quinta-feira, junho 28, 2007

você apertou o botão do ponto, não fode.

o pessoal daqui leva a sério o esquema de transporte público. eu, que pego o auto-carro, o ônibus, todos os dias-- sinto que tem um negócio, uma lei silenciosa que se você quebrar, leva um cascudo. uma porrada na base da nuca dos tiozinhos que estão nos ônibus. a lei é a seguinte: "apertou o botãozinho para pular no ponto, tem que pular." não importa se você errou, e o seu ponto é na verdade o próximo. apertou, pulou. como não conheço lisboa direito, volta e meia erro o ponto. e volta e meia olho para dentro do ônibus com uma cara de coitados como quem diz: "gente, eu errei, esse não é o meu ponto, é o próximo. alivia aí. não me forcem a saltar..." mas todos olham com uma cara muito específica como se gritassem: "a lei é única e é para todos: "apertou, pulou". e lá vou eu caminhando até o meu ponto sob o olhar impiedoso dos passageiros do ônibus. o pessoal daqui leva a sério o esquema de transporte público.

anedotas de ginja (2)

dia desses, com uma ginja na mão subi as escadas que davam para a casa de banho, o banheiro, de um bar. as escadas deste banheiro em particular são as mais íngremes da história do universo mundial. quase noventa graus. não, é um esqueminha de noventa graus. bom, lá fui eu subir as escadas com um copo de ginja na mão. beleza. na boa. tranquilo. o problema foi a descida. a volta. com um copo de ginja na mão, eu tinha que escolher: segurar no corrimão da escada dos dois lados ou segurar de um só lado e levar o copo de ginja com todo o carinho e importância que ele merece. fui com o copo na mão, o que acabou me levando para baixo muito mais rápido do que eu planejava. a gravidade é foda. funciona. um degrau quase molhado me fez escorregar. não estava bêbado. não. era a primeira ginja. resumo da história: acordei com o cotovelo inchado quase quebrado. moral da história: ginja é bom, acordar com o cotovelo muito inchado não. ou: ginja é tão bom que você se sujeita a ser, por alguns segundos, a atração do bar. ou: quem foi o fêla da pulta que deixou o degrau molhado.

terça-feira, junho 26, 2007

você economiza com a passagem e se fode com as ligações.

tem um negócio que eu descobri aqui em portugal. a passagem de avião para aqui não é lá essas coisas. é cara mas não destrói o orçamento. não é porque vocie comprou duas passagens de avião para lisboa que vai deixar de comer. são tantos brasileiros comprando passagens com o dólar barato que o preço está bem ok. mas o governo português arrumou um jeito de compensar a economia. o pib do país. se de um lado as cia. aéreas estão lucrando menos, as empresas de telefone estão jogando dinheiro em câmera lenta para cima. depois de um mês ligando para o brasil. falando e falando e falando. me fodi. vou ter que pagar a conta de telefone em 26 vezes sem juros. é cara para cacete. fico imaginando alguém num palacete qualquer do governo puxando esta conversa: "ô ministro ... você já notou como os brasileiros estão pagando pouco pelas passagens aéreas? tá fodeindo com o produto interno bruto! você não acha que poderíamos fazer alguma coisa? sei lá, para aliviar o buraco? equilibrar as finanças?" e o ministro na maior calma responde: "você tem toda razão, fode eles na conta de telefone!" mas isso você só descobre quando chega a primeira conta. vai por mim. segura a onda na conversa.

o brasserie e o cardápio de uma só linha.

aqui em lisboa, pertinho do trabalho existe um restaurante curioso. o cardápio tem uma só linha. o dono é das pessoas mais inteligentes que existem. ele só serve um prato: carne tenra e macia com batatas fritas. é, o fêla da pulta arrumou um esquema fantástico em que ele serve apenas o prato com menor rejeição do universo: filé com fritas. e cobra uma grana. o brasserie não é daqueles lugares que você opta para comer ao invés do mcdonald's. não o brasserie tem o preço um tantinho salgado. mas vale a pena. vale muito a pena. vai ser bom assim na casa do caráio. tem que ser bom. não há hipotese alguma de ser mais ou menos. uma cozinha socada com cozinheiros sob o comando de um chefe fazendo filé com fritas tem que dar certo. o cardápio de uma só linha é uma das maiores invenções que eu já vi. terminei o meu prato lá no brasserie com uma pontinha de inveja. queria ter pensando nisso antes.

quinta-feira, junho 21, 2007

anedotas de ginja. (1)

dia desses entrei com um pessoal aqui da firma num bar e pedimos uma dose de ginja* para cada. a mulher educadamente disse: "dois e cinquenta por dose." somamos o número de pessoas com o preço que acabara de ser revelado e todos chegaram a conclusão que com aquele dinheiro poderíamos comprar um pacote turístico para a malásia. troca de olhares. troca de olhares. troca de olhares. ela finalmente cedeu e disse: "vocês já tentaram na esquina?" e lá para a esquina fomos todos. bom, e lá na esquina a dose custava 1/3 do preço. moral da história: "quando ela quer beber, a mocinha do bar só bebe no bar da esquina." ou "ela tinha acabado de levar um esporro do dono do bar e quis foder ele." ou "ela é a pessoa mais gentil e honesta do mundo." ou "ela é dona dos dois." ou "quando você entra num bar com nove pessoas e pede um licor, toda e qualquer mocinha de trás do balcão é instruida pelo dono a mandar os fêla da pulta para outro bar com receio de bagunça." ou "ela estava com preguiça de lavar os copos."

* ginja é um licor português feito com o fruto da ginja. que, pelo o que eu entendi, é prima bem próxima, quase irmã, da cereja.

o noobai. ah, o noobai.

o noobai café não tem nada fucking fuckers no cardápio. é uma comida honesta. sanduíches, um prato do dia que você não vai recordar no dia seguinte ao certo qual era , uma entrada bacana e uma cerveja estupidamente gelada. a comida não é o que separa o noobai café de todo e qualquer restaurante, bar e similares de lisboa. o que faz do noobai café merecedor de três estrelas no guia michelin é a vista. a impressão que se tem quando você está sentado bebericando um chopp é que o sujeito que fundou o noobai acordava muito cedo. e, como tinha esse costume, chegou antes que todo mundo-- para pegar aquele cantinho de lisboa. é difícil explicar como é vista. dependendo do horário, é difícil conseguir um lugar para ver a vista. o noobai fica alí, no adamastor. não faz reserva. se o pátio estiver cheio, valei sentar dentro e ficar espiando, olhando. no momento que alguém ameaçar levantar, você corre. mas corre mesmo. o estiramento muscular que você vai ter vale a pena. o mico de alguns segundos que você vai pagar, vale a pena. não fique pensando coisas como: "putz, eu, um marmanjo, vou ficar correndo pelo pátio do restaurante atrás de uma mesa." é claro que você também pode chegar cedo. e sair tarde. o noobai é um daqueles restaurantes/bares que você recomenda para meio mundo. e quando alguém pergunta o que é bom lá, você pensa, pensa, pensa e não se lembra. mas, por um motivo óbvio nunca esquece de recomendar.

terça-feira, junho 19, 2007

o cão cagão sagrado de lisboa.

a índia tem lá suas vacas sagradas. se você quiser levar um tapa na fuça é só entrar num restaurante e pedir um bife, um steak, uma carne suculenta. bom, as vacas são sagradas lá. aqui não. quem é sagrado aqui é o cão. o cachorro. o melhor amigo do homem. explico. os lisboetas não pegam o cocô dos seus queridos cães. neste aspecto lisboa se encontra em 1990 e poucos. acho que foi por aí que ainda se via a caca dos cachorros com liberdade total no brasil. chega a ser estranho. é preciso ter jogo de cintura, ginga. é, não é fácil driblar o cocô dos cachorros de lisboa. acho, só acho que seria possível se eleger prefeito da cidade com uma única plataforma. "vote no erick. ele vai acabar com o cocô dos cachorros!" votação recorde. quem sabe no futuro. é claro que isso não é uma regra. o serginho e a aline, casal nota 11 que reside aqui-- bem, os dois sempre carregam alguns sacos plásticos extras no bolso para não deixar na rua o que o igualmente sagrado "lolo" faz. o lolo, uma mistura genial de labrador com "salsicha" é gente fina, faz e fica ao lado esperando os donos limparem. mas acho, e tenho quase absoluta certeza que são os únicos. fico imaginando os cachorros conversando aí no brasil ou em qualquer outra parte do mundo: "e aí, o que você vai fazer nessas férias? acho que vou ficar aqui em são paulo, mas eu sonho mesmo é viajar para lisboa!" e o outro: "ah, lisboa, uma das poucas metrópoles do mundo em que ainda se pode fazer um cocô em plena luz do dia sem se preocupar! é meu sonho de consumo também!" se existisse uma agência de viagens para cachorros, lisboa seria paris e hawaii, juntos. um paraíso. não sei como é que vão resolver essa parada. ninguém comenta. ninguém reclama. as vezes acho que todos estão acostumados. eu não, olho feio para as tiazinhas na rua. tento inserir o assunto em conversas de bar, sempre que possível. e fico meio que esperando, ou como diriam os portugueses, a esperar alguém me contar uma história de um cão sagrado de lisboa que salvou alguém no grande terromoto de 1755. e que, desde então ganhou este status. de cão cagão. e que passou para seus semelhantes esta liberdade, de fazer as necessidades nas ruas lisboetas sem preocupação. deve ser. só pode ser.

sexta-feira, junho 15, 2007

duelos 2. a revanche e o golpe baixo.

ontem a caminho de casa, algumas horas após ter escrito sobre os duelos, me encontrei no meio de um. de um duelo. na hora lembrei que tinha escrito sobre os duelos e quase comentei com a tiazinha que estava na minha frente, mas ela ia achar um tiquinho estranho. por isso, mantive a calma, respirei fundo e não me mexi. queria uma revanche.queria ganhar um duelo pelo direito de seguir em frente sem ser escorraçado para a rua. pela manhã já tinha perdido um duelo. no almoço, outro. então, o sol estava se pondo (no verão a caráia do sol só desce depois de 8 e tra lá lá.)enio morricone conduzia a trilha sonora na minha cabeça. a tiazinha olhava nos meus olhos. e eu, nos olhos da fêla. e nada dela se mover. nada dela ameaçar qualquer movimento. um, dois, seis, quase oito segundos se passaram. oito segundos que quando você está olhando para uma tiazinha cara a cara num canto de calçada em portugal-- são como uns três meses. o tempo não passava. e foi aí que eu parti para a ignorância. não, não ameacei partir para cima da tiazinha. não. agachei para amarrar o tênis. tomei conta da calçada inteira. e ela, teve que me contornar pela rua. um golpe perfeito. a amarrada no tênis. se você estiver aqui em lisboa, use esta estratégia. mas não use bastante. use com moderação. se espalhar, ninguém mais acredita e vai teimar em esperar. ganhei um duelo. com golpe baixo, mas ganhei.

quinta-feira, junho 14, 2007

os duelos.

portugal é o país com as menores calçadas do mundo. não de extensão, de largura mesmo. cabe uma só pessoa por vez. são calçadas de mão única. o que significa que toda vez que você sai de casa tem que, obrigatoriamente disputar duelos. duelos com senhoras. duelos com senhores. duelos com crianças. duelos com cachorros. funciona mais ou menos assim: você está de um lado da calçada a caminho do trabalho e do outro lado vem uma tiazinha agarrada com as compras. é ela ou você. um dos dois tem que gentilmente dar um passo para fora da calçada e deixar o outro passar. é como aquela clássica cena do footloose em que o kevin bacon fica em cima do trator e duela com o namorado da muié que ele tá tentando pegar que também está em cima do trator. o primeiro que pulasse fora, perdia. no filme o kevin bacon ganha. mas aqui não tem isso. é meio no chute. não existe um código de conduta. não existe uma tabela que explique como você deve se portar. ninguém diz se os velhinhos têm preferência sobre os mais jovens. é sempre em cima da hora. sempre no último segundo. no último instante. é quase emocionante. e quase sempre rola colisões. já quase derrubei velhinhas. já quase levei esporro. já levei umas olhadas de cima para baixo e de baixo para cima. mas olhando assim o lado positivo da história, uma ida para o trabalho pode ser muito mais emocionante. você não vai simplesmente para o trabalho. vai participar de um duelo com uma senhora. vai desafiar um moleque e seu labrador. vai tentar ficar mais tempo sobre a calçada. vai tentar não ceder. e vai chegar no trabalho com a estranha sensação de que foi jogado por uma velhinha para fora da calçada e que convenceu um senhor com apenas a força de um olhar que era mais sensato ele parar, entrar na rua por um segundo e deixar você passar. portugal é o país com as menores calçadas do mundo. não de extensão, de largura mesmo. cabe uma só pessoa por vez.

terça-feira, junho 12, 2007

os dedinhos roxos de campo de ourique.

em campo de ourique, no bairro que eu moro aqui em lisboa, tem uns três médio mercados. uns quatro pequenos. um cem muito pequenos. mas quem mora lá acaba sempre fazendo as compras nesses médios. não são os supermercados 24 horas. mas quebram um galhão. eles têm de tudo. e são eles, os médio mercados que criaram um fenômeno em campo de ourique. os dedinhos roxos. os dedinhos roxos de campo de ourique. o que são eles? bom, campo de ourique passa a impressão de ser um bairro bem pequeno. mas não é lá assim tão pequeno. os prédios não passam de três andares. a maioria têm dois. as ruas são estreitas e nunca passa mais do que um carro de cada vez. e, como você cisma que as coisas em um bairro pequeno são próximas-- acaba se fodendo quando sai para fazer compras. é, você sai de casa com uma lista de quatro itens na cabeça: detergente, coca-cola, pão e fósforos. nada mais. nada menos. mas aí você chega no mercadinho e começa a namorar as guloseimas das prateleiras e pensa: “ah, campo de ourique é tão pequeno, é tudo tão perto, não tem nenhum problema levar mais coisas para casa. os sacos de compras vão estar pesados, mas é rapidinho.” mas nada é tão perto assim. é tudo impressão. o que seria um quarteirão na sua cabeça, são três. e você volta pra casa com sacos de plástico pesados agarrados nas pontas dos dedos. sacos que a cada passo dão voltas de 360º, apertando cada vez mais os seus dedos. que vão ficando, primeiro vermelhos, depois roxos. e foi depois de passar por essa experiência que eu comecei a notar o tal fenômeno. todo mundo. as tiazinhas. as senhoras. os mais velhos e os mais jovens. todos perambulam pelas ruas de campo de ourique com os dedinhos roxos. sacos de compras pesados. dedinhos frágeis. um bairro um tanto maior do que aparenta. os dedinhos roxos de campo de ourique.

sexta-feira, junho 08, 2007

seu domingos.

não conheço o “seu domingos” para tratar ele assim-- com essa intimidade. mas é assim que ele se apresenta. seu domingos. sem frescuras. sem formalidades. o “seu” que precede o “domingos” já permite você entrar no restaurante dele com a impressão que frequenta o lugar desde quando ele era apenas domingos. o restaurante fica perto da praia do meco. não tem um luminoso na frente. as letrinhas pintadas numa tímida placa de madeira parecem ter sido obra do próprio seu domingos entre uma porção e outra de mariscos. mariscos, pequenos, médios e grandes. salada de ovas, de polvo, de lula, e caracóis. chopp gelado. pão fresco. imagine um balcão de madeira com um sujeito com os cabelos grisalhos penteados bem rente—atrás deste mesmo balcão. com uma camisa social com as mangas dobradas, as costeletas aparadas e um poster do sporting sobre a cabeça. este é o seu domingos. que desliza de um lado para o outro atendendo pedidos. na verdade ele finge que atende os pedidos. o que o seu domingos faz é distribuir a comida que pula do mar para a panela e da panela para as prateleiras que estão atrás dele. “marisco! quem pediu!?” e um sujeito olha pra os mariscos, olha para o seu domingos. o sujeito finge que pediu mariscos e o seu domingos finge que sabe que ele pediu mariscos. e, numa operação que flui com uma impressionante improvisação, as pessoas voltam para as mesas abraçadas a algum prato. qualquer prato. isso pode acontecer num restaurante em que todos os pratos, todos, são bons. ninguém reclama. ninguém briga. você convence o seu domingos com os olhos que aquela salada de polvo que acaba de sair é sua e ele te dá. o sujeito que disputa um espaço no balcão com você-- olha com uma cara de coitado e você cede a salada de polvo pra ele. e volta pra mesa com uma porção de lulas. tudo isso no meio de gritos, pedidos, chopps e mesas apinhadas de gente com areia da praia entre os dedos dos pés a espera de qualquer prato. horas depois, você mesmo limpa a mesa. você mesmo se encarrega de anotar o que a mesa consumiu. comenta, de passagem, com o seu domingos o que comeu e ele aponta com o canto da cabeça pra você pagar para mulher dele. o seu domingos é daqueles lugares que textinhos, relatos como esse não fazem justiça. é preciso ir. e ir de novo. mas vale sempre lembrar que o seu domingos, apesar do nome e de estar pertinho, pertinho da praia, bem, o seu domingos, não abre nunca aos domingos.

quarta-feira, junho 06, 2007

secretos de porco preto. 2.

hoje estava lá eu comendo pela segunda vez o tal secretos de porco preto. o filé do filé dos suínos. a mestre master fucking fuckers worldwide intergaláctica dos porcos. a manteiga em forma de carne. o entupidor de artérias número 1. ah, os secretos de porco preto. bom, e, pela segunda vez, olhei para o lado, e com a boca cheia comentei com o andré peixinho peixoto, grande expert da gastronomia portuguesa: “não fódi, vai ser bom assim na casa do caráio!” e ele, também de boca cheia, respondeu: “se você acha tão bom mesmo, talvez deveria escrever novamente sobre ele no seu blógui."

terça-feira, junho 05, 2007

o fado. que caráio é o fado?

o fado é uma música típica portuguesa. metade turismo, metade tradição. você não escuta o fado em qualquer esquina. é triste pra cacete. bastam dois minutos escutando fado para você chorar copiosamente. sem saber porque. sem entender porque caráio uma tristeza indescritível faz você cuspir lágrimas grossas e pesadas pelos cantos dos olhos. fico imaginando como deve ser a vida de um sujeito ou de uma mulher que escreve letras e arranjos de fado. o cara deve ser no mínimo cafuzo da cabeça. aquela imagem que quase todo mundo tem que o fado faz parte do dia a dia em portugal não é lá assim verdadeira. o fado existe, mas você tem que fuçar um pouquinho. e, se você entrar numas de escutar fado-- freqüentar um restaurante que, entre o prato principal e a sobremesa, serve uma dança ao vivo com fado tocando no sistema de som do lugar, se prepare. não é que você vai chorar. não. você vai no mínimo remoer alguma memória bem mais ou menos. vai pensar na derrota da seleção para a frança na copa de 2006 e 98, para a argentina em 90. vai lembrar o dia que você descobriu que papai noel não existe. alguma coisa. fado é foda. dia desses coloquei o alarme sem querer numa estação que tocava fado, pulei da cama em três segundos. fiquei, de repente, triste de estar desperdiçando segundos da minha manhã de segunda. fica aqui uma sugestão. se você resolveu viajar para portugal para esquecer um namoro que não deu certo, fuja do fado. agora, se você quer acordar cedo, aproveitar cada segundo do dia. compre um alarme daqueles sony sound fucking makers e coloque numa estação tipo “fado hits 24 hours”. ah, e sabe aquela pessoa que pede sempre uma encomenda escrota? tipo, alguma coisa grande e pesada que vai foder com o seu retorno para o seu país de origem? compre um cd de fado de presente. diga que a tv de 56 polegadas que ele ou ela queria não ia caber na mala, mas você trouxe com todo o carinho do mundo, um cd duplo de fado.

sexta-feira, junho 01, 2007

secretos de porco preto. uma teoria.

secretos de porco preto. nome curioso. o porco tem que ser o tal porco preto e secretos, pelo o que eu entendi são partes nobres, bem escondidas do porco. e o nome é curioso porque até ontem a porra do prato era um segredo de estado. não conhecia, nunca tinha visto num cardápio. trocadilhos a parte, essa caráia deste prato estava escondida num cardápio de um restaurante português que também se escondia num beco aqui perto da firma. um segredo. e acho que entendi porque escondem esse prato. acho. é uma teoria simples. que não foi auditada pela price water coopers. a teoria é que os lisboetas escondem de nós turistas. servem bacalhau. servem mariscos. servem camarões graúdos. mas escondem o tal secretos do porco. e foi assim, nesse esconde esconde no cardápio que o prato ganhou esse nome. é bom pra caralho. tiras de porco das mais saborosas da história. imagina aquela costela de porco que deixa os dedos lambuzados de banha. bom, agora imagine só a carne da costela, mas de umas dez costelas. essa carne toda lado a lado formando um bife de porco. não confundir com lombinho. não, é uma carne bem macia, gordurosa, saborosa. o filé do porco. não, é o filé do filé. sabe quando você vai a um restaurante de carnes argentino e o garçom hermano te diz que a carne do dia é um corte especial do centro da alcatra nobre da coxa dianteira do boi? é mais ou menos por aí. secretos de porco preto é o kobe beef dos suínos. um negócio tão bom que os portugueses não querem dividir com os turistas. mas foram dar esse nome irônico. carregado de sarcasmo. descobri a pourra do segredo. e como você pode ver pelo texto que acaba de ler, estou dividindo com você.