quinta-feira, setembro 27, 2007

diálogos de super-heróis. 6


homem de ferro visita um fisioterapeuta.
- então doutor, dor, estou sentindo uma dor fudida no ombro.

- sei, no ombro.

- é, quando eu faço assim, para levantar carros e jogar contra bandidos.

- dói?

- isso. ontem, por exemplo, uns fêlas das puta lançaram uma ogiva nuclear na minha direção.
- e você?
- bom, levantei uma montanha para me defender, e quando eu fiz esse movimento assim ó com o braço, senti uma fisgada.

- wd-40.

- wd-40?

- isso. o óleo lubrificante. passa no ombro. duas vezes por dia.ferrugem. remove a ferrugem.

diálogos de super-heróis. 5

batman chega em casa e encontra alfred com as malas prontas.
- porra alfred, vai embora?
- na boa batman, olha para mim e vê se eu tenho cara de palhaço.
- mas, mas como assim alfred?
- batman, eu tenho oitenta e dois anos. não dá para ficar nesse esquema de abre garagem, fecha garagem. abre garagem. fecha garagem.
- chato?
- porra eu tenho que aproveitar os anos que restam. não dá mais para ficar abrindo garagem e circulando aqui de terno com esse sotaque inglês.
- mas...
- mas é o caráio, na boa. faz o seguinte, eu vou deixar o controle remoto no carro.
- no batmobile você quer dizer?
- ok, ok, no batmobile. no porta-luvas.
- no porta-luvas? não é melhor deixar preso naquele coisinha que eu abaixo para proteger do sol de vez em quando, sabe?

diálogos de super-heróis. 4

tocha humana está no cinema com a namorada. filme romântico. ele se aproxima dela. mão no ombro. mão na perna. ele sussura bo ouvido dela:

- só um beijinho.
- ok. mas deixa eu passar filtro solar 80 antes.

diálogos de super-heróis. 3

the flash em casa com a família. sabadão. todos reunidos na mesa do café da manhã. o the flash, a sra. the flash. o the flash junior. e a pequena the flash.

- amor, acabou o leite. você não quer ir no mercado comprar mais... obrigado você demorou, encontrou alguém no caminho?

diálogos de super-heróis. 2

mulher maravilha no consultório do analista.

- não sei doutor, sabe, esse negócio, esse nome é muita pressão.
- mulher maravilha?
- isso doutor.
- falei mais sobre isso.
- por exemplo, dia desses eu estava na praia e quando fui tirar a roupa para ficar só de biquini escutei dois amigos comentarem...
- (interrompe ela) ... que você não era nenhuma maravilha de biquini?
- tá vendo doutor, até você acha isso.
- não, não, não foi isso que eu quis dizer.
- você sabe qual é a pressão para ser sempre...
- (interrompe ela novamente) ... uma maravilha?
- tá vendo doutor....
- desculpe, eu não consegui segurar.
- olha, eu acho que eu não quero mais falar por hoje.. tô meio deprimida demais. não sei se estou com cabeça...
- (ele fala baixinho) ...que maravilha.
- ah doutor...
- (tentando segurar o riso) desculpe é que não dá para segurar... semana que vem a gente retoma?

diálogos de super-heróis. 1

superman chega em casa e encontra a lois lane sentada na mesa com a comida do jantar já fria. ela olha para ele puta e ele:

- desculpa o atraso amor. é que tinha que salvar o mundo.
- o mundo?
- isso, o mundo.
- mas quando você diz mundo, você está falando de forma figurativa ou é o mundo mesmo?
- não, mundo mesmo. planeta terra.
- ah tá. quer que eu esquente no microondas?

quarta-feira, setembro 26, 2007

a políça. 3

depois de uns 20 e tal anos separados, quase trinta sem tocar aqui em portugal, o the police se reuniu para fazer um tour universal. o show aqui de lisboa foi ontem. muito bom. fucking fuckers. ainda mais fucking fuckers, porque que do alto dos meus 1,66 m, consegui ver tudo no telão mais fudido lcd plasma nasa titânio de todos os tempos. ao final do concerto fiquei com a impressão de que o sting estava se divertindo. o stewart copeland, bem, o baterista estava querendo provar que não é só o sting que é fodalhão e tocou para cacete, suou bicas. e o andy summers, o guitarrista parecia que estava trabalhando. não sei se nesses vinte e tal anos o fera contraiu algumas dívidas, mas definitivamente tinha a expressão no rosto de quem estava dando um dobrado.

a políça. 2

acho bacana um celular com câmera. mas com câmera para, sei lá, mandar uma foto para a namorada que está na casa do caralho. mandar uma foto da sobrinha para o irmão. para o amigo. para tirar uma foto do beijo com a mulher no café que vocês se encontraram pela primeira vez. câmera de celular é para isso. o que eu não entendo. o que beira o bizarro, é por exemplo, esperar mais de 20 anos para o the police tocar novamente e passar o show inteiro assistindo através do celular. o que mais se via, era um bando de mané assistindo o show inteiro pipocando fotos até secar o cartão de memória. e isso, numa distância monstruosa do palco. com uma câmera de 0,08 pixels. estranho. acho que quando proibem a entrada de câmeras em estádios com shows zambers makers como o do police, não é porque o sting não quer aparecer com os olhos fechados na foto. não, é porque o fera que cismar em assistir o show através de um celular é muito mané.

the police. ou a políça.


tenho quase certeza que depois de todo show do the police, os três devem pensar: "caráio, passamos mais de vinte anos fazendo bosta." ou "nossa, olha a quantidade de música do caráio que a gente fez juntos, porque fomos brigar?" ou "puta que pariu, deixamos de ganhar seis zigalhões de dólares nesses últimos vinte anos." ou "porque!? porque?! a gente deveria ter voltado antes. agora eu estou com 50 e poucos anos, não posso comer todas essas fãs!" ou "será, só será, que se a gente tivesse trocado uns emails, não daria para acertar as diferenças antes?" ou "caceta, porque eu fui mandar o sting tomar no cu depois daquele show em 85?" ou "porque eu fui mandar o stewart copeland dar meia hora de bunda em 85?" ou "o que eu estava pensando quando disse que o andy summers não sabia tocar um caralho?!" ou "será que ainda dá tempo de pegar todas essas gatinhas que estão gritando o meu nome?! ah é, eu tô casado! aquela ali é a minha mulher na primeira fila!" ou "caráio. esquecemos de tocar message in a bottle!" ou "hoje eu fiz mais uns dois milhões. já posso comprar uma ilha pequena, mas uma ilha." ou "vinte anos sem tocar juntos e os caras lotaram o estádio. pena que não dá para repetir esta estratégia. em vinte anos eu terei uns setenta e oito anos. é, não dá para ficar mais 20 anos brigados." ou "foda, o telão só mostrava o sting, acho que vou mandar ele tomar no cu!" ou "não, não, se eu mandar ele tomar no cu, ele vai ficar putinho e a gente vai brigar de novo."

terça-feira, setembro 25, 2007

3 fui.

- fui ver um apartamento e no meio da visita, na frente da proprietária, a muié da imobiliária comenta: "se você não gostar desse, tenho outros."

- fui no subway e a mulher que me atendia perguntou se eu queria o meu sanduíche com o "menu com batata chips e bebida média." eu disse "sim, por favor!". na hora de pagar ela disse: "não vou lhe cobrar o menu. vou cobrar cada item separado." e eu: "mas e o tal menu?" e ela: "é mais barato assim." e eu: "mas..." ela explicou: "esse sanduíche que você pediu tem essa peculiaridade. é mais barato quando eu cobro separado." estranho, mas verdade.

- fui de taxi encontrar a minha mulher num restaurante. o taxista perguntou: "posso correr?" e eu: "mas eu não estou com pressa, a pessoa que eu vou encontra, também está a caminho." e ele: "mas eu estou."

você ligou para...

a conspiração do subway.

o subway, para quem não sabe, é aquela lanchonete de fast-food que vende opções saudáveis. e digo, para quem não sabe, porque em são paulo já teve, depois não teve, depois teve, e não sei se ainda tem ou não tem. bom, isso não importa. o que importa é que você entenda o que é o tal subway. uma lanchonete que conseguiu convencer o mundo que é saudável. e isso, vendendo sandubas megas com almondêgas e queijo extra e bacon gordo. num pão de 30 centímetros. é almondega para caráio. ok, é menos calórico do que o mcdonalds? é. do que o pizza hut? também. do que o kentuky galinha empanada? também. mas afirmar que a bagáça não engorda é foda. o cardápio é variado. turkey masters. salame cheese wonders. vegilicious. e por aí vai. o papel em que o sanduba vem enrolado diz "corpo sano". as cores predominantes são o verde escuro, o claro e o amarelo bem light. mais natureba impossível. mesmo que você peça o seu sem alface, sem um pingo de vegetais, sai de lá com a impressão, ou com a certeza absoluta de que comeu alface para cacete. o subway é um esquema muito esperto. você pode até engordar só comendo lá. mas, nunca vai colocar culpa nele. nunca. são muitas frases de efeito" "corpo sano", "eat fresh", "only six grams of fat", "live well." resolvi falar do subway depois de comer um sanduba de quase um metro com uma geladeira inteira deitada dentro dele. meia plantação de alface. extra cheese. e mais uma caráiada de extra coisas. a primeira coisa que pensei quando levantei foi: "na boa erick, é subway. olha as cores verdes. a mesmas cores do alface!" foi quando eu cheguei na agência e sentei na cadeira que senti o cinto tossir. ou melhor, escutei o cinto tossir. quase sufocado. aí tentei desconstruir o esquema deles aqui para você. tenho certeza que você vai continuar comendo lá. concordo, o esquema é irresistível. mas você precisava saber, estar ciente da conspiração worldwide intergaláctica do "eat fresh", "corpo sano". uma conspiração que, de acordo com a plaquinha ao lado do caixa, já invadiu, tomou conta de uns 89 países. mais de 100 cidades. milhões de pessoas com a pança crescendo e colocando a culpa em tudo. no dna da família, nos americanos, na água com fluor, nas escadas rolantes. tudo, menos no mega sanduba de frango empanado com extra queijo e maionese. a conspiração do subway. apenas uma teoria. mas fique esperto.

as duas tiazinhas.

existem duas tiazinhas que conversam todos os dias, pela manhã, na minha rua aqui em lisboa. detalhe: uma mora de um lado da rua e a outra, bom, a outra mora no prédio no lado oposto da rua. entre elas existe uma rua asfaltada com espaço suficiente para passar uma van e uma bicicleta com um gordo em cima. uma das tiazinhas mora no primeiro andar de um prédio. a outra no segundo. as duas ficam debruçadas sobre a varanda e falam. quase gritam. hoje, por exemplo, falavam do filho da dona sônia. que estava chegando no fim de semana para fazer uma visita. uma conversa que, bem de vez em quando, é interrompida por pessoas como eu e carros. mas elas não se importam. não existe um plano de pagamento de celular, mais barato do que o esqueminha que elas inventaram. é uma espécie de conversa com as latinhas ligadas por um barbante, mas sem o barbante. modernas. wireless.

quinta-feira, setembro 20, 2007

a teoria da saladinha que acompanha pratos principais.

a teoria da saladinha que acompanha pratos principais é simples: sempre que alguém pede uma saladinha para acompanhar qualquer prato, esta pessoa está apenas tentando amenizar o fato de que o prato principal vai ser calórico para caráio. ou, se não for o prato, será a sobremesa depois. um profiteroles, por exemplo, com seis bolas de sorvete. a teoria da saladinha que acompanha qualquer prato é como a tal história dos créditos de carbono que as empresas compram quando fodem o meio ambiente. não sei se você já viu esse esquemina. é mais ou menos assim: a sua empresa polui o meio ambiente com gás carbônico? numa boa, não fique com peso na consciência. acesse algum site desses que está nos links favoritos do site do greenpeace e compre créditos de carbono. ou seja, você paga uma taxa zambers para que uma empresa na casa do cacete plante uma árvore para equilibrar a cagada que a sua empresa está fazendo. o mesmo acontece com a saladinha para acompanhar. com uma diferença simples. você não precisa acessar nenhum site para fazer o esqueminha. basta apontar no cardápio: "eu vou comer esse prato de nhoque doze queijos coberto com creme de leite gordo com lascas de bacon obseso, mas também vou querer essa saladinha de entrada. de entrada não, para acompanhar." a teoria da saladinha diz que qualquer pessoa que pedir uma saladinha para acompanhar também vai comer um prato de banha, de gordura, disfarçado de comida. simples assim. para equilibrar. tentar desfazer o estrago. pode notar. qualquer cardápio oferece essa opção. e, quando oferece, é porque também oferece uma pá de pratos pesados.

oi?

bife? não, bifana.

imagine um sanduba de filé com o porco mais saboroso de todos os tempos. feito com a leitoa mais gostosa do chiqueiro. aquele leitoa que quando passa, um porco se vira para o outro e fala: "caramba, você viu o decote da leitoa? gostosa!" taí, essa é a bifana. o nome é até sugestivo. não é bife. bifinho. bifão. é bifana. é fucking fuckers. existe o tal do prego que é com carne. o clássico x-filé é um prego com queijo: "eu queria um prego com queijo, por favor." e pimba, você mata as saudades do x-filé brasileiro. mas faça isso apenas uma vez. uma só. não mais que isso. não faz sentido. o que faz todo o sentindo é partir para a bifana. depois da bifana, você provavelmente não vai mais lembrar do sanduba de filé. ah, e se for comer, recomendo procurar uma tabela atualizada do campeonato português. é, porque as melhores bifanas são servidas nas saídas dos estádios. você não quer assistir o jogo? beleza. vá direto para os portões grandes na saída dos estádios. lá você encontrará carrocinhas, carrinhos vendendo bifanas: "boa noite, uma bifana por favor."

como sacanear um porteiro que torce para o vasco da gama se não existe um porteiro que torce para o vasco da gama?

no brasil tinha um porteiro lá do prédio em que eu morava que era flamenguista. de vez em quando, quando o flamengo ganhava um jogo, um campeonato, passava pelo cara e comentava o jogo. de mais um gol antológico do obina. de mais um sacode no vasco. tinha também um porteiro engraçado e chato para caráio que torcia para o vasco da gama, o arqui-rival do meu flamengo. o darth vader. mas aqui em lisboa não tem porteiros. o que é curioso. aquela coisa de "minha mãe vai passar aí para deixar uns documentos." ou "minha mulher deixou a chave aí?" ou "posso deixar o carro na frente da garagem, qualquer coisa você manobra?". bom, essas coisas não existem aqui. beleza, é meio complicado deixar uma chave para a sua mulher na portaria, já que ela, a portaria que quebrava tantos galhos, não existe. mas o que é foda mesmo é não ter um torcedor do vasco da gama para sacanear quase todos os fins de semana. o que é irônico, porque se lisboa fosse uma cidade com portarias em cada prédio, quase todos os porteiros seriam vasco da gama por motivos óbvios. o que, para um flamenguista, seria bem divertido. uma pena.

terça-feira, setembro 18, 2007

filme ruim para caraças.

existem filmes muito bons. filmes "opa, foi bacana." que você logo esquece, mas não fica puto por ter gastado um din din suado. e filmes ruins. e o foda dos filmes ruins é que, com toda a informação disponível hoje em dia, está cada vez mais fácil identificar um filme ruim. está cada vez mais fácil sentir o cheirinho de filme bosta. existem as críticas dos jornais. comentários em sites especializados em cinema. comentários de amigos. voltando aos jornais, existe jornal para caráio, o que acaba permitindo uma caráiada de críticas diferentes. tem o site da apple com traillers. traillers no you tube. ou seja, meu amigo, se você pegar um filme ruim, você é muito azarado. ou como os portugueses diriam, é um azarado do caráças. (caráças é uma tradução ou forma de falar muito engraçada de "caralho". o caráças quer dizer a mesma coisa, mas é permitido falar em público, em anúncios...) o que nos leva aos filmes "evan almighty" e "i know pronounce you chuck and larry". o primeiro com o steve carell e o segundo com o adam sandler. duas comédias. dois filmes ruins para cacete. daqueles de você olhar para os lados no cinema e jurar que estão de putaria com você. confesso que o calor infernal do verão português influenciou na minha ida acima da média aos cinemas. nada como o ar condicionado do cinema para você achar que o sol deixou de existir. então, se por algum motivo, algum dia, alguém convidar você para assistir qualquer um dos dois filmes acima, fique esperto. se for a sua namorada, fique certo que o relacionamento, na opinâo dela, está indo para o caraças.

seriados dos anos 80.

lego e a criança com o choro supersônico.

dia desses, observei no shopping uma criança gritando para mãe que queria comprar um lego. uma caixa de lego transformers acho. não tenho certeza. algum lego com alguma tema desses que fode com a cabeça de um moleque. bom, e foi ali, observando esse moleque que gritava mais alto do que a mocinha presa entre os dedos do king kong, que cheguei a conclusão que o pessoal do lego é um bando de fêla. explico: lego forma qualquer coisa. qualquer. isso é um fato. todo mundo sabe. é só ter um pouco de paciência e criatividade para juntar as peças. bom, e porque caráio o pessoal da lego não vende uma só grande caixa? uma grande caixa cheio de peças? uma caixa com peça para caráio. bom, e aí, só para deixar de ser fêla, os caras da lego poderiam volta e meia colocar na web pequenos manuais. ex.: como montar com essa caixa gigante de peças de lego, um tranformer. simples assim. mas é claro que é um pouquinho mais difícil fazer din din assim. por isso mesmo, dia desses, observei uma criança gritando para a mãe que queria comprar um lego.

ceias no almoço.

nada contra grandes pratos de comida. quando estou com fome então. mas tem um negócio curioso aqui em portugal. todo e qualquer restaurante que você almoça e janta aqui serve porções dignas de ceias de natal e ano novo. toda vez que saio para almoçar e peço qualquer prato, vem semre aquela travessa gigante com 800 gramas de arroz, um bacalhau submerso em azeite e batatas geneticamente alteradas. é preciso alguma espécie de força de vontade para evitar comer tudo. raspar o prato. afinal, os caras cozinham bem. isso, não é nenhum segredo. o que eu não entendo é o motivo para tanta comida. uma vez, depois de me foder inúmeras vezes nesse esqueminha, pedi uma porção e dividi com mais duas pessoas. e sobrou. não é uma regra. mas vale sempre observar as mesas vizinhas, ver o tamanho das travessas. das porções. das panças. sinta o drama. porque periga você, ou voltar para casa com o último botão da calça aberto ou com a sensação que acaba de sair daquela ceia de natal que só deveria acontecer uma vez por ano na casa da sua vó que mora em copacabana.

quinta-feira, setembro 13, 2007

um dia você ainda vai

pedir a sua carne mal passada e ela vai chegar bem passada, carvão.

entrar num taxi e descobrir que o fera com as mãos na volante sempre sonhou em ser piloto de fórmula 1.

morder por engano uma azeitona num pastel ou empada que você perguntou para a tiazinha se tinha azeitona ou não. e ela respondeu com sorriso: "azeitona? não. pode comer tranquilo."

escutar alguém muito sincero que vai dizer: "você disse bom dia? não, bom dia, não. na verdade o meu dia está bem mais ou menos."

uma teoria sobre técnicos de futebol. ou porque caráio pagam tanto para esses caras.

fui assistir uma partida de futebol aqui. portugal e sérvia. aquele jogo em que o felipão deu uma muqueta num jogador do time adversário. mas não é sobre isso que eu vou falar. mas sobre uma teoria. sobre o comportamento dos técnicos. ou porque é que pagam tanto para esses caras. sentado ali, no meio da torcida, notei que uns três caras que estavam no time português não eram assim lá muito queridos. os torecedores gritavam o nome de outros jogadores. e nada do felipão mudar. os jogadores em campo não faziam bosta nenhuma, e nada do felipão trocar. bom, cheguei a conclusão que os técnicos não podem fazer o óbvio. nunca. se eles fizerem o óbvio, perdem o emprego. técnico tem que fazer alguma loucura. escalar alguma cara muito mais ou menos. um nota 3. um atacante no meio de campo. e vice versa. é a maneira que os técnicos descobriram de deixar o pessoal, os torcedores cafuzos: "que caráio o felipão está fazendo?" é, porque se eles escalarem os jogadores certos. usarem o bom senso, não faz muito sentido ter eles ali. as decisões têm que ser polêmicas. tem que parecer que eles são gênios loucos. apesar de na verdade, estarem alí no banco sentados torcendo para dar certo aquela idéia bem mais ou menos. pode notar, nunca tem um técnico que não faz algo polêmico. barra o romário. barra o kaká. substitui o goleiro que é herói pelo reserva do time que está em oitavo no campeonato estadual da segunda divisão. tem que ser lôco. porra louco. bem doidão. "o que se passa na cabeça deste técnico?" nada. ele sabe que está fazendo merda. mas tem que parecer que só ele consegue pensar assim. apenas uma teoria.

pequenos diálogos em lisboa. 7

um argentino que trabalha aqui na agência pediu um favor: ligar para a tv cabo no nome dele, já que ele não fala português.

- eu gostaria de cancelar a minha tv cabo?
- mas porque o senhor gostaria de fazer isso?
- porque sim...
9 minutos de explicação.
5 minutos de musiquinha.
- olha, o senhor vai ter que ligar para esse outro número.
- mas...
- pode anotar?
- mas....
- 210... sinal de chamada.
- alô?
- boa tarde, eu gostaria de cancelar a minha tv cabo?
- mas porque o senhor gostaria de fazer isso?
- porque sim...
16 minutos de explicação.
16 minutos de musiquinha.
- olha, o senhor vai ter que passar um fax para esse número que eu vou falar...
- fax?
- ou carta registrada.
- carta?
- ou pode ir em pessoa numa loja...
- mas eu estou no telefone desde...
- eu sei.
- mas a senhora não acha estranho?
- estranho?
- porque não avisaram desde a primeira ligação? meia hora atrás?
- avisaram o que?
- sobre o fax?
- isso mesmo, o senhor vai ter que passar um fax para esse número que eu vou falar...

terça-feira, setembro 11, 2007

a maquininha da nespresso e as traficantes de cafeína.

a maquininha da nespresso aqui em portugal não custa a fortuna que cobram em são paulo. lá, a mais barata sai por uns 400 euros. aqui, por 99. não sei se o pessoal da nespresso no brasil sabe que existe o google, mas é mais ou menos essa a diferença. mas zuzo bem. o foco aqui não é o preço. mas a dependência. das capsulas de café da cafeína. dos dois, da cápusla e da cafeína. já li em algum lugar que a cafeína é a última droga legal. vendida em esquinas. e sem restrições. você não encontra um aviso sobre um balcão de café que diz: "não servimos café ou capuccino para pessoas menores de 18 ou que aparentam estarem com overdose de cafeína." é claro que se você entrar numas de tomar oito cafés numa mesa de bar, também vão te olhar meio atravessado. no mínimo vão estranhar. mas voltemos a dependência das cápsulas e da cafeína. os caras da nespresso fizeram a tal maquininha com um design fucking fuckers. gastaram mais da metade do budget na porra do design. basta passar na frente da loja para testemunhar a quantidade de pessoas debruçadas sobre a vitrine observando as máquinas. capricharam também no design das cápsulas. e nas cores. uma, por exemplo, é cor dourado ouro puro do fort knox. uma outra, cor de prata lua de marte. um outra, vermelho 1000% tourada de madrid. o negócio chama atenção. bom, aí com essa overdose de design, os caras te fisgam para dentro da loja. loja com as paredes cobertas de cápsulas das cores que eu acabei de mencionar. as vendedoras todas de terninho zambers com um ar de que estão traficando alguma coisa rara que só elas têm acesso. o que, você descobre depois de duas semanas, com a máquina em casa, que é a mais pura verdade. é, basta acabar a sua primeira leva de capsulas para você se sentir inutil, fraco, dependente. para tomar o café na maquina zambers fuckers, tem que ser com as capsulas de ouro. não existem genéricas. e você só encontra na loja. só lá. mais uma vez, só lá. e isso, você só descobre, ou realmente se dá conta do problema, num dia como hoje. uma terça feira. com uma colher de remela em cada olho. um sono daqueles que você perambula pela casa com uma certeza absoluta que é sábado. você só descobre no momento em que liga a máquina, vê a luz parar de piscar avisando que você já pode colocar a cápsula de café. você só decobre no momento em que a parte do seu cérebro dependente de cafeína registra o que está acontencedo. quando abre a caixinha igualmente estilosas das cápsulas e não encontra nada lá dentro. as cápsulas acabaram, ou melhor, você bebeu café e elas acabaram. e você fica ali, com um ar desanimado. uma leve dor de cabeça devido a abstinência da cafeína. parte numa busca incansável pela casa atrás da cafeteira que você abandonou em favor da máquininha da nespresso, e nada. corre atrás do nescafé, e nada. toma uma ducha fria para controlar os sintomas e vai para loja da nespresso. e é lá, na porta da nespresso que você encontra uma caráiada de pessoas como você. dependentes. das capsulas e da cafeína. um esqueminha maquiavélico e simples. a pourra da maquina é fácil de operar, um botão e pronto. é impossível errar o café. e só vende ali. com as fornecedoras de terninho por de trás do balcão rindo de você. aquele sorriso de quem pensa: "se fudeu, quem mandou comprar a maquininha."

"teto-solar? é opcional." -- do site boingboing.net



você tem um pedido. 1

- o carro delorean do 'de volta para o futuro' já carregado com 1.21 jigowatts.

- o hexacampeonato sobre a argentina aos 47.8 do segundo tempo, gol do obina, de bicicleta.

- um chopp.

3 será.

- que o mesmo pessoal que fabrica os anti-vírus do computador, é o mesmo fêla da pulta que manda spam para o meu email?

- que se a tiazinha que faz a previsão do tempo na tv, carrega sempre um guarda-chuva na bolsa?

- que o médico que falou para eu dar uma aliviada nas comidas com alto colesterol, não come uma batatinha frita quando vai ao mcdonald's?

segunda-feira, setembro 10, 2007

pensamentos do dia.

- o vagalume tem pavor de marca-texto/iluminador.

- no programa csi, todos os crimes são desvendados em uma hora. exames de dna, no espaço de um intervalo comercial.

- o programa 24 horas dura 47 minutos.

- se o relógio do jack bauer estiver adiantado, o programa começa antes do previsto.

- bolinho de bacalhau aqui se chama pastel de bacalhau.

- aposto um bilhão de dólares que você não consegue dizer o nome de todos os canais da sua tv. pensando bem, aposto dois.

- encontrei o garçom de um restaurante daqui de perto do trabalho no metro. cedo, nove da manhã. a caminho do trabalho.estava lá o garçom sem a roupa típica. anônimo no meio do vagão. bem, o fêla estava limpando o salão do nariz. tirando meleca. escavando as paredes da narina. vai ser caplicado comer lá novamente.

quinta-feira, setembro 06, 2007

quadrinho da semana. do laerte

pequenos diálogo em lisboa. 6

fui com o meu passaporte carimbado com o visto, todo certinho, comprovante de residência, contrato de trabalho. tudo. para tirar um documento desses que a burocracia inventou.

- bom dia.
- bom dia.
- a senhora me desculpa, mas eu não sei ao certo se este é guichê correto.
- o que o senhor deseja?
- eu queria o documento abb7-8.
- é aqui mesmo. passaporte.
- aqui.
- número do contribuinte.
- aqui.
silêncio.
silêncio.
silêncio.
- bom, eu não poderei ajudar você.
- mas...
- você precisa estar acompanhado de um português.
- mas...
- precisa.
- e ele, precisa de alguma coisa especial?
- quem?
- o português que a senhora se referiu mas eu não sei ainda quem será.
- mas se você não sabe ainda, como é que eu vou saber.
- estou apenas tentando, ou melhor, a tentar evitar que isto que aconteceu aqui hoje se repita.
- ele precisa ter o documento abb7-8.
- ah tá.
- ...e ele precisa ter um endereço em portugal.
- mas ele é português.
- quem?
- não sei ainda. preciso pensar quem eu vou chamar.
silêncio.
silêncio.
- próximo!

existe um quadrinho do gary larson genial

nele, um cachorro na frente de uma casa, segura uma máquina que mede a quantidade de medo que uma pessoa sente. no quadrinho, a tal máquina ganhou o nome de fear-o-matic ou a geringonça do medo. algo por aí. e no quadrinho, a piada toda é um carteiro que está passando pela casa e praticamente caga nas calças de medo. e, por mais que ele difarce, o cachorro sabe que ele está com medo. e você, sabe, quando o cachorro sabe que você está com medo, fudeu. late, corre atrás, ameaça tirar um naco da sua canela. sou fã do gary larson. já contibui bastante para a poupança dele. e hoje me senti parte deste quadrinho clássico. o cachorro que consegue medir o medo das pessoas. bom, onde eu moro aqui em lisboa, é um daqueles bairros meio fechados, com praça, velhinhos, crianças nas ruas. é um anda para lá, anda para cá. todo mundo circula para todos os lados. não tem muito esse esquema de pegar o carro para fazer tudo. quem mora em campo de ourique gasta a sola do sapato. o que nos leva aos cachorros. são dois, as vezes três. não sei ainda se o terceiro era um primo que estava visitando. na grande maioria das vezes são dois. dois vira-latas. um médio e o outro pequeno. e eles ficam numa esquina ao lado da minha casa. um quarteirão antes. uns cinquenta metros da porta da minha casa. não tem como driblar os feras. bom, e eu sempre tentei controlar o medo. nos dois primeiros meses que eles tomaram a esquina para eles, procurei passar com o peito estufado e uma cara de fêla da pulta que come cachorrinhos no jantar. o tempo passou, e, hoje, os fêlas me pegaram desprevenidos. estava lá teclando um sms, quando virei a esquina e me deparei com os dois. meio no susto, olhei para um que babava raiva e, foi neste instante que o outro ligou o fear-o-matic e detectou o medo. o cagaço. os dois começaram a latir para cacete. pensei nas minhas opções. correr? não, os dois me alcançariam. chutar? não, eles têm um primo grande que de vez em quando visita. lembrei do gary larson na hora. do quadrinho dele. imaginei como ficariam os dois num espeto de churrasco. estufei o peito, franzi os olhos e em poucos segundos, com a força da mente, reverti o mostrador digital do fear-o-matic. os dois abaixaram a cabeça e eu segui em em frente. existe um quadrinho do gary larson genial.

terça-feira, setembro 04, 2007

cotidianos de um só linha. 4, 5 & 6.


• publicitário conversa com a mulher.

- amor, você precisa experimentar esta cerveja. gelada. saborosa. com uma espuma densa e ingredientes nobres. nunca bebi nada tão refrescante.


• mulher chef de restaurante premiado comenta com o marido.

- porra amor, cheetos sabor presunto não, né?! não fodi.


• viciado em apostas obseso, em casa durante o café da manhã.

- amor, quer apostar quanto, que eu consigo comer o meu sanduíche, e o seu, em menos de um minuto?

não entendo muito bem

a diferença entre 'fumantes' e 'não-fumantes' num restaurante hermeticamente fechado.

como é que o pessoal da ikea consegue convencer meio mundo que é possível montar os móveis deles sozinho.

como qualquer prato com bacalhau é mais famoso no brasil do que a açorda de gambas.

como é que nenhum português ao chegar em casa com cocô de cachorro agarrado na sola do tênis, ainda não chegou a conclusão de que seria sei lá, interessante pegar com um saco plástico descartável, o cocô do próprio cão.

quando os guias fodem o seu esqueminha, o jantar com a sua mãe que está visitando ou quando você quer marcar pontos com a sogra.

nada contra os guias. muito pelo contrário. eu tenho uns três, só de lisboa. graças ao guia eu aproveitei uma caráiada de lugares que eu nunca encontraria, nem dando 300 mangos na mão de um taxista bem humorado. mas existe um lado ruim dos guias. todo mundo descobre as mesmas coisas que você. ou seja, você se apaixonou por um prato que tem num restaurante tal do guia zambers que você comprou pela amazon? ah, que bom. que bom que você conseguiu lugar meu amigo. vai lá tentar comer o tal prato pela segunda, terceira vez. leve a sua mãe quando ela estiver visitando lisboa: "mãe, você precisa experimentar o arroz de tamboril desses caras... pensando bem, olha a pourra da fila, deixa para lá." e a mesma história vai se repetir com a sua sogra bem naquele dia que você quer marcar uns pontos com ela. não tem jeito. dia desses, estava lá eu, de pé, na frente do cantinho do bem estar, esperando uma mesa, ou como diriam os lisboetas, a esperar uma mesa, quando um casal francês se aproxima e pergunta com um sotaque carregado: "esse aqui é o cantinho do bem estar?" a minha primeira reação foi dizer que não, que eles estavam enganados e que o cantinho do bem estar ficava do outro lado da cidade. a minha segunda reação, que acabou sendo o que aconteceu, pois pensei duas vezes, foi dizer que sim, aquele ali era o cantinho do bem estar. o casal agradeceu e comentou que tinha lido sobre cantinho no lonely planet. na mesma noite uma brasileira comentou comigo na fila que recebeu um email falando deste lugar. "é maravilhoso não é?" e eu: "mais ou menos, é bem mais ou menos, melhor não recomendar para ninguém." brincadeira, se fosse possível mentir, eu mentiria. mas os pratos que ela comeria em instantes fariam um bom trabalho para afirmar ali no meio das mesas do restaurante que eu era um mentiroso. mas 'o cantinho do bem estar' é apenas um exemplo. já cheguei na porta de uns três lugares com turistas munidos de guias e máquinas fotográficas. e não estou falando do pastel de belém, do castelo de são jorge, não, esses são monumentos nacionais. tombados pela unesco ou algum orgão desses. estou falando é das tasquinhas, cafés, quase debaixo da terra. aqueles miniaturas. com quatro mesas. um garçom ranzinza. e o melhor bacalhau do mundo. aquele peixe que só o cara tem porque ele é sogro do pescador que pesca a pourra do peixe. os guias mais específicos. os guias modernosos. os guias a lá lonely planet estão revelando para todos, todos os segredos. é foda. se de um lado você também descobre uma porrada de lugares impressionantes. fucking fuckers. meio mundo também descobre. falando nisso, eu iria recomendar um restaurante sensacional que não vi em nenhum guia, foi um casal que recomendou. é o...