quinta-feira, dezembro 20, 2007

três diálogos de três casais de três de namoro.




(1) angêlo e mariana

- anjo?
- angêlo.
- eu sei que o seu nome é angêlo. mas rima com anjo. anjo.
- angêlo, caralho.
- anjinho.
- angêlo.
- é carinho amor. anjo é mais carinhoso. meu anjo. meu anjinho. sabe?
- não. ah, e queria aproveitar que a gente está conversando para falar com você uma coisa...
- fala meu anjo.
- eu estou querendo dar um tempo nessa relação.
- como meu anjo?
- tempo. um tempo. espaço. espaço. preciso de espaço porra.
- filho da puta.



(2) ricardo e lucia

- pipoca.
- pipoca?
- é lucia, o que você acha? pipoca, para acompanhar o filme, o dvd que você alugou.
- mas pipoca prende entre os dentes.
- mas não é sempre que isto acontece.
- ok, quando não prende nos dentes, fica aquela lasquinha agarrada no céu da garganta.
- ok, ok. e chocolate?
- engorda.
- jujuba?
- cáries.
- salada de frutas?
- você faz?
- um pacote de batatas?
- e ficar com a mão toda cheia de óleo?
- três anos.
- oi?
- três que a gente namora. você me promete uma coisa?
- depende.
- não, promete.
- ok. e o filme?
- não precisa ser hoje. mas algum dia, qualquer, você deixa eu vencer uma discussão? ou será que eu consigo que você concorde comigo? uma vez. peloamordedeus!
- posso pensar um pouco?


(3) antônio e linda.

- linda?
- o que foi amor?
- você sente?
- o que?
- pressão?
- como assim?
- para estar sempre, "linda"?
- mas não é um adjetivo, é um nome ué.
- mas deve ser difícil, não é?
- você.... quando me chama de "linda"... faz isso porque esse é o meu nome ou porque acha que eu estou bonita, linda?
- (pausa) o que você acha?

o dia que a misha chorou. (ela chora a partir dos 2:04 ... do vídeo)

eu tinha cinco anos de idade. cinco. é fácil fazer as contas com acontecimentos como uma olimpíada. tem uma data certa. não faz parte de acontecimentos que você acha que aconteceram num determinado espaço de tempo não tão específico. e, como a misha chorou em 1980. na olímpiada de moscow, eu tinha 5. não me lembro dos jogos. apenas da cerimônia de encerramento. para ser sincero, não me lembro da crimônia. me lembro mesmo é da misha chorando. duas lágrimas. pourra, e olha que isso tem 27 anos já. vinte e sete. naqueles jogos olímpicos, os americanos não foram. era o auge da guerra fria e os caras não quiseram passar uma semaninha em moscow. e aí, algum general russo, que não era bobo, chamou uma galera no gabinete dele e exigiu algo que fosse ter um impacto fucking fuckers pelo mundo. alguém levantou a mão e sugeriu a misha: "um ursinho. um ursinho bonitinho. a gente pode fazer a versão de pelúcia para os turistas levarem. em poucos dias tenho certeza que cópias seram vistas nas ruas dos estados unidos." a idéia foi aceita, é claro. e a partir daí, os russos passaram as semanas que antecederam os jogos preparando a misha. a invasão mundial dela. o ursinho que iria para sempre foder com a cabeça do governo americano. o ursinho mais fofo de todos os tempos. e aí, na véspera da festa de encerramento, quando o mundo inteiro já tinha se apaixonado pela misha, alguém, algum russo levantou a mão e disse: "e se a misha chorasse?" e o general fucking fuckers, puto, respondeu: "chorar é para fracos!!! porra! e a guerra fria caralho?" mas o sujeito insistiu: "mas não é um choro de medo. é um choro de emoção chefe." e o general: "emoção? que porra é essa?" e o cara: "bom, general, é um negócio que vai deixar os americanos bem putos da vida. e mais, se o mundo chorar com a misha, aí, fodeu." depois de algum tempo, o general foi finalmente convencido. a idéia de deixar os americanos chorando de emoção e de raiva com a misha, não tinha preço. no dia seguinte, como você já sabe pelo título deste textinho, a misha chorou. eu chorei. uma caráiada de gente chorou. o mundo inteiro viu o comunismo com a cara de um ursinho mais fofo da história. e ainda, para foder, os caras meteram uma musiquinha que não sai da cabeça. também de chorar. quatro anos depois, os americanos fizeram o escambau para tentar igualar o impacto da misha. colocaram um fera num foguete voando pelo estádio. gastaram sete trilhões de dólares. mas nada, nunca, chegou perto da misha chorando. duas lágrimas. duas gotinhas. vinte e sete anos ainda é foda. veja você mesmo o vídeo. o dia em que a misha chorou.

terça-feira, dezembro 18, 2007

o cagador de regras e o sujeito bem intencionado.


definir um cagador de regras é complicado. primeiro porque o que separa um belo cagador de regras e um sujeito bem intencionado, é, digamos, difícil de definir. é, porque uma pessoa pode ter sugestões, dicas que possam ser utéis para você. o cagador de regra também. a diferenção é que na grande maioria das vezes, o cagador de regra falar coisas que não importam. o cagador de regras é craque em explicar, listar, falar verdades absolutas. amparado em powerpoints, expressões como "veja bem..." e uma cara de pau fantástica. para ser sincero, todos nós temos o nosso lado cagador de regra. o importante é saber-- ser mais o sujeito bem intencionado com dicas válidas do que o cagador de regra que faz bullet points no ar sobre coisas que você está literalmente cagando. mas que, para o cagador de regra é importante. muito importante. o foda, o complicado, é conseguir antecipar a chegada de um cagador de regras. todo cagador de regras se fantasia de sujeito bem intencionado com dicas que parecm interessantes. mas é o fera abrir a conversa com: "veja bem.." para você sacar o celular do bolso e fingir que o bicho está tocando e fugir. ah, outra coisa. como diria o zampa, escrever um textinho como esse é uma certa cagação de regras. o importante é você saber ver nas linhas de cima, o que é importante e o que não é.

era uma segunda que não era a mesma. ou quando o caderno de esportes de avisa.



dia desses na agência, sentei para ler um jornal. na verdade, sentei para tomar um café e ler um jornal. é mais ou menos assim que funciona com jornal. você precisa acompanhar com alguma coisa. ok, não precisa. mas fica mais legal. tem gente que fuma um, dois, quase três cigarros. eu tomo café. daqueles grandes. bom, mas como eu ia dizendo, dia desses sentei para ler o jornal. era uma segunda. abri o jornal pelo começo. e não pelo final, como geralmente faço. ou seja, ao invés de começar pelo esporte. o que foi um erro fatídico. não sei o que você acha, mas se você misturar as notícias do último ano inteiro e dividir pelo número de dias do ano, cola. em outras palavras, se você pegar uma notícia de maio, uma outra de agosto, e uma outra de janeiro e juntar-- você pode dizer que é um jornal de hoje, que as pessoas vão acreditar. eu sei, você deve achar que eu estou cagando regras. que cada dia é diferente. que você iria notar. mas eu acho que não. todos os dias são meio parecidos, menos no que diz respeito ao esporte. encontro de líderes em algum país na europa. encontro de líderes em algum lugar no oriente médio. o preço do petróleo. mais um lançamento da apple. o ipod que diminuiu novamente. um senador X que está correndo o risco de perder o mandato. mais um cientista que passa a convenientemente a acreditar no aquecimento global-- depois de anos negando que o clima está indo para o caralho. é tudo bem parecido. o mesmo banco que quebrou recordes de lucro. o erro fatídico de não ter lido o caderno de esportes. é, porque são os esportes que gritam para você que dia é aquele. foi o fato de eu não ter lido os eportes primeiro que me fizeram perder meia hora da minha vida. e aí, quando já estava pescando o café na mesa para dar o último gole-- foi aí que eu cheguei no caderno de esportes. caráio, meus olhos caíram sobre a notícia que o josé mourinho ainda estava estudando a proposta de dirigir a seleção inglesa. caceta, o fabio capello, acabara de assinar um contrato fucking billion dollars para o mesmo emprego. e foi, aí, neste momento, que eu olhei para a data do jornal. era o jornal da semana passada. por isso, minha sugestão. como as chances de você pegar umas sete páginas que falam do encontro do g8, do presidente sócrates ou do lula reclamando da oposição-- abra os esportes primeiro. esportes não tem erro. dia desses na agência, sentei para ler um jornal. na verdade, sentei para tomar um café e ler um jornal.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

dois diálogos de dois casais com dois anos de namoro.



(1) patrícia e roberto.

- beto?

- oi amor?

- sabe aquela vizinha do 23?

- vizinha? vizinha? ah, sei?

- você acha ela bonita?

- interessante.

- interessante é bom, né?

- acho que sim, sei lá. não me lembro muito dela.

- ela veio pedir açucar hoje aqui.

- e?

- devolveu uma colher que você deixou lá quando foi fazer o mesmo.

- ah...

- é.

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(2) joana e joão.

- j & j.

- o que é isso?

- vou pedir para bordar toalhas com j & j.

- mas...

- o que foi, é romântico.

- mas como é que eu vou saber qual é a minha e qual é a sua?

- uma azul e outra rosa?

- mas já não é assim?

- [ silêncio.]

o chuveiro.

não sei como é que a dona do meu apartamento segurava a onda com o chuveiro. é daqueles que você tem que segurar com a mão para tomar banho. ou seja, o seu corpo nunca está todo coberto com a água. ou é a perna. ou é o braço. ou é o outro braço. ou é a cabeça. no verão, beleza. agora, no inverno é foda. ou a sua perna direita morre de frio. ou é a esquerda. e assim por diante. uma espécie de escolha de sofia-- aquele filme de partir o coração de qualquer ser humano-- você escolher, qual parte do seu corpo fica no frio primeiro. é foda. não sei como é que a dona do meu apartamento segurava a onda com o chuveiro.

luvas

esseé um testew. está taop fdrio em casa qwuie eui estou escrewvendp com luvas.
desisti,/

terça-feira, dezembro 11, 2007

o truque morgan freeman.



- você já notou que todo filme mais ou menos fica muito mais fudido quando ele faz a narração? a voz do fera causa a estranha sensação de que você está assistindo um dos maiores clássicos desde cidadão kane. demora uns dez dias para sair o efeito, o encanto e você se tocar que o filme era na verdade, bem mais ou menos. ou um tiquinho pior do que você achava. exemplo. o filme dos pinguins. é bom? é bom para caráio. ok. isto é um fato. agora experimente assistir com a voz original antes do morgan freeman entrar na parada. o filme cai de um 10 para um 8. existem é claro, os filmes que são unanimidades. the shawshank redemption, por exemplo, é fudido. se eu fizesse a narração enquanto comesse um strogonoff quente, o filme ainda seria do caralho. mas aí tem também aquel filme, o green mile. com o tom hanks. do mesmo diretor. o cara achou que o filme ia ficar legal. mas sabia, desde o início que não era um shawshank redemption. o que o fera fez? "morgan? e se a gente pagasse mais um pouco para você além de atuar, também fazer a narração." e pimba. é o fator morgan freeman. ou melhor, o truque. aquela voz do melhor amigo do universo worldwide planetário-- que faz você acreditar que aquele só pode ser o melhor filme do mundo. e não importa se você já sabe o truque. a beleza do truque morgan freeman, é que ele funciona sempre. mesmo você sabendo como.


pequenas teorias bem mais ou menos.

- quem compra shampoo de caspa, compra para sempre. eu já não tenho caspa desde 1999. mas não paro de comprar a pourra do shampoo com medo da caspa voltar.


- lapiseira é o cyborg do universo de um lápis. o que o robocop e o exterminador do futuro são para os seres humanos, é como um lápis número 2 deve encarar uma lapiseira.


- a cada novo dia de frio, o meu respeito pelos esquimós aumenta.


- depois de uma noite de frio com o cobertor no chão e com preguiça e congelado para resgatar o fêla da pulta, resolvi alugar para assistir novamente "a marcha dos pingüins." tenho certeza que vou chorar agora quando ver os pequenos pingüins tremendo sobre o gelo durante duas horas. tenho certeza.



-

o alarme, a parede e o lionel richie.

dois amigos se encontram na véspera do casamento da ex-namorada de um deles.
sexta-feira de verão, mas com temperatura de outono. o bar está prestes a fechar. eles são de casa, mas o garçom está começando a levantar as cadeiras das outras mesas.

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dinho é casado, pai de uma menina de quatro anos.

andré namora uma menina bem mais bonita do que a luana piovanni mas fantasia com a luana quando está transando com a namorada.
torce para o são paulo é fã dos primeiros discos do titãs.

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andré: - o são paulo.
dinho: - o que tem o são paulo?
andré: - campeão. foi campeão.
dinho: - deve ser bom torcer para o são paulo.
andré: - sabia que não é. não tem lá assim muita graça.
dinho: - como assim?
andré: - o seu time...
dinho: - o que tem o meu time?
andré: - ... faz você sofrer. e aí quando ganha, dá para ver nos seus olhos a alegria. tenho inveja de você.

silêncio.

dinho: - saideira?
andré: - saideira.
dinho: - quantos foram?
andré: - oito cada um?
dinho: - nove.
andré: - não, um foi aquele seu amigo que tomou quando passou para te dar um abraço.
dinho: - o bruno.
andré: - nada contra o bruno. mas existem poucas coisas mais escrotas que amigo que vem dar um alô, toma uma cerveja e vai embora. é como se, só porque nós, eu e você, tomamos mais do que dez chopps, o dele não conta. dilui. não fódi.
dinho: - mas ele ofereceu deixar um dinheiro.
andré: - não, ele perguntou se eu tinha trocado para 50.
dinho: - truque velho. falando no nome dele, me fez lembrar da..
andré: - eu sei.
dinho: - sabe?
andré: - da bruna?
dinho: - isso.
andré: - do casório da bruna?
dinho: - isso.
andré: - do casório da vaca da bruna?
dinho: - calma, vaca, vaca, eu não sei. mas, sim, ela vai casar.
andré: - com aquele babaca do johnny.
dinho: - ele é gente boa.
andré: - ninguém com um apelido como johnny pode ser legal.
dinho: - gente boa, eu disse.
andré: - um filho da puta.
dinho: - cara, mas o que essa mulher fez com você?
andré: - aquela vaca?
dinho: - a bruna.
andré: - a vaca?
dinho: - ok, a vaca.
andré: - então você concorda que ela é uma vaca?
dinho: - não. você é que não queria seguir em frente enquanto eu não chamasse ela de vaca.
andré: - ela acabou comigo.
dinho: - mas isso acontece todos os dias com todo mundo. e você tem uma namorada sensacional.

o garçom se aproxima oferecendo a conta. o copo de chopp, o último, está na metade.

andré: - você acha ela sensacional?
dinho: não sensacional para mim. sensacional para você. ela é bonita. legal. mas não vamos mudar de assunto. conte continue a falar da bruna.
andré: da vaca?
dinho: isso, da vaca.
andré: cara, a gente namorou dois anos. dois anos porra! e um dia, a filha da puta acaba comigo. dois anos.
dinho: - e eu que namorei com a claudinha quase oito e um dia, do nada, acabei com ela. hoje ela está feliz e com quatro filhos.
andré: - é difícil explicar. ele fala baixinho. dois anos. dois. e de repente, puff, acabou.
dinho: - tenta.
andré: - all night long!
dinho: - como?
andré: - cara, eu nunca contei isso para ninguém.
dinho: - explica melhor.
andré: - all night long!
dinho: - all night long?
andré: - all night long!
dinho: - cara... eu não estou entendendo...
andré: - a gente tinha um alarme.
dinho: - alarme?
andré: - isso, que ficava do lado da cama. do meu lado. ou seja...
dinho: - você tinha a obrigação de desligar.
andré: - obrigação não. mas eu tinha que desligar simplesmente porque estava do meu lado da cama.
dinho: - e?
andré: - o alarme era alto para cacete. ou ninguém acordava. dolby stereo surround zamber fuckers.
dinho: - muito?
andré: - porra.
dinho: - e?
andré: - ou ele tocava rádio ou um apito infernal.
dinho: - você escolhia qual?
andré: - rádio.
dinho: - ainda não vi o problema.
andré: - all night long!
dinho: - porra cara, que papo louco...
andré: - um dia, um sábado. o alarme tocou. uma música alta para caralho.
dinho: - que música?
andré: - adivinha?
dinho: - all night long!
andré: - all night long!
dinho: - que música é essa?
andré: - lionel richie. 1983. um clássico.brega, mas um clássico. all night long faz parte daquela lista de músicas que uma vez que você escuta, fodeu. mas fodeu mesmo. apenas uma cirurgia num hospital daqueles de um episódio de x-files-- apenas uma cirurgia experimental consegue fazer você esquecer a carálha da música.
dinho: livin' la vida loca do rick martin?
andré: isso.
dinho: a macarena?
andré: também.
dinho: aquela mela cueca do james blunt... you're a beautiful?
andré: ok, essa também.
dinho: - mas como é a letra da música?
andré: - o refrão é simples... é all night long! umas vinte vezes.
dinho: - vinte?
andré: - e por baixo. bom, naquele dia eu estava cansado. não consegui desligar o alarme. a música tocou na íntegra. e depois, como fazia parte de uma competição de hits, venceu e tocou de novo.
dinho: - all night long?
andré: - quase dez minutos
dinho: - nossa.
andré: - uma semana depois, peguei ela olhando para o vazio. a gente tava no restaurante. e ela olhava para a parede.
dinho: - parede?
andré: - parede é um dos piores sinais. olhou para a parede uma vez, crise. pegou a mulher olhando para a parede duas vezes, fica esperto. três vezes, começa a procurar um apartamento.
dinho: - parede é foda.
andré: - então, era a quarta vez já. e naquela semana. aí eu peguei a mão dela e perguntei o que estava errado.
dinho: - e ela?
andré: - disse que não sabia como dizer.
dinho: - e?
andré: - disse que sempre que olhava para mim só conseguia enxergar uma coisa...
dinho: - uma? mas o que?
andré: - all night long!
dinho: - a música?

andré: - é, a música e o pior, o vídeo clip também. os dois não saiam da cabeça dela. desde o dia do alarme. atormentava ela dia e noite.
dinho: - puta música chata do caralho também.
andré: - ela disse que já tinha tentado de tudo. até psicoterapia e nada. passava o dia repetindo essas palavras na cabeça. sem parar. até dançava sem querer uns passinhos imitando o lionel.
dinho: - também, que azar o seu. foi ficar com sono justo na manhã que tocou all night long!
andré: - all night long!
dinho: - é... foda. que história triste cara. que vaca. Pausa e ele continua: mas também... o alarme ficava do seu lado.
andré: - você também? não fódi.
dinho: - mas não fica assim não. você ainda tem o são paulo.
andré: - é. o são paulo. puta time chato do caralho.
dinho: - nunca perde.
andré: - que graça tem? tenho inveja de você cara.

e, enquanto os dois pagam a conta. o dinho, se lembra do refrão da música e, sem quere começa a cantar baixinho. só o refrão. andré, sem notar, acompanha com um assovio. bem baixinho. quase imperceptível.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

ele gostava de falar "feeling" e ela de falar "né?"

sábado. os créditos de "about a boy" com o hugh grant, estão subindo pela tela da tv. os dois estão na sala. ela com meias. ele com o cobertor enrolado no pé. ela tentando tirar uma lasca de pipoca do dente de trás-- tentando não fazer muito barulho. ele dá um último gole numa taça de vinho, acho que é periquita. ele, meio comovido, ou pelo menos inspirado pelo filme, se vira para o lado e diz uma frase daquelas que ou toda mulher gosta de escutar ou odeia. não existe meio termo. mas o fêla, bom, ele diz a tal frase meio sem abrir muito a boca. apesar da importância e do peso da frase, ele diz como quem diz que prefere pão de forma sem casca do que com. ela pára de buscar a lasca de pipoca com a ponta da língua e presta atenção no que ele diz. faz isso olhando para a boca dele como quem lê lábios. por dois motivos: ele fala baixo. o controle remoto está perdido em algum lugar e ela não consegue abaixar o volume da tv. (pensando bem, com a trilha sonora relativamente emocionante, ela não se importa no volume da tv. ela presta atenção nos lábios dele porque ele nunca começou uma conversa com uma frase destas. nunca. e olha que eles estão juntos desde a véspera da final da copa de 2002.)....

ele:
- então você me ama.

ela:
- essa é uma pergunta ou uma afirmação?

ele:
- como assim, você não sabe dizer?

ela:
- essa última frase, por exemplo, consigo ver, enxergar a interrogação, na primeira não ficou muito claro. não sei ao certo se você sabe que eu te amo e está feliz por isso. ou, não sabe e está com dúvida sobre o nosso relacionamento.

ele:
- o que você acha?

ela:
- que você me ama, "né." e que eu também te amo, "né"?
ele:
- bom, o "né" fudeu a sua resposta.
ela:
- o "né"?
ele:
- é, o "né" é o maior símbolo de insegurança do mundo.
ela:
- "né" é um jeitinho meigo de terminar a frase... é que, agora que você levantou o assunto... eu também queria saber...
ele:
- que eu te amo? queria saber se eu te amo?
ela:
- é, quanto.
ele:
- mas não dá para quantificar. não é matemática. é... é..
ela:
- é o que?
ele:
- feeling... é um feeling.
ela:
- bom, agora foi você que fudeu a sua resposta.
ele:
- como assim?
ela:
- "feeling"? puta respostinha mais ou menos.
ele:
- "feeling". "feeling" é "feeling" caralho.
ela:
- não fala de novo não, que já cortou o tesão.
ele:
- "feeling".
ela:
- caralho, você está querendo me irritar "né"?
ele:
- "né"?
ela:
- o meu "né" é bem mais aceitável do que o seu "feeling".
ele:
- desculpe foi só um...
ela:
- pelo amor de deus, fale qualquer coisa, só não diga esta palavra...
ele:
- desculpe foi só um feeling que eu tive.
ela:
- babaca. você faz de propósito "né"?
ele:
- então você me ama.
ela:
- essa é uma pergunta ou uma afirmação?

três pequenas teorias.




- quanto mais frio o pais, maior a unha do pé do sujeito. ex.: no brasil onde era quente para cacete, eu sempre cortava as unhas para poder circular de havaianas. aqui, que está frio para caralho, não vejo meu pé tem umas quatro semanas. hoje, dei uma espiada no dedão, no chuveiro... rapaz... dá para matar alguém.
- a saudade, do mundo inteiro, diminuiu consideravelmente depois da invenção do skype. digo, o pessoal ainda sente saudade. mas a emoção é definitivamente menor. antigamente com o minuto de uma ligação internacional custando uma fortuna, os casais se reencontravam com catarro escorrendo pelo nariz e o reservatório seco de lágrimas. o skype dá uma aliviada.

- sempre que oferecem mostarda ou algum tipo de pimenta junto com a comida... fique esperto, a comida não tem muito sabor.

- o dan'up milkshake de banana é o melhor dan'up da história universal worldwide. ele dura umas três horas na maquininha de moedas aqui da agência.


quinta-feira, dezembro 06, 2007

carbonara e a aula de antropologia.



procuro evitar comer muita gordura. mas como com uma certa frequência. é complicado evitar. certa vez, acho que era uma aula de antropologia, um professor meu explicou que todo nosso fascínio por gordura está na nossa origem. quando éramos nômades e púlavamos de um canto para o outro da terr atrás de comida, o nosso organismo criou as papilas gustativas e alguma parte no cérebro para que a gente apreciasse mais as comidas com maior índice calórico. assim, com mais calorias, mais gordura acumulada, as viagens poderiam ser mais longas. até porque, naquela época não existiam supermercados e tal. é algo mais ou menos por ai. posso estar cagando regra. mas algo faz algum sentido aí. o fêla da pulta do homem da caverna que entrasse numas de comer alface, rúcula e tomate, estava fudido. e, está aí a nossa predisposição de preferir uma fatia de picanha do que uma de beterraba por exemplo. o que faz de um chocolate mais popular do que brotos de feijão. o que nos leva ao título deste textinho. hoje, jantei um macarrão carbonara. com mais lascas de bacon do que macarrão. impressionante a quantidade de calorias. esse que eu pedi, por algum motivo tinha um creme desses que agarra no garfo. saboroso. mas deve ter lá suas quinhentas e tal calorias. bom, enquanto comia e comentava que precisava perder lá uns quilos emendei na teoria do meu professor de antropologia. com a boca cheia de carbonara e uma tulipa de cerveja na outra e uma cesta de pão de alho mergulhado em manteiga disse: preciso contar para vocês o que um professor de antropologia meu disse um dia. sobre as calorias. e, sem nenhum peso na consciência, molhei o pão na mini piscina de molho que se acumulava no canto do meu prato e soquei para dentro. as vezes, quando a calça jeans ameaça tossir, penso como teria sido interessante ter faltando aquela aula.

caráio, não tive nenhuma idéia. ok, tive uma bem mais ou menos: este título mais ou menos engraçadinho. aí, o post de hoje, fica para amanhã.

terça-feira, dezembro 04, 2007

"hmmm que dilíça de fila."

as filas de fim de ano.




em todo mundo é a mesma coisa. com o natal chegam as filas. com o frio chegam as filas. na verdade, quando eu morava no rio, com o natal chegava um calor do caráio. mas aqui em lisboa, o frio está chegando com força total. o que é bom. e ruim. bom, porque todo comercial de coca-cola tem neve. tem papai noel com bochechas rosadas com frio. tem trenó. ou seja, quando eu morava no rio, era, no mínimo estranho assistir aqueles comerciais de coca-cola com o papai noel risonho com frio e com renas. aqui faz um tiquinho a mais de sentido. a parte ruim do frio é a parte prática. mãos azuis, corpo tremendo. todo mundo marchando como os pinguins. mas voltando ao assunto das filas e do natal. é engraçado. a impressão que eu tenho é que a cada ano que passa, as pessoas compram os presentes mais cedo. se antes as filas se formavam umas duas, três semanas antes. agora já é um esquema que começa com mais de um mês de antecedência. tentei comprar café na nespresso hoje. fila. comprar um dvd. fila. comprar meias. fila. fila para cacete. e para todos os lados. de onde vieram todas essas pessoas extras. parecem figurantes que vieram apenas com a intenção de criar as filas. não faz lá assim tanto sentido. você deve estar pensando: "não fódi erick, falta um mês para o natal e nada mais natural do que as pessoas comprarem seus presentes com calma." concordo e discordo. concordo porque acho que comprar presente de última hora, uma das piores coisas do mundo. mas também discordo, porque ainda faltam cinco semanas. ou seja, não existe ninguém tão precavido que entra numas de comprar um presente com tanto tempo assim de antecedência. bom, mas é a temporada. fazer o que? é complicado. não tem como fugir. não adianta ficar nervosinho. dar chilique. dizer que não vai comprar o presente.e as filas, bom, as filas tem um lado bom. um só. as filas te dão a esperança de que, no final do ano, na véspera do natal, existe uma chance de ter um presentinho-- com o seu nome debaixo daquela árvore de plástico. é natal. em todo mundo é a mesma coisa. com o natal chegam as filas.