cima, é feito nos moldes dos portugueses. o que me fez lembrar o epcot center. parece estranho. mas faz sentido. não sei se você já foi ao epcot. eles têm ou pelo menos tinham uma miniatura do mundo. uma miniatura de londres. uma miniatura de roma e por aí vai. são paulo é a epcot center do mundo gastronômico. e basta você visitar os originais, para ver como é tudo muito bem feito. copiado a risca.